O objetivo do casamento gay não é, primariamente, o casamento gay; é
principalmente o silenciamento de consciências gays.
Dado o fato de que tão poucos homossexuais de fato se casam quando têm a
oportunidade legal, sua vigorosa e, muitas vezes, violenta campanha pelo
casamento gay sempre me deixou confuso. Após ler o livro de Brendam O’Neill The
Trouble With Gay Marriage (O Problema com o Casamento Gay), não estou
mais confuso. Embora O’Neill não faça uma abordagem a partir de uma perspectiva
cristã, seu artigo pós-referendo sobre a atitude da República da Irlanda de
legalizar o casamento gay lança uma forte luz sobre o objetivo último da
maioria daqueles que fazem campanha pelo casamento gay — e não é o casamento
gay.
Validação e reconhecimento
O’Neill começa observando quão pouca conversa ou quão poucos comentários
houve sobre o casamento gay após o resultado favorável. Como ele coloca: “Ao
invés de dizer: ‘Finalmente podemos nos casar’, a resposta mais comum ao
resultado do referendo de ambos os líderes da campanha pelo “sim” e seu
considerável exército de apoiadores na mídia e nas classes políticas foi: ‘Gays
finalmente foram validados’. Toda a conversa foi a respeito de
‘reconhecimento’, não casamento”.
Ele empilha citação acima de citação para provar seu ponto. Por exemplo:
• A Vice-Primeira-Ministra da Irlanda Joan Burton disse que a votação favorável
se tratava de ‘aceitação em seu próprio país’.
• Escrevendo para o jornal Irish Examiner, um psicoterapeuta disse: ‘o referendo se
tratou de mais do que igualdade no casamento… era uma questão de plena
aceitação [dos gays]’.
• O Primeiro-Ministro Enda Kenny também disse que o referendo
tratava de mais do que casamento — era uma questão das ‘frágeis e profundamente
pessoais esperanças’ dos gays sendo percebidas.
• Nas palavras do romancista Joseph O’Connor, a votação favorável foi um
ato de ‘empatia social’ com parte da população.
• A campanha oficial pelo “sim” até mesmo descreveu a vitória do “sim”
como um aumento da saúde e do bem-estar de todos os cidadãos irlandeses,
especialmente os gays.
• Um colunista do Irish Times descreveu a ‘sombra de preocupação’ sobre
seus amigos gays antes do referendo como um ‘sentimento de que [são] inferiores
de alguma maneira’, e afirmou que a vitória favorável finalmente confirmou que
eles agora podem desfrutar do apoio, da bondade e do respeito da sociedade.
• Fintan O’Toole disse que a vitória
favorável foi uma questão de fazer os gays se sentirem ‘plenamente
reconhecidos’.
• ‘Meu país reconheceu que nós existimos’, disse um empresário gay irlandês.
Votar para se sentir bem
O’Neill diz que “resumindo, o resultado favorável fez as pessoas se
sentirem bem”, e que o que se buscava “não era realmente o direito de se casar,
mas validação sociocultural do estilo de vida de uma pessoa — ‘empatia social’ — especialmente do Estado”.
Ele ressalta literatura mais antiga sobre o casamento gay que também demonstrou
que “os primeiros levantadores da questão do casamento gay pareciam
primariamente preocupados com ‘atenuar a ansiedade adulta’”.
Por que validação, empatia, aceitação, reconhecimento e aprovação
sancionados pelo Estado são tão importantes para aqueles que fazem campanha
pelo casamento gay? Por que isso é tão mais importante do que, de fato, ter a
permissão para casar?
Medidas desesperadas
A resposta se encontra em Romanos 1.18-32, onde o apóstolo Paulo explica
que medidas desesperadas homossexuais (e outros pecadores impenitentes) tomam para
silenciar a voz da consciência. Eles ouvem a proibição de Deus e a condenação
em suas consciências, a odeiam e fazem tudo o que podem para calá-la —
incluindo, nos nossos próprios dias, tornar o casamento gay legalizado em todo
lugar, mesmo se relativamente poucos fazem uso dele. Porque, na maioria dos
casos, não se trata do direito de casar; é principalmente uma tentativa vã de
abafar a voz interna da consciência ao multiplicar e amplificar as vozes
externas de aprovação.
Se estou errado, então porque eles não deixam em paz a suposta minoria
que ainda desaprova o casamento gay? Por que eles não toleram dissidentes?
Ativistas gays têm a mídia do seu lado, têm a indústria do entretenimento do
seu lado, têm o estabelecimento educacional do seu lado, têm as empresas do seu
lado, têm a maioria dos políticos do seu lado, assim como a maioria dos juízes.
Isso não é o suficiente? Se eles estão tão certos da justiça de sua causa, por
que não podem tolerar algumas poucas vozes aqui e ali que ainda insistem: “Isso
é errado”?
Proteção sem precedentes
Não há quase nenhum grupo no mundo que tem o nível de aceitação,
validação, aprovação e empatia do público que os homossexuais hoje desfrutam.
Eles certamente têm mais reconhecimento, proteção e promoção do que os cristãos
evangélicos em qualquer lugar. Então por que não podem deixar os cristãos em
paz? O que mais eles querem ou do que mais precisam?
Somente Romanos 1.18-32 pode explicar isso. Com efeito, diz que mesmo
que o casamento gay seja legalizado em todos os lugares e mesmo se cada voz
destoante seja extinguida, as consciências gay ainda gritarão “Errado!” e
“Culpado!”. No seu íntimo, eles ainda conhecerão “a sentença de Deus, de que
são passíveis de morte os que tais coisas praticam” (Rm 1.32). Essa é a “sombra
de preocupação” que espreita para sempre a consciência gay.
Paz através da cruz
A mensagem cristã para a comunidade gay é que ela abandone sua tentativa
fútil de garantir paz de consciência através dos tribunais, da mídia e dos
milhares de votos. É muito melhor trazer tais consciências pesarosas à cruz de
Cristo para plena cura e permanente silenciamento vindo do próprio Deus,
através da fé e do arrependimento. Isso fará um trabalho muito melhor para
remover a ansiedade, as sombras e os medos do que qualquer quantidade de
referendos ou falência de padarias e floristas. Também abrirá caminho para
experimentar a imensurável largura, altura e profundidade do amor de Deus.
E para cristãos que estão sofrendo ou ainda sofrerão as consequências da
desaprovação da sociedade ou do Estado sobre essa questão, confie no poder de
uma boa consciência. Somos zombados, desaprovados, menosprezados,
marginalizados, caricaturados e rejeitados mais do que qualquer outro grupo na
sociedade. Somos chamados de intolerantes, homofóbicos e cheios de ódio. Mas
ter uma consciência através da qual Deus demonstra sua aprovação e aceitação a
nós significa que podemos continuar nos levantando por aquilo que é certo e
verdadeiro, não importa quantas vozes de intolerância e ódio gritem contra nós.
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