quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Profeta Zacarias

ZACARIAS E O REINADO MESSIANICO

Escola Bíblica Dominical Ebenezer

ALBERTO ARAÚJO
Coordenador de Agência Koinõnia de Comunicação Cristã – AKCC
E-mail: alberttoaraujo@gmail.com

“Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus;...” (1 Pe 4:11)

Título: Os Doze Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de Cristo
Comentarista: Esequias Soares
Lição 12: O Profeta Zacarias e o Reinado Messiânico
TEXTO ÁUREO
 “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; sendo rei, reinará, e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra(Jr 23.5).
VERDADE PRÁTICA
Jesus é tanto o Salvador do mundo, como Rei do Universo.

LEITURA DIÁRIA
Is 2.2-4 – A guerra não mais existirá
Is 11.6-9 – A plenitude da paz universal
Jr 23.5,6 – Haverá completa segurança na terra
Zc 14.11 – Jerusalém habitará segura

At 3.20,21 – A restauração de todas as coisas
2 Pe 3.13 – Esperamos novos céus e nova terra

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Zacarias 1.1; 8.1-3,20-23.
Zacarias 1
1 - No oitavo mês do segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido, dizendo:

Zacarias 8
1 - Depois, veio a mim a palavra do SENHOR dos Exércitos, dizendo:
2 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Zelei por Sião com grande zelo e com grande indignação zelei por ela.
3 - Assim diz o SENHOR: Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade de verdade, e o monte do SENHOR dos Exércitos, monte de santidade.
20 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda sucederá que virão povos e habitantes de muitas cidades;
21 - e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do SENHOR e buscar o SENHOR dos Exércitos; eu também irei.
22 - Assim, virão muitos povos e poderosas nações buscar, em Jerusalém, o SENHOR dos Exércitos e suplicar a bênção do SENHOR.
23 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.

INTERAÇÃO
Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu. Ele teve uma série de visões durante os dois primeiros anos das obras de reconstrução do Templo. Essas visões objetivavam incitar no povo ânimo para o exercício do trabalho intenso na restauração do Templo. Os judeus estavam livres do exílio, mas o Templo não estava acabado. A reconstrução do Templo traria uma nova esperança para os judeus, pois a nação, no futuro, também seria restaurada espiritualmente. A primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo são, focalizadas pelas profecias de Zacarias, como cumprimento da esperança judaica.

 Lição 12 - Zacarias - O Reinado Messiânico (13)  

ZACARIAS – O REINADO MESSIÂNICO

INTRODUÇÃO

-  O livro do profeta Zacarias é considerado o mais messiânico dos livros do AT, em virtude de suas muitas referências ao Messias, que ocorrem em seus catorze capítulos. Somente Isaías, com seus sessenta e seis capítulos, contém mais profecias a respeito do Messias do que Zacarias. Entre os profetas menores, possui ele as profecias mais específicas e compreensíveis a respeito dos eventos que marcarão o final dos tempos. Representa a harmonização mais bem sucedida entre os ofícios sacerdotais e proféticos em toda a história de Israel.

 I – ESBOÇO DE ZACARIAS

1– O chamado ao arrependimento 1.1-6

2-  As oito visões 1.7-6.15
-  As oito visões são o cerne da primeira parte da obra e descrevem antecipadamente a restauração definitiva da comunidade. As três primeiras visões (os cavaleiros, os ferreiros, o agrimensor) apresentam as fases preparatórias da restauração messiânica; as duas visões centrais (a investidura de Josué, os dois Ungidos dizem respeito ao governo da nova comunidade; as três últimas (o livro, a mulher no alqueire, os cavaleiros) evocam as condições da restauração final.
- Cabe observar que a quarta visão tem características literárias e teológicas particulares, e diferentemente da quinta visão que mantém os dois Ungidos em pé de igualdade[9], confere ao sacerdote um lugar preponderante, o que indicaria que essa quarta visão seja um acréscimo posterior, e que o texto original teria somente sete[10] visões. Tal modificação revela a importância conquistada pelo sacerdote a partir do desaparecimento do príncipe davídico Zorobabel. Sendo que, posteriormente, o novo testamento (Hebreus cap. 3) reinterpretará a profecia declarando que Zacarias se referia à Jesus.
-  O homem e os cavalos 1.7-17
- Os quatro chifres e o ferreiro 1.18-21
- O homem com um cordel de medir 2.1-13
- O sumo sacerdote 3.1-10
- O castiçal e o vaso de Azeite 4.1-14
- O rolo voante 5.1-4
- A mulher no meio do efa 5.5-11
-  Os quatro carros 6.1-8

2-  A coroação do sumo sacerdote 6.9-15

3- Ritual religioso ou arrependimento verdadeiro ? 7.1-14 - A restauração de Sião 8.1-23

4- O triunfo de Sião 8.1-23

5- A primeira profecia: O Messias rejeitado 9.1-11.17

6-  Segunda profecia: O Messias Reina 12.1-14.21

II – PARTICULARIDADES DO LIVRO DO PROFETA ZACARIAS

1 – Autor e Autoria
-  Zacarias (do hebraico זְכַרְיָה, Zekariyah, "Deus se lembrou") é um nome de origem semita,
Passado peloLatim Zacharia.
- Zacarias, cujo nome significa “O Senhor se Lembra”, foi um dos profetas pós – exílicos, um contemporâneo de Ageu. Com Ageu, ele foi chamado para despertar os judeus que retornaram, para completar a tarefa de reconstruir o templo (ver Ed 6.14). Como filho de Baraquias, filhos de Ido, ele era de umas das famílias sacerdotais da tribo de Levi. Ele é um dos mais messiânicos de todos os profetas do AT, dado referências distintas e comprovadas sobre a vinda do Messias.

2 - Data
- (520-475). O ministério de Zacarias começou em 520 aC, dois meses após Ageu haver completado sua profecia. A visão dos primeiros capítulos foi dada, aparentemente, enquanto o profeta ainda era um jovem (2.4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 aC. A referência à Grécia em 9.13 pode indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 Ac

3 - Contexto  Histórico
- Os exilados que retornaram à sua terra natal em 536 aC sob o decreto de Ciro, estavam entre os mais pobres dos judeus cativos. Cerca de cinqüenta mil pessoas retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e Josué. Rapidamente, reconstruíram o altar e iniciaram a construção do templo. Logo, todavia, a apatia se estabeleceu, à medida que eles foram cercados com a oposição dos vizinhos samaritanos, que, finalmente foram capazes de conseguir uma ordem do governo da Pérsia para interromper a construção. Durante cerca de doze anos a construção foi obstruída pelo desânimo e pela preocupação com outras atividades. Zacarias e Ageu persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o templo. Zacarias encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um templo restaurado, numa cidade restaurada.

4 – Conteúdo
- O livro de Zc começa com a veemente palavra do Senhor para o povo se arrepender e se voltar novamente para seu Deus. O livro está repleto de referências de Zc à palavra do Senhor. O profeta não entrega sua própria mensagem, mas ele, fielmente, transmite a mensagem dada ele por Deus. O povo é chamado para se arrepender de sua apatia e completar a tarefa que não foi terminada.
- Deus, então, assegura ao seu povo o seu amor e cuidado por eles, através de oito visões. Avisão do homem e dos cavalos lembra ao povo o cuidado de Deus. A Visão dos quatros chifres e dos quatro ferreiros trazem à memória o julgamento de Deus. A Visão do homem com um cordel de medir, existe uma olhada apocalíptica na vele e pacífica cidade de Deus. A visão grandiosa do castiçal todo revestido de ouro entre os vasos de azeite assegura a Zorobabel que os propósitos de Deus serão cumpridos somente pelo seu Espírito. A visão do rolo voante emite o pronunciamento de Deus contra o furto e contra o juramento falso. A visão da mulher num efa significa a santidade de Deus e a remoção do pecado. A visão dos quatro carros retrata o soberano controle de Deus sobre a Terra.
- As visões são seguidas por uma cena de coroação na qual Josué é coroado tanto como rei como sacerdote. Isso é poderosamente um simbolismo da vinda do Messias. Nos caps 7-9, Deus usa a ocasião de uma questão sobre o jejum para reforçar sua ordem para justiça e juízo, para substituir as formalidades religiosas. Os caps 9-14 Contêm muita escatologia. (Estudos das últimas coisas).

5 - Cristo Revelado
- Zacarias é, às vezes, referido como o mais messiânico de toso os livros do AT. Os caps 9-14 sãos as seções mais citadas dos profetas nas narrativas dos Evangelhos. No apocalipse, Zacarias é citado mais do que qualquer profeta, exceto Ezequiel. Ele profetizou que o Messias virá como o Servo do Senhor, o Renovo (3.8), como o homem cujo nome é Renovo (6.12); tanto como Rei como sacerdote 96;13), e como o verdadeiro Pastor (11.4-11). Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas de prata ( 11.12-13), sua crucifixão (12.10), seus sofrimentos
(13.7) e sua segunda vinda (14.4).
- Duas referências a Cristo são de profundo significado. A entrada triunfante de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em 9.9, quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mt 21.4; Mc 11.7-10). Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em 12.10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: “E olharão para mim, a quem traspassaram.” Jesus Cristo, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela cada de Davi.

6 - O Espírito Santo em Ação
- O versículo mais freqüentemente citado do AT em referência à obra do ES é 4.6. Zorobabel é confortado na segurança de: 1) que a reconstrução do templo não será por força militar ou por proeza humana, mas pelo ministério do ES; 2) que o ES removerá cada obstáculo que está no caminho, que impede a conclusão do templo de Deus.
- Um triste comentário em 7.12 recorda ao povo sua rebelião contra as palavras do Senhor pelos profetas. Essas palavras foram transmitidas pelo ES.

III – MESSIANISMO

- Zacarias é, às vezes, referido como o mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento. Dentre as referências à Era Messiânica, pode-se citar, as previsões do ressurgimento da Casa de David (12) e de uma teocracia guerreira (10:3-11:3), mas também cultual no estilo de Ezequiel (14) e dentre as referências ao Messias, pode-se citar.
  • Como o Servo do Senhor, o Renovo (Zacarias 3:8);
  • Como o homem cujo nome é Renovo (Zacarias 6:12);
  • Como Rei e como sacerdote (Zacarias 6:13);
  • Como o verdadeiro Pastor (Zacarias 11:4-11);
  • Rei Messias humilde e pacífico (9:9-10).
- Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas de prata (Zacarias 11:12-13 - Mateus 27:9, combinado com Jeremias 26:31, sua crucificação (Zacarias 12:10), seus sofrimentos (Zacarias 13:7) e sua segunda vinda (Zacarias 14:4).
- Duas referências a Cristo são consideradas pelos religiosos como de profundo significado. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em Zacarias 9:9, quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mateus 21:4; Marcos 11:7-10). Outras passagens no Novo Testamento também ligam-se com o Livro de Zacarias, tais como: Marcos 14:27 e João 19:37.
- Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em Zacarias 12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: "E olharão para mim, a quem traspassaram.". Jesus Cristo, acreditam os religiosos, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela casa de Davi.

CONCLUSÃO

- Deus deseja adoração sincera de nós na atualidade como o foi sempre no passado com os nossos pais. Zacarias nos deixa um belo exemplo de romper preconceitos nacionais e nos traz a memória que é um dever nosso  alcançar todas as camadas da sociedade. É responsabilidade de cada um de nós anunciar o convite de salvação às pessoas de todas as origens nacionais, línguas, raças e culturas, independente de sexo ou coisas desta natureza.


OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·   Compreender a estrutura e a mensagem do livro de Zacarias.
·   Explicar a promessa de restauração da nação.
·   Saber que o reino messiânico é real.




ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para que os alunos compreendam com mais facilidade o conteúdo da lição, utilize o esquema abaixo. Reproduza-o conforme as suas possibilidades. Explique aos alunos que podemos destacar ao longo da profecia de Zacarias dois propósitos principais: Os capítulos 1 - 8 foram escritos para encorajar o remanescente judeu na construção do Templo, em Judá. Enquanto que nos capítulos 9 - 14o profeta trata de Israel e do Messias. O tema do livro é o Messias de Israel, todavia, Jerusalém também ocupa um espaço especial.

ESBOÇO DO LIVRO DE ZACARIAS

PRIMEIRA PARTE
Palavras proféticas e a reedificação do Templo (1.1 — 8.23)
      Introdução (1.1-6);
      Série de oito visões (1.7 — 6.8):
           [a] dos cavaleiros entre as murtas;
           [b] dos quatro chifres e quatro ferreiros;
           [c] dum homem medindo Jerusalém;
           [d] da purificação de Josué, o sumo sacerdote;
           [e] do castiçal de ouro e duas oliveiras;
           [f] do rolo volante;
           [g] da mulher num efa;
           [h] dos quatro carros.
      A coroação de Josué como sumo sacerdote e o seu significado profético (6.9-15);
      Duas mensagens: O jejum e a justiça social; a restauração de Sião (7.1 — 8.23).

SEGUNDA PARTE
A palavra profética a respeito de Israel e do Messias (9.1 — 14.21)
      Primeira profecia do Senhor: a intervenção triunfal do Senhor; a salvação messiânica; a rejeição do Messias (9.1 — 11.17);
      Segunda profecia do Senhor: luto e conversão de Israel; a entronização do Rei Messias (12.1 — 14.21).

COMENTÁRIO

introdução

Palavra Chave
Messias: Pessoa na qual se concretizavam as aspirações de salvação ou redenção.

Nessa lição, veremos que o livro de Zacarias apresenta os eventos do porvir como o epílogo da história. O oráculo do profeta não fala a respeito de acontecimentos enigmáticos, mas de fatos reais e compreensíveis. Qualquer observador atento à época atual verificará que as demandas do nosso tempo apontam para um desfecho divinamente escatológico.

I. O LIVRO DE ZACARIAS

1. Contexto histórico (1.1). Zacarias e Ageu receberam os oráculos divinos no segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia, em 520 a.C. Conforme estudado anteriormente, a situação espiritual de Judá é a mesma descrita no livro de Ageu. A indiferença religiosa e o avanço do secularismo colocavam Deus em último plano. Por isso, tal como a história dos antepassados dos judeus, o Senhor estava desgostoso daquela geração (1.2,3).
2. Vida pessoal. Zacarias era de uma família sacerdotal, assim como Jeremias (Jr 1.1) e Ezequiel (Ez 1.3). Seu avô, Ido (1.1), era sacerdote e veio do exílio à Jerusalém no grupo liderado por Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque (Ne 12.1-4). Parece que “Baraquias”, seu pai, faleceu quando o profeta ainda era criança. Assim, Zacarias fora então criado por seu avô. Isso pode justificar a omissão do seu nome em Esdras, que o chama apenas de “filho de Ido” (Ed 5.1). O ministério profético de Zacarias foi mais extenso que o de Ageu, pois ele menciona os oráculos entregues dois anos após o seu chamado (7.1).
3. Estrutura e mensagem. Os oráculos de Zacarias são apocalípticos. Eles foram entregues por visão (capítulos 1-6) e palavra (7-14). O assunto do livro é o Messias de Israel. Mas Jerusalém também ocupa espaço significativo na profecia. Há diversas referências diretas e indiretas a Zacarias em o Novo Testamento (Zc 9.9 cf. Mt 21.5; Zc 11.13 cf. Mt 27.9,10; Zc 12.10; Ap 1.7). A vinda do Messias e os demais eventos escatológicos predominam os capítulos 9-14.
4. Unidade literária. A respeito da unidade literária de Zacarias, as opiniões mais populares estão divididas em três grupos principais: os que defendem a unidade literária; os que consideram os capítulos 9-14 provenientes do período pré-exílio babilônico; e os que apontam para o período pós-exílio (os liberais). Esta última ideia é descartada pelos críticos conservadores.
A diferença de estilo literário é natural. Um autor pode mudar seu estilo com o tempo e com o assunto a ser tratado. Em relação à passagem de Zacarias 11.13 — onde o evangelista Mateus atribui autoria do seu conteúdo ao profeta Jeremias (cf. Mt 27.9) — há pelos menos duas explicações:
a) Combinação profética. Jeremias comprou um campo (Jr 32.6-9) e visitou a casa do oleiro (Jr 18.2). O Antigo Testamento é rico em detalhes para narrar a obra redentora. Ele não se restringe apenas às profecias diretas. Os escritores do Novo Testamento reconhecem a presença de Cristo e sua obra na história da redenção (Jr 31.15 cf. Mt 2.16,17; Os 11.1 cf. Mt 2.15). Nesse caso, a citação de Zacarias 11.13 seria dos dois profetas. Entretanto, somente Jeremias é mencionado, porque ele é o profeta mais antigo e importante. Desse modo, temos a unidade literária.
b) Coletânea de profecias. A outra explicação é apenas hipotética. Seria uma coleção de oráculos entregues a Jeremias após a conclusão de seu livro. Eles teriam sido preservados pelo povo e, mais tarde, incluídos por Zacarias na segunda parte dos seus oráculos.

SINOPSE DO TÓPICO (I)
Os oráculos do livro de Zacarias são apocalípticos. O assunto central é o surgimento do Messias de Israel.


II. PROMESSA DE RESTAURAÇÃO

1. Sião. Zacarias introduz o oráculo com a usual fórmula profética (8.1). O discurso começa com a chancela de autoridade divina: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos” (8.2-4,6,7). Sião era originalmente a fortaleza que Davi conquistara dos Jebuseus, tornando-se, a partir daí, a sua cidade (2 Sm 5.6-9). Com o passar do tempo, veio a ser um nome alternativo de Jerusalém semelhante à descrição de Zacarias 8.3.
2. O zelo do Senhor (8.2). Jeová declara a si mesmo como Deus “zeloso” (Êx 20.5), e este é um dos seus nomes (Êx 34.14). Tal zelo diz respeito à sua santidade, cuja violação não pode ficar impune (Js 24.19). O zelo do Senhor ainda é manifestado como indignação quando o seu povo é trucidado por estrangeiros. Aos opressores, Deus há de açoitar (1.14,15).
3. Restauração de Jerusalém. A palavra profética anuncia: “Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém” (8.3b). Após a lição dos 70 anos de cativeiro, o Senhor se volta com zelo ao seu povo. Mas a promessa é para o futuro, quando Jerusalém tornar-se uma “cidade de verdade [...] monte de santidade” (8.3b). Temos aqui, uma reiteração do que disseram Zacarias (1.16; 2.10) e os demais profetas antes dos cativeiros assírio e babilônico (Is 1.16; Ez 36.35-38; Sf 3.13-17).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A restauração de Jerusalém é uma promessa futura, pois quando ela tornar-se uma “cidade de verdade [...] monte de santidade”, a promessa será cumprida.



III. O REINO MESSIÂNICO
1. A pergunta pela paz. Quando de um atentado terrorista no Iraque, que matou um diplomata brasileiro, o então secretário geral das Nações Unidas, Koff Annam, declarou: “Já não existe mais lugar seguro no mundo”. Diante disso, podemos perguntar: “É possível viver num mundo de justiça, paz e segurança?”. A Bíblia assevera que sim! O profeta Zacarias, mostrando a trajetória da humanidade, descreve a história espiritual de Israel e o futuro glorioso de Jerusalém no Milênio (14.11,16,17).
2. A paz universal. As Escrituras Sagradas falam de um período conhecido como Reino Messiânico (ou Milênio), em que o próprio Senhor Jesus Cristo reinará por mil anos. Tribos, cidades, povos e nações achegar-se-ão a Deus pelo anúncio do evangelho. O contexto bíblico permite-nos dizer que essa profecia (8.20-22) é escatológica e aponta para a restauração de Jerusalém no Milênio (2.11; 3.10; Is 2.2-4; Mq 4.1-4). Nessa época, Israel estará plenamente restaurado tanto nacional quanto espiritualmente.
3. A orla da veste de um judeu (8.23). A expressão “naquele dia” é escatológica (2.11; Os 2.16; Jl 3.18). Aqui, ela refere-se ao Milênio. O número dez indica quantidade indefinida (Nm 14.22; 1 Sm 1.8; Ne 4.12). O termo “judeu” no Antigo Testamento aparece frequentemente nos livros de Esdras e Neemias. Fora deles, só aparece em Ester e também em Jeremias. A vestimenta do judeu era de fácil identificação (Nm 15.38; Dt 22.12). E “agarrar-se à orla de sua veste” indica o desejo e o anseio do mundo gentio em desfrutaras bênçãos e os privilégios de Israel. Portanto, se a queda de Israel representou a riqueza do mundo, qual não será a glória dos gentios na sua plenitude? (Rm 11.11-14).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O Reino Messiânico é o período onde todo o mundo desfrutará da verdadeira paz do Messias de Israel.

CONCLUSÃO
Diante do exposto, podemos concluir: se todas as profecias sobre os impérios passados e acerca da primeira vinda do Messias cumpriram-se fielmente, as profecias escatológicas igualmente se cumprirão. Os acontecimentos atuais por si só começam a confirmar essa realidade.

VOCABULÁRIO

Enigmático: Difícil de compreender ou interpretar.
Secularismo: Doutrina que ignora os princípios espirituais na condução dos negócios humanos. O secularismo, ou materialismo, tem o homem, e somente ohomem, como medida de todas as coisas.
Hipotético: Duvidoso, incerto.
Trucidado: Morto com crueldade.
Reiteração: Repetição.

EXERCÍCIOS

1. Qual o assunto do livro de Zacarias?
R. O Messias de Israel.

2. Cite três profecias de Zacarias cumpridas em Jesus.
R. Zc 9.9 cf. Mt 21.15; 11.13 cf. Mt 27.9,10; 12.10 cf. Jo 10.37.

3. Como o zelo de Jeová por Sião e Jerusalém é manifestado em Zacarias 8.3?
R. “Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém” (8.3a).

4. Como se chama o reino de Cristo de mil anos?
R. Reino Messiânico ou Milênio.

5. O que significa pegar na veste de um judeu em Zacarias 8.23?
R. Indica o desejo e o anseio do mundo gentio em desfrutar as bênçãos e os privilégios de Israel.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Sociológico

“Zacarias, que profetizou perto do fim de outono de 520 a.C, também aguardava ansiosamente pela libertação da nação do domínio estrangeiro, e com confiança esperava que um povo renovado fosse governado por um descendente da casa de Davi. Ele deu continuidade ao trabalho de Ageu ao apressar a conclusão do segundo Templo; e em 515 a.C, cerca de setenta anos após a destruição da primeira construção, o seu sucessor foi consagrado. Embora os persas tivessem designado Tatenai como o governador militar de Judá (Ed 6.13), incentivaram o estado a funcionar como uma comunidade religiosa em vez de política, com o sumo-sacerdote Josias em seu comando. Quanto a Zorobabel, não se sabe se morreu ou se foi destituído do cargo pelos persas, como medida preventiva. Em todo caso, a situação política em Judá parece ter sido estabilizada pelo estabelecimento de um sistema teocrático apoiado pelo governo persa” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.285).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Teológico

“O futuro programa de Deus para o povo
Zacarias teve uma visão escatológica muito mais detalhada e completa que os outros profetas menores dos séculos VI e V. [...] Embora o tom global permaneça otimista, o profeta previu que a liderança do Senhor seria rejeitada, o que necessitaria julgamento purificador. O Senhor, porém, intervirá a favor do povo em uma batalha culminante. Isto levará ao arrependimento o povo e à concessão das bênçãos divinas.
A restauração de Jerusalém é central aos capítulos 1 a 8. Ao declarar a profunda ligação emocional com a cidade, o Senhor promete restaurar-lhe a prosperidade (Zc 2.10,11; 8.1-5). Tomará residência uma vez mais em Sião (Zc 2.10,11; 8.3) e sobrenaturalmente a protegerá (Zc 2.5). O foco da cidade restaurada será a habitação de Deus, o Templo reconstruído (Zc 1.17). Esses residentes da cidade que ainda estão no exílio voltarão em grandes levas (Zc 2.4,6,7; 8.7,8). Sinais das bênçãos divinas serão visíveis nas ruas da cidade, onde os que chegarem a uma idade madura verão crianças brincando contentemente (Zc 8.4,5). Embora muitos se maravilhem com esta reversão na situação de Sião, o Senhor todo Todo-Poderoso não compartilhará desse assombro, pois nada está acima do seu poder (v.6).
[...] Os capítulos de 1 a 8 de Zacarias também foca a liderança da Jerusalém restaurada. Sacerdotes e rei desempenham papéis proeminentes nestes capítulos. Na quarta visão noturna do profeta (Zc 3.1-10), ele testemunhou a purificação de Josué, o sumo sacerdote na comunidade pós-exílica daquela época. As ‘vestes sujas’ de Josué, símbolo do pecado, foram trocadas por ‘vestes novas’ e uma mitra limpa lhe foi colocada na cabeça (Zc 3.3-5). O Senhor encarregou Josué de obedecer aos mandamentos e prometeu recompensar-lhe a obediência, dando-lhe autoridade sobre o serviço do Templo e acesso ao conselho de Deus (vv. 6,7). Claro que a mensagem se aplica à nação inteira, porque Josué, como sumo sacerdote, representava o povo. O fato de ter sido limpo simbolizava o restabelecimento da nação como um todo e, mais particularmente, dos sacerdotes que faziam mediação entre Deus e o povo” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009, pp.457-58).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Zacarias: O reinado messiânico

Zacarias significa “o Senhor lembra”. Sua profecia tem por objetivo mostrar aos israelitas que Deus não se esquece de suas promessas. É também reconhecido, dentre o grupo dos profetas menores, como o único sacerdote que foi profeta. Além dele, dois profetas maiores também eram da linhagem sacerdotal: Ezequiel e Jeremias. Portanto, temos em tela mais um caso de uma pessoa nascida com uma função que posteriormente foi mudada pelo próprio Deus. Lembremo-nos de que ser sacerdote, naqueles dias, era menos difícil do que ser profeta, dado ao fato de que o sacerdote intercedia pelos homens a Deus, e o profeta falava aos homens sobre Deus. Da mesma forma que Ageu, Zacarias ministrou aos israelitas a fim de que eles retornassem a cuidar do término da construção do templo do Senhor.
Zacarias tem oito visões dadas por Deus, e que tratam da restauração de Israel e da vinda de tempos de prosperidade para o seu povo. As visões tratam também de uma época no futuro, em que o Servo de Deus (Jesus Cristo), haverá de reinar.
Zacarias também trata de um assunto comum em seus dias, e também em nossos; o jejum. Zacarias mostra que o jejum não tem valor algum se não for acompanhado de atos que demonstram justiça e bondade para com o próximo “a palavra do SENHOR veio a Zacarias, dizendo: Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo. Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem” (Zc 7.9-11). O Deus que mostra o pecado do seu povo é o mesmo Deus que contempla tristemente o descaso do seu povo para com sua palavra. Os israelitas haviam dado as costas para Deus, como se suas palavras não valessem nada. De nada adianta a privação de alimentos com objetivos espirituais desacompanhados de práticas que demonstram o quanto as pessoas que nos cercam podem ser alcançadas por atitudes justas e bondosas. De nada adianta ter a disposição para o cumprimento de ritos cerimoniais se não houver igual disposição para uma mudança de atitudes em relação ao nosso próximo. E de nada adianta ouvir Deus falar e dar-lhe as costas, como se aquilo que Ele diz não tivesse valor algum. Atentemos, portanto, para não apenas ouvir, mas atender ao que Deus está falando.

MALAQUIAS E A SACRALIDADE DA FAMILIA


Escola Bíblica Dominical Ebenezer

ALBERTO ARAÚJO
Coordenador de Agência Koinõnia de Comunicação Cristã – AKCC
E-mail: alberttoaraujo@gmail.com

“Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus;...” (1 Pe 4:11)

Título: Os Doze Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de Cristo
Comentarista: Esequias Soares
Lição 13: Malaquias — A sacralidade da família
TEXTO ÁUREO

Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne(Gn 2.24).

VERDADE PRÁTICA

É da vontade expressa de Deus que levemos a sério o nosso relacionamento com Ele, com a família e com a sociedade.

HINOS SUGERIDOS

581, 596, 597.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Sl 128.3,4
O modelo da família


Terça - Ef 5.22-24
Submissão na família


Quarta - Ef 5.25-28
Amor sacrifical na família


Quinta - Ef 6.1-3
Obediência na família


Sexta - Sl 133.1
A comunhão no âmbito familiar


Sábado - Tt 2.2-6
A família que agrada a Deus

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Malaquias 1.1; 2.10-16.

Malaquias 1
1 - Peso da palavra do SENHOR contra Israel, pelo ministério de Malaquias.

Malaquias 2
10 - Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?
11 - Judá foi desleal, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou a santidade do SENHOR, a qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.
12 - O SENHOR extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isso, o que vela, e o que responde, e o que oferece dons ao SENHOR dos Exércitos.
13 - Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.
14 - E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher do teu concerto.
15 - E não fez ele somente um, sobejando-lhe espírito? E por que somente um? Ele buscava uma semente de piedosos; portanto, guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade.
16 - Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que aborrece o repúdio e aquele que encobre a violência com a sua veste, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, guardai-vos em vosso espírito e não sejais desleais.

INTERAÇÃO

Comumente isolamos um assunto de determinado contexto literário ignorando o tema central daquela obra. O livro de Malaquias é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele, pensamos logo em “dízimo”. É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amalgamados. No entanto, veremos que o assunto predominante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema principal.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·   Explicar o contexto social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.
·   Reconhecer quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.
·   Conscientizar-se que é vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na sociedade.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, chegamos a última lição desse trimestre. Estudamos os doze livros dos Profetas Menores. Sugerimos que você inicie a aula dessa semana fazendo uma recapitulação dos profetas estudados anteriormente. Pergunte aos alunos qual o profeta que eles mais gostaram e o porquê. Você também pode relembrar o período histórico dos profetas e o propósito dos livros. Para auxiliar na recapitulação, utilize o esquema da Orientação Didática da Lição 1. E para introduzir a lição de hoje, use o esquema abaixo, mostrando aos alunos um panorama geral do livro de Malaquias.

ESBOÇO DO LIVRO DE MALAQUIAS

   Introdução (1.1)

   Parte I: A Mensagem do Senhor (1.2 — 3.18)
Primeiro oráculo: o amor de Deus por Israel .................................................. (1.2-5)
Segundo oráculo: pecados dos sacerdotes ................................................. (1.6 — 2.9)
Terceiro oráculo: pecados da comunidade .................................................. (2.10-16)
Quarto oráculo: a justiça divina .............................................................. (2.17 — 3.5)
Quinto oráculo: ofensas rituais ...................................................................... (3.6-12)
Sexto oráculo: os servos de Deus .................................................................. (3.13-18)

   Parte II: O Dia do Senhor (4.1-6)
Para o arrogante e malfeitor .................................................................................(v.1)
Um dia de triunfo para os justos .......................................................................(v.2,3)
Restauração dos relacionamentos entre pais e filhos e entre o Povo de Deus .. (v.4-6)


COMENTÁRIO

introdução

Palavra Chave
Família: Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.

No presente estudo, veremos que a mensagem de Malaquias enfoca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a família. Durante o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá fora definitivamente erradicada. A questão agora era outra: o relacionamento do povo com Deus e com a família. E tais relacionamentos precisavam ser encarados com mais piedade e temor.

I. O LIVRO DE MALAQUIAS

1. Contexto histórico. O livro não menciona diretamente o reinado em que Malaquias exerceu seu ministério. Também não informa o nome do seu pai, nem o seu local de nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e Habacuque. Não obstante, há evidências internas que permitem identificar o contexto político, religioso e social do livro em apreço.
a) O governador de Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de origem acádica traduzida por “príncipe” na ARC (Almeida Revista e Corrigida), ou “governador”, na ARA e TB (1.8). O termo indica um governador persa e é aplicado a Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente na língua persa é tirshata (“tirsata, governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada (1.7-10).
b) A indiferença religiosa. As principais denúncias de Malaquias são contra a lassidão e o afrouxamento moral dos levitas (1.6); o divórcio e o casamento com mulheres estrangeiras (2.10-16); e o descuido com os dízimos (3.7-12). Tudo isso aponta para o período em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13,23-28). O primeiro período de seu governo deu-se entre os anos 20 e 32 do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.
2. Vida pessoal de Malaquias. A expressão “pelo ministério de Malaquias” (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua vida pessoal. A forma hebraica do seu nome é mal’achi, que significa “meu mensageiro”. A Septuaginta traduz por angelo sou (“seu mensageiro, seu anjo”). O termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1). No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria diferente?
3. Estrutura e mensagem. A profecia começa com a palavra hebraica massa — “peso, sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que formam uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa: prática generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno de Jesus (Mt 23.2-7).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O tema do livro de Malaquias é a denúncia contra a formalidade religiosa, a prática da corrupção generalizada entre os fariseus e escribas e o despertamento da nação de Judá.

II. O JUGO DESIGUAL
1. A paternidade de Deus (2.10). A ideia de que Deus é o Pai de todos os seres humanos é biblicamente válida. O Antigo Testamento expressa que essa paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22,23; Jr 31.9; Os 11.1). A criação divina dá base para isso, embora não garanta uma relação pessoal com Ele (At 17.28,29). Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por adoção. Por isso, temos liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl 4.6).
2. A deslealdade. O termo “desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,14-16). Trata-se do verbo hebraico bagad, que significa “agir traiçoeiramente, agir com infidelidade”. Não profanar o concerto dos pais — estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial com cônjuges estrangeiros (Dt 7.1-4) — é uma instrução ratificada em o Novo Testamento (2 Co 6.14-16,18). O profeta retoma essa questão em seguida.
3. O casamento misto (2.11). É a união matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação e profanação. Os envolvidos são ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família (2.12).
a) Abominação. O termo hebraico para “abominação” é toevah e diz respeito a alguma coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A Bíblia aplica-o à idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc. (Dt 7.25; 12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se de um termo muito forte, mas o profeta coloca todos esses pecados no mesmo patamar (2.11).
b) Profanação. Profano é aquele que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16). A “santidade do SENHOR”, que Judá profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois em seguida o oráculo explica: “a qual ele ama”. A violação do altar já fora denunciada antes (1.7-10). Mas aqui Malaquias considera o casamento misto como transgressão da Lei de Moisés: “Judá [...] se casou com a filha de deus estranho” (2.11b). A expressão indica mulher pagã e idólatra. E mais adiante inclui também o divórcio (2.13-16).

SINOPSE DO TÓPICO (II)
O jugo desigual ou casamento misto, é a união matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação ou profanação.




III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
1. O relacionamento conjugal (2.11-13). Malaquias é o único livro da Bíblia que descreve o efeito devastador do divórcio na família, na Igreja e na sociedade. As lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas judias repudiadas. Elas eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem substituídas por mulheres idólatras e profanas. As israelitas não tinham a quem recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por essa razão, o Eterno não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso vale para os nossos dias. Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja (Ef 5.25-29).
2. O compromisso do casamento. Os votos solenes de fidelidade mútua entre os noivos numa cerimônia de casamento não são um acordo transitório com data de validade, mas “um contrato jurídico de união espiritual” (Myer Pearlman). O próprio Deus coloca-se como testemunha desse contrato. Por isso, a ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A reação divina contra tal perfídia é contundente.
3. A vontade de Deus. A construção gramatical hebraica do versículo 15 é difícil. Mas muitos entendem o seu significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas uma só mulher para Adão, tendo em vista a formação de uma descendência piedosa (2.15). A poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos. É uma desgraça para a família! Por isso, o Altíssimo aborrece e odeia o divórcio (2.16). Ele ordena que “ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade” (2.15).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos.

CONCLUSÃO
A sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em consideração por todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério, pois o casamento é de origem divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser honrado e venerado.

VOCABULÁRIO
Lassidão: Prostação de forças, cansaço.
Purgar: Tornar puro, purificar.
Perfídia: Deslealdade, traição.


EXERCÍCIOS

1. Por que entendemos que Malaquias é o nome do profeta?
R. Porque nenhum livro dos doze profetas menores é anônimo.

2. Qual o assunto do livro de Malaquias?
R. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa: prática generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno de Jesus (Mt 23.2-7).

3. Quais pecados são colocados no mesmo patamar do casamento misto e do divórcio?
R. A idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc.

4. Por que todos nós devemos levar a sério o casamento?
R. Porque o casamento é de origem divina e indissolúvel.

5. Por que Deus aborrece o divórcio?
R. Porque é uma desgraça para a família.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

Subsídio Teológico

“Malaquias, o profeta
[...] Deus sempre amou seu povo, dizia Malaquias, mas este nunca havia assimilado a profundidade deste amor, e na verdade retribuía-o com desonra e desobediência (Ml 1.6-14). Tudo isto pode ser visto na própria indiferença do povo para com as ofertas, pois enquanto se empenhavam em importar o melhor para suas próprias casas, os sacrifícios eram da pior espécie, com animais cegos e doentes. Os próprios sacerdotes se voltavam contra Deus, violando abertamente o compromisso de levitas (Ml 2.8). Além disso, muitos judeus tinham se divorciado de suas mulheres, sinalizando assim seu descaso para com os ensinamentos das Escrituras (Ml 2.10). Como resultado, o Senhor enviaria seu mensageiro messiânico para purgar o mal enraizado no coração do povo e purificar um remanescente que andaria diante da presença do Senhor em verdade” (MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.548-49).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Malaquias: A sacralidade da família

Malaquias significa “meu mensageiro”. Estudiosos do Antigo Testamento partem da junção de duas palavras, Malak Yah, “mensageiro do Senhor”, para dar o significado ao nome desse profeta. Esse profeta trata de um assunto muito sério: a preservação da família. Em seus dias, era patente o descaso dos israelitas para com a seriedade do casamento. Não eram poucos os que se casavam com mulheres estrangeiras, o que Deus não admitia como sendo uma conduta aceitável para o povo da aliança. O povo tinha dificuldades também em manter os casamentos puros, ou seja, entre pessoas do povo de Deus. E era grande o índice de homens infiéis às suas esposas, o que desagradava tremendamente a Deus.
A prática sexual exacerbada era um problema antigo, e prevalece em nossos dias. Jeremias, usado por Deus anos antes de Malaquias, denunciou a conduta sexual perversa dos filhos de Israel: “Como, vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses; depois de eu os ter fartado, adulteraram e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos; como garanhões bem fartos, correm de um lado para outro, cada um rinchando à mulher do seu companheiro. Deixaria eu de castigar estas coisas, diz o Senhor, ou não me vingaria de nação como esta?” (Jr 5.7-9). Como vemos, o problema dos israelitas nãos e resumia à prática da idolatria, mas também a prostituição e às traições.
Não eram poucos os casos de divórcio e infidelida-de entre eles. “E dizeis: Porquê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher do teu concerto” (Ml 2.14). A traição dos israelitas tinha um alto preço: além de tornar as famílias mais propensas à desestruturação, atraíam igualmente a ira divina. De nada adiantava os hebreus trazerem ofertas e chorarem no altar, se estavam sendo infiéis em seus casamentos: “Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.” (2.13). E Pedro também ensinou que é grande a responsabilidade dos homens no trato com suas esposas: “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações” (1 Pe 3.7). Se como homens, desejamos ter nossas orações atendidas pelo Senhor, é preciso respeitar e demonstrar amor por nossas esposas.