Lições
Bíblicas CPAD – Adultos - 2º Trimestre de 2016
Título: Maravilhosa Graça — O Evangelho
de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos – Comentarista: José
Gonçalves
Lição 1: A Epístola aos Romanos
TEXTO ÁUREO
“Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro
do judeu e também do grego” (Rm 1.16).
VERDADE PRÁTICA
A Epístola aos Romanos mostra que sem a graça
divina todos os nossos esforços são inúteis para a nossa salvação e comunhão
com Deus.
LEITURA DIÁRIA
Rm 1.1 – Paulo, chamado e separado pelo Senhor para
ser apóstolo
Rm 1.13 – Paulo já havia tentado ir até Roma,
porém, foi impedido
Rm 1.10 – Paulo rogava a Deus para estar com os
irmãos em Roma
Rm 1.11 – Paulo desejava comunicar algum dom
espiritual aos irmãos em Roma
Rm 1.14 – Paulo dedicou toda a sua vida a divulgar
as Boas Novas
Rm 1.17 – Paulo pregou que o justo deve viver pela
fé
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 1.1-17.
1 — Paulo, servo de Jesus Cristo,
chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, 2 — o
qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, 3
— acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a
carne, 4 — declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito
de santificação, pela ressurreição dos mortos, — Jesus Cristo, nosso Senhor, 5
— pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé
entre todas as gentes pelo seu nome, 6 — entre as quais sois
também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.
7 — A todos os que estais em
Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo.
8 — Primeiramente, dou graças ao
meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é
anunciada a vossa fé.
9 — Porque Deus, a quem sirvo em
meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como
incessantemente faço menção de vós, 10 — pedindo sempre em minhas
orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de
ir ter convosco.
11 — Porque desejo ver-vos, para
vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, 12
— isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua,
tanto vossa como minha.
13 — Não quero, porém, irmãos, que
ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido
impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais
gentios.
14 — Eu sou devedor tanto a gregos
como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
15 — E assim, quanto está em mim,
estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
16 — Porque não me envergonho do
evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê, primeiro do judeu e também do grego.
17 — Porque nele se descobre a
justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
HINOS SUGERIDOS
75, 432 e 440 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Apresentar uma visão panorâmica da carta de Paulo
aos Romanos, ressaltando a terrível situação espiritual na qual se encontra a
humanidade depois da Queda.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que
o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao
tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Conhecer o autor, o local, data e
destinatários da Epístola aos Romanos;
II. Mostrar a forma literária, conteúdo e
propósito da Epístola aos Romanos;
III. Explicar o valor espiritual da Epístola
aos Romanos.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado professor, neste trimestre teremos a
oportunidade ímpar de estudarmos a respeito da Epístola aos Romanos. Nesta
carta o apóstolo Paulo expõe, de maneira profunda, a doutrina da justificação
pela fé, mediante a graça divina. Paulo mostra que a graça de Deus e a salvação
são para todos, judeus e gentios.
O comentarista do trimestre é o pastor José
Gonçalves — escritor, conferencista, bacharel em Teologia, graduado em Filosofia;
membro da Diretoria da Convenção Estadual da Assembleia de Deus do Piauí
(CEADEP) e do Conselho de Apologética da Convenção Geral das Assembleias de
Deus no Brasil (CGADB).
Que o Deus de amor e de graça o abençoe e que você
e seus alunos possam crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
COMENTÁRIO
/ INTRODUÇÃO
Neste trimestre teremos o privilégio de estudar a
Epístola de Paulo aos Romanos. Podemos afirmar que jamais seremos os mesmos
depois de uma leitura cuidadosa e um estudo sistemático dessa Epístola. Romanos
mostra que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação dos judeus e gentios.
Revela também que o homem, perdido nas trevas do pecado, é reconciliado com
Deus mediante a sua graça. Essa graça é o que nos justifica e nos qualifica a
ter comunhão com Ele.
Na Epístola aos Romanos aprendemos que a natureza
adâmica, que domina o velho homem, é destronada pela fé em Cristo, e que é
possível vivermos em novidade de vida através do poder do Espírito Santo que
opera em nós. Veremos que esta Carta é um chamado à liberdade cristã.
PONTO CENTRAL
A Epístola aos Romanos é um chamado à liberdade
cristã.
I.
AUTOR, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS
1. O autor. Há um consenso entre teólogos e
biblistas de que a Epístola aos Romanos é de autoria de Paulo (Rm 1.1). O
argumento que nega a originalidade desse registro não tem credibilidade entre
os estudiosos do Novo Testamento. Paulo escreveu essa carta com o auxílio de
Tércio, o seu amanuense, escrevente, (Rm 16.22). O costume da época permitia
que o amanuense tivesse certa liberdade na redação do documento, agindo como
uma espécie de taquígrafo. Com base nesse fato, alguns críticos têm argumentado
a respeito da autenticidade de certas passagens da Carta aos Romanos,
atribuindo-os a uma autoria não paulina. Todavia o teor de Romanos não deixa
dúvidas de que todo o seu conteúdo reflete o estilo de Paulo escrever.
2. Local e data. Paulo escreveu aos romanos provalvelmente
entre os anos 56 e 57 d.C, quando se encontrava na próspera cidade de Corinto,
capital da província romana de Acaia, no território da Grécia. Paulo permaneceu
pelo menos três meses na Grécia por ocasião da sua última visita a Jerusalém
(At 20.3). O livro de Atos nos mostra que foi em Corinto, cidade grega, que
Paulo montou seu centro de atividades missionárias. Em Corinto, Paulo ficou
hospedado na casa do seu fiel amigo Gaio.
3. Destinatários. Alguns intérpretes ao escreverem
a respeito da Epístola aos Romanos a classificam como sendo de natureza
atemporal. Eles não estão errados, visto que ela foi inspirada pelo Espírito
Santo e como tal transcende as barreiras do tempo. Romanos 1.7 nos mostra, de
modo bem claro, o destinatário da epístola: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça
e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Quem seria, pois,
esses “todos que estais em Roma?”.
Há uma disputa sobre os reais destinatários desta carta. Alguns argumentam que Paulo
escreveu para os judeus radicados em Roma, enquanto outros defendem os cristãos
gentílicos como sendo esses destinatários. Porém, Paulo escreveu à igreja de
Roma. Uma igreja formada tanto por judeus como por gentios.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Paulo é o autor
da Epístola aos Romanos. Ele escreveu esta carta entre os anos de 56 e 57 d.C.,
tendo como destinatário a igreja em Roma.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, explique aos alunos que
“quando Paulo escreveu a carta à Igreja de Cristo em Roma, ainda não havia
estado nesta cidade, mas já havia anunciado o evangelho ‘desde Jerusalém e
arredores até ao Ilírico’ (Rm 15.19). O apóstolo planejou visitar e pregar em
Roma; esperava continuar a levar o evangelho ao ocidente, à Espanha” (Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1550).
Para que o aluno tenha uma
compreensão melhor da localização de tais cidades e acontecimentos onde Paulo
esteve, reproduza o mapa abaixo, distribua para os alunos e o utilize antes da
explicação do primeiro tópico.
II.
FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO
1. Forma literária. A
Epístola de Paulo aos Romanos segue o modelo de outros documentos do primeiro
século da era cristã. O esboço obedece à ordem desse tipo de documento, tendo
sempre uma saudação e uma oração (Rm 1.1,7,8,16). Uma forma literária bastante
comum nos dias de Paulo era a escrita em forma de diálogo. Platão, filósofo
grego, por exemplo, escreveu dezenas deles. Todavia, como bem observou o
especialista em Novo Testamento, Brodus D. Hale, essa forma literária
dificilmente se ajusta ao modelo paulino. O que podemos observar na leitura de
Romanos é o uso de diatribes por parte do apóstolo. Nesse modelo literário, que
era um recurso muito usado pelos filósofos estoicos e cínicos, o autor valia-se
de uma exposição crítica a respeito de alguma obra.
2. Conteúdo. O conteúdo de Romanos trata de
alguns temas bem específicos, como por exemplo, a pecaminosidade do homem, a
salvação de Deus, a justificação pela fé e a graça divina. Logo depois das
palavras de saudação observamos a seção que trata sobre a manifestação da
justiça de Deus mediante a fé (Rm 1.18-4.25). Paulo mostra a necessidade
espiritual que os gentios, judeus e toda a humanidade têm da salvação de Deus.
Paulo também mostra nos capítulos 5 a 8 (5.1 — 8.39), a ação santificadora do
Espirito Santo no processo da salvação. É destacado aqui o resultado prático do
Evangelho na salvação do crente. Através do Espírito Santo o crente experimenta
a paz com Deus. Nos capítulos 9 a 11 encontramos a teologia paulina a respeito
do tratamento de Deus para com Israel, o seu povo. São revelados três aspectos
do tratamento de Deus para com Israel - passado, presente e futuro. Na última
seção Paulo mostra o lado prático do Evangelho na transformação de vidas (12 a
15.13). A conclusão da carta, tratando do empreendimento missionário do
apóstolo e algumas recomendações finais, estende-se do capítulo 15.14 ao 16.27.
3. Propósito. Uma leitura cuidadosa de Romanos
nos mostra que essa carta não possui apenas um único propósito, mas vários. O
principal, segundo a Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal é “apresentar Paulo aos romanos e sintetizar
a mensagem do apóstolo, antes de sua chegada a Roma”. Todavia, podemos
também destacar os seguintes propósitos: o apóstolo deseja fazer da igreja
romana uma base missionária a fim de que ele pudesse chegar até a Espanha (Rm
15.24,28); fica evidente também que o apóstolo está imbuído da defesa do
Evangelho que ele pregava. Assim, as acusações de que Paulo promovia um
anti-judaísmo não procedem, pois a carta também tem um propósito apologético e
pastoral, como podemos verificar nos capítulos 14 e 15.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A Epístola aos Romanos foi escrita em
forma de diálogo. Ela trata de temas bem específicos e não possui apenas um
único propósito, mas vários.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Reproduza o quadro abaixo, e
utilize-o para apresentar de forma sucinta algumas informações que são
essenciais para a compreensão da Epístola aos Romanos.
III.
VALOR ESPIRITUAL
1. Fundamentação doutrinária. A
Epístola aos Romanos é considerada a mais teológica dentre todas as outras
escritas por Paulo. O forte conteúdo doutrinário desta carta é sem dúvida o
mais completo do Novo Testamento. Romanos trata de alguns dos temas mais
profundos do Cristianismo - as doutrinas da chamada eleição, da predestinação,
da justificação, da glorificação e da herança eterna.
Paulo mostra à igreja que o pecador pode encontrar
a redenção na poderosa mensagem do Evangelho que é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê. A Carta aos Romanos revela que é por
intermédio da graça de Deus, manifestada na pessoa bendita de Jesus Cristo, que
o homem pode ver corrigido o seu relacionamento com o Criador. A velha natureza
é subjugada na cruz e o Espírito Santo faz com que o poder da cruz agora emane
na vida do crente.
2. Renovação espiritual. Não há
dúvida de que a igreja de Roma, a quem a Epístola aos Romanos foi endereçada,
experimentou uma tremenda renovação espiritual mediante a sua leitura. Todavia,
o renovo espiritual advindo da leitura desta carta pode ser visto na vida de
muitos crentes ao longo da história da Igreja. Tomemos como exemplo Agostinho,
bispo de Hipona, que teve sua vida mudada quando leu Romanos 13.13. Por outro
lado, Matinho Lutero, o grande reformador alemão, foi desafiado a romper com a
tradição católica quando também leu a Carta aos Romanos. John Wesley também
testemunhou forte renovação em sua vida através da leitura do comentário dessa
Carta, escrita pelo Reformador.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O valor espiritual da Epístola aos
Romanos é imenso. Ela é considerada a mais teológica dentre todas as outras
escritas por Paulo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Paulo destaca alguns aspectos
principais na carta aos Romanos. A doutrina da salvação é apresentada dentro de
alguns itens especiais:
o teológico (1.18—5.11);
o antropológico (5.12—8.39);
o histórico (9.1—11.36)
e o ético (12.1—15.33).
Esse plano alcança toda a obra e
contém verdades incontestáveis e irremovíveis.
Na esfera teológica. Paulo apresenta
a condição perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por
méritos próprios. Logo depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua
morte, todos podem ser justificados da condenação. O pecador é justificado
mediante a obra expiatória de Jesus Cristo.
Na esfera antropológica. A ilustração
do primeiro e segundo Adão, coloca o crente de frente a uma nova realidade
espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo o venceu por
todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida sob a
orientação do Espírito Santo” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho
da Justiça de Deus. 8ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.17).
CONCLUSÃO
Uma visão panorâmica da carta de Paulo aos Romanos
permite-nos vislumbrar a terrível situação espiritual na qual se encontra a
humanidade depois da Queda. É algo desesperador. Todavia, a Carta mostra, de
forma clara, que Deus por intermédio do seu amor gracioso, que ultrapassa todo
o entendimento, veio ao encontro dos pecadores para oferecer-lhes perdão e
restauração através de Jesus Cristo, seu bendito Filho. É Ele que, através de
seu sacrifício vicário, tirou a raça humana das trevas do pecado e deu a
oportunidade ao pecador de viver uma nova vida no poder do Espírito Santo.
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos,
responda:
Quem é o autor da Epístola aos Romanos?
O apóstolo Paulo.
Quem auxiliou Paulo a escrever a Carta
aos Romanos?
Tércio.
Em que ano Paulo escreveu a epístola
aos Romanos e em que cidade ele se encontrava?
Paulo escreveu aos romanos
provalvelmente entre os anos 56 e 57 d.C, quando se encontrava na próspera
cidade de Corinto, capital da província romana de Acaia, no território da
Grécia.
De acordo com a lição, quais os
principais temas da Epístola aos Romanos?
Romanos trata de alguns temas bem
específi cos, como por exemplo, a pecaminosidade do homem, a salvação de Deus,
a justificação pela fé e a graça divina.
Qual o propósito principal da Carta aos
Romanos?
Uma leitura cuidadosa de Romanos nos
mostra que essa carta não possui apenas um único propósito, mas vários. O
principal, segundo a Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal é “apresentar
Paulo aos romanos e sintetizar a mensagem do apóstolo, antes de sua chegada a
Roma”.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A Epístola aos Romanos
A mais famosa epístola do apóstolo Paulo foi
escrita aproximadamente entre 57 e 58 d.C., com uma margem de erro de um ou
dois anos, de acordo com o estudioso do Novo Testamento, D. A. Carson. O autor
é Paulo, embora tenha sido Tércio quem escreveu a epístola, o amanuense do
apóstolo (Rm 16.22). A carta foi destinada aos crentes, judeus e gentios, que
constituíam a igreja em Roma (Rm 1.7,15). A maioria dos estudiosos concorda que
havia pelo menos dois propósitos na epístola paulina:
(1) missionário — O apóstolo se apresentaria à
igreja para remover as suspeitas contra ele levantadas pelo partido judaico de
Jerusalém a fim de impedi-lo a chegar à Europa, na Espanha;
(2) Doutrinário — Expor os direitos e privilégios
da salvação tanto dos judeus quanto dos gentios, pois, em Cristo, não haveria
mais judeu nem grego, mas uma pessoa somente nascida de novo em Jesus Cristo
(Rm 14.1-10). Por isso, o principal texto da Epístola aos Romanos é “Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo
viverá da fé” (1.17).
Caro professor, estude bons comentários do Novo
Testamento. Associe o conhecimento adquirido a partir do seu estudo
introdutório, e sob a perspectiva da visão do todo da carta de Paulo, com o
auxílio da tabela abaixo.
Lições Bíblicas CPAD – Jovens e
Adultos - 1º Trimestre de 2006
Título: Salvação e
Justificação — Os pilares da vida cristã
Comentarista: Eliezer
Lira
Lição 1: A Igreja de
Roma – Data: 1 de Janeiro de 2006
TEXTO ÁUREO
“A todos
os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7).
VERDADE
PRÁTICA
Independente
das diferenças raciais e culturais entre seus membros, a Igreja continua a
expandir-se até aos confins da terra a exemplo do que ocorria entre os crentes
romanos.
LEITURA
DIÁRIA
At 2.1-12 – Uma igreja nascida no Pentecostes
Rm 18.4,17,20 – Uma igreja na aflição
Rm 16.5 – Uma igreja evangelizadora
Rm 1.7 Uma comunidade de santos
Rm 12.18; 18.2 Uma igreja bem relacionada
Rm 16.3,6,9,12 Uma igreja de cooperadores
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 1.7-15; 16.3-7,16.
Romanos 1
7 - A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos:
Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 - Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de
vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.
9 - Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,
10 - pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de
Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco.
11 - Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a
fim de que sejais confortados,
12 - isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé
mútua, tanto vossa como minha.
13 - Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir
ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós
algum fruto, como também entre os demais gentios.
14 - Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes.
15 - E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o
evangelho, a vós que estais em Roma.
Romanos 16
3 - Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus,
4 - os quais pela minha vida expuseram a sua cabeça; o que não só eu
lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
5 - Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu
amado, que é as primícias da Ásia em Cristo.
6 - Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós.
7 - Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na
prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em
Cristo.
16 - Saudai-vos uns aos outros com santo ósculo. As igrejas de Cristo vos
saúdam.
PONTO DE
CONTATO
Estimado
professor, somos gratos ao Senhor Jesus Cristo pelo início de um novo ano.
Alcançamos mais uma vitória com o início deste novo trimestre, onde estudaremos
a Carta aos Romanos. Esta, segundo Lutero, é a principal composição literária
do Novo Testamento. É a mais pura descrição dos ensinos dos Evangelhos. O
impacto que as magistrais palavras desta carta causaram no “Cisne de Eisleben”
fê-lo afixar, na capela de Wittemberg, as “noventa e cinco teses”. Outros
estudiosos têm encontrado semelhante conforto e segurança salvífica ao estudar
os temas doutrinários de Romanos: a justiça divina; a universalidade do pecado;
a fé; a salvação; a justificação; a santificação; Adão e Cristo; a salvação de
Israel; e o ministério cristão. Segundo Lutero, a Epístola aos Romanos é “tão
valiosa que um cristão não só deveria saber de memória cada palavra, mas tê-la
consigo diariamente, como o pão cotidiano de sua alma”.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar como se deu a formação da Igreja em Roma.
- Explicar os propósitos pelas quais a epístola foi escrita.
- Enunciar a data e o local da escrita.
SÍNTESE
TEXTUAL
A Epístola de Romanos (1.1) foi escrita
provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto, pouco antes da visita do
apóstolo à Jerusalém (Rm 15.25-29). Esta foi ditada pelo “Doutor dos Gentios”
ao amanuense Tércio (Rm 16.22) e entregue a igreja em Roma por Febe, auxiliar
da igreja de Cencréia, porto oriental de Corinto (Rm 16.1,2).
Roma, no tempo do Novo Testamento, era uma cidade
imperial, cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes. Tornou-se conhecida
pela frouxidão moral e a relativização dos costumes. A cidade acolhia diversos
grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um dos mais
numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura, proselitismo e
o fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C, por meio de um decreto de
Cláudio, a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2).
A igreja que estava na capital do Império era
mista, composta por cristãos de origem pagã (1.5,6,18-32), grega (Epêneto,
Apeles, Trifena e Trifosa), judaica (Priscila, Áquila, Maria) e romana (Rufo,
Júlia). Compunha-se também de pessoas provenientes das camadas pobres de Roma,
sejam escravos ou livres (Amplíato, Asíncrito, Hermas, Nereu, cf. 16.1-23).
A Epístola aos Romanos está dividida em duas seções
principais: doutrinas (1-11) e práticas cristãs (12-16). O vocábulo justiça e o
tema Justiça de Deus (1.17) são dois inabaláveis fundamentos que sustentam toda
estrutura doutrinária em Romanos.
ORIENTAÇÃO
DIDÁTICA
De acordo com Romanos 15.20-29, o apóstolo Paulo
planejava passar por três cidades: Jerusalém, Roma e Espanha. Na primeira, seu
objetivo era levar uma oferta recolhida pelas igrejas gentílicas (15.27; At
20.16). Na segunda, tencionava fazer de Roma sua base operacional a fim de
evangelizar o Ocidente, uma vez que considerava sua missão no Oriente cumprida
(15.19,20 cf. At 19.21). Na terceira, Espanha, não há qualquer menção nas
Escrituras de que tal empreendimento tenha se concretizado. Entretanto, o
propósito de Paulo se justifica se considerarmos que a Espanha ficava
localizada no extremo Ocidente do mundo civilizado. Ali estava reunido um
grande número de intelectuais e líderes, o que possibilitava uma atmosfera
favorável ao debate e apresentação do Evangelho.
A fim de esclarecer esses dados, faça uma síntese
da preparação e viagem de Paulo a Roma como indicamos a seguir: At 18.1-3:
Paulo se encontra com Áquila em Corinto por ocasião da expulsão dos judeus de
Roma; At 23.11: O Senhor impele e encoraja Paulo a testemunhar em Roma; At
25.10-12: Paulo apela para que seja julgado em Roma (cf. 26.32); At 27-28:
viagem de Paulo a Roma.
Com o auxílio de um mapa, faça um resumo dos
principais locais da viagem a Roma a partir de Cesaréia: Mirra, Bons Portos,
Malta, Siracusa, Régio, Putéoli e Roma. Conclua explicando que durante os dois
anos em que esteve preso em Roma (At 28.16,30-31), Paulo pregou e ensinou o
Evangelho, escrevendo nessa ocasião as Epístolas de Efésios, Colossenses, Filemom
e Filipenses.
COMENTÁRIO
/ INTRODUÇÃO
No Dia de
Pentecostes, quando os primeiros discípulos foram batizados no Espírito Santo,
a cidade de Jerusalém achava-se repleta de judeus e prosélitos romanos, que
testemunharam a gloriosa manifestação do poder de Deus (At 2.10). Neste dia
memorável, militares e funcionários do governo romano, destacados na Palestina,
foram salvos pelo Senhor, e ao retornarem à sua cidade, levavam a poderosa
mensagem do evangelho (At 10.1,43-48; 2.10,41; 4.4; 5.14).
A igreja de
Roma, por conseguinte, já existia quando Paulo escreveu esta carta (At
28.14,15).
Naquela
igreja, surgiram dificuldades e dúvidas de natureza doutrinária. Alguns membros
de origem gentílica abusavam da liberdade cristã com procedimentos que ofendiam
os irmãos de origem judaica. A Epístola aos Romanos, a mais importante carta de
Paulo, é a maior exposição da doutrina da salvação em toda a Bíblia. Pois
responde a milenar pergunta: “Como pode o homem ser justo diante de Deus?” (Jó
9.2). Através desta epístola, o leitor é impelido a buscar e a conhecer qual
seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para sua vida (Rm 12.2).
I. A RAZÃO DA CARTA
O que
motivou o apóstolo a escrever à igreja em Roma foi a exposição do Evangelho de
Cristo. O tema da justificação pela fé predomina nos primeiros cinco capítulos.
Paulo estava
no final de sua terceira viagem missionária, plantando igrejas nos grandes
centros orientais do Império Romano: Éfeso, Corinto, Filipos etc, onde a
Palavra do Senhor prosperava significativamente (At 19.11,20,26; Ap 1.4,11). O
apóstolo já havia difundido o evangelho a partir de Jerusalém até as atuais
Iugoslávia e Albânia (Rm 15.19).
Como já vimos, o evangelho estava bem difundido em
Roma, onde o apóstolo menciona vários irmãos na fé (Rm 16.3-5). Agora Paulo, o
incansável e corajoso homem de Deus, escreve aos crentes de Roma, manifestando
o seu propósito de estar com eles (Rm 1.13,15; At 19.21).
II. O INÍCIO DA IGREJA EM ROMA
A igreja em
Roma era muito expressiva. Por ocasião da epístola, já se estendera até
Putéoli, o principal porto de Roma, numa distância de 200 quilômetros (At
28.13,14).
O modo como
Paulo dirige-se aos irmãos em Roma mostra que ali havia uma igreja atuante bem
antes da epístola ser escrita. Não há dados precisos dos primeiros anos do
cristianismo em Roma, no entanto, pode-se inferir algo sobre o assunto em
fontes literárias e arqueológicas confiáveis.
1. A
comunidade judaica. Havia judeus em Roma já no segundo século a.C.
Quando o imperador Pompeu, em 63 a.C, conquistou a Judéia, o número de judeus
em Roma aumentou consideravelmente. Mas, por um decreto do imperador Tibério,
os judeus de Roma foram expulsos da cidade, para logo em seguida retornarem em
maior número. Em 49 d.C, o imperador Cláudio decreta uma nova expulsão de
judeus da cidade — este fato é mencionado em At 18.2 — onde está dito que em
Corinto, Paulo conheceu um certo judeu chamado Áquila, que havia recentemente
chegado da Itália, com Priscila, sua esposa, por ter o imperador Cláudio
decretado a expulsão dos judeus da cidade. Tudo indica que Áquila e Priscila já
eram cristãos antes do encontro com Paulo em Corinto. Talvez fossem membros da
primeira igreja cristã em Roma.
Na capital
do Império Romano, desenvolveu-se, no século primeiro, o maior centro judaico
do mundo antigo. Havia 13 comunidades e sinagogas com elevado número de
membros.
2. Judeus no
dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma das sete festas sagradas de
Israel. Estas prefiguravam eventos futuros na história da redenção efetuada por
Cristo. O Novo Testamento confirma que elas eram profecias tipológicas da
salvação (Cl 2.16,17; Hb 10.1).
Nos dias do
Novo Testamento, judeus devotos, bem como gentios prosélitos de todas as partes
do Império Romano, compareciam a Jerusalém para a celebração da Festa de
Pentecostes (At 2.1,10; 20.16). É possível que alguns dos convertidos, quando
da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tenham levado, num trabalho
pioneiro, o Evangelho de Cristo a Roma (At 2.1,10,37-41).
Sendo Roma a capital do império, havia um fluxo
constante de viajantes que se dirigiam de todas as partes para lá. O capítulo
16 de Romanos demonstra que muitos cristãos daquela congregação eram
procedentes de outras regiões, especialmente da Ásia Menor.
Quando o testemunho cristão, repleto do poder do
Espírito Santo, ressoou nas sinagogas em Roma, logo surgiram e multiplicaram-se
igrejas na região, como acontecera em Damasco, Antioquia, Ásia Menor, Macedônia
e Grécia. Multidões aceitaram a Cristo, conforme relata o evangelista Marcos:
“E eles tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o
Senhor, e confirmando a Palavra com sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20).
III. A IGREJA EM ROMA NA ÉPOCA DA CARTA
DE PAULO
Paulo, ao escrever aos romanos por volta do ano 57
d.C, destacou a fé daqueles crentes, tanto no início da epístola como no seu
final (1.12; 16.19). Eles tinham muita fé, e esta já era conhecida por todos
(1.8).
1. Uma igreja heterogênea. A lista de saudações de Paulo (no capítulo 16) evidencia que a igreja
em Roma tinha um caráter heterogêneo. Havia judeus (convertidos), gentios e
escravos. A menção de Paulo a seus “parentes” pode referir-se a seus irmãos de
raça — judeus, agora convertidos a Cristo (9.3,4). É bem provável que estes
fossem cristãos que o apóstolo conhecera em outros lugares durante suas
extensas e prolongadas viagens evangelísticas, pastorais e administrativas e
que, na ocasião em que escreveu a carta, residissem em Roma.
Áquila e Priscila, queridos irmãos, amigos e
colaboradores de Paulo, foram obrigados a deixar Roma anteriormente. Mas,
agora, estavam de volta, e sua casa era um dos locais de reunião da igreja (era
prática comum na igreja primitiva a reunião nas casas dos próprios cristãos).
2. Uma igreja respeitada. Os crentes de Roma eram fiéis e dedicados seguidores de Cristo, segundo
o evangelho (Rm 1.8,12; 6.17; 7.4; 15.14; 16.19). Conforme se lê em Rm 15.24,
Paulo, por ocasião da epístola, contava com a assistência daqueles irmãos para
a realização de uma obra missionária na Espanha. Em Romanos 16.16, Paulo
transmite uma saudação das demais igrejas dirigida exclusivamente à igreja de Roma.
CONCLUSÃO
A igreja em
Roma deixou exemplos de santidade, fé e visão evangelística de homens e
mulheres capacitados para o santo serviço que, se seguidos, fortalecerão a
Igreja atual. É um padrão a ser fielmente observado por todos aqueles que oram
e lutam pela expansão do Reino de Deus.
EXERCÍCIOS
1.
Por que a Epístola de Paulo aos Romanos foi escrita?
R.
O que motivou Paulo a escrever à igreja em Roma foi a exposição do Evangelho de
Cristo.
2.
Quando foi escrita a epístola?
R.
Foi escrita provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto.
3.
Quando foi fundada a igreja em Roma?
R.
É possível que alguns dos convertidos, quando da descida do Espírito Santo no
dia de Pentecostes, tenham levado o Evangelho de Cristo a Roma (At 21.10).
4.
O que era a festa de Pentecostes?
R.
Era uma das sete festas sagradas de Israel.
5.
O que temos a aprender com os irmãos de Roma?
R.
Exemplos de santidade, fé e visão evangelística de homens e mulheres
capacitados para o santo serviço que, se seguidos, fortalecerão a Igreja atual.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio Teológico
“O Plano da Carta aos Romanos
Paulo
destaca alguns aspectos principais na carta aos Romanos. A doutrina da salvação
é apresentada dentro de 4 itens essenciais: o teológico (1.18-5.11); o
antropológico (5.12-8.39); o histórico (9.1-11.36) e o ético (12.1-15.33). Esse
plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis e irremovíveis.
1. Na esfera
Teológica (1.18-5.11). Paulo apresenta a condição
perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos
próprios. Logo depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua morte,
todos podem ser justificados da condenação. O pecador é justificado mediante a
obra expiatória de Cristo Jesus.
2. Na esfera
Antropológica (5.12-8.39). Nestes textos a vida assume nova
perspectiva. A ilustração do primeiro e segundo Adão coloca o crente de frente
a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o
segundo o venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime
de vida sob a orientação do Espírito Santo.
3. Na esfera Histórica (9.1-11.36). Paulo destaca a questão da rejeição de Israel ao plano divino. A
doutrina da salvação é apresentada de forma explícita. Um grupo de judeus
cristãos, ainda amarrado às exigências da religião judaica, queria impor sobre
os gentios convertidos os mesmos requisitos exigidos pela lei mosaica.
Entretanto, Paulo apresentou a obra salvadora de Cristo com sentido universal,
extensiva a todos os homens.
4. Na esfera Ética (12.1-15.33). Paulo apresenta algumas implicações do Evangelho para a vida diária.
Responsabilidades éticas para com a igreja, a família e a vida material são
colocadas em destaque” (CABRAL, E. Romanos: O Evangelho da Justiça de
Deus. 7.ed., RJ: CPAD, 2003, p.17).
Lições Bíblicas CPAD Jovens e Adultos
2º Trimestre de 1998
Título: Romanos — O Evangelho da
justiça de Deus Comentarista: Esequias Soares da Silva
Lição 1: A exposição
magna da fé cristã - Data: 5 de Abril de 1998
TEXTO ÁUREO
“Porque nele se descobre a justiça de Deus
de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17).
VERDADE
PRÁTICA
O Cristianismo poderia ser considerado mera
seita do Judaísmo se não houvesse, no Novo Testamento, a Epístola de Paulo aos
Romanos.
LEITURA
DIÁRIA
Rm 3.2 A doutrina das Escrituras em Romanos
Rm 1.20; 3.4 A doutrina de Deus em Romanos
Rm 9.5 A doutrina de Cristo em Romanos
Rm 15.13,16,19 A doutrina do Espírito Santo
em Romanos
Rm 5.12-19 A doutrina do pecado em Romanos
Rm 3.21-26 A doutrina da expiação em Romanos
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Romanos 1.1-7,16,17.
1 — Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o
evangelho de Deus, 2 — o qual antes havia prometido pelos seus
profetas nas Santas Escrituras, 3 — acerca de seu Filho, que
nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 4 — declarado
Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição
dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5 — pelo qual recebemos a
graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu
nome, 6 — entre as quais sois também vós chamados para serdes de
Jesus Cristo.
7 — A todos
os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
16 — Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
17 — Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo
viverá da fé.
PONTO DE
CONTATO
Neste
trimestre, você poderá servir-se da riqueza infindável, que é a Epístola de
Paulo aos Romanos, para promover o crescimento espiritual de seus alunos. Todos
os crentes precisam compreender que, diante de Deus, são justificados mediante
a obra de reconciliação efetuada por Jesus Cristo em seu favor. Agora, o crente
tem nova vida segundo o Espírito e, andando em santificação, é conduzido à
glorificação. Deus, o mais interessado no crescimento de sua Igreja, o usará
para contagiar os seus alunos e falar-lhes ao coração promovendo, assim, um
grande avivamento em sua classe. Deus o abençoe!
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conscientizar-se que a justiça de Deus é a justificação dos pecadores pela fé, mediante Jesus Cristo.
- Identificar a diferença entre a justiça de Deus, a justiça pessoal e a justiça legal.
- Verbalizar as bênçãos decorrentes de uma vida de fé.
- Construir novas expectativas para sua vida baseada numa atitude de fé no que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo.
SÍNTESE
TEXTUAL
A Epístola
aos Romanos ocupa um lugar de alto destaque na literatura judaico-cristã e nos
fundamentos doutrinários e teológicos da Igreja. Paulo escreveu aos cristãos em
Roma antes de visitá-los pessoalmente. Ele se informou a respeito da igreja
através de Áquila, Priscila e outros cristãos que viajavam pelo mundo
mediterrâneo daquele tempo.
O apóstolo
confessa no prólogo de sua carta e o confirma no epílogo da mesma, que desejava
com todo o seu coração ir a Roma, mas seu intenso itinerário evangelístico não
o permitiu. O plano era regressar de Corinto a Jerusalém, entregar a oferta das
igrejas gentias aos cristãos em Jerusalém e empreender uma quarta viagem com
destino a Espanha, fazendo escala na capital mundial, Roma. Ele realizou a
quarta viagem, porém não como planejava; viajou como prisioneiro e não sabemos
se depois conseguiu realizar o plano de ir a outros países da Europa ocidental.
No coração
do apóstolo havia o objetivo missionário. Mas esse objetivo não o fazia ignorar
os problemas doutrinários existentes na igreja em Roma. Por isso, tinha que
ajudar a esclarecer as dúvidas doutrinárias. Diferentemente dos dias atuais, a
Igreja no primeiro século não possuía livros doutrinários. O ensino vinha
direto de seus pastores, que para tal finalidade valeram-se de epístolas.
ORIENTAÇÃO
DIDÁTICA
Para
introduzir esta série de lições da Epístola de Paulo aos Romanos, você pode,
nesta aula, destacar alguns fatos da vida do apóstolo Paulo quando ainda era
fariseu e lutava contra o evangelho de Jesus Cristo. Não conte a história mas,
usando a técnica de perguntas e respostas, faça com que seus alunos participem
e relembrem em poucos minutos alguns fatos e a vida legalista que Paulo vivia,
pensando estar agradando a Deus (Ver Gl 1.13,14). O objetivo desta dinâmica é
comparar o posicionamento de Paulo, que, mesmo sendo zeloso da lei, estava
condenado à perdição e, agora, quando escreve esta carta, está salvo pela
justiça de Deus. Não esqueça de fazer aplicação à vida de seus alunos.
Lembre-se que hoje muitos vivem no legalismo, pensando estar agradando a Deus.
COMENTÁRIO /
INTRODUÇÃO
Hoje,
estamos iniciando uma série de estudos na Epístola de Paulo aos Romanos.
Recomendamos, antes de tudo, que cada aluno e, principalmente o professor, leia
no mínimo três vezes a epístola.
A Epístola de Paulo aos Romanos tem mudado muitas
vidas, nações, e até os rumos da história.
I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS
1. Títulos. Nenhum livro da Bíblia tem tantos títulos como Romanos: Evangelho
Segundo Paulo, Evangelho do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais
Puro Evangelho, Principal das Epístolas Paulinas, etc.
Desde que
foi estabelecido o Corpus Paulinum, no final do primeiro século, Romanos
vem ocupando o primeiro lugar entre as epístolas de Paulo, não pela ordem
cronológica, mas por sua importância. Em relação ao Judaísmo, é uma epístola
apologética; em relação ao Cristianismo, é a exposição magna da fé evangélica.
Entender Romanos é entender o Cristianismo.
2. Local e
data de Romanos. Com base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo
encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia era a
cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm
16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1Co 1.14). O apóstolo precisava ir
a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na Acaia, para os
irmãos pobres da Judeia. Pretendia depois ir para a Espanha, passando a Roma
(Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo Testamento são
unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.
3. Destinatário de Romanos. O endereçamento da carta são os versículos 5 e 6. A palavra “gente”, ethne, no grego, significa também “gentio, nação”;
é o correspondente goiym, em hebraico;
mostra que a carta foi dirigida aos cristãos gentios.
É óbvio que a igreja em Roma era composta de judeus
e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).
4. Roma (v.7). Roma era a
capital do Império Romano. Até então Paulo ainda não havia visitado a metrópole
(1.13; 15.23). A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Parece estar
ligada à presença de “forasteiros romanos”, no dia de Pentecostes (At 2.10).
Assim, podemos concluir que a igreja em Roma foi fundada por missionários
anônimos. Há ainda quem afirme que o casal Áquila e Priscila, que morava em
Roma (At 18.2; Rm 16.3), começou o trabalho nessa cidade. Mas acerca disso não
há nada de concreto.
5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa.
Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da
epístola.
a) João Wesley. Grande
avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que
tudo começou com Romanos.
b) Agostinho.
Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida.
c) Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos
seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma
Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos
tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na
verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e
inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de
ambos os livros por ele citados.
II. O AUTOR DA EPÍSTOLA
1. O autor de Romanos. Seu nome hebraico é Shaul, o
mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano
era Paulus, que significa “pequeno”. Ele
mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense.
O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).
2. “Servo de Jesus Cristo” (1.1). “Servo”, vem do grego doulos
(pronuncia-se dulos), traduzido mormente por “escravo, servo”. O mesmo que avoda no Antigo Testamento hebraico. Com relação
ao povo de Deus o sentido é de escravo voluntário. Nós, os crentes, somos
servos de Jesus Cristo, isto é, escravos voluntários. Reconhecemos Jesus como
nosso Dono, somos dEle e pertencemos a Ele. Pertencer a Deus é o que há de mais
sublime na vida humana.
a) “Chamado”. Do grego kletos que aqui tem o sentido de vocacionado. Ele
fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o
profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus,
e não pelo homem (Gl 1.1).
b) “Apóstolo”. Vem de duas
palavras gregas: da preposição apo, que
significa “da parte de”, e do verbo grego stello,
que significa “enviar”. A palavra “apóstolo” significa enviado com mensagem
confidencial. Aqui significa um mensageiro extraordinário, alguém que o próprio
Deus encarregou de levar a notícia mais importante da terra, que toda a
humanidade precisa ouvir o Evangelho de Jesus Cristo. O Novo Testamento afirma
que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21).
III. O SENHOR JESUS CRISTO NO PRÓLOGO DE
ROMANOS
1. “Santas Escrituras” (v.2). A vida de Jesus está registrada nos Evangelhos. Tudo o que Lhe
aconteceu estava previsto na Lei de Moisés e nos profetas. Jesus tinha o
testemunho da lei e dos profetas (Rm 3.21). E óbvio que o pensamento paulino
sobre o Messias é o mesmo revelado na lei e nos profetas (At 26.22).
2. Acerca de seu Filho (vv.3,4). Convém tomar cuidado com essa passagem, pois o apóstolo não está
dizendo que Jesus tornou-se Filho de Deus pela ressurreição. Ele foi o Filho de
Deus em fraqueza e humildade, durante seu ministério terreno, e, pela
ressurreição, tornou-se o Filho de Deus em poder (At 2.36). O apóstolo, assim,
revela a origem humana e divina de Jesus, declarando a sua ressurreição dentre
os mortos.
IV. O TEMA DA EPÍSTOLA
1. Evangelho, poder de Deus (v.16). A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.
Assim, a palavra “euangelion” quer dizer
“boas novas, notícias alvissareiras” “É o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crer” (1.16). A mensagem é que Cristo salva o mais vil pecador (Jo
3.16). A expressão “não me envergonho” é uma figura de linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do
contrário.
2. A revelação da justiça de Deus (v.17). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a
justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de
Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé”
significa sola fides — a fé somente. Não
é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras em obras”.
3. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela
fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a
salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
4. A Reforma Protestante. Martinho Lutero nasceu em 1493, em Eisleben, Alemanha. Ingressou na
Universidade de Erfurt em 1501 para estudar Direito. Em 1505, entrou num
convento, onde tornou-se monge. Foi Romanos 1.17 (“O justo viverá da fé”) que
“mudou toda a sua vida e todo o curso da história” (H. H. Halley).
Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou, na catedral
de Wittemberg, as 95 teses, dando início à Reforma Protestante, e rompendo com
a Igreja Católica. Traduziu a Bíblia para a língua alemã, e levou avante a obra
da Reforma. É o autor do hino Castelo Forte, cantado hoje em muitas
línguas em todo o mundo evangélico. Faleceu em 1546.
CONCLUSÃO
A justiça de
Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode
compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim,
você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com
oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no
dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça,
fé, justiça, carne, espírito, etc.
VOCABULÁRIO
Legalismo: Obediência
formal e exterior à Lei de Moisés sem se atentar ao seu espírito, significado e
propósito. Os legalistas, geralmente, são levados a desprezar a graça de
Cristo.
Vindicação: Ato ou efeito de vindicar, reclamação.
Apologético: Que encerra apologia — discurso para justificar, defender ou louvar.
Vindicação: Ato ou efeito de vindicar, reclamação.
Apologético: Que encerra apologia — discurso para justificar, defender ou louvar.
QUESTIONÁRIO
1.
A quem é destinada a Epístola?
R.
É destinada aos cristãos gentios.
2.
Quando e onde a Epístola foi escrita?
R.
Foi escrita em Corinto entre 57 e 58 AD.
3.
Cite alguns dos grandes homens da história influenciados pela Epístola aos
Romanos?
R.
João Wesley, Agostinho, Karl Barth, Martinho Lutero.
4.
O que é justiça de Deus?
R.
A justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé.
5.
O que significa a expressão “o justo viverá da fé”?
R.
Significa que a salvação é alcançada pela fé.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio Histórico
O fato de
Paulo ter enviado uma epístola à igreja em Roma ajuda a derrubar a tradição
católica que afirma ser o apóstolo Pedro o seu fundador. A razão é que, quando
Paulo escreveu a epístola aos Romanos, Pedro não se achava em Roma. Se Pedro lá
estivesse, de alguma forma, haveria referência de Paulo ao apostolado naquela
cidade, bem como ao pastorado de qualquer outro cristão que exercesse liderança
espiritual na igreja de Roma.
Subsídio Teológico
Alguns termos
difíceis desta lição são respondidos por F. F. Bruce em seu comentário sobre a
Epístola aos Romanos: “‘demonstrado Filho de Deus’. A palavra traduzida por
‘demonstrado’ (horizõ) tem a mais
completa força do termo ‘nomeado’ ou ‘constituído’ (usa-se em At 10.42; 17.31)
referindo-se a nomeação de Cristo como Juiz de todos. Paulo não quer dizer que
Jesus se tomou o Filho de Deus pela ressurreição, mas, sim, que Aquele que
durante Sua vida terrena ‘foi o Filho de Deus em fraqueza e humildade’, pela
ressurreição tomou-se ‘o Filho de Deus em poder’.
Semelhantemente,
Pedro, no dia de Pentecostes, concluiu sua proclamação da ressurreição e
exaltação de Cristo com as palavras: ‘Esteja absolutamente certa, pois, toda a
casa de Israel de que este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e
Cristo’ (At 2.36). A expressão ‘poderosamente’, literalmente com poder (en dunamei), aparece também em Marcos 9.1, onde a
vinda do reino de Deus ‘com poder’ é provavelmente a sequência direta da morte
e vindicação de Jesus.
‘Nele se
descobre a justiça de Deus’. Notável antecipação deste duplo sentido da
‘justiça de Deus’ —
(a) Sua
justiça pessoal
(b) a
justiça com a qual Ele justifica os pecadores a partir da fé — aparece na
literatura de Qumran. ‘Sua justiça apaga o meu pecado. ...se tropeço devido à
iniquidade da carne, o meu julgamento está na justiça de Deus que estará firme
para sempre. ...por Sua misericórdia Ele fez que eu me aproximasse e por Sua
amável bondade traz para perto dele o meu julgamento. Por Sua justiça verdadeira
me julga, e por Sua abundante bondade faz expiação de todas as minhas
iniquidades. Por Sua justiça me limpa da impureza que mancha os mortais e do
pecado dos filhos dos homens — para que eu louve a Deus por Sua justiça e ao
Altíssimo por Sua glória’” (Romanos, Introdução e Comentário. F. F.
Bruce).
Lições Bíblicas CPAD Jovens 1º
Trimestre de 2016
Título: Justiça e Graça — Um estudo da
Doutrina da Salvação na carta aos Romanos – Comentarista: Natalino das
Neves
Lição 1: Conhecendo
a carta aos Romanos
Data: 03 de
Janeiro de 2016
TEXTO DO DIA
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé
em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17).
SÍNTESE
A epístola do apóstolo Paulo aos romanos é leitura indispensável
para entendermos o plano de salvação gratuita de Deus, revelado no evangelho de
nosso Senhor Jesus Cristo.
AGENDA DE
LEITURA
Rm 1.1,5 Paulo justifica suas credenciais de
apóstolo
Rm 1.13 O apóstolo já havia tentado ir a Roma
At 18.1-3 Priscila e Áquila já conheciam Paulo
Rm 16.1-2 Febe, uma diaconisa da igreja de Cencreia
Rm 1.16 Paulo não tinha vergonha do evangelho de
Cristo
Rm 1.17 O Evangelho revela a justiça de Deus
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- CONHECER a autoria, data e local da escrita da Epístola aos Romanos;
- MOSTRAR os destinatários e o propósito da Carta aos Romanos;
- COMPREENDER a gratidão de Paulo em favor da comunidade cristã em Roma.
INTERAÇÃO
Caro(a) professor(a), vamos iniciar um novo
trimestre com um dos escritos com maior profundidade teológica e, ao mesmo
tempo, com o cuidado pastoral do apóstolo Paulo. Nesta epístola vamos perceber
a paixão do apóstolo pela pregação do Evangelho, nunca satisfeito com os
resultados, sabendo que podia oferecer sempre mais pelo Reino de Deus. Durante
a caminhada deste trimestre, convido você a se colocar no lugar do autor e
vivenciar cada momento ao estudar os textos bíblicos. Que este não seja
simplesmente mais um trimestre, mas que faça a diferença em sua vida cristã e
na de seus alunos. Aproveite cada aula, cada momento para se aproximar mais de
Deus, reconhecer sua justiça e seu amor para com o ser humano. Caminharemos
juntos por 13 lições, por isso, esperamos que seja agradável e produtivo para você.
O comentarista do trimestre é o pastor Natalino das
Neves. Ele é mestre e doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná — PUC.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor(a), sugerimos que você faça a leitura de
toda a epístola aos Romanos e todas as lições desta revista. Na sequência
estude a lição específica que vai lecionar, destacando os principais pontos. Se
possível, consulte literaturas que falem sobre o assunto e prepare um esboço
sobre a lição, destacando os pontos principais de cada tópico em forma de
frases.
Durante a
aula, não leia a revista com os(as) alunos(as), mas apresente os principais
pontos e incentive a participação de todos. Estimule os(as) alunos(as) a
estudarem previamente a lição em suas casas.
TEXTO
BÍBLICO
Romanos 1.1-8,13,16,17.
1 —
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o
evangelho de Deus, 2 — o qual antes havia prometido pelos seus
profetas nas Santas Escrituras, 3 — acerca de seu Filho, que
nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 4 — declarado
Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição
dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor, 5 — pelo qual recebemos
a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu
nome, 6 — entre as quais sois também vós chamados para serdes de
Jesus Cristo.
7 — A todos
os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 — Primeiramente,
dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o
mundo é anunciada a vossa fé.
13 — Não
quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas
até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como
também entre os demais gentios.
16 — Porque
não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
17 — Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá
da fé.
COMENTÁRIO
DA LIÇÃO / INTRODUÇÃO
Neste
trimestre estudaremos a respeito da primeira epístola do cânon paulino, que
apesar de ter um enfoque pastoral, é a mais longa e mais teológica de todas
suas epístolas. Movido pela paixão que tinha pela evangelização dos gentios e o
desejo de conhecê-los pessoalmente, o apóstolo escreveu, excepcionalmente, para
uma igreja que ele não havia fundado. Paulo precisava auxiliar a comunidade,
formada em sua maioria por gentios e uma minoria de judeus, que enfrentava
conflitos com relação aos requisitos necessários para a justificação diante de
Deus. Nesta epístola o apóstolo apresenta um espetacular tratado para
demonstrar que a justificação se dá por meio da fé e não pelas obras.
I. PRIMEIRAS QUESTÕES
1. Autoria, data e local da escrita. A autoria paulina da Epístola aos Romanos não é colocada em dúvida.
Entretanto, desta vez, Paulo não escreveu com suas próprias mãos, mas ditou a
carta ao copista Tércio, provavelmente conhecido dos irmãos da igreja de Roma,
pois ele aproveita para enviar-lhes saudações (Rm 16.22). A epístola foi
escrita durante os três meses que o apóstolo esteve em Corinto, hospedado na
casa de Gaio, em sua terceira viagem missionária, aproximadamente no final do
ano de 56 e início de 57 d. C. Paulo movido pelo ardor missionário de alcançar
a Espanha (Rm 15.24), após levantar ofertas para as igrejas gentílicas para
ajudar a comunidade de Jerusalém, anuncia que fará escala na igreja de Roma,
com a certeza de que seria abençoado e abençoaria a igreja romana com a
mensagem do Evangelho (Rm 15.25-29).
2. A cidade de Roma. Para Roma afluíam pessoas de todas as partes do Império Romano por meio
de um moderno sistema de estradas. Pesquisas arqueológicas demonstram que era
habitada desde a Era do Bronze, cerca de 1500 a. C., neste período foi
submetida a invasões de vários povos como os gregos, etruscos e outros.
Portanto, na cidade de Roma, devido a essa miscigenação, havia as mais diversas
religiões e filosofias da época. Na área religiosa, era famosa pelo seu
politeísmo e superstições. Os deuses do panteão grego foram adotados pelos
romanos, todavia seus nomes originais foram trocados. Entre os principais
deuses romanos estão: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.
Quando o apóstolo Paulo chegou a Roma, cerca de 60 d. C., encontrou uma
população diversificada e cosmopolita. Os monumentos públicos lembravam aos
visitantes o poder, as tradições e a amplitude do Império Romano. No tempo do
apóstolo em Roma havia cerca de um milhão de habitantes.
3. A comunidade judaica em Roma. Judeus de todas as classes sociais viviam em Roma ou a visitava.
Arqueólogos descobriram nas ruínas romanas várias inscrições com nomes das mais
variadas origens e também nomes judaicos, inclusive as inscrições nas
catacumbas judaicas indicam que a metade dos judeus tinha nomes latinos,
provavelmente obtidos por emancipação da escravidão. A comunidade judaica era
bem representada na capital do império, a ponto de no primeiro século
constituir o maior centro judaico do mundo antigo, tendo pelo menos 13
sinagogas na cidade. Os judeus contavam com a simpatia da população. Isto se
refletia na prática judaica de fazer prosélitos, a ponto de terem como
convertidos ao judaísmo pessoas como Fúlvia, esposa de senador; Pompeia, esposa
de Nero; e Flávio Clemente, primo de Domiciano, entre outros. Entre os
prosélitos no dia de Pentecostes, provavelmente estavam vários romanos.
Pense!
“A Epístola aos Romanos é o principal
livro do Novo Testamento e o mais puro Evangelho, tão valioso que um cristão
não só deveria saber de memória cada palavra dela, mas tê-la consigo
diariamente, como o pão cotidiano de sua alma” (Martinho Lutero).
Ponto Importante
A comunidade judaica em Roma era forte
e provocava conflitos na comunidade cristã por meio da influência sobre judeus
convertidos ao cristianismo.
II. OS DESTINATÁRIOS E O PROPÓSITO DA
EPÍSTOLA
1. Endereço e saudação (Rm 1.1-7). A epístola de Paulo tinha um endereço certo: a comunidade cristã em
Roma. Ele inicia com uma apresentação semelhante às demais epístolas que
escreveu, entretanto, como ele não conhecia a comunidade cristã em Roma,
acentua suas credenciais de servo, apóstolo e escolhido de Deus (Rm 1.1-7), se
igualando aos profetas do AT (Am 3.7; Jr 25.4; 1.5). Em sua saudação, argumenta
que o Evangelho que ele conhecera já havia sido predito pelos profetas. Na
sequência, aborda a ação da Trindade, enfatizando a encarnação de Cristo,
demonstrando sua humanidade, bem como sua divindade sob a ação do Espírito
Santo. Defende seu apostolado, como recebido de Deus para a salvação das
pessoas chamadas à obediência. Estimula a comunidade, afirmando que eles faziam
parte desse povo escolhido.
2. A comunidade cristã em Roma. Aproximadamente cinco anos depois de escrita a carta, o apóstolo chega
à Roma. Mais tarde do que planejado e em condições (transporte de prisioneiros)
que não imaginava na época da escrita. A comunidade cristã em Roma
provavelmente foi fruto da facilidade de locomoção proporcionada pelo comércio
mundial e a diáspora judaica, como os romanos que estiveram no Pentecostes (At
2). A igreja em Roma era constituída por judeus e gentios, sendo que estes
últimos foram se tornando a maioria. Esta diferença foi mais acentuada depois
do decreto do Imperador Cláudio que baniu os judeus de Roma, aproximadamente em
49 d.C., incluindo Áquila e Priscila (At 18.1-3). A composição da igreja pode
ser percebida na lista de Rm 16.1-5, maioria de gentios e presença feminina (11
mulheres e 18 homens).
3. O propósito da epístola. Aparentemente não tinha um único propósito. Pelo menos quatro podem ser
identificados:
a) missionário: evidente sentimento paulino de que
o trabalho missionário na Ásia e na Grécia já estava completo (Rm 15.19,20) e
tencionava levar o Evangelho até a Europa;
b) doutrinário: exposição de forma didática e
compreensiva das verdades centrais do Evangelho, provável deficiência devido à
ausência de um líder apostólico;
c) apologético: argumentação sobre a justificação
pela fé não parece ser simplesmente informativa, mas uma oposição aos
judaizantes que estavam atuando na cidade (Rm 14-15);
d) didático: principalmente na seção de prática
geral, sobre a moral e a conduta cristã (Rm 12-15), que tem por alvo ensinar,
informar e iluminar, e não meramente resolver determinados problemas.
Pense!
O apóstolo Paulo depois de fazer um
grande trabalho na Ásia e na Grécia, não se deu por satisfeito e começa novo
projeto para alcançar almas para Cristo em regiões distantes como Roma e
Espanha. Jovem, você está satisfeito com o que já fez pelo Evangelho? Você pode
fazer mais e melhor?
Ponto Importante
A comunidade
cristã em Roma não foi fundada por Paulo e na época da escrita não tinha nenhum
dos principais líderes da igreja para orientá-los. Por isso, o apóstolo dedica
uma epístola com profundidade doutrinária para orientar e defender a mensagem
do Evangelho.
III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE
DEUS REVELADA
1. Paulo
agradece a Deus pela comunidade cristã em Roma (Rm 1.8-15). Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos
cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). O
fato de Paulo não ser o fundador da igreja não o impediu de orar e reconhecer a
fé e o trabalho de seus membros. Seu exemplo evidencia que o interesse coletivo
deve estar acima dos interesses pessoais. Ele nos dá um exemplo de como devem
ser conduzidas as atividades no Reino de Deus. A comunidade em Roma deve ter se
sentido amada, pois o apóstolo tem o cuidado de manifestar o seu desejo ardente
de estar com eles, bem como informar que já havia tentado estar com eles, porém
sem sucesso. Muitas pessoas são maltratadas por meio de interpretações teológicas
antibíblicas que intimidam e provocam pavor, diferente do apóstolo Paulo que
fortalece e encoraja o grupo, sem descuidar da verdade do Evangelho.
2. Paulo era
testemunha da justiça de Deus revelada pelo poder do Evangelho (Rm 1.16). O apóstolo reconhecia a situação em que estava, diante de Deus, antes
de conhecer a Jesus e a mudança que o Evangelho fez em sua vida, após o
encontro no caminho de Damasco (At 9). Da mesma forma que os judeus e alguns
judeu-cristãos que não conseguiam se desvincular de forma definitiva do jugo da
lei judaica, ele havia dedicado grande parte de sua vida em defesa dessa
religião e tentado impor o peso destas doutrinas e crenças, pensando estar na
direção e vontade de Deus. Convicto de sua justificação pela fé e não pelas obras,
testifica o seu amor ao Evangelho, a ponto de afirmar: “Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê” (Rm 1.16). No século atual, enquanto muitas pessoas estão se
identificando como cristãos evangélicos para tirar vantagem, outros continuam
negando sua fé por temer as represálias. Jovem, defenda a bandeira do
Evangelho.
Pense!
Um versículo da Epístola aos Romanos
(Rm 1.17) foi a mola propulsora para transformar a realidade da humanidade,
mudou a história ocidental por meio da Reforma Protestante.
Ponto Importante
O apóstolo Paulo deu um grande exemplo
de quem valoriza o coletivo e não os interesses pessoais. Uma vida
verdadeiramente transformada pela justiça de Deus revelada por meio da Epístola
aos Romanos.
CONCLUSÃO
Nesta lição
aprendemos que a epístola foi escrita por Paulo, por volta de 57 a.C., na
cidade de Corinto, durante a terceira viagem missionária de Paulo. A comunidade
cristã de Roma não foi fundada por Paulo, mas ele se ocupou em reforçar para a
comunidade a revelação da justiça de Deus por meio da fé, tema central da
epístola e fundamento para o desencadeamento da Reforma Protestante do Século
XVI.
HORA DA
REVISÃO
1. Segundo a lição quem foi o autor, qual a data e o local da
escrita da Epístola aos Romanos?
A Epístola aos Romanos foi escrita pelo
apóstolo Paulo, em 57 d.C., na cidade de Corinto, durante a sua terceira viagem
missionária.
2.
Quais eram os principais deuses romanos?
Entre os principais deuses romanos
estão: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.
3.
Quando e por quem os judeus foram banidos de Roma? Qual casal estava entre os
judeus banidos?
O imperador Cláudio baniu os judeus de
Roma em 49 d.C., por meio de um decreto. Entre os judeus banidos estava Áquila
e Priscila (At 18.1-3).
4.
O apóstolo Paulo foi o fundador da comunidade cristã em Roma?
Não.
5.
Qual o versículo da Epístola aos Romanos influenciou a teologia de Martinho Lutero,
o principal protagonista da Reforma Protestante?
Romanos 1.17.
SUBSÍDIO
“O escrito
que mais se aproxima de uma apresentação teológica sistemática é a epístola aos
Romanos, a única epístola, entre as seis, escrita para uma igreja que Paulo não
fundou. Todavia, o foco, mesmo no caso de Romanos, não é a teologia em geral,
mas a apresentação da mensagem da salvação. Embora Paulo não tivesse visitado a
igreja, ele esperava ser bem recebido como apóstolo de Deus e encontrar apoio
para seus planos de plantar igrejas nas regiões ocidentes do Império Romano”
(ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008,
p.271).