Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
1º Trimestre de 2005
Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 4: Alegria: O fruto da graça
Data: 23 de Janeiro de 2005
TEXTO ÁUREO
“Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo regozijai-vos” (Fp 4.4).
VERDADE PRÁTICA
O fruto da alegria é manifestado mediante a ação do Espírito no interior do crente e independe das circunstâncias.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 14.17
O fruto da alegria procede do Espírito Santo
Terça — 2Co 8.2
Alegria na tribulação
Quarta — Hb 1.9
O fruto da alegria na vida de Cristo
Quinta — Cl 1.11
O fruto da alegria opera junto à paciência e à longanimidade
Sexta — Rm 12.8
O fruto da alegria coopera com o dom da misericórdia
Sábado — 1Pe 1.6-8
O fruto da alegria supera as tristezas da tentação
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 16.20-24.
20 — Na verdade, na verdade vos
digo que vós chorastes e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós
estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria.
21 — A mulher, quando está para
dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de
ter dado à luz a criança, já se não lembra da aflição, pelo prazer de
haver nascido um homem no mundo.
22 — Assim também vós, agora,
na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração
se alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará.
23 — E, naquele dia, nada me
perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a
meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.
24 — Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria se cumpra.
PONTO DE CONTATO
Professor, esta lição trata da alegria. Entretanto,
não se refere a um contentamento passageiro como aquele que se adquire
numa premiação ou nos divertimentos. Esta alegria é fruto da graça de
Deus e da habitação do Espírito Santo no crente. É espiritual, presente
em toda e qualquer circunstância. Lembra-se de Paulo e Silas na prisão
(At 16)? O que os motivava a adorar próximo à meia-noite depois de serem
açoitados? O fruto da alegria!
Muitos crentes não encontram motivos para se
alegrarem porque possuem um conceito distorcido da alegria espiritual.
Nesta lição, procure demonstrar a seus alunos que este fruto independe
das situações, pois procede do próprio Deus.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Definir a alegria como fruto do Espírito.
- Descrever as fontes da alegria cristã.
- Relacionar biblicamente o sofrimento com a alegria.
SÍNTESE TEXTUAL
O texto da lição bíblica é um recorte de um dos
últimos diálogos de Jesus com seus discípulos. O Mestre vê diante de si o
Gólgota, a cruz, os espinhos, o escárnio, a solidão (v.32), e
consequentemente a aflição dos discípulos pela sua morte. O tema dos
versículos 20-24 (alegria) é uma réplica à tristeza dos discípulos em
16.6: “Antes, porque isso vos tenho dito, o vosso coração se encheu de
tristeza”. Entretanto, o desalento dos discípulos receberia o devido
consolo: “Não vos deixarei órfãos [...] rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16,18). A
alegria mencionada por Cristo neste capítulo de João procede do Espírito
Santo. Os atributos da alegria espiritual incluem: alegria
frutificadora (v.21), alegria interior (v.22), alegria perene (v.22),
alegria plena (v.24). A tristeza dos discípulos resultou da morte e
paixão de Cristo, mas a alegria, do poder da ressurreição. Na morte do
Messias, os homens se alegraram, enquanto os discípulos se
entristeceram, no entanto, na sua ressurreição a tristeza destes se
converteu em alegria (v.20). Cristo vive! Esta é a razão pela qual o
santo gozo do cristão não pode ser abalado.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Professor, para esta lição, precisaremos de cinco
tiras de cartolina, cortadas em tamanho decrescente, para formar cinco
degraus. Cada um dos degraus representará os subtópicos que descrevem As Fontes de Alegria Espiritual.
À medida que for ministrando, afixe cada uma dessas tiras, uma posposta
a outra, até o último tópico. Ao final da exposição, será formado uma
escada que conduz a plena Alegria Espiritual. Sobre a base do último
degrau faça com cartolina uma abóbada escrita Alegria Espiritual. Use
uma cartolina para fazer a cobertura. Utilize este recurso quando este
tópico da lição for ministrado.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Gozo inefável: Consiste na alegria como um mistério divino indizível, acima da compreensão humana.
Nesta lição, descobriremos que o fruto da alegria é
desenvolvido em nós pelo Espírito Santo ao reconhecermos nossa posição
em Cristo; enquanto vemos Deus agir por nosso intermédio e à nossa
volta; e ao antevermos nosso futuro glorioso com Ele na eternidade.
Veremos também que há forte relação entre o sofrimento e a alegria na
vida do crente. A alegria ou gozo não é apenas produto do Espírito
Santo, mas parte de sua natureza, de modo que, estar cheio do Espírito é
também estar alegre!
I. A ALEGRIA SEGUNDO A BÍBLIA
1. Definição. Em Gálatas 5.22, a palavra alegria (ou gozo) é tradução da palavra original chara.
Este termo bíblico não significa alegria proveniente das coisas
terrenas, mas, do exemplar relacionamento com Deus. É mais que
felicidade momentânea. A alegria, como fruto do Espírito, é uma
qualidade de pleno prazer, e independe das circunstâncias, ou seja, é
constante em qualquer situação, quer boa, quer crítica, porquanto está
fundamentada em Deus.
2. O fundamento da alegria. O apóstolo Paulo
escreveu aos filipenses a epístola conhecida como “A Carta da Alegria”.
Duas vezes, no quarto capítulo, Paulo declarou ter aprendido a viver
contente em qualquer situação (Fp 4.11,12). Naquele momento, o apóstolo
dos gentios estava na prisão esperando seu julgamento. Qual era a fonte
de sua satisfação? Como poderia estar contente diante da falta de
liberdade? Era o Espírito Santo que produzia em Paulo o fruto da
alegria. Seu prazer estava fundamentado em Cristo, e não nas
circunstâncias ou no bem-estar físico.
3. Melhor que felicidade. A alegria, como
fruto do Espírito, não depende das circunstâncias exteriores. Ela
permanece até nas dificuldades, porque é desenvolvida no interior do
crente pelo Espírito Santo. Isto foi reconhecido por Paulo ao escrever
aos tessalonicenses (1Ts 1.6).
Esta virtude é infinitamente melhor que a felicidade
oferecida pelo mundo, é o que apóstolo Pedro chamou de “gozo inefável e
glorioso” (1Pe 1.8); está à parte de todos os níveis de contentamento
puramente humanos. É resultado da fé em Deus (Rm 15.13).
II. AS FONTES DE ALEGRIA ESPIRITUAL
Quando Deus é o manancial de nossa alegria, nada
consegue reduzi-la! É uma satisfação perene e abundante, uma vez que se
origina nEle.
A seguir, consideraremos algumas fontes de alegria espiritual.
1. A salvação. No momento em que uma pessoa
recebe o perdão de seus pecados, é como se o peso do mundo inteiro lhe
fosse tirado dos ombros. Jesus, ao entrar em nosso coração, traz alegria
inefável. Maria se alegrou ao ser escolhida como instrumento de Deus
para Cristo vir ao mundo (Lc 1.46-49). 0 próprio nascimento do Salvador
foi motivo de celebração (Lc 2.10-14). Em muitos salmos, Davi expressou
alegria por sua salvação (Sl 13.5; 31.7; 32.11; 35.9).
2. Os atos poderosos de Deus. Ao longo do
Antigo Testamento, observamos o Todo-Poderoso agindo em pessoas que o
amavam e o serviam. Deus atuou em nosso benefício, ao preservar a nação
de Israel, na qual nasceria o Messias, e ao entregar o seu único Filho
como remissão por nossos pecados. Ele operou grandes maravilhas no
passado e ainda hoje, pelo poder do Espírito Santo, convence o homem do
pecado, leva-o ao arrependimento, honra a pregação da sua Palavra,
batiza com o Espírito Santo, supre as necessidades, cura as enfermidades
etc. Tudo isso alegra sobremaneira nosso coração.
3. O Espírito Santo. A alegria é produto do
Espírito Santo, cuja morada é o interior do crente. Faz parte da própria
natureza do Espírito! Esta virtude era característica dos crentes da
igreja primitiva. Por quê? Em razão de serem cheios do Espírito. Eles
poderiam sentir-se desanimados, ou amedrontados, ou solitários. No
entanto, haviam aprendido que, em qualquer situação, a alegria
proveniente do Espírito tornava-se em fonte de força, ajudando-os a
transpor as adversidades.
4. A Presença de Deus. O próprio Deus é a
fonte de toda a alegria (Lc 1.47; Fp 4.4). Na presença do Senhor
encontramos esta gloriosa virtude (Sl 16.11). Em João 20.20, lemos que
os discípulos alegraram-se ao verem o Senhor. Ir à casa do Senhor é
motivo de alegria (Sl 122.1).
5. A bênção de Deus. A bênção de Deus resulta
em alegria (Sl 126.3). Confiar em Deus traz contentamento, porque
conscientizamo-nos de sua suficiência para suprir todas as nossas
necessidades (Fp 4.19). Além disso, alegramo-nos ao vermos nossos irmãos
serem abençoados (1Ts 3.9).
III. O SOFRIMENTO E A ALEGRIA ESPIRITUAL
1. A Relação entre o sofrimento e a alegria.
Há forte vínculo entre esses dois estados. Segundo as Bem-Aventuranças
de Jesus, haverá o dia em que Deus recompensará os que, por amá-lo,
suportaram as injustiças do mundo (Mt 5.3-11). Muitas passagens bíblicas
associam sofrimento à alegria (1Ts 1.6; Hb 10.34; Tg 1.2; 5.11; 1Pe
4.13).
Note que, nelas, a alegria está relacionada à
esperança do cristão, a qual está baseada em sua futura glória no céu — o
prêmio para os que vencerem as provas e tentações desta vida.
2. O sofrimento e a alegria nos primórdios da Igreja.
Em virtude da obediência à ordenança do Mestre para proclamar o
evangelho, os cristãos primitivos enfrentaram muitas perseguições.
Entretanto, esta situação não lhes tirava a alegria! Em Atos 13, vemos
que os discípulos estavam sendo perseguidos e forçados a deixar a cidade
na qual estavam pregando as Boas Novas. Não obstante, no versículo 52,
lemos: “E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo”.
Esse comportamento pode ser observado em várias passagens de Atos (5.41;
16.25).
3. A alegria de Jesus no sofrimento. Em
Mateus 26.30, Jesus sabia que estava defronte da sombra do Getsêmani e
do Calvário, os quais denotavam sofrimento, vergonha e morte. Contudo,
cantou com os discípulos depois de celebrar a última Páscoa. Como ele
podia se alegrar nesta situação? Porque estava cheio do Espírito Santo.
Sempre que me sinto desanimado, lembro-me de Jesus, o qual suportou os
momentos difíceis sem perder de vista suas perspectivas (Hb 12.2,3).
IV. OS OBSTÁCULOS À ALEGRIA ESPIRITUAL
1. Desânimo e dúvidas. Pessoas desanimadas e
tristes perdem o entusiasmo pela vida, a vontade de trabalhar; só
lamentam e choram (Sl 137). Os discípulos de Emaús estavam tão tristes,
que nem sequer reconheceram o Mestre enquanto permanecia junto deles (Lc
24.16). O mesmo sucedeu à Maria Madalena na manhã da ressurreição (Jo
20.15).
2. Tudo que impede nosso relacionamento com Deus.
A amargura, o ressentimento, a falta de amor, os desejos errôneos,
enfim, as obras da carne roubam-nos a alegria do Senhor. No entanto, se
mantivermos constante comunhão com o Senhor, seu Espírito será a nossa
fonte de santa alegria.
V. OS RESULTADOS DA ALEGRIA ESPIRITUAL
Mediante a alegria gerada pelo Espírito Santo,
benditos resultados acontecem em nossa vida. As mudanças produzidas pelo
Espírito de Deus no caráter são percebidas em nossas reações às
circunstâncias e nos relacionamentos interpessoais.
1. Rosto radiante. Já observou aqueles
crentes cujo rosto resplandece de alegria? Não nos sentimos felizes por
estar perto deles? A face e o comportamento das pessoas refletem seus
sentimentos internos, o que existe no profundo de seu coração. O cristão
cheio de alegria do Espírito consegue transmiti-la facilmente em sua
aparência exterior (Pv 15.13).
2. Cântico de alegria. Um coração grato e
alegre expressa-se com cânticos e louvores ao Senhor (Sl 149; At 16.25).
Assim como Paulo ensinou à igreja primitiva, o crente cheio do Espírito
expressa sua alegria através dos hinos espirituais (Ef 5.18b-20).
3. Força divina. A alegria do Senhor
converteu-se em força na vida de Neemias, e deu-lhe coragem para
reconstruir Jerusalém (Ne 8.10). Esta virtude encoraja o povo de Deus
hoje a prosseguir em sua difícil jornada, porquanto resulta em força
divina.
CONCLUSÃO
Você já experimentou os resultados da alegria no
Senhor? Você tem um rosto radiante, um cântico de louvor e a força
divina? Podemos ter a plenitude da alegria, descrita nesta lição,
mediante a habitação do Espírito Santo em nosso coração. Se tivermos a
alegria do Espírito em abundância, enfrentaremos qualquer circunstância!
Cultive este fruto, e compartilhe sua alegria com outros.
VOCABULÁRIO
Contentamento: Alegria; satisfação; prazer.
Perene: Que dura para sempre; durável; imperecível.
Transpor: Passar além; ultrapassar; exceder.
Vínculo: Ligação; união; relação.
Perene: Que dura para sempre; durável; imperecível.
Transpor: Passar além; ultrapassar; exceder.
Vínculo: Ligação; união; relação.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
SILVA, Severino Pedro da. A existência e a pessoa do Espírito Santo. CPAD, 1996.
EXERCÍCIOS
1. Qual a fonte e o fundamento da alegria de Paulo?
R. O Espírito Santo e Jesus Cristo.
2. Quais as fontes da alegria espiritual?
R. A salvação, os atos poderosos de Deus, o Espírito Santo, a presença de Deus e a bênção de Deus.
3. Quais os textos que relacionam o sofrimento à alegria?
R. 1Ts 1.6; Hb 10.34; Tg 1.2; 5.11; 1Pe 4.13.
4. Quais os obstáculos â alegria do Espírito?
R. Desânimo, dúvidas e tudo que impede nosso relacionamento com Deus.
5. Quais são os resultados da alegria espiritual?
R. Rosto radiante, cântico de alegria e força divina.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio Teológico
“Algumas versões da Bíblia traduzem gozo por alegria sendo esta a felicidade que o crente desfruta no Espírito Santo. O termo grego aqui é chara. O termo charis, traduzido em português por graça, vem da mesma raiz. Charis, a partir de Homero, passou a significar aquilo que promove bem-estar entre os homens. Como atributo do Espírito Santo, a alegria é uma qualidade implantada na alma que teve um encontro com o Deus de toda graça,
e visa uma vida de regozijo e de agradecimento ao Senhor. Paulo
recomenda aos cristãos filipenses que sejam agradecidos e cheios de
regozijo: ‘Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo:
regozijai-vos’ (Fp 4.4).
‘Está alguém contente? Cante louvores’ (Tg 5.13). O desejo de Deus é ver seus filhos cantando com graça no coração
(Cl 3.16). Nas Escrituras, a alegria trazia força e até saúde ao povo
de Deus (Ne 8.10; Pv 17.22). A alegria cristã, portanto, não é uma
emoção artificial. Antes, é uma ação do Espírito Santo no coração
humano, para que este venha a conhecer que o Senhor Deus está no seu
trono, e que tudo neste mundo submete-se ao seu controle, até mesmo onde
a experiência pessoal está envolvida” (SILVA, Severino Pedro da. A existência e a pessoa do Espírito Santo. RJ: CPAD, 1996, pp.136-7).
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