A DISCIPLINA NA VIDA DO OBREIRO
Eli Martins de Souza
Veja como o fator disciplina é fundamental para que o líder cristão cumpra o seu ministério
As pessoas sempre buscam o seu próprio bem-estar,
seja físico, emocional ou material. A mídia, por sua vez, sempre divulga
receitas e métodos que levam à felicidade temporal. Muda-se o cabelo,
as roupas, compram-se carros, casas e, às vezes, vivem dissolutamente,
etc.
Entretanto, para nós que servimos a um Deus-vivo, o
valor verdadeiro e permanente da alegria consiste em estar em plena
comunhão com Ele. A Bíblia expõe isto de diversas maneiras:
“justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo”, Rm 5.1. A justificação nos reconcilia com Deus
(2Co 5.18-19). Aqueles que buscam ao Senhor encontram a vida (Am 5.4).
A disciplina e a instrução do Senhor sempre nos
trazem benefícios: “Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus
ensinamentos inclina os ornados. Não os deixes apartar-se dos teus
olhos; guarda-os no mais íntimo do teu coração. Porque são vida para
quem os acha e saúde, para o seu corpo”, Pv 4.20-22.
A DISCIPLINA
Não confundamos disciplina com doutrina bíblica,
muito menos com usos e costumes. A disciplina está relacionada à ética
(sistema de princípios morais, regras e padrões de conduta) e a moral
(princípio de certo e errado), e deriva, para a Igreja, da doutrina. Por
disciplina, podemos definir como “um conjunto de instruções destinado a
manter a boa ordem”. Para os cristãos, estas instruções são os
preceitos divinos (Sl 19.8) que nos fazem andar no caminho da justiça e
da verdade.
Doutrina é, por sua vez, o conjunto de princípios bíblicos, teológicos, éticos e morais, expostos mediante ensino sistemático.
Usos e costumes são decorrência das tradições que
nossas igrejas herdaram no que diz respeito ao vestuário e a outros
pontos de importância periférica à vida cristã. São estritamente
dependentes do contexto cultural e/ou histórico da igreja.
O princípio da disciplina deve ser bíblico: “não
desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso”, Jó 5.17. Os preceitos
do Senhor são lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos
(Sl 119.105). Nossas regras de conduta devem ser baseadas estritamente
na Bíblia, uma vez que o obreiro deve ter como alvo agradar a Deus e não
a si próprio.
No entanto, extremos devem ser evitados. Assim como
existem aqueles que fazem a obra do Senhor relaxadamente, também
encontramos os que são regidos por uma disciplina tão exigente que
terminam julgando a si mesmos (1Co 4.3). Tais são os que, mesmo na
Igreja, ainda carregam o fardo pesado do legalismo e da observância às
tradições humanas (Mt 23.4). Temperança é uma virtude que deve ser
vivida por todo cristão (Gl 5.22).
DISCIPLINA NA VIDA DO OBREIRO
O obreiro é chamado para servir à igreja e ao Reino
de Deus. Tais tarefas acarretam em responsabilidades que são alheias a
cristãos comuns. Melhor é o homem que “domina o seu espírito, do que o
que toma uma cidade”, Ec 16.32.
Um obreiro disciplinado tem uma vida espiritual
sadia, e palavras apropriadas para todas as circunstâncias. Ele conhece,
ora, jejua, serve, adora, obedece, é humilde, corrige e é padrão de
conduta (1Tm 4.12), não é preguiçoso (Rm 16.12), e não tem do que se
envergonhar pois maneja bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15).
Talvez alguém pergunte se existe a necessidade de
disciplina para a cura da alma. Ora a resposta é sim, pois como foi
exposto acima, o coração humano é desesperadamente corrupto. Analise o
que diz Paulo acerca do soldado: “Participa dos meus sofrimentos como
bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em
negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o
arregimentou”, 2Tm 2.3-4. Assim também é o obreiro que serve a Deus. Ele
não busca fazer a sua vontade, mas sim a vontade de seu Senhor.
Cristo veio cumprir a vontade do Pai (Jo 4.34), foi
obediente até à morte (Fp 2.8); como filho, aprendeu a obediência (Hb
5.8); em tudo foi disciplinado, pois viveu sem pecado (Hb 4.15), e
deixou o exemplo a ser seguido (1Pe 2.21).
Agora imagine se o apóstolo Paulo não estudasse as
Escrituras (2Tm 4.13), saberia ele como ensinar à igreja de Deus?
Imagine também se ele não gostasse de orar (2Co 12.7-10)? Teria ele
recebido as revelações de Deus. Ou ainda se ele fosse preguiçoso (At
18.2-3), como teria se mantido quando pregou o Evangelho em Tessalônica
(1Ts 2.9)?
Por outro lado, vemos que aqueles que rejeitam uma
boa consciência, naufragam na fé (1Tm 1.19). Demas amou este presente
século (2Tm 4.10), pois o mundo ensina os homens a viverem
dissolutamente.
Sejamos sóbrios e vigilantes pois o “diabo, vosso
adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar” (1Pe 5.8).
O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE
Saber como usar a Bíblia é fundamental na vida do
líder. E triste quando encontramos uma igreja onde seu líder não sabe
como usar as Escrituras. Como um líder que não sabe usar a Bíblia poderá
tratar de assuntos éticos, morais e doutrinários? Como poderá aplicar a
disciplina ao corpo de obreiros ou a disciplina eclesiástica aos
membros?
Devemos sempre ter em mente que nossa autoridade
advém de Deus. A Bíblia não é apenas um livro, é a Palavra de Deus. As
Escrituras têm o poder de penetrar no mais íntimo do coração humano e
ainda discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4.12).
A palavra do Espírito deve estar sempre em nosso
coração e em nossos lábios (Ef 6.17), porque não lutamos contra a carne
ou contra o sangue, mas sim contra as hostes espirituais das trevas (Ef
6.12).
Cristo venceu a tentação do maligno usando a Palavra
de Deus: “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o
homem” (citação de Deuteronômio 8.3), “... mas de toda Palavra que
procede da boca de Deus”. Jesus ainda lhe respondeu: “Também está
escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto”, Dt 6.13.
Adiante, novamente Jesus cita as Escrituras:
“Respondeu-lhe Jesus: Dito está: ‘Não tentarás ao Senhor, teu Deus’”,
citação de Deuteronômio 6.16 (cf. Lc 4.4,8,12). Ora, se o próprio Filho
de Deus usou as Escrituras com toda autoridade, quanto mais nós, seus
imitadores...
E interessante observar que a autoridade que Jesus
tinha para ensinar não estava baseada em algo novo ou diferente, mas na
familiaridade que Cristo possuía com as Escrituras. Observe as citações
do AT feitas no Sermão do Monte em Mateus 5-7.
Os que ouvem a Palavra de Deus não serão
justificados, mas sim, os que a praticam (Rm 2.13). Este é o segundo
princípio da adequada aplicação da autoridade do líder na igreja. A
Bíblia, com toda a sua autoridade, é pura e suficiente para a salvação
de todo aquele que ouve e crê no Evangelho (Rm 10.5-15). Mas esta
suficiência das Escrituras não deve ser justificativa para o obreiro,
especialmente o líder, viver relaxadamente.
As prerrogativas do líder cristão são claramente
expostas na Bíblia: ele deve ser irrepreensível, esposo de uma só
mulher, temperante, sóbrio, não violento, cordato, inimigo de contendas,
não avarento, que governe bem a própria família, não neófito, e deve
ter bom testemunho dos de fora (1Tm 3.1-7).
Caso o líder cristão que não possua essas
prerrogativas, será alvo fácil das ciladas do maligno, pois aquilo que
ele prega não condiz com o que vive.
O Senhor Jesus não só ensinava com autoridade como
também não tinha nada do que se envergonhar. Ninguém podia lhe acusar de
erro (Jo 8.46). Suas palavras eram profundas e verdadeiras, sobretudo
foi a sua morte na cruz que provou o amor de Deus para conosco (Rm 5.8).
Nossos sermões podem ser os sermões mais lindos já
pregados, mas é preferível um líder simples que vive uma vida digna, do
que um erudito que não vive na disciplina e doutrina do Senhor.
A autoridade do líder pode também ser vista no seu
exemplo pessoal, na sua família e por meio de suas palavras. Jesus fora
destacado em seus ensinos entre a multidão porque a sua doutrina tinha
autoridade. Ela não tinha o mesmo caráter da doutrina dos escribas (Mt
7.29), que além de não ter autoridade, não tinha propriedade, pois em
essência não condizia com aquilo que viviam.
O próprio Senhor Jesus os censurou neste aspecto:
“Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os
imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”, Mt 23.3.
Esses dois princípios são suficientes na vida o
líder de Deus para a boa condução da igreja e para o uso adequado da
autoridade que Deus lhe deu. O líder cristão jamais deve usar sua
autoridade para fugir desses princípios bíblicos.
A AUTODISCIPLINA
O apóstolo Paulo diz que “todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). Como bom
soldado, o líder cristão dever ser disciplinado, deve renunciar-se a si
mesmo elevar sua cruz (Mt 16.24), pois todo aquele que dentre os homens
não renuncia a tudo quanto tem não pode ser discípulo (Lc 14.33).
Um soldado não busca seus interesses. Antes ele é
disciplinado. Imaginem um soldado que acorda às 10h da manhã, que não
faz exercícios físicos, almoça e janta em horários confusos; que não
faça a barba todo dia, e que ainda por cima não cumpre as ordens de seu
comandante. Será que este soldado alistou-se mesmo ou ele só esta dando a
impressão que é do exercito?
Da mesma forma, um líder cristão deve ajustar e
coordenar as suas vontades e desejos, produzir e treinar os pensamentos,
direcionar e limitar sentimentos, educar e transformar comportamento e
atitudes.
O apóstolo Paulo era tão focado e disciplinado, em
seu ministério, que convocou Timóteo, dizendo para que este sofresse
juntamente com ele as aflições como um bom soldado de Cristo (2Tm 2.3).
Um atleta não é coroado se não competir segundo as
normas (2Tm 2.5). Nesta metáfora, Paulo compara o líder a um atleta que
só pode ganhar uma competição se estiver de acordo com as normas. Nós só
poderemos honrar e servir a Deus e à sua Igreja adequadamente se formos
disciplinados o suficiente para cumprimos as normas que Deus
estabeleceu para nós em sua Palavra. Nossos instintos carnais devem ser
deixados de lado; nossos sonhos, que não glorificam a Deus, devem ser
renunciados.
A disciplina do Senhor, muitas vezes, parece ser
pesada para nós, mas a recompensa é incomparável, porque o nosso leve
sofrimento hoje não deve ser comparado com o peso da gloria que há de
ser manifestada (2Co 4.17). Na verdade “Toda disciplina, com efeito, no
momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; depois,
entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados,
fruto de justiça. Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos
trôpegos; e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o
que é manco; antes, seja curado”, Hb 12.11-13. Deus sempre nos corrige
para o aproveitamento, para sermos participante da sua santidade (Hb
12.10).
Na autodisciplina, o obreiro deve ter em mente esses
princípios gerais; deve também ter plena consciência de que, através
disso, não apenas a sua alma é renovada e curada, mas também a de seus
ouvintes, visto que ele é um instrumento de Deus à edificação da igreja
(Ef 4.11-13).
DISCIPLINA DO CORPO
Deus, antigamente, habitava entre o seu povo, mas
hoje o Espírito Santo está dentro de cada crente, (Jo 7.39; 14.17).
Nosso corpo é templo do Espírito Santo (1Co 6.19). Como tabernáculo de
Deus, devemos glorificá-lo através do corpo (1Co 6.20).
Os líderes evangélicos devem ter uma disciplina
diária com o seu corpo. Eles devem sempre estar, logo pela manhã,
dispostos às funções que exercem na casa de Deus.
Os sacerdotes no Antigo Testamento tinham muitas
funções no Templo, a ponto de Deus separar a tribo de Levi apenas para
esse oficio. Os sacerdotes seguiam um ritual criterioso de purificação
do corpo, antes de oferecer os sacrifícios, (Êx 29.4), o que mostra o
valor que Deus dá a estas questões que muitas vezes passam
desapercebidas por nós.
Jesus, diversas vezes, passou horas orando (Lc
6.12). Certa vez, seu corpo estava tão cansado que dormia em meio a uma
tempestade (Mt 8.24), mas Cristo não comia o pão da preguiça. Ele chegou
a afirmar que: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, Jo
5.17.
Jesus fez em três anos e meio de ministério o que
nós, talvez, levemos uma vida inteira. Todavia, como pode ser observado,
Ele era um homem experimentado no trabalho. A Bíblia o chama de “homem
de dores que sabe o que é padecer”, (Is 53.3).
Nós, trabalhamos, padecemos, mas para o nosso
próprio benefício. O Senhor Jesus fez tudo isso não para o seu
benefício, mas para o bem de todos os seres humanos. Semelhantemente
aquele que serve à Igreja deve saber que o maior entre nós, servirá o
menor (Lc 22.26-27). Cristo disse, “Porque eu vos dei o exemplo, para
que, como eu vos fiz, façais vós também”, Jo 13.15.
E claro que nós também não podemos abusar de nosso
corpo a tal ponto de destruirmos o Templo do Espírito Santo. Aqui vale
novamente a recomendação bíblica de que o obreiro deve ser sóbrio e
equilibrado em tudo o que faz.
Não são poucos os homens de Deus que adquirem, em
seu ministério, uma enfermidade que é como um espinho na carne, mas,
“não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se
corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”, 2Co
4.16. Mesmo que soframos debilidades físicas, em servir ao Senhor, nossa
esperança não se murcha, pois se com Cristo padecemos, com ele seremos
glorificados (Rm 8.17).
Esses princípios nos ensinam que o líder
disciplinado é aquele que se entrega por inteiro à obra de Deus; que
obedece cabalmente à sua vontade. Quem dá o crescimento é Deus! Assim, o
corpo como invólucro da alma deve ser disciplinado, o que começa, antes
de tudo, no coração.
A ALMA HUMANA
A alma é aquele princípio vivificante e inteligente
que anima o corpo humano. Tanto os homens como os animais possuem alma.
Os animais possuem uma alma que vive somente enquanto durar o corpo,
enquanto que o ser humano possui uma alma de qualidade diferente, que é
vivificada pelo espírito humano. A alma distingue um homem de outro e,
dessa maneira, forma a base da individualidade.
A alma vive por meio dos instintos ou dotes, que são
forças motrizes da personalidade, com as quais o Criador dotou o homem
para fazê-lo apto a uma existência terrena, assim como também o dotou de
faculdades espirituais para fazê-lo capaz de uma existência espiritual.
Pelos instintos, cada criatura tem a capacidade de
fazer tudo o que é necessário para originar e preservar a vida natural.
Podemos considerar os cinco instintos mais importantes: 1) o instinto da
autopreservação; 2) o instinto aquisitivo; 3) o instinto de
alimentar-se; 4) o instinto reprodutivo; 5) o instinto de domínio.
Para regulamentar as faculdades humanas, Deus impôs
uma Lei. O entendimento do homem quanto à Lei produziu uma consciência
que significa literalmente “com conhecimento”. Quando o homem deu
ouvidos à Lei, teve a consciência esclarecida, mas quando desobedeceu a
Deus, sofreu, pois a sua consciência o acusava. Lemos em Gênesis 3 que o
homem cedeu à concupiscência dos olhos, à cobiça da carne, e à vaidade
da vida. A alma conscientemente e voluntariamente usou o corpo para
pecar contra Deus.
Com essas atitudes, o homem herdou consequências
dessa perversão: a) a consciência que sente culpa, dizendo ao homem que
desonrou seu Criador, e avisando-o da pena terrível; b) a perversão dos
instintos reage sobre a alma, debilitando a vontade, incitando e
fortalecendo os hábitos maus, e criando deformação do caráter.
Paulo escreveu um catálogo dos sintomas desses
“defeitos” da alma (uma palavra hebraica traduzida por “pecado” e que
significa literalmente “tortuosidade” em Gálatas 5.19-21: “Ora as obras
da carne são manifestas, as quais são: a fornicação, a impureza, a
lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os
ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as
bebedices, as orgias, e outras coisas semelhantes”.
Paulo considerou tais coisas tão sérias que
acrescenta as palavras, “os que tais coisas praticam, não herdarão o
reino de Deus”. Sob o poder do pecado, a alma torna-se morta nos seus
delitos. Ao morrer, a alma terá que passar para o outro mundo, “marcada
pela carne” (Judas 23).
Felizmente existe um remédio para tudo isso — a cura
dupla, tanto para a culpa como para o poder do pecado, que é uma ofensa
a Deus. Portanto, foi exigida uma expiação para remover essa culpa e
purificar a consciência.
A provisão do Evangelho é o sangue de Jesus Cristo. O
pecado traz doença à alma e desordem ao ser humano, requerendo assim um
poder curativo e corretivo. É justamente nesta hora que somente aquela
operação interna do Espírito Santo endireita as coisas tortas da nossa
natureza e põe as coisas no rumo certo na nossa vida. Os resultados são
os frutos do espírito, amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão e temperança (Gl 5.22-23).
DISCIPLINA ESPIRITUAL
Os aspectos da disciplina voltados para o homem
interior possuem um caráter espiritual. É por natureza vertical, voltado
para cima.
Temos recebido de Deus uma grande gama de benefícios
espirituais, tais como eleição, regeneração, justificação, adoção, fé,
arrependimento, santificação, batismo e plenitude do Espírito Santo,
dons espirituais, dons ministeriais, e, por fim, ainda a vida eterna.
A base da nossa disciplina espiritual está
relacionada à obra da santificação que o Espírito Santo realiza em nosso
coração. É a batalha entre o Espírito Santo e a nossa natureza
pecaminosa (Gl 5.17).
O líder cristão deve ter uma mente disciplinada, não
se conformando com o mundo (Rm 12.2). A consagração da mente é algo
muito importante na vida do obreiro. Hermann Bavinck, teólogo Holandês,
certa vez, escreveu: “O teólogo é uma pessoa que se esforça para falar
sobre Deus, porque ele fala fora de Deus e por meio de Deus. Professar a
teologia é fazer um trabalho santo. E realizar uma ministração
sacerdotal na casa do Senhor. Isso é por si mesmo um serviço de culto,
uma consagração da mente e do coração em honra ao seu nome”.
Paulo recomenda aos irmãos de Filipos, “irmãos, tudo
o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o
que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma
virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso
pensamento”, Fp 4.8.
Uma forma de avaliar como vai a nossa mente é
prestarmos atenção no que a nossa boca constantemente anda falando, pois
a boca fala daquilo que o coração está cheio, daquilo que a mente se
ocupa (Mt 12.34).
Quando um líder passa a ter uma mente disciplinada,
ele repreende toda forma de “sofisma” e “toda altivez” que se levante
contra o conhecimento de Deus; “leva cativo todo pensamento à obediência
de Cristo” (2Co 10.4-5) e compara coisas espirituais com coisas
espirituais. Em suma, nossa mente deve ser de Cristo (2Co 2.12-16).
Outro item importante à disciplina espiritual é o
exercício constante da fé cristã, pelos meio ordinários constituídos por
Deus, que são a leitura da Bíblia, a oração, a adoração e louvor e a
Santa Ceia. Já o exercício da fé, através dos meios extraordinários, são
aquelas obras que Deus realiza no dia-a-dia de nossa vida.
A disciplina espiritual do obreiro deve estender-se à
igreja. Observe que, quando Cristo censurou algumas igrejas na Ásia
menor, Ele dirigiu-se ao “anjo da Igreja”, que é o líder do rebanho de
Deus aqui na Terra (Ap 2.3), porque compete ao líder ser o canal de
bênçãos para o povo de Deus.
Ao obreiro é conveniente a irrepreensibilidade. Ele é
um padrão para os fiéis. O Senhor não somente exige qualidade, mas
também nos dá graça para executarmos a sua vontade.
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