quarta-feira, 12 de setembro de 2018

NÓS NOS RECONHECEREMOS NO CÉU? TEREMOS LEMBRANÇAS DAS PESSOAS?


Nós Nos Reconheceremos no Céu? Teremos Lembranças Das Pessoas?
Iremos nos reconhecer no Céu? Esta é uma pergunta que desperta a curiosidade de muita gente. Alguns dizem que não iremos nos reconhecer no Céu, pois o reconhecimento de amigos e familiares na eternidade implicaria em lembranças terrenas. Como nem todas as nossas lembranças serão boas, então isto nos causaria infelicidade. Já outros afirmam que certamente nos reconheceremos no Céu, pois caso contrário, a própria obra da redenção não faria sentido.

A Bíblia diz que iremos nos reconhecer no Céu?
A Bíblia indica claramente que iremos reconhecer uns aos outros na eternidade. Embora não haja um versículo específico onde podemos ler explicitamente “no céu nós iremos nos reconhecer”, existem muitas passagens bíblicas que apontam nessa direção. Podemos citar alguns exemplos aqui:
1.     Ao falar da morte de seu filho recém-nascido, o rei Davi admitiu que ele só poderia encontrá-lo novamente na eternidade (2 Samuel 12:23). Como ele poderia expressar essa certeza se não pensasse que no Céu poderia reconhecê-lo?
2.     Jesus também fala da bem-aventurança eterna indicando um grande banquete onde nos assentaremos à mesa juntos com Abraão, Isaque e Jacó (Mateus 8:5-11). Isto implica na ideia de que reconheceremos Abraão, Isaque e Jacó. Se seremos capazes de reconhecer pessoas que nunca vimos, que dirá então aquele que convivemos?
3.     Na transfiguração de Jesus, evidentemente o texto bíblico revela que Moisés e o profeta Elias se reconhecem. Além do mais, eles também são reconhecidos pelos discípulos (Mateus 17:3,4).
4.     Na história do rico e Lázaro, o homem rico reconhece Lázaro e Abraão e se lembra de que na terra havia deixado cinco irmãos (Lucas 16:19-31).
5.     Em 1 Tessalonicenses 4:13-18 o apóstolo Paulo conforta seus leitores justamente sobre a questão de seus familiares que já tinham partido para o Senhor. Que sentido faria esse conforto se os crentes na eternidade nunca mais iriam reconhecer uns aos outros?

A importância da memória na eternidade
Sem dúvida, muito da obra da redenção perderia o sentido se na eternidade não nos lembrássemos das coisas passadas. No dia do julgamento, por exemplo, obviamente as pessoas deverão se lembrar de cada detalhe de suas vidas. Jesus até fala de certas pessoas que se lembrarão de seus atos na tentativa frustrada de se justificarem. Essas pessoas profetizaram, fizeram milagres e expulsaram demônios, apesar de nunca terem sido salvas (Mateus 7:22).
É verdade que aqui algumas pessoas alegam que a perda da memória ocorrerá exatamente após o juízo. Elas se baseiam em Apocalipse 21:4. Neste texto lemos que Deus limpará de nossos olhos toda a lágrima e que as primeiras coisas serão passadas.
Porém, este versículo em nenhum momento fala sobre a perda da memória na eternidade. O texto bíblico está indicando que a maldição do pecado que afetou a criação divina desaparecerá, porque Deus fará novas todas as coisas. O foco principal do versículo não é revelar simplesmente a abolição das coisas antigas, mas apontar para a redenção que explica o porquê de serem feitas novas todas as coisas.
Além disso, como poderemos louvar a Deus por toda eternidade se não nos lembrarmos de se seus maravilhosos atos de redenção? Alguns até podem dizer que nós nos lembraremos de nossas próprias vidas, mas não de nossos amigos e familiares.
Mas como pode ser possível lembrarmo-nos de nossas vidas sem que nos lembremos de parte tão importante dela, isto é, os nossos relacionamentos interpessoais? Que tipo de lembrança será essa, onde todas as memórias de relacionamentos serão apagadas?
Por fim, o apóstolo Paulo fala que no Céu sua coroa e alegria serão seus filhos espirituais, isto é, as pessoas convertidas por meio de seu ministério (1 Tessalonicenses 2:19,20; cf. 2 Coríntios 4:14) Em outras palavras, os missionários sentirão uma alegria suprema quando contemplarem os frutos de seus esforços missionários diante de Deus.

Se nós nos reconheceremos no Céu, não ficaremos tristes?
Como já foi dito, muita gente acredita que não poderemos nos reconhecer no Céu porque isto implicaria numa infelicidade. Como poderemos ser plenamente felizes no Céu se por ventura não encontrarmos alguns amigos e familiares? No entanto, este tipo de argumento só faria sentido se não ocorresse a transformação e renovação de todas as coisas da qual a Bíblia fala.
Toda opressão, dor e sofrimento causados pelo pecado e seus efeitos, serão aniquilados. Isto significa que nossa memória será purificada de toda a mancha pecadora. No entanto, ainda assim ela será uma memória. Nós teremos lembranças e nos reconheceremos no Céu, mas não sofreremos.
Além disso, apesar de nós nos reconhecermos no Céu, nossas relações terrenas não farão mais sentido na vida futura. Embora poderemos reconhecer nossos conjugues, por exemplo, não teremos mais o sentimento de relação matrimonial (Mateus 12:46-50). O mesmo serve para todas as relações familiares, incluindo as pessoas que não estarão conosco no paraíso.





Haverá Casamento no Céu? Existirá Casamento Após a Ressurreição?
A Bíblia diz que não haverá casamento no Céu. Foi o próprio Jesus quem ensinou que na eternidade ninguém será casado ou se casará (Mateus 22:30). Certamente no Céu teremos muitas atividades e seremos parte de um grande relacionamento familiar, mas o casamento não mais existirá.
Sobre isto, também é importante entender que quando falamos no Céu como nossa morada futura, na verdade estamos nos referindo ao universo renovado e purificado. Esse lugar é chamado nas Escrituras de “novo céu e nova terra”, onde habitaremos eternamente com Deus após a ressurreição (Apocalipse 21:1). A ideia de que o paraíso futuro será algo etéreo é fruto da imaginação da Idade Média e não tem qualquer base bíblica.
Hoje, de fato, os crentes que morrem encontram-se espiritualmente com Deus em sua morada celestial (cf. Atos 7:59; Filipenses 1:21,23). Porém, eles estão aguardando a ressurreição de seus corpos e o início da nova realidade que se dará após a consumação dos séculos com a vinda de Cristo (1 Tessalonicenses 4:16).

Quando Jesus disse que não haverá casamento no Céu?
Jesus disse que no Céu não haverá casamento ao responder uma pergunta capciosa dos saduceus. Esse partido judaico não cria na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, no juízo final e na existência de anjos. Eles eram mundanos, isto é, apegados apenas a coisas terrenas e materiais.

Certo dia, já na semana da paixão, alguns representantes desse grupo se aproximaram de Jesus. Eles queriam justamente tentar ridicularizar a doutrina da ressurreição dos mortos. Mal eles sabiam que a ressurreição que marcaria para sempre a História aconteceria em poucos dias.
Então eles fizeram uma pergunta à Jesus com base na lei do casamento levirato, registrada no Pentateuco (Deuteronômio 25:5,6). De acordo com essa lei, uma viúva deveria casar-se com o irmão de seu marido ou um parente próximo, caso ele tivesse morrido sem gerar filhos. Os saduceus usaram como exemplo uma mulher que supostamente teria se casado com sete irmãos segundo a lei do casamento levirato. Após contarem a história dessa mulher, eles fizeram a seguinte pergunta: “Na ressurreição, pois, de qual dos sete será ela esposa?” (Mateus 22:28).
Obviamente os saduceus não estavam preocupados se no Céu os laços matrimoniais seriam mantidos. Eles queriam apenas provar que a fé na imortalidade da alma, e consequentemente na ressurreição, era absurda. Eles achavam que Jesus ficaria sem saída, pois afinal, eles tinham feito a pergunta com base nas Escrituras. Mas Jesus lhes advertiu que eles não conheciam nem as Escrituras e nem o poder de Deus da qual elas testificam (Mateus 22:29).

Não haverá casamento após a ressurreição
Depois de repreendê-los por seu erro de interpretação e aplicação das Escrituras, Jesus respondeu de forma bem direta a pergunta deles acerca do casamento após a ressurreição. Jesus disse: “Porque na ressurreição não se casa nem se dá em casamento, mas são como os anjos celestiais” (Mateus 22:30).
Jesus disse que nesse aspecto, e apenas nele, seremos semelhantes aos anjos que também não se casam. É interessante notar a forma com que Jesus aplica a figura dos anjos para explicar a questão do casamento na ressurreição.
Como foi dito, os saduceus não negavam apenas a ressurreição, mas também a existência dos anjos. Quando tentaram apontar um problema na crença da ressurreição, eles citaram o Pentateuco. Para eles, somente o Pentateuco tinha autoridade máxima como Escritura. Quando Jesus adicionou os anjos em sua resposta, Ele escancarou a falta de conhecimento dos saduceus nas Escrituras. O Pentateuco, muito claramente, ensina a existência dos anjos (Gênesis 19:1-15; 28:12; 32:1).

Por que no Céu não haverá mais casamento?
A Bíblia não fornece muitos detalhes sobre como será o nosso corpo ressurreto. Sabemos apenas que será semelhante ao de Cristo (1 Coríntios 15:51-53). Quando olhamos para as finalidades do matrimônio, fica fácil entender por que no Céu não haverá mais casamento. O casamento faz parte da estrutura da criação na era presente. Na era futura, isto é, no estado eterno, essa estrutura não será mais a mesma. Além do mais, a Bíblia deixa claro que o casamento cessa com a morte de um dos cônjuges (Romanos 7:2,3).
Quando Deus criou a mulher e uniu o primeiro casal, Adão e Eva, Ele apontou as finalidades principais do casamento. A mulher é a adjutora do homem, isto é, sua companheira. Segundo a ordem do Senhor, o homem deve deixar sua família de nascimento e unir-se com sua mulher. Juntos, o homem e a mulher devem encontrar um no outro amor, satisfação, prazer, alegria e companhia por toda a vida. Deus também indicou que o casamento do homem e da mulher naturalmente deveria resultar em filhos.
No entanto, é muito claro o ensino bíblico de que o corpo glorioso será imortal (1 Coríntios 15:51-53). Isto significa que com a ausência da morte, a raça humana não precisará mais ser reproduzida. Além disso, os redimidos ressuscitados desfrutarão de uma indescritível comunhão com Deus por toda eternidade. No novo céu e nova terra viveremos para sempre como uma grande família desfrutando do mais elevado amor fraternal. Não haverá mais a necessidade de encontrarmos no casamento a companhia para toda uma vida eterna.
Logo, o matrimônio será uma coisa do passado, e por isto não haverá mais casamento no Céu. De qualquer forma, não devemos nos entristecer por causa disto. Apesar de muito de nossa vida futura ser ainda um mistério, sem dúvida nossos relacionamentos acontecerão num nível muito superior ao que conhecemos hoje. Lá poderemos nos alegrar com antigos amigos e familiares, irmãos em Cristo, de uma forma muito mais especial.




Por mais que não entendamos agora, na eternidade jamais ficaremos infelizes pela eventual falta de uma pessoa querida enquanto nossa vida terrena. Lá estaremos completamente satisfeitos e realizados diante de Deus. Juntamente com todos aqueles que fizeram a vontade do Pai, seremos uma grande família (cf. Mateus 12:46-50).

Haverá lembranças no Céu
A ideia de que não poderemos nos reconhecer no Céu e que teremos nossa memória terrena apagada, não é bíblica. Na verdade, ela tem origem em religiões pagãs. Os gregos, por exemplo, acreditavam que após a morte as pessoas tomavam da água de um tipo de mar do esquecimento. Esse ritual aniquilava qualquer elemento de continuidade entre a vida passada e a vida futura.
Mas como vimos, este tipo de pensamento não é bíblico. Nós fomos criados para a comunhão, e ter comunhão implica em relacionamento, e relacionamento exige memória. Mas é preciso que tenhamos em mente que a finalidade principal do homem é glorificar a Deus e se alegrar nele para sempre.
Nós nos reconheceremos no Céu para que juntos, em comunhão, não apenas com aqueles que conhecemos durante a vida terrena, mas com todos os outros redimidos, possamos viver em completa comunhão com Deus. A esperança de nos reencontrarmos na eternidade sempre deve ser vista da perspectiva da comunhão com Cristo. Por isto o salmista declara: “Quem mais tenho eu no céu senão a Ti? ” (Salmo 73:25).



O Que é o Juízo Final e Qual o Seu Significado na Bíblia?
O juízo final é o evento em que Deus irá julgar os homens e os seres espirituais. O juízo final marca a transição entre a consumação da presente era e o início do estado eterno, sendo amplamente referenciado em toda Bíblia, com particular detalhe no livro do Apocalipse, sobretudo na passagem onde é descrito “o grande trono branco”.
Neste estudo bíblico, conheceremos um pouco mais sobre o que é o juízo final segundo a Bíblia, e consideraremos alguns pontos fundamentais sobre este evento que todos os cristãos verdadeiros devem conhecer.


O juízo final e as diferentes correntes escatológicas
Sabemos que a escatologia não é um tema fácil, e há muita discussão entre os cristãos nessa área. Das diferentes opiniões acerca do assunto, surgiram diferentes correntes escatológicas.

Quanto ao juízo final, cada uma delas o interpreta de maneira diferente de acordo com o entendimento que possuem acerca dos eventos finais descritos na Bíblia.
De maneira geral, todas elas concordam que todas as pessoas serão julgadas, embora discordem do momento em que acontecerá tal julgamento, e da quantidade de julgamentos que ocorrerão, conforme veremos a seguir:
·         Amilenismo e Pós-Milenismo: defendem que haverá um único julgamento geral de todas as pessoas, isto é, o juízo final, e ocorrerá imediatamente após a segunda vinda de Cristo.
·         Pré-Milenismo Histórico: geralmente seus defensores entendem que haverá dois julgamentos, sendo o primeiro na segunda vinda de Cristo, e o segundo, no caso o juízo final, após a última revolta de Satanás que ocorrerá ao fim do reino milenar e literal de Cristo na terra, o milênio.
·         Pré-Milenismo Dispensacionalista: esta posição é a mais complicada, pois mesmo entre seus defensores há muitas opiniões divergentes. Alguns dispensacionalistas ensinam a existência de até sete julgamentos, mas maioria deles entende que haverá três julgamentos diferentes, sendo eles:
1.      Julgamento por ocasião do arrebatamento da Igreja: ocorrerá na primeira fase da segunda vinda de Cristo, ou seja, o arrebatamento secreto da Igreja, e será o julgamento das obras do salvos, também denominado como “Tribunal de Cristo“, onde os santos serão galardoados.
2.      Julgamento de judeus e gentios no final da grande tribulação: ocorrerá na segunda fase da segunda vinda de Cristo, sete anos após a primeira fase, isto é, ao término da grande tribulação, e servirá como base para determinar questões acerca do milênio. Esse julgamento também é chamado de “Julgamento das Nações“.
3.      Julgamento geral dos ímpios após o milênio: esse será o juízo final, o julgamento do grande trono branco. Ele ocorrerá após a última revolta de Satanás que se dará ao fim do milênio. Muitos dispensacionalistas entendem que nesse julgamento, além dos anjos caídos, apenas os ímpios serão julgados, ou seja, será um julgamento exclusivo para condenação. Já para outros, também serão julgados os santos que morrerão durante o milênio.
Apesar das divergências, todas as correntes escatológicas concordam que após o juízo final se dará início ao estado eterno, com os ímpios condenados eternamente ao lago de fogo, e os santos reinando com Deus no novo céu e nova terra.

Quantos juízos finais ocorrerão?
Bem, como vimos anteriormente, há muita discussão a respeito da quantidade de julgamentos, e, dependendo da resposta dada a esta pergunta, automaticamente uma determinada posição escatológica passará a ser defendida.
Todavia, acredito que esse não deva ser um motivo de divisão entre os cristãos, ao contrário, devemos nos unir fielmente na esperança da chegada desse grande dia. Precisamos agir com respeito por quem pensa diferente de nós, lembrando que também são cristãos genuínos que amam a Palavra de Deus.
Para mim, considero herege apenas aqueles que negam a realidade do juízo final, a condenação eterna dos ímpios, e a eternidade dos santos com Deus. Particularmente entendo que a Bíblia sempre se refere ao juízo final como um único evento diretamente ligado a vinda de Cristo e a ressurreição geral dos mortos (Dn 12:2; Mt 7:22; 11:22; 12:41,42; 25:31-46; Jo 5:28,29; At 17:31; 24:14,15; Rm 2:5; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12; 4:1,8; 2Pe 3:7; Jd 14; Ap 20:11-14).

Qualquer tentativa de se estipular dois, três ou mais julgamentos não encontra fundamentação bíblica. Geralmente tais argumentos são construídos valendo-se de versículos isolados ou pré-conceitos.
Muitos pré-milenistas dispensacionalistas insistem em afirmar que passagens como Mateus 25:31-46 e 2 Coríntios 5:10 se referem a julgamentos diferentes do julgamento do grande trono branco do capítulo 20 do Apocalipse.
Sobre a referência no Evangelho de Mateus, eles afirmam que se trata do julgamento das nações para o início do milênio, e quanto à referência da Epístola aos Coríntios, defendem que o Tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo para os crentes, onde suas obras serão julgadas.
Primeiramente, precisamos admitir que no capítulo 25 de Mateus a ênfase no tema do juízo é notória. Entretanto, em tal passagem nada é dito acerca do milênio, e o fato das nações estarem reunidas perante o trono de Cristo, apenas mostra a completude e alcance desse julgamento, pois todos estarão diante do Senhor, isto é, ninguém escapará.
Fica claro também que o julgamento é individual, ou seja, as ovelhas são separadas dos bodes.

Já na passagem de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo não está estabelecendo uma distinção entre “dias de julgamentos”. Entender assim é desconsiderar o contexto em que o capítulo está inserido, além de desconhecer o objetivo do próprio texto, onde Paulo está tratando acerca da habitação dos santos com o Senhor.
Em relação à referência ao julgamento presente no capítulo (vers. 10), Paulo não está falando sobre quando será o julgamento, mas sim sobre quem e o que será julgado. Na verdade, o próprio apóstolo nitidamente esperava um único dia de juízo (At 17:29-31; Rm 2:5-16; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12).
Existem temas difíceis na Bíblia, e este é um deles. Porém, apesar de algumas coisas não estarem muito claras nas Escrituras, o que não há nelas são erros e contradições. A Bíblia sempre se refere a esse momento como “o dia do juízo“, não “os dias dos juízos“.
Portanto, não podemos isolar e forçar um texto bíblico desconsiderando todas as outras passagens acerca do assunto, a fim de construirmos um posicionamento teológico, pois isto resultaria numa aparente contradição. Como a Palavra de Deus é inerrante e infalível, certamente o erro está em nossa interpretação.

Quando ocorrerá o juízo final?
Depois que entendemos que haverá apenas um único juízo final, naturalmente surge a pergunta acerca de quando este julgamento ocorrerá. Vale lembrar que num certo sentido as pessoas são julgadas já no presente, isto é, de acordo com a resposta delas com relação a Cristo ainda em vida.
Isto foi o que Jesus ensinou a Nicodemos no Evangelho de João, ao dizer que “quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado”. No original, o termo traduzido como “condenado” também significa “julgado”. Logo, quem não crê no nome do unigênito Filho de Deus já está julgado.
Isto implica na ideia de que o juízo de Deus já recai no presente sobre os incrédulos, porém isto não anula a verdade de que a Bíblia aponta para um julgamento futuro e final, que ocorrerá na consumação da História.
Sobre esse julgamento futuro, a Bíblia nos ensina que ele acontecerá no final da presente era, “no último dia” (Jo 12:48), precedendo imediatamente o estabelecimento do estado eterno.
Na Parábola do Trigo e do Joio, Jesus explicou que o julgamento se dará “na consumação deste mundo” (Mt 13:40). Segundo o próprio Jesus, esse momento ocorrerá por ocasião de Sua segunda vinda, quando “Ele se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros…” (Mt 25:31,32).
O apóstolo Paulo também apontou exatamente para esse mesmo momento escrevendo à igreja em Tessalônica (2Ts 1:7-10). Segundo Paulo, esse será o dia em que o Senhor Jesus se manifestará desde o céu com os anjos do Seu poder, “com labareda, tomando vingança dos que não conhecem a Deus”.
apóstolo Pedro também falou sobre esse momento. Para ele, “os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios”(2Pe 3:7).
No versículo 10 do mesmo capítulo 3, Pedro esclarece que esse evento acontecerá no dia da vinda do Senhor, um dia que pegará o mundo iníquo de surpresa, pois “vira como ladrão”. Nesse dia se encerrará a presente era, e começará a eternidade com “novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.
Apesar da Palavra de Deus nos esclarecer de maneira geral a ordem dos eventos, ela não nos revela o momento exato em que isto ocorrerá. Jesus falou que “daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente o Pai” (Mt 24:36).

Embora não possamos estabelecer uma data, somos confortados de que a hora do juízo final já está marcada. No Evangelho de João lemos: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28,29).

Qual será a duração do juízo final?
Esta pergunta é impossível de ser respondida sob os padrões de medida de tempo que conhecemos. A Bíblia se refere ao momento do juízo final como “o dia do juízo” (Mt 11:22), “aquele dia” (Mt 7:22; 2Ts 1:10; 2Tm 1:12) e “o dia da ira” (Rm 2:5).
Apesar de a Bíblia deixar claro que se trata de um único dia de juízo, nós não sabemos como o tempo funcionará nesse momento. Em outras palavras, não devemos entender o dia do julgamento final como um dia necessariamente de 24 horas, além do que, a Bíblia também usa a palavra “dia” para se referir a períodos mais longos.

O importante é que haverá tempo suficiente para que todos sejam julgados, de modo que tal julgamento acontecerá sem interrupções, imprevistos, recessos e adiamentos. O julgamento final só terminará quando todos os ímpios estiverem no lago de fogo, e os salvos acolhidos na bem-aventurança de Deus.

Onde ocorrerá o juízo final?
A Bíblia esclarece que o juízo final ocorrerá diante de um grande trono branco (Ap 20:11). No entanto, não se sabe onde estará este trono branco. Alguns estudiosos sugerem que estará na terra, enquanto outros defendem que estará no céu (ou nos ares). Os que preferem a terra, argumentam que seria mais lógico que o juízo final fosse aqui considerando a ressurreição dos mortos.
Já os que argumentam em favor das alturas, consideram que no livro do Apocalipse o trono de Deus sempre está no céu, não na terra, além de que dificilmente haveria lugar na terra para comportar todas as pessoas que já viveram deste que o mundo foi criado, de modo que se apresentem todas juntas diante do trono do juízo final.
Outros fazem um “combinado” das duas possibilidades, ou seja, defendem que os mortos ressuscitados estarão na terra e o trono branco estará nos ares, pairando sobre eles.
Particularmente, prefiro a sugestão de que o juízo final ocorrerá nas alturas, isto por considerar o momento de colapso e renovação em que o mundo a qual conhecemos estará submetido. Seja como for, o importante é que o julgamento final ocorrerá, embora a Bíblia não determine claramente o local em que se dará.

Quem será o juiz no juízo final?
Em algumas passagens bíblicas, o juízo é atribuído ao Pai (1Pe 1:17; Rm 14:10; cf. Mt 18:35; 2Ts 1:5; Hb 11:6; Tg 4:12; 1Pe 2:23). Entretanto, de forma geral o Novo Testamento aponta que Cristo será o Juiz.
No Evangelho de João, lemos que “o Pai ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (Jo 5:22). O apóstolo Paulo no livro de Atos dos Apóstolos, disse aos atenienses que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17:31; cf. 2Co 5:10).
É importante entender que não há qualquer contradição acerca deste assunto. Basta nos atentarmos para a verdade bíblica de que nas obras divinas da criação, providência, redenção e finalmente no juízo, as três Pessoas da Trindade cooperam.

Logo, Deus o Pai, por meio do Cordeiro, Jesus Cristo, será o juiz, ou seja, a honra de julgar os vivos e os mortos foi conferida a Cristo, que julgará todos os homens em nome de Seu Pai (Dn 7:13; Mt 13:40-43; 25:31,32,41-46; 26:64; 28:18; Jo 5:22-27; At 10:42; 2Co 5:10; Fp 2:9,10; 2Tm 4:1; Hb 9:27; 10:25-31; 12:23; 2Pe 3:7; Jd 6,7; Ap 20:11-15). Isto está de acordo com o fato de que foi Cristo quem se encarnou, morreu e ressuscitou.

Os salvos são aqueles que creem nEle, e os condenados são aqueles rejeitam a Ele. Por isso é mais apropriado que Ele mesmo julgue tais pessoas. Isso também será um tipo de recompensa por seu trabalho realizado como Mediador, e a exaltação final de Seu trinfo maior. Este será o momento em que o Cordeiro consumará todas as coisas, subjugará todos os seus inimigos e entregará o Reino a Deus Pai (1Co 15:24).

Quem participará do julgamento final?
A Bíblia claramente afirma que os anjos estarão associados a Cristo no juízo final (Mt 13:41,42; 24:31; 2Ts 1:7,8; Ap 14:17-20). O papel desempenhado por eles será o de reunir os ímpios para o juízo diante do trono e os lançar no lago de fogo.
Outras passagens bíblicas também afirmam que os santos, em seu estado glorificado, também participarão ativamente do julgamento (Sl 149:5-9; 1Co 6:2,3). A Bíblia não é muito clara sobre como será essa participação, porém é muito provável que seja no sentido de louvar e reconhecer a integridade dos juízos de Cristo (Ap 15:3,4).

Quem será julgado no juízo final?
A Bíblia nos informa que todos os anjos caídos serão julgados no juízo final (Mt 8:29; 2Pe 2:4; Jd 6). Além dos anjos caídos, todos os seres humanos, de todas as épocas e gerações, também comparecerão diante do grande trono branco para serem julgados.
Apocalipse 20:12 deixa claro que não haverá nenhuma exceção, pois todos, “os grandes e os pequenos” estarão diante de Deus. Considerando que não haverá outro julgamento, e que todas as pessoas estarão diante do trono branco, logicamente os santos também estarão.

O ensino que afirma que os salvos não comparecerão no juízo final não encontra base bíblica. O Novo Testamento ensina explicitamente que os ímpios e os santos serão julgados no mesmo dia de juízo.
No Evangelho de Mateus, Jesus disse aos escribas e fariseus incrédulos que os ninivitas que se arrependeram nos dias do Profeta Jonas se levantarão juntamente com eles no juízo, com a diferença de que eles não receberão condenação, ao contrário, condenarão os ímpios daquela geração (Mt 12:41,42).
Relembrando a passagem já citada aqui de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo foi claro ao dizer que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.
Como já discutimos, Paulo não está falando de um outro dia de juízo, mas apenas do único dia do juízo final pela qual ele aguardava. Lembrando que ele sempre se refere a esse julgamento como “aquele dia” (2Ts 1:6-10; 2Tm 4:1,8; cf. At 17:31).
Na Carta aos Romanos (cap. 14:10), o mesmo Paulo escreve que “todos compareceremos perante o tribunal de Deus”. Tiago, em sua epístola, adverte sobre a responsabilidade que está sobre aqueles que ensinam a Palavra de Deus, pois estes serão “julgados com maior rigor” (Tg 3:1).
Na Epístola aos Hebreus (cap. 10:30) lemos que “o Senhor julgará o seu povo” (cf. 1Pe 4:17).
Outro fato que nitidamente demonstra que os salvos também estarão participando do juízo final é a abertura do livro da vida (Ap 20:12,15). O livro da vida será aberto e mostrará de uma forma indiscutível a diferença entre os salvos e o incrédulos, entre as ovelhas e os bodes.


Os que não tiverem seu nome registrado no livro da vida serão lançados no lago de fogo, que é a segunda morte. Somente os salvos é que terão seus nomes escritos nesse livro (Fp 4:3; Ap 13:8; 17:8; 20:15; 21:27; cf. Lc 10:20).
Apesar de a Igreja comparecer diante do tribunal de Cristo, ela não deve temer o dia do juízo final. Conforme vimos acima, os nomes dos santos estão escritos no livro da vida, ou seja, não há qualquer condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1).
O apóstolo João, em sua primeira epístola, nos ensina que aqueles que estão em Deus podem ter confiança no dia do juízo (1 Jo 4:17). Além dessa passagem também reafirmar que os salvos serão julgados, ela explica que para eles não há o que temer.

O dia do juízo final será de terror para uns e de grande alegria para outros. Enquanto os ímpios receberão a condenação eterna, os santos serão salvos pelos méritos de Cristo no “dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2:5). Jesus é quem nos livra da ira futura (1Ts 1:10).

O que será julgado no juízo final?
No juízo final serão julgadas todas as coisas que foram feitas durante a vida presente, quer sejam más, quer sejam boas (2Co 5:10). Isto inclui:
·                     As obras: o livro do Apocalipse diz que “os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros” (Ap 20:12). O mesmo ensino encontramos em várias outras referências bíblicas (Mt 25:35-40; Ef 6:8; Hb 6:10; cf. 1Co 3:8; 1Pe 1:17; Ap 22:12). Aqui também podemos incluir a questão da omissão, ou seja, as vezes que erramos por deixarmos de fazer algo.

·                     As palavras: Jesus foi claro ao dizer que “de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo” (Mt 12:36).

·                     Os pensamentos: o apóstolo Paulo escreveu dizendo que quando o Senhor vier, “não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5; cf. Rm 2:16).

Resumindo, podemos dizer que no dia do juízo final não há nada que agora esteja escondido que não será revelado (Lc 12:2; Mt 6:4,6,18; 10:26; 1Tm 5:24,25). O julgamento de todas as coisas feitas pelos homens em vida, enfatiza a realidade da responsabilidade humana ensinada na Bíblia.

Qual será o critério de julgamento no juízo final?
Primeiramente, precisamos ressaltar que a eternidade ao lado de Deus, ou a condenação eterna no lago de fogo, dependerá exclusivamente se a pessoa estará vestida com a justiça de Cristo, ou seja, sem a justificação pela fé em Cristo Jesus será impossível ser absolvido no juízo final.
Em outras palavras, em nenhuma hipótese há qualquer salvação fora de Cristo (Jo 3:16; 14:6; At 4:12; 1Co 3:11). O critério para a salvação não são as obras, mas a graça.
Apesar de as obras serem julgadas no juízo final, fica clara a intima ligação que há entre fé e obras, no sentido de que a verdadeira fé revela a si própria nas obras, ou seja, as obras são a evidência da fé. Logo, se alguém possui a fé verdadeira, necessariamente produzirá boas obras (Mt 7:21; Tg 2:18-26).
Estabelecido este princípio, agora podemos dizer que o critério de julgamento no juízo final será basicamente o conhecimento da vontade revelada de Deus. A Bíblia nos mostra que algumas pessoas recebem uma revelação maior da vontade de Deus do que outras (Mt 11:20-22).

Esta verdade nos leva ao fato de haverá graus de castigos e também graus de glória. Jesus falou exatamente sobre este ponto no Evangelho de Lucas, ao ensinar que “o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).

Perceba que Jesus ensinou que quanto maior a revelação que alguém recebe acerca da vontade de Deus, maior será a sua responsabilidade. Se a passagem acima revela que haverá graus de sofrimento para os perdidos, outras passagens também revelam que haverá graus de gloria para os santos, como por exemplo, em 1 Coríntios 3:10-15, onde o apóstolo Paulo trata da questão dos galardões.
Portanto, as pessoas serão julgadas com base na quantidade de conhecimento receberam acerca da vontade de Deus, e como reagiram ao conhecimento que receberam.
Dando um exemplo prático, uma pessoa que teve a revelação da vontade de Deus apenas no Antigo Testamento, será julgada de acordo com sua reação ao Antigo Testamento. Vale lembrar que o Antigo Testamento aponta para Cristo, e que homens de Deus, no Espírito de Cristo, pregaram a justiça (1 Pe 1:10,11; 3:18-20; 4:6).
Já quem recebeu a revelação completa da vontade de Deus, isto é, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, será julgado por sua reação a toda a Escritura. Logo, os santos da antiga dispensação viveram pela fé na promessa que haveria de vir, e nós, da nova dispensação, vivemos pela fé no cumprimento da promessa. De igual modo, todos nós seremos julgados por isso.
Há também aqueles que não receberam essa revelação especial de Deus através das Escrituras. Paulo fala sobre estas pessoas em sua Carta aos Romanos, e diz que todos eles são indesculpáveis, pois apesar de não terem recebido a revelação especial de Deus, ignoraram a clara revelação dEle na natureza e na consciência, e não O honraram como Deus (Rm 1:18-21).

Para saber mais sobre isso, leia os seguintes textos:
·                     Quem nunca ouviu o Evangelho será salvo?
·                     Porque Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho?

Os galardões no Juízo Final
Como pudemos ver, no juízo final o ímpio receberá sua condenação com diferentes graus de castigo, e o santo receberá seu galardão com diferentes graus de glória.
A Bíblia afirma que os salvos serão galardoados (Mt 5:11,12; 6:19-21; 25:23; Mc 9:41; Lc 6:35). Os galardões serão distribuídos segundo as obras de cada um. Isto é o que o Apóstolo Paulo afirmou em 1 Coríntios 3:10-15.
Nesta passagem, Paulo utilizou seis materiais para exemplificar a forma com que os santos constroem suas obras, sendo eles: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Paulo também deixou claro que o fundamento sobre o qual todos devem construir é um só: Jesus Cristo. Depois, Paulo fala que a obra de cada um será testada pelo fogo, uma clara referência ao dia do juízo de Deus.
O apóstolo completa dizendo que “se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1Co 3:14,15).
Paulo está falando exatamente sobre o fato de que cada cristão terá de prestar contas do que fez com a revelação de Deus em Seu Filho. O cristão fiel e aplicado, que serve a Deus com diligencia e comprometimento, será graciosamente recompensado por Deus com galardão.

Já o cristão que age com negligência, será punido, sofrerá dano e terá suas obras queimadas. Apesar disto, por Sua infinita graça, Deus lhe concede o dom da salvação. Note que o tipo de material com que cada um construiu foi importante para o recebimento do galardão, mas o determinante para a salvação foi o fundamento sobre o qual os edificadores construíram, ou seja, ambos são salvos pela graça, pois de nada adiantaria construir com ouro sobre outro fundamento que não seja Cristo.
Outro ponto importante é entender que os galardões são dons da graça de Deus, ou seja, são presentes d’Ele para nós, e não conquistas nossas, pois por melhor que pareçam ser as nossas obras, aos olhos de Deus nenhuma delas é digna de honra (Lc 17:10). Se receberemos galardões, isso também é graça.

Quais são os propósitos do juízo final?
Podemos citar alguns propósitos principais que explicam a necessidade acerca do juízo final:
·         O juízo final mostrará a soberania de Deus e a Sua glória na revelação do destino eterno de cada pessoa que já existiu sobre a face da terra, e no desfecho final da presente era. Na condenação dos ímpios, a justiça de Deus será exaltada, bem como Sua graça será exaltada na salvação dos santos.
·         O juízo final será o momento em que Cristo e seu povo serão publicamente vindicados. Todos os homens verão aquele a quem crucificaram em grande esplendor e glória. Agora, aquele a quem eles julgaram os julgará.
·         O juízo final revelará o grau de punição ou de gloria (galardões) que cada um vai receber.
·         NO juízo final cada pessoa será designada ao devido lugar em que passará a eternidade, isto é, ou o novo céu e a nova terra ou o lago de fogo.

Qual o significado do juízo final?
O juízo final significa, sobretudo, que a História não é conduzida pelo acaso. Nada do que acontece escapa do conhecimento de Deus, pois Ele é soberano, e é Ele quem governa a História.
O dia do juízo final mostrará o grande triunfo de Deus e de Sua obra redentora, ou seja, a conquista final e decisiva sobre todo mal, e a revelação máxima da vitória de Cristo, o Cordeiro que foi morto. O juízo final revelará e provará ao mundo que a vontade de Deus será executada perfeitamente, e que nenhum de Seus planos poderá ser frustrado.


O Que é o Livro da Vida? O Que Significa Ter o Nome Escrito Nele?
O Livro da Vida é o registro celestial dos redimidos através do sangue de Jesus Cristo. Ele contém o nome daqueles que herdarão a vida eterna. Muitas pessoas ficam curiosas a respeito do que é o Livro da Vida. Apesar de ele ser mencionado principalmente no Apocalipse, existem referências sobre ele em outras passagens bíblicas.

O Livro da Vida na Bíblia
O termo “Livro da Vida” é mencionado sete vezes no Novo Testamento. Seis delas ocorrem no livro do Apocalipse e uma na Carta de Paulo aos Filipenses. O apóstolo Paulo escreve que os nomes de seus cooperadores no ministério do Evangelho estão escritos no Livro da Vida (Filipenses 4:3).
Já no livro do Apocalipse, o Livro da Vida é mencionado pela primeira vez na carta direcionada à igreja em Sardes (Apocalipse 3:5). Depois, o livro aparece em narrativas que declaram que os ímpios, os adoradores da besta que sofrerão o juízo de Deus, não possuem seus nomes registrados nele (Apocalipse 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27).
O conceito do Livro da Vida também está presente em outras passagens, ainda que ele não seja chamado desta forma. Em Lucas 10:20, o próprio Jesus ressalta que o maior motivo de alegria para os seus seguidores deve ser o fato de que seus nomes estão “escritos nos céus”.
escritor do livro de Hebreus também diz algo semelhante ao escrever que os redimidos, os que pertencem à Nova Aliança cujo Cristo é o mediador, têm seus nomes escritos nos céus (Hebreus 12:23). Essa expressão “escritos nos céus” indica exatamente o Livro da Vida.

O Livro da Vida é citado no Antigo Testamento?
No Antigo Testamento também encontramos algumas referências a um livro de Deus que contém o registro dos nomes das pessoas (Êxodo 32:32,33; Salmos 69:28; cf. 139:16). No entanto, não se trata do mesmo livro mencionado no Novo Testamento. A diferença entre eles é que basicamente o livro mencionado no Antigo Testamento refere-se à vida presente dos homens. Já o Livro da Vida mencionado no Novo Testamento refere-se à vida vindoura.
Esse conceito fica especialmente claro no Salmo 69:28. O salmista Davi, referindo-se aos ímpios, pede que seus nomes “sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam escritos com os justos” (Salmo 69:28).
profeta Daniel também menciona um livro que contém o nome daqueles que serão salvos num tempo de angústia (Daniel 12:1). Alguns estudiosos entendem que essa talvez seja uma referência ao próprio Livro da Vida. Já outros sugerem que ainda se trata do livro que contém a lista daqueles que estão vivos neste mundo.

Quando o livro da vida foi escrito?
O Livro da Vida foi escrito por Deus ainda na eternidade. Algumas pessoas pensam que o Livro da Vida está sendo escrito no decorrer da História. Elas pensam que conforme os pecadores vão recebendo a Cristo como Salvador e Senhor, seus nomes vão sendo escritos no Livro da Vida.
Porém, esse tipo de pensamento e ensino não encontra base bíblica. A Bíblia é muito clara ao afirmar que os nomes dos salvos foram registrados no Livro da Vida desde a fundação do mundo. Da mesma forma, os nomes dos ímpios também estão ausentes deste livro deste o princípio (Apocalipse 13:8; 17:8).
Alguns até argumentam que a expressão “desde a fundação do mundo” não significa “antes da fundação do mundo”. Logo, isto implica na ideia de que o Livro da Vida vem sendo escrito ao longo dos tempos. Mas a questão é que essa interpretação possui sérios problemas.
Em primeiro lugar ela não faz qualquer sentido à luz da gramática grega. Em segundo lugar, ela também contradiz o ensino claro das Escrituras de que Deus escolheu o seu povo, em Cristo, “antes da fundação do mundo” (Efésios 1:4).
Para explicar como pode alguém ter seu nome escrito no Livro da Vida desde a eternidade, alguns apelam para a onisciência de Deus. Eles explicam que Deus, por meio de sua presciência, registrou o nome dos salvos nesse livro antes da criação do mundo.
Outros, por outro lado, apontam para a soberania divina na obra da salvação. Isso significa que os nomes não foram registrados no Livro da Vida com base no que Deus viu, mas unicamente pelo beneplácito de sua livre vontade.

A quem pertence o Livro da Vida?
O Livro da Vida pertence ao Cordeiro de Deus que foi morto. Nesse livro está registrado o nome de cada um daqueles que foram comprados por Ele (Apocalipse 13:8). Isso significa que todos aqueles que possuem seus nomes registrados no Livro da Vida pertencem ao Senhor.
O apóstolo Pedro escreve que a comunidade dos santos é o povo eleito, separado e adquirido pelo Senhor (1 Pedro 2:9). O Cordeiro morreu no lugar daqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida, para que eles vivam ao seu lado por toda a eternidade (Apocalipse 5:9).

Um nome pode ser apagado do Livro da Vida?
Existem diferentes interpretações sobre este assunto. Há quem defenda que o nome de alguém pode ser apagado do Livro da Vida. Já outros entendem que jamais um nome poderá ser apagado deste livro, pois isto seria uma negação da segurança da salvação em Cristo.
Quem acredita que uma pessoa possa ter seu nome apagado do Livro da Vida, recorre especialmente a dois textos bíblicos. O primeiro está no livro de Êxodo, quando Moisés pede a Deus que seu nome seja riscado de seu livro caso Israel fosse destruído. Naquela ocasião Deus lhe respondeu que apenas riscará o nome daquele que pecar contra Ele (Êxodo 32:32,33).
A segunda passagem bíblica está no livro do Apocalipse. Nela Jesus diz à igreja em Sardes que jamais riscará do Livro da Vida o nome daquele que vencer (Apocalipse 3:5). Alguns entendem que nesse texto está implícita a possibilidade de um nome ser riscado.

O Livro da Vida não tem rasuras
Já quem defende que os nomes registrados no Livro da Vida são definitivos e não podem ser apagados, observam os seguintes pontos:
·         A passagem de Êxodo não se refere ao Livro da Vida, mas ao livro dos vivos. Isso significa que ter o nome apagado desse livro implica na morte física, e não na condenação eterna (cf. Êxodo 17:14; Salmo 69:28).
·         Apocalipse 3:5 não é uma ameaça, ao contrário, é uma solene promessa. Jesus promete ao verdadeiro cristão que: “de maneira nenhuma riscarei o seu nome do Livro da Vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”. Aqui Jesus está reafirmando as promessas que Ele mesmo fez durante seu ministério terreno (Mateus 10:32; João 10:28,29). Em outras palavras, esse texto está declarando que não há qualquer possibilidade do nome de um daqueles que Cristo comprou com seu sangue ser apagado do Livro da Vida.
·         Acreditar que o Livro da Vida pode ser modificado no sentido de um nome ser apagado, é o mesmo que admitir haver rasuras no eterno plano de Deus, e subestimar seus atributos. Se o Livro da Vida foi escrito por Deus e pertence a Ele, por que Ele próprio escreveria um nome sabendo que mais tarde teria de apagá-lo? A menos que se neguem alguns dos atributos divinos, essa pergunta não pode ser respondida.
·         Se um nome pode ser apagado do Livro da Vida, então a segurança da nossa salvação não repousa em Cristo. No máximo, ela repousará em nosso próprio esforço constantemente assombrado pelo fracasso de nossa natureza pecaminosa.
A importância de ter o nome no Livro da Vida
A importância de ter o nome escrito no Livro da Vida fica muito clara na descrição da cena do juízo em Apocalipse 20. Especialmente no verso 15, lemos: “E aquele que não foi achado escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:15; cf. 21:27).
É interessante notar a importância do Livro da Vida em relação aos livros que contém os registros dos feitos das pessoas. No juízo final, os livros serão abertos e as pessoas serão julgadas de acordo com suas obras escritas nesses livros. Mas também será aberto o Livro da Vida! Qualquer um que não estiver registrado nele, por mais que tenha feito boas obras, jamais poderá alcançar justiça diante de Deus.
Isso significa que não é pelo esforço humano ou pelas boas obras que alguém poderá ter seu nome registrado no Livro da Vida. Esse registro se dá unicamente pela graça de Deus que, pelos méritos de Cristo, imputa justiça aos redimidos. 

O significado do Livro da Vida
O contexto histórico também nos ajuda entender o grande significado do Livro da Vida. Desde a antiguidade os povos tem o costume de manter registros de seus cidadãos. Os próprios judeus faziam isto (Ezequiel 13:9; Neemias 7:5,6; 12:22-24).
No primeiro século, durante o domínio do Império Romano, todos os cidadãos também eram registrados num tipo de cadastro civil. Quando alguém cometia um crime grave, seu nome era apagado deste registro.
Quando o livro do Apocalipse foi escrito, os cristãos eram acusados de crime grave por se recusarem a adorar o imperador romano. Por causa disso, muitos deles perdiam sua cidadania. É por isto que o significado do Livro da Vida é tão profundo, e a promessa de ter o nome escrito nele tão reconfortante.
No Apocalipse, o apóstolo João aplica o substantivo “nome” e o verbo “escrito” no singular. Com isto ele indica que não está se referindo a um registro coletivo, mas ao nome individual de cada cristão. Portanto, o significado do Livro da Vida aponta para a certeza particular que alguém tem, através da obra do Espírito Santo, de que é filho de Deus.

A mensagem do Livro da Vida
A mensagem do livro do Apocalipse é bem direta. O verdadeiro cristão pode até ter seu nome riscado do registro civil terreno por amor a Cristo. Porém, ele recebe do próprio Senhor a promessa de que jamais terá seu nome riscado do livro que está no céu.
Este conceito fica muito bem claro no que escreve o autor de Hebreus. Ele ressalta que mesmo estando os fieis ainda vivendo nesta terra, seus nomes estão arrolados no céu (Hebreus 12:23). Se a cidadania terrena pode ser perdida, a cidadania celestial é garantida para sempre pelos méritos de Cristo.
O nome do redimido pode cair no esquecimento neste mundo. No entanto, seu nome jamais será esquecido por Deus que o tem gravado na palma de suas mãos (cf. Isaías 49:16). Os nomes escritos no Livro da Vida nunca perderão a validade, pois o sangue de Cristo jamais perderá a eficácia.



Por Que Deus Não Permitiu Que Todos Ouvissem o Evangelho?
Diante da realidade de que muitas pessoas nunca ouviram o Evangelho durante a História da humanidade, muita gente não entende por que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho quando passaram por este mundo.
Esse texto é a continuação do assunto tratado no texto anterior “Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?“, onde falamos sobre a situação, em relação a salvação, de quem nunca ouviu o Evangelho, e se há alguma injustiça da parte de Deus na condenação dessas pessoas.

Por que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho?
De alguma forma, Deus é revelado a todos os homens. Isso é chamado de Revelação Natural. Um texto bíblico que expressa esse princípio está no livro de Salmos:
Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. (Salmos 19:1)

Basicamente o que essa referência em Salmos (como outras que também podem ser encontradas na Bíblia) está dizendo, é que o homem pode ter uma consciência geral sobre Deus percebendo as obras da criação. Porém, essa revelação não é suficiente para que alguém seja salvo, mas ela escancara a condição de que todos os humanos são indesculpáveis, ou seja, ninguém poderá chegar diante de Deus e dizer que não sabia da existência de um Deus. Os ateus não creem na existência de Deus, mas isso é diferente de não saber da existência dEle.
Na Epístola aos Romanos, aprendemos que os homens rejeitaram essa revelação de Deus na própria natureza e por isso constituíram para si mesmos outros deuses. Isso demonstra que não existe o conceito defendido por muitos de que se alguém que está em uma determinada religião, mas pratica o bem, e sua religião prega o amor, então isso é o que importa e Deus aceitará esse tipo de conduta.

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. (Romanos 1:20-23)

Existe também a chamada Revelação Especial, em que Deus se revela através de Sua Palavra, ou seja, é onde temos conhecimento dos mandamentos de Deus, do plano de Salvação em Cristo e da promessa de Seu retorno e juízo que consumará a História desse mundo.
Não temos as respostas para todas as perguntas referentes aos eternos propósitos de Deus, o que sabemos é que tudo acontece conforme a justa, perfeita e infalível vontade dEle e unicamente para a manifestação de Sua glória.
Entre obedecer a Deus e praticar a iniquidade, o homem sempre escolherá o mal, pois isso faz parte de sua natureza corrompida. Isso significa que mesmo se todas as pessoas ouvissem o evangelho não implicaria que mais pessoas seriam salvas, pois ao homem é impossível escolher o bem em relação a Deus, e muito menos salvar-se a si mesmo.
É por isso que se o Evangelho é anunciado a alguém, isto é graça, e não direito do homem. O pecado colocou o homem em divida com Deus e não o contrário. Esta questão seria um problema se a salvação fosse resultante da escolha do homem, pois no dia do juízo todos os que não ouviram o Evangelho teriam o direito de protestar, alegando que se tivessem ouvido teriam crido, ou seja, nesse caso seria uma condenação injusta.
Porém, quando entendemo que a salvação é simplesmente pela graça de Deus, e que nosso Deus é soberano e escolheu os Seus unicamente pela Sua vontade, sem ser influenciado por qualquer escolha ou mérito do homem, então esse problema sobre os que nunca ouviram o Evangelho fica totalmente resolvido.
Antes de tudo existir, maravilhosamente Ele escolheu os que são Seus e os “chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1:9).

Na Bíblia temos vários exemplos de pessoas que nos ajudam a compreender esse tema. Jó, Melquisedeque, Abraão e tantos outros, tinham em comum o fato de viverem em uma época onde o paganismo dominava a humanidade, onde a sociedade era corrompida pelo politeísmo, e o culto ao verdadeiro Deus havia sido esquecido.
Eu não sei como Jó conheceu a Deus, mas sei que ele O conheceu. Eu não sei quem evangelizou Melquisedeque, mas sei que ele foi sacerdote do Deus Altíssimo. Quanto a Abraão, bem, todos nós conhecemos a sua história, e como Deus o chamou dentre sua parentela pagã. Todos estes homens serviram o verdadeiro Deus, conheceram Seus mandamentos e creram verdadeiramente em Suas promessas, confiando em Sua infalível fidelidade.
Diante disso, seguramente podemos dizer que ninguém que poderia ser salvo será condenado porque não teve oportunidade. No livro de Atos, temos noticias do resultado de uma evangelização, e como o Evangelho transformou exatamente aqueles que deveriam ser transformados. Note que os que creram foram aqueles que haviam sido designados para a vida eterna:
Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna. (Atos 13:48)

Para finalizar, se os que nunca ouviram o Evangelho fossem salvos, então a missão de evangelizar teria sido um fracasso, pois seria muito melhor que ninguém tivesse sido evangelizado, pois assim, o número de salvos teria sido maior.
Porém, a ordenança que recebemos do nosso Senhor é que devemos anunciar o Evangelho a toda criatura, sendo que esse trabalho não será em vão, pois dentre essa humanidade caída Ele tem os Seus eleitos, os quais convêm agregar, e de uma forma incompreensível a nós, por um plano concebido ainda na eternidade, essas ovelhas não passarão por este mundo sem ouvir a voz do Seu Pastor.
Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João 10:16)

Leia também o texto “Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?“.

Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?
Algumas pessoas afirmam que aqueles que passaram por essa vida e não conheceram Jesus, ou seja, nunca ouviram o Evangelho, pelo desconhecimento serão salvas. A principal base deste argumento é o fato de Deus ser amor, e a condenação de um possível “inocente” seria uma injustiça por parte dEle. Mas será que realmente quem nunca ouviu o Evangelho será salvo?


Quem nunca ouviu o Evangelho será salvo? O que a Bíblia diz?
Para ser bem direto, a Bíblia diz que não há a mínima possibilidade de quem nunca ouviu o Evangelho ser salvo. Não existe outra forma de obter justificação perante o juízo de Deus se não for pelos méritos de Cristo. São vários textos bíblicos que podemos citar, vejamos alguns:
E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos. (Atos 4:12)

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)

Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. (1 Coríntios 3:11)
Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. (Romanos 10:13)

Essa verdade revelada nas Escrituras de modo algum afronta a bondade, a misericórdia, o amor ou qualquer atributo do nosso Deus. Algumas pessoas entendem errado esse principio, e pensam que agindo assim, Deus estaria sendo injusto, porém é exatamente o contrário disso, Deus age assim por ser plenamente justo.

Não existem inocentes dentre a raça humana
A ideia de que é injusto alguém que nunca ouviu o Evangelho ser condenado, é facilmente derrubada quando entendemos que não existem inocentes entre os homens (Jo 5:42; Rm 3:10-12, 23; Rm 7:18,23; Ef 4:18; 2Tm 3:2-4; Tt 1:15). Vamos citar alguns versículos que ensinam essa verdade:
E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente. (Salmos 143:2)
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só.
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; (Romanos 3:12,23)

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (Romanos 5:12)

Deus de forma alguma é injusto, ao contrário, Ele é totalmente justo. Após a queda do homem, lá com Adão, ainda no Éden, todos os homens, sem exceção, passaram a merecer a condenação eterna. Note que não é a injustiça de Deus que condena a humanidade, mas Sua justiça diante da própria perversidade e desobediência do homem. Quando um pecador é condenado ele não está recebendo injustiça da parte de Deus, ao contrário, ele está recebendo a pura justiça de Deus.

Existe algum versículo onde claramente fala sobre a condição de pessoas que nunca conheceram os mandamentos de Deus?
Existem vários versículos que expressam essa condição e, em todos eles, fica claro que mesmo sem conhecer os mandamentos de Deus, os homens perecem. Creio que um dos versículos mais claros sobre isso está na Carta de Paulo aos Romanos:
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. (Romanos 2:12)

Como alguém pode ser cobrado por algo que nunca conheceu?
Mesmo se alguém argumentasse que nunca ouviu falar sobre a existência do verdadeiro Deus, e se houvesse a possibilidade de que esse alguém fosse absolvido da condenação segundo a sua própria conduta, ainda assim essa pessoa seria condenada, isso porque todos os homens, conhecedores ou não do verdadeiro Deus, possuem um padrão moral dentro si, isto é, todos de uma forma ou de outra julgam o que acham ser a conduta correta.
Ainda no capítulo 2, da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo fala sobre isso:

Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;
(Romanos 2:14,15)

Se alguém disser que passou a vida sob a base de que deveria fazer o bem, praticando boas obras e amando o próximo, seria inevitável perguntar: Essa pessoa sempre fez o bem? Em todas as oportunidades ela praticou boas obras? Em todos os momentos de sua vida ela amou o próximo? A resposta seria evidente: não!
Até mesmo os que conheceram a Lei não puderam ser salvos por ela, pois a Lei veio para oficializar a incapacidade do homem em cumpri-la. Nunca houve, e nunca haverá salvação a não ser unicamente pela graça de Deus.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
(Efésios 2:8)
Ao longo da História muitas dessas pessoas que nunca ouviram falar de Jesus viveram suas vidas mergulhadas no paganismo e praticando uma série de atrocidades. Não são poucos os relatos de missionários que foram evangelizar tribos e povoados que nunca haviam escutado falar da existência de Jesus, e que descrevem o desprezo, a rejeição e a perversidade destas pessoas em relação ao Evangelho que estava sendo anunciado. Isso prova que os que nunca ouviram o Evangelho não são inocentes por isso.
Uma coisa importante que também precisamos considerar é que a Bíblia ensina que o grau de conhecimento que uma pessoa recebeu fará diferença em seu julgamento, no sentido de ser mais brando ou mais severo, porém isso não significa absolvição. A absolvição só pode ocorrer pela justificação em Cristo Jesus.
Esse ensino também reflete a justiça de Deus que irá considerar o conhecimento, oportunidades e as vantagens que alguém desfrutou nessa vida em relação à iluminação sobre a verdade (Am 3:2; Lc 12:47,48; Hb 10:29; Mt 11:10-24; Lc 10:12-15).

E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá. (Lucas 12:47,48)

Sendo assim, podemos concluir que não existe possibilidade alguma de alguém que nunca ouviu o Evangelho ser salvo, pois isso implicaria em outro meio de salvação, o qual não seria pelos méritos de Cristo.