Nós Nos
Reconheceremos no Céu? Teremos Lembranças Das Pessoas?
Iremos nos reconhecer no Céu? Esta é uma pergunta
que desperta a curiosidade de muita gente. Alguns dizem que não iremos nos
reconhecer no Céu, pois o reconhecimento de amigos e familiares na eternidade
implicaria em lembranças terrenas. Como nem todas as nossas lembranças serão
boas, então isto nos causaria infelicidade. Já outros afirmam que certamente
nos reconheceremos no Céu, pois caso contrário, a própria obra da redenção não
faria sentido.
A Bíblia diz que iremos nos reconhecer
no Céu?
A Bíblia indica claramente que iremos reconhecer
uns aos outros na eternidade. Embora não haja um versículo específico onde
podemos ler explicitamente “no céu nós iremos nos
reconhecer”, existem muitas passagens bíblicas que apontam nessa
direção. Podemos citar alguns exemplos aqui:
1. Ao falar da morte de seu filho recém-nascido,
o rei Davi admitiu
que ele só poderia encontrá-lo novamente na eternidade (2 Samuel 12:23). Como
ele poderia expressar essa certeza se não pensasse que no Céu poderia
reconhecê-lo?
2. Jesus também fala da bem-aventurança eterna
indicando um grande banquete onde nos assentaremos à mesa juntos com
Abraão, Isaque e
Jacó (Mateus 8:5-11). Isto implica na ideia de que reconheceremos Abraão,
Isaque e Jacó. Se
seremos capazes de reconhecer pessoas que nunca vimos, que dirá então aquele
que convivemos?
3. Na transfiguração de Jesus, evidentemente o texto
bíblico revela que Moisés e o profeta Elias se
reconhecem. Além do mais, eles também são reconhecidos pelos discípulos (Mateus
17:3,4).
4. Na história do rico e Lázaro, o
homem rico reconhece Lázaro e Abraão e se lembra de que
na terra havia deixado cinco irmãos (Lucas 16:19-31).
5. Em 1 Tessalonicenses 4:13-18 o apóstolo Paulo conforta
seus leitores justamente sobre a questão de seus familiares que já tinham
partido para o Senhor. Que sentido faria esse conforto se os crentes na
eternidade nunca mais iriam reconhecer uns aos outros?
A importância da memória na eternidade
Sem dúvida, muito da obra da redenção perderia o
sentido se na eternidade não nos lembrássemos das coisas passadas. No dia do
julgamento, por exemplo, obviamente as pessoas deverão se lembrar de cada
detalhe de suas vidas. Jesus até fala de certas pessoas que se lembrarão de
seus atos na tentativa frustrada de se justificarem. Essas pessoas
profetizaram, fizeram milagres e expulsaram demônios, apesar de nunca terem
sido salvas (Mateus 7:22).
É verdade que aqui algumas pessoas alegam que a
perda da memória ocorrerá exatamente após o juízo. Elas se baseiam em
Apocalipse 21:4. Neste texto lemos que Deus limpará de nossos olhos toda a
lágrima e que as primeiras coisas serão passadas.
Porém, este versículo em nenhum momento fala sobre
a perda da memória na eternidade. O texto bíblico está indicando que a maldição
do pecado que afetou a criação divina desaparecerá, porque Deus fará novas
todas as coisas. O foco principal do versículo não é revelar simplesmente a
abolição das coisas antigas, mas apontar para a redenção que explica o porquê
de serem feitas novas todas as coisas.
Além disso, como poderemos louvar a Deus por toda
eternidade se não nos lembrarmos de se seus maravilhosos atos de redenção?
Alguns até podem dizer que nós nos lembraremos de nossas próprias vidas, mas
não de nossos amigos e familiares.
Mas como pode ser possível lembrarmo-nos de nossas
vidas sem que nos lembremos de parte tão importante dela, isto é, os nossos
relacionamentos interpessoais? Que tipo de lembrança será essa, onde todas as
memórias de relacionamentos serão apagadas?
Por fim, o apóstolo Paulo fala que no Céu sua coroa
e alegria serão seus filhos espirituais, isto é, as pessoas convertidas por
meio de seu ministério (1 Tessalonicenses 2:19,20; cf. 2 Coríntios 4:14) Em
outras palavras, os missionários sentirão uma alegria suprema quando
contemplarem os frutos de seus esforços missionários diante de Deus.
Se nós nos reconheceremos no Céu, não
ficaremos tristes?
Como já foi dito, muita gente acredita que não
poderemos nos reconhecer no Céu porque isto implicaria numa infelicidade. Como
poderemos ser plenamente felizes no Céu se por ventura não encontrarmos alguns
amigos e familiares? No entanto, este tipo de argumento só faria sentido se não
ocorresse a transformação e renovação de todas as coisas da qual a Bíblia fala.
Toda opressão, dor e sofrimento causados pelo
pecado e seus efeitos, serão aniquilados. Isto significa que nossa memória será
purificada de toda a mancha pecadora. No entanto, ainda assim ela será uma
memória. Nós teremos lembranças e nos reconheceremos no Céu, mas não
sofreremos.
Além disso, apesar de nós nos reconhecermos no Céu,
nossas relações terrenas não farão mais sentido na vida futura. Embora
poderemos reconhecer nossos conjugues, por exemplo, não teremos mais o
sentimento de relação matrimonial (Mateus 12:46-50). O mesmo serve para todas
as relações familiares, incluindo as pessoas que não estarão conosco no
paraíso.
Saiba mais sobre se seremos casados após a ressurreição.
Haverá
Casamento no Céu? Existirá Casamento Após a Ressurreição?
A Bíblia diz que não haverá casamento no Céu. Foi o
próprio Jesus quem ensinou que na eternidade ninguém será casado ou se casará
(Mateus 22:30). Certamente no Céu teremos muitas atividades e seremos parte de
um grande relacionamento familiar, mas o casamento não mais existirá.
Sobre isto, também é importante entender que quando
falamos no Céu como nossa morada futura, na verdade estamos nos referindo ao
universo renovado e purificado. Esse lugar é chamado nas Escrituras de “novo
céu e nova terra”, onde habitaremos eternamente com Deus após a ressurreição
(Apocalipse 21:1). A ideia de que o paraíso futuro será algo etéreo é fruto da
imaginação da Idade Média e não tem qualquer base bíblica.
Hoje, de fato, os crentes que morrem encontram-se
espiritualmente com Deus em sua morada celestial (cf. Atos 7:59; Filipenses
1:21,23). Porém, eles estão aguardando a ressurreição de seus corpos e o início
da nova realidade que se dará após a consumação dos séculos com a vinda de
Cristo (1 Tessalonicenses 4:16).
Quando Jesus disse que não haverá
casamento no Céu?
Jesus disse que no Céu não haverá casamento ao
responder uma pergunta capciosa dos saduceus. Esse partido judaico não cria na
imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, no juízo final e na existência
de anjos. Eles eram mundanos, isto é, apegados apenas a coisas terrenas e
materiais.
Certo dia, já na semana da paixão, alguns representantes
desse grupo se aproximaram de Jesus. Eles queriam justamente tentar
ridicularizar a doutrina da ressurreição dos mortos. Mal eles sabiam que a
ressurreição que marcaria para sempre a História aconteceria em poucos dias.
Então eles fizeram uma pergunta à Jesus com base na
lei do casamento levirato, registrada no Pentateuco (Deuteronômio
25:5,6). De acordo com essa lei, uma viúva deveria casar-se com o irmão de seu
marido ou um parente próximo, caso ele tivesse morrido sem gerar filhos. Os
saduceus usaram como exemplo uma mulher que supostamente teria se casado com
sete irmãos segundo a lei do casamento levirato. Após contarem a história dessa
mulher, eles fizeram a seguinte pergunta: “Na ressurreição, pois, de qual
dos sete será ela esposa?” (Mateus 22:28).
Obviamente os saduceus não estavam preocupados se
no Céu os laços matrimoniais seriam mantidos. Eles queriam apenas provar que a
fé na imortalidade da alma, e consequentemente na ressurreição, era absurda.
Eles achavam que Jesus ficaria sem saída, pois afinal, eles tinham feito a
pergunta com base nas Escrituras. Mas Jesus lhes advertiu que eles não
conheciam nem as Escrituras e nem o poder de Deus da qual elas testificam
(Mateus 22:29).
Não haverá casamento após a ressurreição
Depois de repreendê-los por seu erro de
interpretação e aplicação das Escrituras, Jesus respondeu de forma bem direta a
pergunta deles acerca do casamento após a ressurreição. Jesus disse: “Porque na ressurreição não se casa nem se dá em casamento, mas
são como os anjos celestiais” (Mateus 22:30).
Jesus disse que nesse aspecto, e apenas nele,
seremos semelhantes aos anjos que também não se casam. É interessante notar a
forma com que Jesus aplica a figura dos anjos para explicar a questão do
casamento na ressurreição.
Como foi dito, os saduceus não negavam apenas a
ressurreição, mas também a existência dos anjos. Quando tentaram apontar um
problema na crença da ressurreição, eles citaram o Pentateuco. Para eles,
somente o Pentateuco tinha autoridade máxima como Escritura. Quando Jesus
adicionou os anjos em sua resposta, Ele escancarou a falta de conhecimento dos
saduceus nas Escrituras. O Pentateuco, muito claramente, ensina a existência dos
anjos (Gênesis 19:1-15; 28:12; 32:1).
Por que no Céu não haverá mais
casamento?
A Bíblia não fornece muitos detalhes sobre como
será o nosso corpo ressurreto. Sabemos apenas que será semelhante ao de Cristo
(1 Coríntios 15:51-53). Quando olhamos para as finalidades do matrimônio, fica
fácil entender por que no Céu não haverá mais casamento. O casamento faz parte
da estrutura da criação na era presente. Na era futura, isto é, no estado
eterno, essa estrutura não será mais a mesma. Além do mais, a Bíblia deixa
claro que o casamento cessa com a morte de um dos cônjuges (Romanos 7:2,3).
Quando Deus criou a mulher e uniu o primeiro casal,
Adão e Eva, Ele apontou as finalidades principais do casamento. A mulher é a
adjutora do homem, isto é, sua companheira. Segundo a ordem do Senhor, o homem
deve deixar sua família de nascimento e unir-se com sua mulher. Juntos, o homem
e a mulher devem encontrar um no outro amor, satisfação, prazer, alegria e
companhia por toda a vida. Deus também indicou que o casamento do homem e da
mulher naturalmente deveria resultar em filhos.
No entanto, é muito claro o ensino bíblico de que o
corpo glorioso será imortal (1 Coríntios 15:51-53). Isto significa que com a
ausência da morte, a raça humana não precisará mais ser reproduzida. Além
disso, os redimidos ressuscitados desfrutarão de uma indescritível comunhão com
Deus por toda eternidade. No novo céu e nova terra viveremos para sempre como
uma grande família desfrutando do mais elevado amor fraternal. Não haverá mais
a necessidade de encontrarmos no casamento a companhia para toda uma vida
eterna.
Logo, o matrimônio será uma coisa do passado, e por
isto não haverá mais casamento no Céu. De qualquer forma, não devemos nos
entristecer por causa disto. Apesar de muito de nossa vida futura ser ainda um
mistério, sem dúvida nossos relacionamentos acontecerão num nível muito
superior ao que conhecemos hoje. Lá poderemos nos alegrar com antigos amigos e
familiares, irmãos em Cristo, de uma forma muito mais especial.
Por mais que não entendamos agora, na eternidade
jamais ficaremos infelizes pela eventual falta de uma pessoa querida enquanto
nossa vida terrena. Lá estaremos completamente satisfeitos e realizados diante
de Deus. Juntamente com todos aqueles que fizeram a vontade do Pai, seremos uma
grande família (cf. Mateus 12:46-50).
Haverá lembranças no Céu
A ideia de que não poderemos nos reconhecer no Céu
e que teremos nossa memória terrena apagada, não é bíblica. Na verdade, ela tem
origem em religiões pagãs. Os gregos, por exemplo, acreditavam que após a morte
as pessoas tomavam da água de um tipo de mar do esquecimento. Esse ritual
aniquilava qualquer elemento de continuidade entre a vida passada e a vida
futura.
Mas como vimos, este tipo de pensamento não é
bíblico. Nós fomos criados para a comunhão, e ter comunhão implica em
relacionamento, e relacionamento exige memória. Mas é preciso que tenhamos em
mente que a finalidade principal do homem é glorificar a Deus e se alegrar nele
para sempre.
Nós nos reconheceremos no Céu para que juntos, em
comunhão, não apenas com aqueles que conhecemos durante a vida terrena, mas com
todos os outros redimidos, possamos viver em completa comunhão com Deus. A
esperança de nos reencontrarmos na eternidade sempre deve ser vista da
perspectiva da comunhão com Cristo. Por isto o salmista declara: “Quem mais tenho eu no céu senão a Ti? ” (Salmo
73:25).
O Que é o
Juízo Final e Qual o Seu Significado na Bíblia?
O juízo final é o evento em que Deus irá julgar os
homens e os seres espirituais. O juízo final marca
a transição entre a consumação da presente era e o início do estado eterno,
sendo amplamente referenciado em toda Bíblia, com particular detalhe no livro
do Apocalipse, sobretudo na passagem onde é descrito “o grande trono
branco”.
Neste estudo bíblico, conheceremos um
pouco mais sobre o que é o juízo final segundo a Bíblia,
e consideraremos alguns pontos fundamentais sobre este evento que todos os
cristãos verdadeiros devem conhecer.
O juízo final e as diferentes correntes
escatológicas
Sabemos que a escatologia não é um tema
fácil, e há muita discussão entre os cristãos nessa área. Das diferentes
opiniões acerca do assunto, surgiram diferentes correntes
escatológicas.
Quanto ao juízo final, cada
uma delas o interpreta de maneira diferente de acordo com o entendimento que
possuem acerca dos eventos finais descritos na Bíblia.
De maneira geral, todas elas concordam que todas as pessoas serão julgadas, embora discordem do
momento em que acontecerá tal julgamento, e da quantidade de julgamentos que ocorrerão,
conforme veremos a seguir:
·
Amilenismo e
Pós-Milenismo: defendem que
haverá um único julgamento geral de todas as pessoas, isto é, o juízo final, e
ocorrerá imediatamente após a segunda vinda de Cristo.
·
Pré-Milenismo
Histórico: geralmente seus defensores
entendem que haverá dois julgamentos, sendo o primeiro na segunda vinda de
Cristo, e o segundo, no caso o juízo final, após a última revolta de Satanás
que ocorrerá ao fim do reino milenar e literal de Cristo na terra, o milênio.
·
Pré-Milenismo Dispensacionalista: esta posição é a mais complicada, pois mesmo
entre seus defensores há muitas opiniões divergentes. Alguns
dispensacionalistas ensinam a existência de até sete julgamentos, mas maioria
deles entende que haverá três julgamentos diferentes, sendo eles:
1. Julgamento por ocasião do arrebatamento da Igreja: ocorrerá na primeira fase da segunda vinda de
Cristo, ou seja, o arrebatamento secreto da
Igreja, e será o julgamento das obras do salvos, também
denominado como “Tribunal de Cristo“, onde os santos
serão galardoados.
2. Julgamento de judeus e gentios no final da grande
tribulação: ocorrerá na
segunda fase da segunda vinda de Cristo, sete anos após a primeira fase, isto
é, ao término da grande tribulação,
e servirá como base para determinar questões acerca do milênio. Esse julgamento
também é chamado de “Julgamento das Nações“.
3. Julgamento geral dos ímpios após o milênio: esse será o juízo final, o julgamento do
grande trono branco. Ele ocorrerá após a última revolta de Satanás que se dará
ao fim do milênio. Muitos dispensacionalistas entendem que nesse julgamento,
além dos anjos caídos, apenas os ímpios serão julgados, ou seja, será um
julgamento exclusivo para condenação. Já para outros, também serão julgados os
santos que morrerão durante o milênio.
Apesar das divergências, todas as correntes
escatológicas concordam que após o juízo final se dará
início ao estado eterno, com os ímpios condenados eternamente ao
lago de fogo, e os santos reinando com Deus no novo céu e nova terra.
Quantos juízos finais ocorrerão?
Bem, como vimos anteriormente, há muita discussão a
respeito da quantidade de julgamentos, e, dependendo da resposta dada a esta
pergunta, automaticamente uma determinada posição escatológica passará a ser
defendida.
Todavia, acredito que esse não deva ser um motivo
de divisão entre os cristãos, ao contrário, devemos nos unir fielmente na
esperança da chegada desse grande dia. Precisamos agir com respeito por
quem pensa diferente de nós, lembrando que também são cristãos genuínos que
amam a Palavra de Deus.
Para mim, considero herege apenas aqueles que negam
a realidade do juízo final, a condenação eterna dos ímpios, e a eternidade dos
santos com Deus. Particularmente entendo que a Bíblia sempre se refere ao
juízo final como um único evento diretamente ligado a vinda de Cristo e a
ressurreição geral dos mortos (Dn 12:2; Mt 7:22; 11:22;
12:41,42; 25:31-46; Jo 5:28,29; At 17:31; 24:14,15; Rm 2:5; 2Ts 1:7-10; 2Tm
1:12; 4:1,8; 2Pe 3:7; Jd 14; Ap 20:11-14).
Qualquer tentativa de se estipular dois, três ou
mais julgamentos não encontra fundamentação bíblica. Geralmente tais argumentos
são construídos valendo-se de versículos isolados ou pré-conceitos.
Muitos pré-milenistas dispensacionalistas insistem
em afirmar que passagens como Mateus 25:31-46 e 2 Coríntios 5:10 se referem a
julgamentos diferentes do julgamento do grande trono branco do capítulo 20 do
Apocalipse.
Sobre a referência no Evangelho de Mateus,
eles afirmam que se trata do julgamento das nações para
o início do milênio, e
quanto à referência da Epístola aos Coríntios, defendem que o Tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo para os crentes,
onde suas obras serão julgadas.
Primeiramente, precisamos admitir que no capítulo
25 de Mateus a ênfase no tema do juízo é notória. Entretanto, em tal passagem
nada é dito acerca do milênio, e o fato das nações estarem reunidas perante o
trono de Cristo, apenas mostra a completude e alcance desse julgamento,
pois todos estarão diante do Senhor, isto é, ninguém
escapará.
Fica claro também que o julgamento é individual, ou seja, as ovelhas são
separadas dos bodes.
Já na passagem de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo não
está estabelecendo uma distinção entre “dias de julgamentos”. Entender assim é
desconsiderar o contexto em que o capítulo está inserido, além de desconhecer o
objetivo do próprio texto, onde Paulo está tratando acerca da habitação dos
santos com o Senhor.
Em relação à referência ao julgamento presente no
capítulo (vers. 10), Paulo não está falando sobre quando será o julgamento, mas sim sobre quem e o que será julgado. Na verdade, o próprio
apóstolo nitidamente esperava um único dia de juízo (At
17:29-31; Rm 2:5-16; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12).
Existem temas difíceis na Bíblia, e este é um
deles. Porém, apesar de algumas coisas não estarem muito claras nas Escrituras,
o que não há nelas são erros e contradições. A Bíblia sempre se refere a esse
momento como “o dia do juízo“, não “os dias dos juízos“.
Portanto, não podemos isolar e forçar um texto
bíblico desconsiderando todas as outras passagens acerca do assunto, a fim de
construirmos um posicionamento teológico, pois isto resultaria numa aparente
contradição. Como a Palavra de Deus é inerrante e infalível, certamente o erro
está em nossa interpretação.
Quando ocorrerá o juízo final?
Depois que entendemos que haverá apenas um único juízo final, naturalmente surge
a pergunta acerca de quando este julgamento ocorrerá.
Vale lembrar que num certo sentido as pessoas são julgadas já no presente, isto
é, de acordo com a resposta delas com relação a Cristo ainda em vida.
Isto foi o que Jesus ensinou a Nicodemos no
Evangelho de João, ao dizer que “quem crê nele não é condenado,
mas quem não crê já está condenado”. No original, o termo traduzido
como “condenado” também significa “julgado”. Logo, quem não crê no nome
do unigênito Filho
de Deus já está julgado.
Isto implica na ideia de que o juízo de Deus já recai no presente sobre os incrédulos,
porém isto não anula a verdade de que a Bíblia aponta para um julgamento futuro e final, que ocorrerá na consumação
da História.
Sobre esse julgamento futuro, a Bíblia nos ensina
que ele acontecerá no final da presente era, “no último dia” (Jo
12:48), precedendo imediatamente o estabelecimento do estado eterno.
Na Parábola do Trigo e do Joio, Jesus explicou que
o julgamento se dará “na consumação deste mundo” (Mt
13:40). Segundo o próprio Jesus, esse momento ocorrerá por ocasião de Sua
segunda vinda, quando “Ele se assentará no trono da
sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará
uns dos outros…” (Mt 25:31,32).
O apóstolo Paulo também apontou exatamente para esse
mesmo momento escrevendo à igreja em Tessalônica (2Ts 1:7-10). Segundo Paulo,
esse será o dia em que o Senhor Jesus se manifestará desde o céu com os anjos
do Seu poder, “com labareda, tomando vingança dos que não
conhecem a Deus”.
O apóstolo Pedro também falou
sobre esse momento. Para ele, “os céus e a terra que agora
existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo,
até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios”(2Pe 3:7).
No versículo 10 do mesmo capítulo 3, Pedro
esclarece que esse evento acontecerá no dia da vinda do
Senhor, um dia que pegará o mundo iníquo de surpresa, pois “vira como ladrão”. Nesse dia se encerrará a presente
era, e começará a eternidade com “novos céus e nova terra, em
que habita a justiça”.
Apesar da Palavra de Deus nos esclarecer de maneira
geral a ordem dos eventos, ela não nos revela o momento exato em que isto
ocorrerá. Jesus falou que “daquele dia e hora ninguém
sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente o Pai” (Mt 24:36).
Embora não possamos estabelecer uma data, somos
confortados de que a hora do juízo final já está marcada.
No Evangelho de João lemos: “Não vos maravilheis disto;
porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E
os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal
para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28,29).
Qual será a duração do juízo final?
Esta pergunta é impossível de ser respondida sob os
padrões de medida de tempo que conhecemos. A Bíblia se refere ao momento do
juízo final como “o dia do juízo” (Mt 11:22), “aquele dia” (Mt 7:22; 2Ts 1:10; 2Tm 1:12) e “o dia da ira” (Rm 2:5).
Apesar de a Bíblia deixar claro que se trata de um único
dia de juízo, nós não sabemos como o tempo funcionará nesse momento. Em outras
palavras, não devemos entender o dia do julgamento final como um dia
necessariamente de 24 horas, além do que, a Bíblia também usa a palavra “dia”
para se referir a períodos mais longos.
O importante é que haverá tempo suficiente para que
todos sejam julgados, de modo que tal julgamento acontecerá sem interrupções,
imprevistos, recessos e adiamentos. O julgamento
final só terminará quando todos os ímpios estiverem no lago de fogo, e os
salvos acolhidos na bem-aventurança de Deus.
Onde ocorrerá o juízo final?
A Bíblia esclarece que o juízo final ocorrerá
diante de um grande trono branco (Ap 20:11).
No entanto, não se sabe onde estará este trono branco. Alguns estudiosos sugerem
que estará na terra, enquanto outros defendem que estará no céu (ou nos ares).
Os que preferem a terra, argumentam que seria mais lógico que o juízo final
fosse aqui considerando a ressurreição dos mortos.
Já os que argumentam em favor das alturas, consideram
que no livro do Apocalipse o
trono de Deus sempre está no céu, não na terra, além de que dificilmente
haveria lugar na terra para comportar todas as pessoas que já viveram deste que
o mundo foi criado, de modo que se apresentem todas juntas diante do trono do
juízo final.
Outros fazem um “combinado” das duas
possibilidades, ou seja, defendem que os mortos ressuscitados estarão na terra
e o trono branco estará nos ares, pairando sobre eles.
Particularmente, prefiro a sugestão de que o juízo
final ocorrerá nas alturas, isto por considerar o momento de colapso e
renovação em que o mundo a qual conhecemos estará submetido. Seja como for, o
importante é que o julgamento final ocorrerá, embora a Bíblia não determine
claramente o local em que se dará.
Quem será o juiz no juízo final?
Em algumas passagens bíblicas, o juízo é atribuído ao Pai (1Pe 1:17; Rm 14:10;
cf. Mt 18:35; 2Ts 1:5; Hb 11:6; Tg 4:12; 1Pe 2:23). Entretanto, de forma geral
o Novo Testamento aponta que Cristo será o Juiz.
No Evangelho de João, lemos que “o Pai ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (Jo
5:22). O apóstolo Paulo no livro de Atos dos Apóstolos, disse aos atenienses
que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por
meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o
dentre os mortos” (Atos 17:31; cf. 2Co 5:10).
É importante entender que não há qualquer
contradição acerca deste assunto. Basta nos atentarmos para a verdade bíblica
de que nas obras divinas da criação, providência, redenção e finalmente no
juízo, as três Pessoas da Trindade cooperam.
Logo, Deus o Pai, por meio do Cordeiro, Jesus
Cristo, será o juiz, ou seja, a honra de julgar os vivos e os
mortos foi conferida a Cristo, que julgará todos os homens em nome de Seu Pai (Dn
7:13; Mt 13:40-43; 25:31,32,41-46; 26:64; 28:18; Jo 5:22-27; At 10:42; 2Co
5:10; Fp 2:9,10; 2Tm 4:1; Hb 9:27; 10:25-31; 12:23; 2Pe 3:7; Jd 6,7; Ap
20:11-15). Isto está de acordo com o fato de que foi Cristo quem se encarnou,
morreu e ressuscitou.
Os salvos são aqueles que creem nEle, e os
condenados são aqueles rejeitam a Ele. Por isso é mais apropriado que Ele mesmo
julgue tais pessoas. Isso também será um tipo de recompensa por seu trabalho
realizado como Mediador, e a exaltação final de Seu trinfo maior. Este será o
momento em que o Cordeiro consumará todas as coisas, subjugará todos os seus
inimigos e entregará o Reino a Deus Pai (1Co 15:24).
Quem participará do julgamento final?
A Bíblia claramente afirma que os anjos estarão
associados a Cristo no juízo final (Mt 13:41,42; 24:31; 2Ts 1:7,8; Ap
14:17-20). O papel desempenhado por eles será o de reunir os ímpios para o
juízo diante do trono e os lançar no lago de fogo.
Outras passagens bíblicas também afirmam que os
santos, em seu estado glorificado, também participarão ativamente do julgamento
(Sl 149:5-9; 1Co 6:2,3). A Bíblia não é muito clara sobre como será essa
participação, porém é muito provável que seja no sentido de louvar e reconhecer
a integridade dos juízos de Cristo (Ap 15:3,4).
Quem será julgado no juízo final?
A Bíblia nos informa que todos os anjos caídos
serão julgados no juízo final (Mt 8:29; 2Pe
2:4; Jd 6). Além dos anjos caídos, todos os seres humanos,
de todas as épocas e gerações, também comparecerão diante do grande trono
branco para serem julgados.
Apocalipse 20:12 deixa claro que não haverá nenhuma
exceção, pois todos, “os grandes e os pequenos” estarão
diante de Deus. Considerando que não haverá outro julgamento, e que todas as
pessoas estarão diante do trono branco, logicamente os santos também estarão.
O ensino que afirma que os salvos não comparecerão no
juízo final não encontra base bíblica. O Novo
Testamento ensina explicitamente que os ímpios e os santos serão julgados no
mesmo dia de juízo.
No Evangelho de Mateus, Jesus disse aos escribas e
fariseus incrédulos que os ninivitas que se arrependeram nos dias do Profeta Jonas se
levantarão juntamente com eles no juízo, com a diferença de que eles não
receberão condenação, ao contrário, condenarão os ímpios daquela geração (Mt
12:41,42).
Relembrando a passagem já citada aqui de 2
Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo foi claro ao dizer que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada
um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.
Como já discutimos, Paulo não está falando de um
outro dia de juízo, mas apenas do único dia do juízo final pela qual ele
aguardava. Lembrando que ele sempre se refere a esse julgamento como “aquele dia” (2Ts 1:6-10; 2Tm 4:1,8; cf. At
17:31).
Na Carta aos Romanos (cap.
14:10), o mesmo Paulo escreve que “todos compareceremos perante o
tribunal de Deus”. Tiago, em sua epístola, adverte sobre a
responsabilidade que está sobre aqueles que ensinam a Palavra de Deus, pois
estes serão “julgados com maior rigor” (Tg
3:1).
Na Epístola aos Hebreus (cap.
10:30) lemos que “o Senhor julgará o seu povo” (cf.
1Pe 4:17).
Outro fato que nitidamente demonstra que os salvos
também estarão participando do juízo final é a abertura do livro da vida (Ap
20:12,15). O livro da vida será aberto e mostrará de uma forma indiscutível a
diferença entre os salvos e o incrédulos, entre as ovelhas e os bodes.
Entenda o que é o Livro da Vida.
Os que não tiverem seu nome registrado no livro da
vida serão lançados no lago de fogo, que é a segunda morte. Somente os salvos é
que terão seus nomes escritos nesse livro (Fp 4:3; Ap 13:8; 17:8; 20:15; 21:27;
cf. Lc 10:20).
Apesar de a Igreja comparecer diante do tribunal de
Cristo, ela não deve temer o dia do juízo final. Conforme vimos acima, os nomes dos santos estão escritos no livro
da vida, ou seja, não há qualquer condenação para aqueles que estão em Cristo
Jesus (Rm 8:1).
O apóstolo João, em sua primeira epístola, nos
ensina que aqueles que estão em Deus podem ter confiança no dia do juízo (1 Jo
4:17). Além dessa passagem também reafirmar que os salvos serão julgados, ela
explica que para eles não há o que temer.
O dia do juízo final será de terror para uns e de
grande alegria para outros. Enquanto os
ímpios receberão a condenação eterna, os santos serão salvos pelos méritos de
Cristo no “dia da ira e da revelação do justo juízo de
Deus” (Rm 2:5). Jesus é quem nos livra da ira
futura (1Ts 1:10).
O que será julgado no juízo final?
No juízo final serão julgadas todas as coisas que
foram feitas durante a vida presente, quer sejam más,
quer sejam boas (2Co 5:10). Isto inclui:
·
As obras: o livro do Apocalipse diz que “os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se
achava escrito nos livros” (Ap 20:12). O mesmo ensino
encontramos em várias outras referências bíblicas (Mt 25:35-40; Ef 6:8; Hb
6:10; cf. 1Co 3:8; 1Pe 1:17; Ap 22:12). Aqui também podemos incluir a questão
da omissão, ou seja, as vezes que erramos por deixarmos de fazer algo.
·
As palavras: Jesus foi claro ao dizer que “de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão
conta no dia do juízo” (Mt 12:36).
·
Os pensamentos: o apóstolo Paulo escreveu dizendo que quando
o Senhor vier, “não somente trará à plena luz as coisas
ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co
4:5; cf. Rm 2:16).
Resumindo, podemos dizer que no dia do juízo final
não há nada que agora esteja escondido que não será revelado (Lc 12:2; Mt 6:4,6,18; 10:26; 1Tm 5:24,25). O
julgamento de todas as coisas feitas pelos homens em vida, enfatiza a realidade
da responsabilidade humana ensinada na Bíblia.
Qual será o critério de julgamento no
juízo final?
Primeiramente, precisamos ressaltar que a
eternidade ao lado de Deus, ou a condenação eterna no lago de fogo, dependerá
exclusivamente se a pessoa estará vestida com a justiça de Cristo, ou seja, sem
a justificação pela fé em Cristo Jesus será impossível ser absolvido no juízo
final.
Em outras palavras, em nenhuma hipótese há qualquer
salvação fora de Cristo (Jo 3:16; 14:6; At 4:12; 1Co 3:11). O critério para a
salvação não são as obras, mas a graça.
Apesar de as obras serem julgadas no juízo final,
fica clara a intima ligação que há entre fé e obras, no sentido de que a verdadeira fé revela a si própria nas obras, ou seja,
as obras são a evidência da fé. Logo, se alguém possui a fé verdadeira, necessariamente produzirá boas obras (Mt 7:21; Tg
2:18-26).
Estabelecido este princípio, agora podemos dizer
que o critério de julgamento no juízo final será basicamente o conhecimento
da vontade revelada de Deus. A Bíblia nos mostra que algumas pessoas
recebem uma revelação maior da vontade de Deus do que outras (Mt 11:20-22).
Esta verdade nos leva ao fato de haverá graus de
castigos e também graus de glória. Jesus falou
exatamente sobre este ponto no Evangelho de Lucas, ao ensinar que “o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem
fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não
soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a
qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe
confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).
Perceba que Jesus ensinou que quanto maior a
revelação que alguém recebe acerca da vontade de Deus, maior será a sua
responsabilidade. Se a passagem
acima revela que haverá graus de sofrimento para os perdidos, outras passagens
também revelam que haverá graus de gloria para os santos, como por
exemplo, em 1 Coríntios 3:10-15, onde o apóstolo Paulo trata da questão
dos galardões.
Portanto, as pessoas serão julgadas com base na
quantidade de conhecimento receberam acerca da vontade de Deus, e como reagiram
ao conhecimento que receberam.
Dando um exemplo prático, uma pessoa que teve a
revelação da vontade de Deus apenas no Antigo Testamento, será julgada de
acordo com sua reação ao Antigo Testamento. Vale lembrar que o Antigo
Testamento aponta para Cristo, e que homens de Deus, no Espírito de Cristo,
pregaram a justiça (1 Pe 1:10,11; 3:18-20; 4:6).
Já quem recebeu a revelação completa da vontade de
Deus, isto é, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, será julgado
por sua reação a toda a Escritura. Logo, os santos da antiga dispensação
viveram pela fé na promessa que haveria de vir, e nós, da nova dispensação,
vivemos pela fé no cumprimento da promessa. De igual modo, todos nós seremos
julgados por isso.
Há também aqueles que não receberam essa revelação
especial de Deus através das Escrituras. Paulo fala sobre estas pessoas em sua
Carta aos Romanos, e diz que todos eles são indesculpáveis, pois apesar de não
terem recebido a revelação especial de Deus, ignoraram a clara revelação dEle
na natureza e na consciência, e não O honraram como Deus (Rm 1:18-21).
Para saber mais sobre isso, leia os seguintes
textos:
Os galardões no Juízo Final
Como pudemos ver, no juízo final o ímpio receberá
sua condenação com diferentes graus de castigo, e o santo receberá seu galardão
com diferentes graus de glória.
A Bíblia afirma que os salvos serão galardoados (Mt
5:11,12; 6:19-21; 25:23; Mc 9:41; Lc 6:35). Os galardões serão distribuídos
segundo as obras de cada um. Isto é o que o Apóstolo Paulo afirmou em 1
Coríntios 3:10-15.
Nesta passagem, Paulo utilizou seis materiais para
exemplificar a forma com que os santos constroem suas obras, sendo eles: ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Paulo também deixou claro
que o fundamento sobre o qual todos devem construir é um só: Jesus Cristo.
Depois, Paulo fala que a obra de cada um será testada pelo fogo, uma clara
referência ao dia do juízo de Deus.
O apóstolo completa dizendo que “se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou,
esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas
esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1Co
3:14,15).
Paulo está falando exatamente sobre o fato de que
cada cristão terá de prestar contas do que fez com a revelação de Deus em Seu
Filho. O cristão fiel e aplicado, que serve a Deus com diligencia e comprometimento,
será graciosamente recompensado por Deus com galardão.
Já o cristão que age com negligência, será punido,
sofrerá dano e terá suas obras queimadas. Apesar
disto, por Sua infinita graça, Deus lhe concede o dom da salvação. Note que o
tipo de material com que cada um construiu foi importante para o recebimento do
galardão, mas o determinante para a salvação foi o fundamento sobre o qual os
edificadores construíram, ou seja, ambos são salvos pela graça, pois de nada
adiantaria construir com ouro sobre outro fundamento que não seja Cristo.
Outro ponto importante é entender que os galardões
são dons da graça de Deus, ou seja, são presentes d’Ele para nós, e não
conquistas nossas, pois por melhor que pareçam ser as nossas obras, aos olhos
de Deus nenhuma delas é digna de honra (Lc 17:10). Se receberemos galardões,
isso também é graça.
Quais são os propósitos do juízo final?
Podemos citar alguns propósitos principais que
explicam a necessidade acerca do juízo final:
·
O juízo final
mostrará a soberania de Deus e a Sua glória na revelação do destino eterno de
cada pessoa que já existiu sobre a face da terra, e no desfecho final da
presente era. Na condenação dos ímpios, a justiça de Deus
será exaltada, bem como Sua graça será exaltada na salvação dos santos.
·
O juízo final será
o momento em que Cristo e seu povo serão publicamente vindicados. Todos os
homens verão aquele a quem crucificaram em grande esplendor e glória.
Agora, aquele a quem eles julgaram os julgará.
·
O juízo final
revelará o grau de punição ou de gloria (galardões) que cada um vai receber.
·
NO juízo final cada
pessoa será designada ao devido lugar em que passará a eternidade, isto é, ou o
novo céu e a nova terra ou o lago de fogo.
Qual o significado do juízo final?
O juízo final significa, sobretudo, que a História
não é conduzida pelo acaso. Nada do que
acontece escapa do conhecimento de Deus, pois Ele é soberano, e é Ele quem
governa a História.
O dia do juízo final mostrará o grande triunfo de
Deus e de Sua obra redentora, ou seja, a conquista final e decisiva sobre todo
mal, e a revelação máxima da vitória de Cristo, o Cordeiro que foi morto. O juízo final revelará e provará ao mundo que a vontade de Deus
será executada perfeitamente, e que nenhum de Seus planos poderá ser frustrado.
O Que é o Livro da Vida? O Que Significa Ter
o Nome Escrito Nele?
O Livro da Vida é o registro celestial dos redimidos através do sangue
de Jesus Cristo. Ele contém o nome daqueles que herdarão a vida eterna. Muitas
pessoas ficam curiosas a respeito do que é o Livro da Vida. Apesar de ele ser
mencionado principalmente no Apocalipse, existem referências sobre ele em
outras passagens bíblicas.
O Livro da Vida na Bíblia
O termo “Livro da Vida” é mencionado sete vezes no Novo Testamento. Seis
delas ocorrem no livro do Apocalipse e uma na Carta de Paulo aos Filipenses. O
apóstolo Paulo escreve que os nomes de seus cooperadores no ministério do
Evangelho estão escritos no Livro da Vida (Filipenses 4:3).
Já no livro do Apocalipse, o Livro da Vida é mencionado pela primeira
vez na carta direcionada à igreja em Sardes (Apocalipse 3:5). Depois, o livro
aparece em narrativas que declaram que os ímpios, os adoradores da besta que
sofrerão o juízo de Deus, não possuem seus nomes registrados nele (Apocalipse
13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27).
O conceito do Livro da Vida também está presente em outras passagens,
ainda que ele não seja chamado desta forma. Em Lucas 10:20, o próprio Jesus
ressalta que o maior motivo de alegria para os seus seguidores deve ser o fato
de que seus nomes estão “escritos nos céus”.
O escritor do livro de Hebreus também
diz algo semelhante ao escrever que os redimidos, os que pertencem à Nova
Aliança cujo Cristo é o mediador, têm seus nomes escritos nos céus (Hebreus
12:23). Essa expressão “escritos nos céus” indica
exatamente o Livro da Vida.
O Livro da Vida é citado no Antigo Testamento?
No Antigo Testamento também encontramos algumas referências a um livro
de Deus que contém o registro dos nomes das pessoas (Êxodo 32:32,33; Salmos
69:28; cf. 139:16). No entanto, não se trata do mesmo livro mencionado no Novo
Testamento. A diferença entre eles é que basicamente o livro mencionado no
Antigo Testamento refere-se à vida presente dos homens. Já o Livro da Vida
mencionado no Novo Testamento refere-se à vida vindoura.
Esse conceito fica especialmente claro no Salmo 69:28. O salmista Davi,
referindo-se aos ímpios, pede que seus nomes “sejam riscados do livro dos
vivos, e não sejam escritos com os justos” (Salmo 69:28).
O profeta Daniel também
menciona um livro que contém o nome daqueles que serão salvos num tempo de
angústia (Daniel 12:1). Alguns estudiosos entendem que essa talvez seja uma
referência ao próprio Livro da Vida. Já outros sugerem que ainda se trata do
livro que contém a lista daqueles que estão vivos neste mundo.
Quando o livro da vida foi escrito?
O Livro da Vida foi escrito por Deus ainda na eternidade. Algumas
pessoas pensam que o Livro da Vida está sendo escrito no decorrer da História.
Elas pensam que conforme os pecadores vão recebendo a Cristo como Salvador e
Senhor, seus nomes vão sendo escritos no Livro da Vida.
Porém, esse tipo de pensamento e ensino não encontra base bíblica. A
Bíblia é muito clara ao afirmar que os nomes dos salvos foram registrados no
Livro da Vida desde a fundação do mundo. Da mesma forma, os nomes dos ímpios
também estão ausentes deste livro deste o princípio (Apocalipse 13:8; 17:8).
Alguns até argumentam que a expressão “desde a fundação do mundo” não
significa “antes da fundação do mundo”. Logo,
isto implica na ideia de que o Livro da Vida vem sendo escrito ao longo dos
tempos. Mas a questão é que essa interpretação possui sérios problemas.
Em primeiro lugar ela não faz qualquer sentido à luz da gramática grega.
Em segundo lugar, ela também contradiz o ensino claro das Escrituras de que
Deus escolheu o seu povo, em Cristo, “antes da fundação do mundo” (Efésios
1:4).
Para explicar como pode alguém ter seu nome escrito no Livro da Vida
desde a eternidade, alguns apelam para a onisciência de Deus. Eles explicam que
Deus, por meio de sua presciência,
registrou o nome dos salvos nesse livro antes da criação do mundo.
Outros, por outro lado, apontam para a soberania divina na obra da
salvação. Isso significa que os nomes não foram registrados no Livro da Vida
com base no que Deus viu, mas unicamente pelo beneplácito de sua livre vontade.
A quem pertence o Livro da Vida?
O Livro da Vida pertence ao Cordeiro de Deus que foi morto. Nesse livro
está registrado o nome de cada um daqueles que foram comprados por Ele
(Apocalipse 13:8). Isso significa que todos aqueles que possuem seus nomes
registrados no Livro da Vida pertencem ao Senhor.
O apóstolo Pedro escreve que a comunidade dos santos é o povo eleito,
separado e adquirido pelo Senhor (1 Pedro 2:9). O Cordeiro morreu no lugar
daqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida, para que eles vivam ao
seu lado por toda a eternidade (Apocalipse 5:9).
Um nome pode ser apagado do Livro da Vida?
Existem diferentes interpretações sobre este assunto. Há quem defenda
que o nome de alguém pode ser apagado do Livro da Vida. Já outros entendem que
jamais um nome poderá ser apagado deste livro, pois isto seria uma negação da
segurança da salvação em Cristo.
Quem acredita que uma pessoa possa ter seu nome apagado do Livro da
Vida, recorre especialmente a dois textos bíblicos. O primeiro está no livro de
Êxodo, quando Moisés pede a Deus que seu
nome seja riscado de seu livro caso Israel fosse destruído. Naquela ocasião
Deus lhe respondeu que apenas riscará o nome daquele que pecar contra Ele
(Êxodo 32:32,33).
A segunda passagem bíblica está no livro do Apocalipse. Nela Jesus diz à
igreja em Sardes que jamais riscará do Livro da Vida o nome daquele que vencer
(Apocalipse 3:5). Alguns entendem que nesse texto está implícita a
possibilidade de um nome ser riscado.
O Livro da Vida não tem rasuras
Já quem defende que os nomes registrados no Livro da Vida são
definitivos e não podem ser apagados, observam os seguintes pontos:
·
A passagem de Êxodo
não se refere ao Livro da Vida, mas ao livro dos vivos. Isso significa que ter
o nome apagado desse livro implica na morte física, e não na condenação eterna
(cf. Êxodo 17:14; Salmo 69:28).
·
Apocalipse 3:5 não
é uma ameaça, ao contrário, é uma solene promessa. Jesus promete ao verdadeiro
cristão que: “de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
Livro da Vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus
anjos”. Aqui Jesus está reafirmando as promessas que Ele mesmo fez
durante seu ministério terreno (Mateus 10:32; João 10:28,29). Em outras
palavras, esse texto está declarando que não há qualquer possibilidade do nome
de um daqueles que Cristo comprou com seu sangue ser apagado do Livro da Vida.
·
Acreditar que o
Livro da Vida pode ser modificado no sentido de um nome ser apagado, é o mesmo
que admitir haver rasuras no eterno plano de Deus, e subestimar seus atributos.
Se o Livro da Vida foi escrito por Deus e pertence a Ele, por que Ele próprio
escreveria um nome sabendo que mais tarde teria de apagá-lo? A menos que se
neguem alguns dos atributos divinos, essa pergunta não pode ser respondida.
·
Se um nome pode ser
apagado do Livro da Vida, então a segurança da nossa salvação não repousa em
Cristo. No máximo, ela repousará em nosso próprio esforço constantemente
assombrado pelo fracasso de nossa natureza pecaminosa.
A importância de ter o nome no Livro da Vida
A importância de ter o nome escrito no Livro da Vida fica muito clara na
descrição da cena do juízo em Apocalipse 20. Especialmente no verso 15,
lemos: “E aquele que não foi achado escrito no Livro da Vida foi lançado
no lago de fogo” (Apocalipse 20:15; cf. 21:27).
É interessante notar a importância do Livro da Vida em relação aos
livros que contém os registros dos feitos das pessoas. No juízo final, os
livros serão abertos e as pessoas serão julgadas de acordo com suas obras
escritas nesses livros. Mas também será aberto o Livro da Vida! Qualquer um que
não estiver registrado nele, por mais que tenha feito boas obras, jamais poderá
alcançar justiça diante de Deus.
Isso significa que não é pelo esforço humano ou pelas boas obras que
alguém poderá ter seu nome registrado no Livro da Vida. Esse registro se dá
unicamente pela graça de Deus que, pelos méritos de Cristo, imputa justiça aos
redimidos.
O significado do Livro da Vida
O contexto histórico também nos ajuda entender o grande significado do
Livro da Vida. Desde a antiguidade os povos tem o costume de manter registros
de seus cidadãos. Os próprios judeus faziam isto (Ezequiel 13:9; Neemias 7:5,6;
12:22-24).
No primeiro século, durante o domínio do Império Romano, todos os
cidadãos também eram registrados num tipo de cadastro civil. Quando alguém
cometia um crime grave, seu nome era apagado deste registro.
Quando o livro do Apocalipse foi escrito, os cristãos eram acusados de
crime grave por se recusarem a adorar o imperador romano. Por causa disso,
muitos deles perdiam sua cidadania. É por isto que o significado do Livro da
Vida é tão profundo, e a promessa de ter o nome escrito nele tão reconfortante.
No Apocalipse, o apóstolo João aplica o substantivo “nome” e o verbo
“escrito” no singular. Com isto ele indica que não está se referindo a um
registro coletivo, mas ao nome individual de cada cristão. Portanto, o
significado do Livro da Vida aponta para a certeza particular que alguém tem,
através da obra do Espírito Santo, de que é filho de Deus.
A mensagem do Livro da Vida
A mensagem do livro do Apocalipse é bem direta. O verdadeiro cristão
pode até ter seu nome riscado do registro civil terreno por amor a Cristo.
Porém, ele recebe do próprio Senhor a promessa de que jamais terá seu nome
riscado do livro que está no céu.
Este conceito fica muito bem claro no que escreve o autor de Hebreus.
Ele ressalta que mesmo estando os fieis ainda vivendo nesta terra, seus nomes
estão arrolados no céu (Hebreus 12:23). Se a cidadania terrena pode ser
perdida, a cidadania celestial é garantida para sempre pelos méritos de Cristo.
O nome do redimido pode cair no esquecimento neste mundo. No entanto,
seu nome jamais será esquecido por Deus que o tem gravado na palma de suas mãos
(cf. Isaías 49:16). Os nomes escritos no Livro da Vida nunca perderão a
validade, pois o sangue de Cristo jamais perderá a eficácia.
Por Que Deus Não Permitiu Que Todos Ouvissem o Evangelho?
Diante da
realidade de que muitas pessoas nunca ouviram o Evangelho durante
a História da humanidade, muita gente não entende por que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho quando
passaram por este mundo.
Esse
texto é a continuação do assunto tratado no texto anterior “Quem Nunca Ouviu o Evangelho
Será Salvo?“, onde falamos sobre a situação, em relação a
salvação, de quem nunca ouviu o Evangelho, e se há alguma injustiça da parte de
Deus na condenação dessas pessoas.
Por
que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho?
De alguma
forma, Deus é revelado a todos os homens. Isso é chamado de Revelação Natural. Um texto bíblico que expressa esse
princípio está no livro de Salmos:
Os céus
declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. (Salmos
19:1)
Basicamente
o que essa referência em Salmos (como outras que também podem ser encontradas
na Bíblia) está dizendo, é que o homem pode ter uma consciência geral sobre
Deus percebendo as obras da criação. Porém, essa revelação não é suficiente
para que alguém seja salvo, mas ela escancara a condição de que todos os humanos são indesculpáveis, ou seja, ninguém
poderá chegar diante de Deus e dizer que não sabia da existência de um Deus. Os
ateus não creem na existência de Deus, mas isso é diferente de não saber da
existência dEle.
Na Epístola aos Romanos,
aprendemos que os homens rejeitaram essa revelação de Deus na própria natureza
e por isso constituíram para si mesmos outros deuses. Isso demonstra que não
existe o conceito defendido por muitos de que se alguém que está em uma
determinada religião, mas pratica o bem, e sua religião prega o amor, então
isso é o que importa e Deus aceitará esse tipo de conduta.
Porque as
suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como
a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto,
tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças,
antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
E mudaram
a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e
de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. (Romanos 1:20-23)
Existe
também a chamada Revelação Especial, em
que Deus se revela através de Sua Palavra, ou seja, é onde temos
conhecimento dos mandamentos de Deus, do plano de Salvação em Cristo e da
promessa de Seu retorno e juízo que consumará a História desse mundo.
Não temos
as respostas para todas as perguntas referentes aos eternos propósitos de Deus,
o que sabemos é que tudo acontece conforme a justa, perfeita e infalível
vontade dEle e unicamente para a manifestação de Sua glória.
Entre
obedecer a Deus e praticar a iniquidade, o homem sempre
escolherá o mal, pois isso faz parte de sua natureza corrompida. Isso significa
que mesmo se todas as pessoas ouvissem o evangelho não implicaria que mais
pessoas seriam salvas, pois ao homem é impossível escolher o bem em relação a
Deus, e muito menos salvar-se a si mesmo.
É por
isso que se o Evangelho é anunciado a alguém, isto é graça, e não direito do
homem. O pecado colocou o homem em divida com Deus e não o contrário. Esta
questão seria um problema se a salvação fosse resultante da escolha do homem,
pois no dia do juízo todos os que não ouviram o Evangelho teriam o direito de protestar,
alegando que se tivessem ouvido teriam crido, ou seja, nesse caso seria uma
condenação injusta.
Porém,
quando entendemo que a salvação é simplesmente pela
graça de Deus, e que nosso Deus é soberano e escolheu os Seus
unicamente pela Sua vontade, sem ser influenciado por qualquer escolha ou
mérito do homem, então esse problema sobre os que nunca ouviram o
Evangelho fica totalmente resolvido.
Antes de
tudo existir, maravilhosamente Ele escolheu os que são Seus e os “chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas
segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes
dos tempos dos séculos” (2Tm 1:9).
Na Bíblia
temos vários exemplos de pessoas que nos ajudam a compreender esse tema.
Jó, Melquisedeque,
Abraão e tantos outros, tinham em comum o fato de viverem em uma época onde o
paganismo dominava a humanidade, onde a sociedade era corrompida pelo
politeísmo, e o culto ao verdadeiro Deus havia sido esquecido.
Eu não
sei como Jó conheceu a Deus, mas sei que ele O conheceu. Eu não sei quem
evangelizou Melquisedeque, mas sei que ele foi sacerdote do Deus Altíssimo.
Quanto a Abraão,
bem, todos nós conhecemos a sua história, e como Deus o chamou dentre sua
parentela pagã. Todos estes homens serviram o verdadeiro Deus, conheceram Seus
mandamentos e creram verdadeiramente em Suas promessas, confiando em Sua
infalível fidelidade.
Diante
disso, seguramente podemos dizer que ninguém que poderia ser salvo
será condenado porque não teve oportunidade. No livro de Atos,
temos noticias do resultado de uma evangelização, e como o Evangelho
transformou exatamente aqueles que deveriam ser transformados. Note que os que
creram foram aqueles que haviam sido designados para a vida eterna:
Ouvindo
isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos
os que haviam sido designados para a vida eterna. (Atos 13:48)
Para
finalizar, se os que nunca ouviram o Evangelho fossem salvos, então a missão de evangelizar teria sido um fracasso, pois
seria muito melhor que ninguém tivesse sido evangelizado, pois assim, o número
de salvos teria sido maior.
Porém, a
ordenança que recebemos do nosso Senhor é que devemos anunciar o Evangelho a toda criatura, sendo que esse
trabalho não será em vão, pois dentre essa humanidade caída Ele tem os Seus
eleitos, os quais convêm agregar, e de uma forma incompreensível a nós, por um
plano concebido ainda na eternidade, essas ovelhas não passarão por este mundo
sem ouvir a voz do Seu Pastor.
Ainda
tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas,
e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João 10:16)
Leia
também o texto “Quem Nunca Ouviu o Evangelho
Será Salvo?“.
Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?
Algumas
pessoas afirmam que aqueles que passaram por essa vida e não conheceram Jesus,
ou seja, nunca ouviram o Evangelho, pelo desconhecimento serão salvas. A principal base deste argumento é o fato
de Deus ser amor, e a condenação de um possível “inocente” seria uma injustiça
por parte dEle. Mas será que realmente quem nunca ouviu o Evangelho
será salvo?
Quem
nunca ouviu o Evangelho será salvo? O que a Bíblia diz?
Para ser
bem direto, a Bíblia diz que não há a mínima possibilidade
de quem nunca ouviu o Evangelho ser salvo. Não existe outra forma de
obter justificação perante o juízo de Deus se não for pelos méritos de Cristo.
São vários textos bíblicos que podemos citar, vejamos alguns:
E em
nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos. (Atos 4:12)
Disse-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim. (João 14:6)
Porque
ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo. (1 Coríntios 3:11)
Porque
todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. (Romanos 10:13)
Essa
verdade revelada nas Escrituras de modo algum afronta a bondade, a
misericórdia, o amor ou qualquer atributo do nosso Deus. Algumas pessoas
entendem errado esse principio, e pensam que agindo assim, Deus estaria sendo
injusto, porém é exatamente o contrário disso, Deus age
assim por ser plenamente justo.
Não
existem inocentes dentre a raça humana
A ideia
de que é injusto alguém que nunca ouviu o Evangelho ser condenado,
é facilmente derrubada quando entendemos que não existem inocentes entre os
homens (Jo 5:42; Rm 3:10-12, 23; Rm 7:18,23; Ef 4:18; 2Tm
3:2-4; Tt 1:15). Vamos citar alguns versículos que ensinam essa verdade:
E não
entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum
vivente. (Salmos 143:2)
Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem
um só.
Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; (Romanos 3:12,23)
Portanto,
como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também
a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (Romanos 5:12)
Deus de
forma alguma é injusto, ao contrário, Ele é totalmente justo. Após a queda do homem,
lá com Adão,
ainda no Éden, todos os homens, sem exceção, passaram a merecer a condenação
eterna. Note que não é a injustiça de Deus que condena a
humanidade, mas Sua justiça diante da própria perversidade e desobediência do
homem. Quando um pecador é condenado ele não está recebendo
injustiça da parte de Deus, ao contrário, ele está recebendo a pura justiça de
Deus.
Existe
algum versículo onde claramente fala sobre a condição de pessoas que nunca
conheceram os mandamentos de Deus?
Existem
vários versículos que expressam essa condição e, em todos eles, fica claro que
mesmo sem conhecer os mandamentos de Deus, os homens perecem. Creio que um dos
versículos mais claros sobre isso está na Carta de Paulo aos Romanos:
Porque
todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a
lei pecaram, pela lei serão julgados. (Romanos 2:12)
Como
alguém pode ser cobrado por algo que nunca conheceu?
Mesmo se
alguém argumentasse que nunca ouviu falar sobre a existência do verdadeiro
Deus, e se houvesse a possibilidade de que esse alguém fosse absolvido da
condenação segundo a sua própria conduta, ainda assim essa pessoa seria
condenada, isso porque todos os homens, conhecedores ou não do verdadeiro Deus,
possuem um padrão moral dentro si, isto é, todos de uma forma ou de outra
julgam o que acham ser a conduta correta.
Ainda no
capítulo 2, da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo fala sobre
isso:
Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
Os quais
mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua
consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;
(Romanos 2:14,15)
(Romanos 2:14,15)
Se alguém
disser que passou a vida sob a base de que deveria fazer o bem, praticando boas
obras e amando o próximo, seria inevitável perguntar: Essa pessoa sempre fez o
bem? Em todas as oportunidades ela praticou boas obras? Em todos os momentos de
sua vida ela amou o próximo? A resposta seria evidente: não!
Até mesmo
os que conheceram a Lei não puderam ser salvos por ela, pois a Lei veio para
oficializar a incapacidade do homem em cumpri-la. Nunca houve, e nunca haverá salvação a não ser unicamente pela
graça de Deus.
Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
(Efésios 2:8)
(Efésios 2:8)
Ao longo
da História muitas dessas pessoas que nunca ouviram falar
de Jesus viveram suas vidas mergulhadas no paganismo e
praticando uma série de atrocidades. Não são poucos os relatos de missionários
que foram evangelizar tribos e povoados que nunca haviam escutado falar da
existência de Jesus, e que descrevem o desprezo, a rejeição e a perversidade
destas pessoas em relação ao Evangelho que estava sendo anunciado. Isso prova que os que nunca ouviram o Evangelho não são inocentes
por isso.
Uma coisa
importante que também precisamos considerar é que a Bíblia ensina que o grau de
conhecimento que uma pessoa recebeu fará diferença em seu julgamento, no
sentido de ser mais brando ou mais severo, porém isso não significa
absolvição. A absolvição só pode ocorrer pela justificação
em Cristo Jesus.
Esse
ensino também reflete a justiça de Deus que irá considerar o conhecimento,
oportunidades e as vantagens que alguém desfrutou nessa vida em relação à
iluminação sobre a verdade (Am 3:2; Lc 12:47,48; Hb 10:29; Mt 11:10-24; Lc
10:12-15).
E o servo
que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua
vontade, será castigado com muitos açoites;
Mas o que
a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado.
E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe
confiou, muito mais se lhe pedirá. (Lucas 12:47,48)
Sendo
assim, podemos concluir que não existe possibilidade alguma de alguém que nunca ouviu o Evangelho ser salvo, pois isso
implicaria em outro meio de salvação, o qual não seria pelos méritos de Cristo.