“Segui a
paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando,
diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus;
nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela,
muitos sejam contaminados”(Hebreus 12:14-15).
queda – grego, “para que nenhum
(ou seja, através de preguiça em execução) falhando”, ou “aquém da graça de
Deus … incomodar você”. A imagem é tirada de uma companhia de viajantes, um dos
quais fica para trás, e assim nunca chega ao fim da longa e laboriosa jornada
[Crisóstomo].
raiz de
amargura – não apenas uma “raiz amarga”, que possivelmente traria
frutos doces; isso, uma raiz cuja essência é “amargura”, nunca poderia. Paulo
aqui se refere a Dt 29:18:
“Para que não haja entre vós uma raiz que produz fel e absinto” (compare At 8:23). A
raiz da amargura compreende cada pessoa (compare Hb 12:16) e todo princípio
de doutrina ou prática é tão radicalmente corrupto a ponto de espalhar a
corrupção por toda parte. A única segurança é erradicar essa raiz de amargura.
muitos – sim, “os muitos”, isto é, toda a congregação.
Enquanto estiver oculto debaixo da terra, não pode ser remediado, mas quando
“surge”, deve ser tratado com ousadia. Ainda lembre-se da cautela (Mt 13: 26-30) como
erradicar as pessoas. Nenhum perigo desse tipo pode surgir na erradicação de
princípios ruins.
Quando deparamos com a
frase “raiz de amargura”, uma leitura superficial ou uma
interpretação subjetiva pode nos levar a perder o ensinamento rico dessa
expressão no seu contexto. Confesso que li esse trecho muitas vezes antes de
perceber o seu verdadeiro sentido. Sabendo que a amargura é um mal que deve ser
expulso da vida do cristão (Efésios 4:31), eu via nesse versículo de Hebreus
mais uma instrução contra essa atitude venenosa. Mas o estudo mais cuidadoso da
expressão conforme sua origem e o contexto desse trecho nos leva a outra
conclusão e reforça alguns fatos importantes para nosso estudo e para a vida de
cada pessoa que procura agradar a Deus.
A expressão “raiz
da amargura” foi introduzida na Bíblia séculos antes de aparecer no
Novo Testamento. Entre as palavras finais de Moisés encontramos esta
admoestação para o povo de Israel:
“Porque
vós sabeis como habitamos na terra do Egito e como passamos pelo meio das
nações pelas quais viestes a passar; vistes as suas abominações e os seus
ídolos, feitos de madeira e de pedra, bem como vistes a prata e o ouro que
havia entre elas; para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família,
nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos
deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva
venenosa e amarga, ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe
no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu
coração, para acrescentar à sede a bebedice” (Deuteronômio
29:16-19).
O contexto desse uso
original da expressão lhe atribui seu significado importante. O ponto não é de
amargura profunda no coração, uma raiz da qual brotam outros pecados, e sim de
uma raiz que produz um resultado amargo, o castigo divino previsto nas
maldições do capítulo anterior. A amargura vem de Deus, mas é provocada por
atos humanos. Moisés avisou especificamente sobre o perigo de se desviar da
vontade de Deus, cobiçando os ídolos e os prazeres carnais que os outros povos
buscavam. Ele frisou o risco de uma falsa sensação de segurança, alguém achando
que poderia seguir práticas pecaminosas e ficar impune. Mesmo participando da
aliança especial que Deus fez com Israel, nenhum homem, mulher, família ou
tribo tinha uma garantia de permanecer em comunhão com o Senhor.
Esse entendimento
esclarece o ponto de Hebreus 12 e se ajusta perfeitamente ao contexto desse
trecho do Novo Testamento. Esse livro frisa a superioridade de Jesus Cristo como
Mediador de uma nova e superior aliança, o Novo Testamento. Repetidamente, o
autor de Hebreus alerta sobre o perigo de se desviar de Jesus e participar de
práticas profanas e inúteis.
Com base na linguagem de
Deuteronômio e suas semelhanças com o contexto de Hebreus, devemos aproveitar
duas lições importantes do aviso sobre a raiz de amargura:
(1) Deixar de servir a
Cristo, optando por qualquer outro sistema religioso ou prazer carnal, trará o
amargo castigo de Deus;
(2) Acreditar que o fato
de ter entrado em comunhão com o Senhor seja garantia da salvação eterna é
tolice.
A doutrina da perseverança
ou preservação dos santos, um ponto fundamental do Calvinismo que influencia a
teologia de muitas denominações evangélicas, é um exemplo desse perigo. Tanto
Moisés quanto o autor de Hebreus ensinaram a necessidade de continuar vivendo
conforme a vontade do Senhor para manter a comunhão com ele. Quem prega a
doutrina de “uma vez salvo, salvo para sempre” distorce as Escrituras e cria a
raiz da amargura.
A amargura no coração é
má, e deve ser excluída da vida do cristão. Mas o significado da “raiz
da amargura” é bem mais amplo e nos adverte sobre a consequência
desastrosa de qualquer desvio da vontade do Senhor Jesus.
Vamos seguir a Jesus e
perseverar até ao fim!
O Que Significa Raiz de Amargura na Bíblia?
Raiz de amargura é uma expressão que
aparece na Epístola aos Hebreus para se referir a um comportamento perigoso e
extremamente prejudicial à Igreja. Apesar
de ser uma expressão muito comum entre os cristãos, muitos possuem um
entendimento completamente equivocado sobre o que é raiz de amargura.
A
raiz de amargura na Bíblia
O
texto mais conhecidos mais conhecido onde aparece a expressão “raiz de
amargura” está registrado em Hebreus 12:6, onde lemos:
Tendo cuidado de que ninguém seja faltoso, e se
prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos
perturbe, e por ela muitos se contaminem.
(Hebreus 12:15)
(Hebreus 12:15)
Nem todos
sabem, mas ao escrever essa frase, o escritor do livro de Hebreus estava de citando outro texto
presente no Antigo Testamento. Na verdade o autor dessa epístola era um
profundo conhecedor do Antigo Testamento, e fez uso exaustivo dele em toda sua
carta.
Seus
destinatários eram crentes judeus da Diáspora, isto é, que viviam fora da
Palestina, e estes também conheciam bem as Escrituras através de sua tradução
grega, a Septuaginta. Assim, o
texto citado pelo autor, e que obviamente foi compreendido pelos seus leitores,
encontra-se no livro de Deuteronômio, onde Deus, através de Moisés, exortou ao
povo de Israel que não houvesse entre eles “nenhuma raiz que produza esse
veneno amargo” (Dt 29:18).
Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem
família, nem tribo, cujo coração hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que
vá servir aos deuses destas nações; para que entre vós não haja raiz que dê
veneno amargo.
(Deuteronômio 29:18)
(Deuteronômio 29:18)
Qual
o significado da raiz de amargura?
A
palavra amargura significa literalmente “sabor amargo”, porém no sentido figurado pode se
referir aos sentimentos relacionados à angústia, ou seja, transmitindo a ideia
de que a alegria é doce enquanto a tristeza é amarga.
Com
base nisso, a interpretação mais popular entre os cristãos diz que a raiz de amargura é um tipo de rancor alimentado por alguém,
ou seja, uma mágoa ou sentimento odioso que está no coração e que impede que o
ofendido perdoe quem lhe ofendeu.
No
entanto, esse não é o verdadeiro significado da raiz de amargura a qual o
escritor de Hebreus se referiu. Para entendermos o que realmente é a raiz de
amargura na Bíblia, basta olharmos para o texto que foi citado no Antigo
Testamento, e analisá-lo à luz do contexto do capítulo 12 de Hebreus.
A
raiz de amargura em Deuteronômio 29
Uma
leitura simples do capítulo 29 de Deuteronômio nos revela que o povo de Israel
estava sendo exortado por Deus, através de Moisés, contra o terrível perigo da Idolatria que afasta as pessoas do verdadeiro
Deus.
Moisés
então lembrou o povo sobre da adoração aos falsos deuses que havia no Egito,
onde ídolos feitos de madeira, de pedra, de prata e de ouro eram cultuados, e
como aquela prática era uma abominação diante do Senhor.
Essa
advertência era muito propícia, pois o povo de Israel entraria na Terra
Prometida, onde os povos que habitam aquela região também praticavam a
idolatria tal como os egípcios. Então, os israelitas foram exortados para que
não houvesse entre eles ninguém “cujo coração se afaste do Senhor,
do nosso Deus, para adorar os deuses daquelas nações” (Dt
29:18).
É
nesse contexto que Moisés utilizou a figura da erva daninha, isto é, a raiz amarga e venenosa para ilustrar a idolatria
em conexão com a apostasia. Esse alerta era tão sério que o
escritor enfatizou que se alguém se afastasse do Senhor e abraçasse a idolatria,
achando que estaria em paz e em segurança, na verdade estaria trazendo maldição
sobre si mesmo (Dt 29:19).
O
que é a raiz amarga?
De
acordo com a informação acima, é bem fácil entender porque Moisés recorreu à
raiz amarga que produz veneno para ilustrar o que estava falando. Além do gosto
horrível e amargo, esse tipo de erva daninha, quando colocada no alimento,
poderia matar uma família inteira.
Além
disso, as ervas daninhas prejudicavam grandemente as plantações, pois se
disseminavam com muita rapidez, e prejudicavam a absorção de nutrientes das
demais plantas. Assim, fora o gosto horrível e amargo dessa raiz, ela
causava doença, morte e prejuízo nas lavouras.
A
raiz de amargura em Hebreus 12
Vimos
que o escritor de Hebreus utilizou exatamente esse exemplo dado por Moisés.
Quando olhamos para o contexto do capítulo 12, podemos perceber que a raiz de
amargura se encaixa perfeitamente com o tema que está sendo discutido.
O
escritor da epístola estava exortando os irmãos a não desanimarem, mas apoiarem
uns aos outros. Aqui vale dizer que aqueles cristãos estavam sofrendo muito.
Por conta de sua fé em Jesus Cristo, eles estavam sendo perseguidos, perdendo
seus negócios, tendo seus bens confiscados, sendo presos e alguns até mesmo
mortos.
Diante
desse cenário, constantemente eles eram pressionados a abandonar a fé e
retornar ao judaísmo. Então o autor de Hebreus mostrou a superioridade de
Cristo frente ao caráter temporário do judaísmo, e os instruiu dizendo que
recuar não é uma opção.
No
capítulo anterior (11), ele forneceu vários exemplos de pessoas que sofreram e
venceram através da fé verdadeira, e no capítulo 12 ele apresentou Jesus como
o “autor e consumador da fé”, aquele suportou a dor maior no Calvário (Hb 12:2-4). Depois disso, ele
ensinou como os cristãos devem agir diante da disciplina de Deus (Hb 12:5-11).
Entre
os versículos 14 e 17, o autor, como um pastor preocupado com a situação de
suas ovelhas, escreveu aos seus leitores sobre como viver uma vida que agrada a
Deus. Ele fez isso dizendo o que deve ser feito, isto é, “seguir a paz com todos e a
santificação“ (Hb 12:14), bem como o que não
se deve fazer, nesse caso, negligenciar o cuidado mútuo uns para com os outros,
pois essa falha representa um perigo muito grande, já que pessoas faltosas
separam-se da graça de Deus e contaminam, como raízes amargas e venenosas,
a comunidade cristã, trazendo consequentemente grande perturbação.
É por
isso que ele aconselhou que os cristãos cuidassem uns dos outros, estando
atentos para que “ninguém se prive da graça de Deus”.
Como o sofrimento é um tema que está sendo tratado nesse capítulo, o escritor
está aconselhando os cristãos a estarem alertas sobre como os demais estão
lidando com seus problemas e sofrimentos, para que seja possível identificar
alguém esteja ficando para trás, sendo faltoso, e, consequentemente,
separando-se da graça de Deus.
É
possível que as pessoas que o autor estivesse em mente quando escreveu esse
texto fossem aquelas que diante das calamidades se revoltavam contra Deus, que
se esqueciam de todas as bênçãos que já lhes foram dadas, que rejeitavam a
verdade a qual foram instruídas, que negavam a fé que um dia disseram
professar, que mostravam não desfrutar da verdadeira paz e, obviamente,
falhavam no processo da santificação, e, ainda por cima, na sua loucura e
perversidade, acreditavam estar em segurança.
É
esse tipo de pessoa que se enquadra na figura da raiz de amargura. Em outras
palavras, a raiz de amargura é aquela pessoa que se
privou da graça de Deus, ou seja, a amargura produzida por essa raiz
não é o ressentimento ou a mágoa, mas é o pecado da incredulidade e do desprezo
com as coisas de Deus.
A
raiz de amargura expressa o estado de rebelião das pessoas que mesmo com seus
corações mergulhados na perversidade se iludem com uma falsa segurança quando
buscam refugio longe de Deus.
É por
isso que a raiz de amargura é tão perigosa, pois ela causa problemas dentro da
comunidade cristã, gerando perturbação e podendo contaminar outras
pessoas. Com seu comportamento corrompido, e suas palavras amargas, tais pessoas
se esforçar para privar os cristãos da santidade.
A
raiz de amargura é um veneno contagiante, que serve de canal para que o pecado
se espalhe entre o povo como erva daninha. A raiz de amargura transmite o mau testemunho e o escândalo, e
ridiculariza a fidelidade a Deus, assim como fez Esaú, que por um
prato de ensopado desprezou sua herança como primogênito e, consequentemente, a
bênção de Deus, banalizando as promessas da aliança feitas a Abraão e Isaque. É por isso que o
escritor o chamou de profano (Hb 12:16).
O Que é
Idolatria na Bíblia?
Idolatria
é a adoração a ídolos que implica em tudo aquilo que se coloca no lugar da
adoração a Deus. Quando estudamos o que é idolatria,
percebemos que sua pratica é um pecado claramente repreendido e punido por Deus
em toda a Bíblia.
O que significa
idolatria?
A palavra idolatria significa “culto a
ídolos”. Essa palavra é uma transliteração do termo
grego eidololatria, que é formado por duas palavras: eidolon e latreia.
A primeira palavra, eidolon, significa “imagem” ou “corpo”, no sentido de
representação da forma de algo ou alguém, seja imaginário ou real. Essa palavra
deriva do grego eido, que significa “ver”,
“perceber com os olhos”, “conhecer” ou “saber a respeito”, sobretudo
transmitindo a ideia de “olhar para algo” e “saber por ver”.
A segunda palavra é latreia, e significa “serviço sagrado” no sentido de
“prestar culto” ou “adorar”. Quando unimos esses conceitos, podemos
entender o significado da palavra idolatria.
Assim, a idolatria implica no
culto ou adoração a algo ou alguém, tanto material como imaterial, real ou
imaginário, que caracteriza a atribuição de honra a falsos deuses, sobretudo
pela materialização de tais objetos de adoração em produtos fabricados pelo
próprio homem.
O que é um ídolo? É
apenas uma imagem de escultura?
Apesar da imagem de escultura ser a
principal representação das práticas idólatras, a idolatria vai muito além do
que simplesmente adorar imagens. ´
Qualquer coisa pode se tornar um ídolo
para o homem caído no pecado, como por exemplo,
um estilo de vida, um emprego, um carro, uma marca comercial, o dinheiro,
filosofias humanas (como o naturalismo, o humanismo e o racionalismo), práticas
ocultas e espiritualistas, etc.
Assim, devemos entender que um ídolo é tudo aquilo que obtém a lealdade e a honra que
pertencem exclusivamente a Deus (Is 42:8).
Falando especialmente sobre imagem de
escultura, a Bíblia ensina que qualquer imagem é uma simples obra humana, uma
mera imitação formada a partir de matéria sem vida, que não pode ouvir, falar,
enxergar ou se mover (Sl 115; Am 5:26; Os 13:2; Is 2:8), e, portanto, sua
adoração é uma loucura perante Deus.
A adoração a ídolos reflete tamanha
ignorância humana que, em Isaías 41:6, lemos que as pessoas ajudam umas às
outras na fabricação de ídolos em sua rebelião contra Deus, porém tais ídolos
são impotentes diante do Deus Soberano, e não podem livrar tais pessoas do
juízo divino.
No Antigo Testamento, o povo de
Israel, por exemplo, chegou a levantar imagens e eleger símbolos como alvos de
adoração em representação a Deus, mas tal prática não foi aprovada pelo Senhor
(cf. 1Rs 12:26-33; 2Rs 18:4; Am 4:4,5; Os 10:5-8).
O apóstolo Paulo escreveu dizendo que
o ídolo “nada é no mundo”, mas que por traz da adoração ao
ídolos existe uma adoração demoníaca (1Co 8:4; 10:19,20).
O homem como um ser
idólatra
Depois da Queda do homem, a idolatria passou a ser um pecado constante na humanidade decaída.
Desde muito cedo o homem busca por manifestações materiais da presença divina.
Por sua natureza deprava e
corrompida, o homem começou procurar substituir a adoração ao verdadeiro Deus
pela adoração a um deus falso, fabricado para satisfazer sua própria concupiscência pecaminosa.
Assim, ao longo do tempo a humanidade
já adorou uma enorme quantidade e variedade de falsos deuses, como por exemplo:
·
O culto à elementos naturais: pedras,
montanhas, rios, árvores, fontes, etc. Aqui também vale menção à adoração às
forças da natureza, como as tempestades, água, fogo, ar e a própria terra.
·
O culto aos animais: cobras, touros,
águias, bezerros, etc. Às vezes também combinava-se figuras de animais com
formas humanas, o que é conhecido como teriomorfismo.
·
O culto à elementos astrais: sol, lua
e estrelas.
·
O culto a homens do passado:
antepassados que foram heróis locais para um determinado povo.
·
O culto à conceitos abstratos: a
sabedoria, justiça, etc.
·
O culto à pessoas poderosas: reis e
imperadores eram adorados por seus súditos como um tipo de divindade. No
primeiro século, por exemplo, o culto ao imperador romano foi instituído, e tal
prática representou grande perseguição para a Igreja. O livro do Apocalipse revela muito desse fundo histórico.
A idolatria na
Bíblia
Do Antigo ao Novo Testamento vemos como
as pessoas sempre se envolveram com a idolatria. Na história do povo de Israel, vemos que as práticas idólatras
foram adotadas pelos israelitas principalmente por influência de nações
vizinhas, como os egípcios, cananeus e os povos assírio-babilônicos.
De forma geral, essas nações
eram politeístas e adoravam os mais diversos deuses,
enquanto o povo hebreu deveria ser inegociavelmente monoteísta. Vemos esse princípio logo na convocação de Abraão, quando Deus lhe ordenou que saísse do meio da idolatria tipicamente
politeísta que havia em Ur dos Caldeus.
Mais tarde, enquanto o povo hebreu
esteve no Egito, houve um grande interesse pelos ídolos egípcios (Js 24:14; Ez
20:7,8). As próprias pragas enviadas pelo Senhor também representavam juízos
contra os deuses egípcios (Nm 33:4).
A idolatria após
Israel sair do Egito
Os dois primeiros mandamentos proíbem
expressamente a prática da idolatria (Êx 20:1-5;
Dt 5:7,8; Lv 19:4), onde inclusive a confecção de qualquer tipo de imagem de
escultura é explicitamente reprovada pelo Senhor.
Existem vários exemplos de práticas
idólatras entre o povo hebreu que desagradou ao Senhor, como por exemplo, o
bezerro de ouro, um ídolo criado por Arão a pedido do povo como um tipo de
representação de Jeová enquanto Moisés estava na montanha do Sinai (Êx 32).
Obviamente a figura do bezerro estava
fundamentada na ideia de divindade que eles tinham adquirido durante os anos no
Egito, onde touros sagrados eram comumente honrados.
Na verdade, essa passagem expressa
muito bem o real propósito e significado da idolatria,
que consiste em desviar a honra e adoração do verdadeiro Deus a um ídolo
qualquer, atribuindo até mesmo as obras de Deus a esse ídolo.
Perceba que o povo pediu para que
Arão fizesse “um deus que nos conduza” (Êx
32:1), e depois do ídolo já estar pronto, os israelitas começaram prestar-lhe
culto alegando ter sido ele que os tirou da terra do Egito (Êx 32:4,8).
A adoração prestada a esse bezerro de
ouro possuía os elementos de um culto pagão. O povo
se despiu e começou a dançar e cantar diante daquela imagem (Êx 32:6,18,19,25).
O termo saheq, empregado em Êxodo 32:6 e traduzido como
“folgar”, transmite a ideia de atos e gestos sexuais (cf. 1Co 10:7,8).
Em Deuteronômio 17 lemos que a
idolatria era uma ofensa tão abominável que deveria ser punida com a morte do
transgressor. É interessante que o texto inclui não apenas a adoração de
imagens de ídolos, mas também a adoração ao sol, à lua ou “a todo o exército do céu” (Dt 17:3).
A idolatria no
tempo dos juízes
Após a morte de Josué e da geração
que com ele entrou na Terra Prometida, surgiu uma nova geração que não conhecia
o Senhor, e começou a prestar culto a outros deuses (Jz 2:10-13).
Por conta disso, o Senhor permitiu
que invasores castigassem aquele povo, e sempre que os israelitas partiam para
uma batalha, a mão do Senhor era contra eles (Jz 2:14,15).
Foi nesse cenário que Deus levantou os juízes de Israel para libertar o povo das mãos das nações inimigas e chamá-lo ao arrependimento. No
entanto, mesmo assim o povo não ouviu os juízes, e continuaram a se prostituir
com outros deuses (Jz 2:16,17).
A Bíblia diz que sempre que o Senhor
levantava um juiz, Ele estava com aquele juiz e o povo de Israel era liberto
das mãos dos opressores, mas quando o juiz morria novamente o povo voltava à idolatria de uma forma ainda mais perversa (Jz
2:18,19).
Por esse motivo Deus permitiu que as
nações vizinhas não fossem expulsas daquela terra, fazendo delas um instrumento
de juízo contra Israel (Jz 2:20-23).
A idolatria no
tempo dos reis e profetas
No tempo dos reis de Israel houve grande idolatria. Após a morte de Davi e Salomão, o reino de
se dividiu em duas partes, o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá).
Ainda nos dias do rei Salomão, a prática da idolatria pôde ser notada em Israel. As
fortes práticas de comércio internacional fizeram com que, pelo contato com
outros povos, a idolatria entrasse no meio do povo.
Até mesmo o próprio rei Salomão, o
homem que recebeu a incumbência de construir o Templo do Senhor, em sua velhice
começou a praticar a adoração mista,
seguindo outros deuses para satisfazer suas esposas estrangeiras (1Rs 11:4).
Já com o reino dividido, as práticas
idólatras foram frequentes entre o povo. Talvez o melhor exemplo que podemos
usar aqui é a idolatria introduzida por Jezabel durante o reinado de seu marido, Acabe.
O rei Acabe reinou sobre o Reino do
Norte, mas as praticas idólatras de sua família contaminaram também o Reino do
Sul, quando sua filha casou-se com o filho do rei Josafá de Judá, e esse casamento trouxe graves consequências que quase extinguiram a
casa de Davi.
No tempo do rei Acabe e Jezabel, a
adoração a outros deuses levou a um massacre dos profetas do Senhor, e até mesmo os altares a Jeová foram destruídos. Tais práticas foram
duramente confrontadas pelo profeta Elias.
No entanto, a idolatria em Israel foi
tão grande que até mesmo as gerações posteriores foram influenciadas por ela.
Podemos notar claramente a repreensão
do Senhor a tais práticas pelo ministério dos profetas, que chamavam o povo ao
arrependimento e anunciavam o juízo iminente, como fez, por exemplo, os
profetas Oseias, Miqueias, Amós, Habacuque, Isaías, Jeremias
e outros.
Finalmente, por conta de toda
desobediência aos mandamentos do Senhor e da idolatria praticada, o povo de
Israel foi entregue nas mãos de outras nações. O Reino do Norte caiu perante a
Assíria, e o Reino do Sul caiu perante o Império Babilônico do rei Nabucodonosor.
Assim, a Bíblia claramente aponta
para o fato de que o cativeiro assírio e o cativeiro babilônico foram consequências da idolatria dos israelitas e de sua
prostituição no paganismo.
Tanto o povo babilônico quanto o povo
assírio cultuavam uma grande variedade de deuses, tendo para praticamente tudo
uma divindade representante, isso porque para eles também não havia nenhum
problema em absorver as divindades das nações que eles próprios subjugavam, e
adicioná-las à suas próprias práticas religiosas.
Durante todo esse período, desde a
época dos juízes até os tempos de exílio, alguns dos deuses cultuados pelo povo
foram: os muitos baalins dos cananeus, Ishtar dos babilônios e assírios, Astarote e Baal
dos sidônios, a deusa cananita Aserá, Quemos dos moabitas, Moloque dos
amonitas, dentre outros.
A idolatria no Novo
Testamento
Se no Antigo Testamento a idolatria é
fortemente censurada e reprovada, o mesmo acontece no Novo Testamento. Com o
avanço da pregação do Evangelho entre as nações gentílicas, os cristãos precisaram discutir questões relacionadas à idolatria (At
15:20; 1Co 8; 10; 1Pe 4:3; Ap 2:14,20).
No capítulo 1 da Carta aos Romanos, Paulo escreveu sobre as vãs filosofias humanas que muda “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de repteis” (Rm
1:23).
No Novo Testamento, qualquer um que
adora deuses pagãos ou que coloca qualquer outra coisa numa posição mais
elevada do que Senhor, depositando uma confiança que só deve ser demonstrada a
Ele, é chamado de idólatra.
Existem várias exortações para que os
cristãos não se associem com as práticas idólatras e fujam terminante da
idolatria (1Co 10:7,14; 1Jo 5:21).
O Senhor Jesus alertou também para o
perigo da adoração às riquezas, que personifica o dinheiro como um
senhor, mamom, e torna o
homem infiel. Jesus foi claro ao dizer que não se pode servir a Deus e as
riquezas (Mt 6:24; Lc 16:13), e o mesmo também foi ensinado pelo apóstolo Paulo que colocou a avareza e a idolatria em conexão (Cl 3:5; Ef 5:5).
A idolatria é apontada por Paulo como
sendo uma obra da Carne, associada também a outras concupiscências e práticas malignas, como a
bruxaria e a imoralidade sexual de todo tipo (Gl 5:19,20; cf. Rm 16:18; Fp
3:19).
Qual o perigo da
idolatria?
Se no Antigo Testamento podemos ler
sobre as duras punições que o povo de Israel sofreu devido a sua idolatria, no
Novo Testamento lemos exortações claras sobre o grande perigo da idolatria.
De forma bem direta, a Palavra de
Deus nos diz que quem pratica a idolatria não herdará o reino
de Deus (1Co 6:10; Ap 22:15), bem como que a punição para os
idólatras será a condenação no lago de fogo por toda a eternidade (Ap 21:8).
Existe idolatria
nas igrejas?
Infelizmente sim. Um falso evangelho
tem sido pregado e seu principal fundamento é a idolatria. As pessoas estão
procurando amuletos na tentativa de materializar o poder de Deus, e com isso
introduzem misticismos e superstições entre os cristãos.
É fácil encontrar pessoas que se
apegam a rosas, líquidos supostamente consagrados como água e azeite, lugares
que alegam ser sagrados, e uma infinidade de outros produtos desenvolvidos para
abastecer o poderoso mercado gospel, que sustenta verdadeiros artistas e
animadores de palco.
As pessoas idolatram também seus
próprios líderes, que reivindicam sobre si uma espécie de unção especial de
Deus para guiar tais pessoas a uma vida de milagres.
Claro que a Palavra de Deus esclarece
que tais líderes são “doutores” levantados pelos homens conforme suas próprias
concupiscências, pois não suportam a sã doutrina. Tais pessoas estão com os
ouvidos desviados da verdade, e o evangelho que seguem não passa de fábulas
(2Tm 4:3,4).
É comum também encontrar alguém que,
muitas vezes por falta de ensinamento, idolatra coisas legítimas que não
deveriam ser idolatras, como por exemplo, os próprios elementos da Ceia do Senhor.
É possível fugir da
idolatria?
Vivemos em uma sociedade
completamente contaminada por práticas pagãs. As pessoas elegem como deus
qualquer coisa que lhes satisfaça. Diante disso, muita gente se pergunta se é
possível se abster completamente das práticas idólatras, num tempo em que até
mesmo o próprio estilo de vida é cultuado.
A resposta bíblica para esse pergunta
é muito clara. E possível sim não se envolver em práticas
idólatras!
Na Palavra de Deus temos vários
exemplos de homens que não sucumbiram à idolatria. Mesmo em tempos onde a
idolatria predominou sobre o povo, Deus sempre teve um remanescente fiel que
não dobrou os joelhos perante os falsos deuses (1Rs 19:18).
Assim como Abraão ouviu o chamado do
Senhor e entendeu que só há um Deus sobre os céus e a terra, o criador de tudo,
e que somente Ele é o único digno de ser adorado, o profeta Daniel, em plena Babilônia no centro do paganismo, nos mostrou que é possível adorar o verdadeiro Deus sem se corromper (Dn
1; 6).
O mesmo também fez seus amigos Misael, Hananias e Azarias que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar perante a estátua
levantada por Nabucodonosor (Dn 1; 3).
Com isso, aprendemos que muitas vezes
se opor e denunciar a idolatria pode nos
custar uma fornalha, uma cova de leões ou um período de isolamento (cf. 1Rs
17), mas o mais importante é sempre podermos viver a verdade presente nas
palavras do salmista: “Eu te louvarei, de todo o meu
coração; na presença dos deuses a Ti cantarei louvores” (Sl
138:1).
O Que é Abominação?
Abominação é uma palavra utilizada para
designar algo repulsivo e repugnante, ou seja, ser abominável significa “ser detestável”, “odioso” ou
“execrável”. Esse termo vem do latim abominatio.
Na
Bíblia, a palavra “abominação” (ou abominável) é utilizada para traduzir pelo
menos doze termos originais hebraicos e gregos, que aparecem aplicados em
diversos contextos diferentes com um significado amplo, porém bastante
centralizado num sentido principal, conforme veremos a seguir.
Significado
de abominação no Antigo Testamento
No
Antigo Testamento, alguns termos hebraicos são traduzidos com a palavra
abominação. De forma geral, tais termos expressam a ideia de aversão e repugnância diante de comportamentos ofensivos,
especialmente com relação a assuntos religiosos.
O
termo hebraico to’ebah é o principal para
designar o sentido de abominação no Antigo Testamento, tanto referente a
praticas religiosas reprováveis, como alimentos impuros, idolatria, casamentos mistos, quanto à imoralidade e a afronta ao sentido ético,
como por exemplo, a impiedade.
Um
exemplo do uso desse termo pode ser visto na repreensão do Senhor através do
ministério do profeta Jeremias, ao dizer que o povo judeu praticava
toda sorte de pecados e imoralidades e depois achava que estava livre de
qualquer juízo, pois em Jerusalém estava edificado o Templo de Deus, e assim
continuavam a praticar tais abominações (Jr 7:7-10).
O
verbo ta’ab, “detestar”, “ser abominável”, que inclusive é a
raiz do termo to’ebah, também é aplicado de uma
forma muito semelhante, apesar de ele possuir um significado mais amplo (Dt
7:26; Sl 107:18).
O
hebraico sheqets aparece sendo utilizado especialmente com
relação alimentos impuros, tanto para o consumo como para o sacrifício (Lv
11:10-42). Outro termo relacionado a este é o hebraico shiqus, que geralmente é empregado com a finalidade
de designar o desprezo à idolatria (Is 66:3; Jr 4:1;
Ez 7:20).
Ambos
os termos derivam do verbo shaqats, que
significa “detestar”, “tornar detestável”, “abominar” ou “considerar vulgar”, e
basicamente se refere à reprovação que deveria haver diante de tudo considerado
eticamente ou religiosamente errado.
Outro
termo hebraico traduzido em algumas versões como abominação é a palavra pigguwl, que é utilizada muito raramente para expressar
a ideia de “coisa estragada e impura”, como por exemplo, a carne dos
sacrifícios deixada por muito tempo conforme Levítico 7:18.
Entendendo
então o significado dos termos originais que são traduzidos geralmente como
abominação ou abominável, podemos perceber o quanto seu uso é extenso, como por
exemplo:
·
O ato
de Acaz sacrificar seu próprio filho foi comparado a “abominação dos gentios“ que também praticavam tal perversidade (2Rs 16:3).
·
Um
sacrifício oferecido a Deus com um espírito impróprio e intenções erradas é
considerado uma abominação (Pv 15:8; Is 1:13).
·
O uso
de magia e adivinhações, os pecados sexuais de toda natureza e uma conduta
ética reprovável, como por exemplo, ter “lábios mentirosos” ou
ser corrupto, também são práticas designadas como abomináveis (Lv 18:22; Dt
18:9-14; Pv 12:22; 20:23).
Significado
de abominação no Novo Testamento
No
Novo Testamento o principal termo grego traduzido como “abominação” ou
“abominável” é o grego bdelugma, que
significa “coisa horrível e detestável”. Esse termo foi aplicado por Jesus
quando reprovou o comportamento hipócrita dos fariseus que buscavam
justiça própria diante dos homens (Lc 16:15) e também em seu sermão
escatológico (Mt 24:15; Mc 13:14).
O
apóstolo João também aplicou esse termo no livro do Apocalipse para se referir ao caráter puro
da Nova Jerusalém, onde não pode entrar ninguém que
pratica coisas abomináveis (Ap 21:27).
Ainda
no livro do Apocalipse, o mesmo apóstolo utilizou o termo grego bdelusso, que significa “odioso”, “detestável” ou
“abominável”, como um dos adjetivos das pessoas ímpias que serão lançados
no lago de fogo e enxofre (Ap 21:8).
O apóstolo Paulo, ao escrever a Tito, utilizou uma palavra
correlata, bdeluktos, que significa
“abominável”, “detestável”, para designar aqueles que confessam conhecer a
Deus, entretanto o negam por suas obras perversas. Estes, o apóstolo chamou
de “abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt
1:16).
Em
sua primeira epístola, o apóstolo Pedro, falando sobre a morte para o pecado
e a pureza da vida, exortando os cristãos a não mais viverem segundo as concupiscências carnais, utilizou o termo grego athemitos, que significa “ilícito”, “criminoso” ou
“contrário à lei e justiça”, mas que em algumas versões é traduzido como
“abominável”.
Significado
de “abominável da desolação”
Em
seu sermão escatológico, Jesus mencionou a “abominação da desolação” referindo-se uma
terrível profanação que serviria como um sinal. Jesus relacionou esse sinal com
algo profetizado pelo profeta Daniel.
Na
verdade a expressão grega bdelygma tes eremosos,
“abominação que causa desolação”, utilizada nessa passagem, é a mesma utilizada
pela Septuaginta para traduzir o hebraico shiquts shomem, que
significa literalmente algo como “abominação que causa horror”, encontrado em
Daniel 9:27 na chamada “profecia das 70 semanas de Daniel“.
O
profeta Daniel utilizou outras expressões muito semelhantes em seu livro, como
em Daniel 8:13, “transgressão assoladora”, e em
Daniel 11:31, “abominação desoladora”.
O
significado dessa referência feita por Jesus é bastante discutido entre os
estudiosos, existindo diversas interpretações diferentes. A interpretação que
parece ser a mais coerente defende que Jesus fez referência a terrível profanação do Templo promovida pelo rei
Antíoco IV Epifânio em aproximadamente 165 a.C., como uma tipificação da
destruição do Templo pelos romanos que ocorreu posteriormente em 70 d.C., e,
finamente, a um provável apontamento para o Anticristo escatológico que surgirá no período final da presente era (cf. 2Ts
2:3-10; Ap 13).
Como
pudemos ver, a palavra abominação, bem como
o adjetivo abominável, é bastante utilizado nas
Escrituras com um sentido bastante amplo, mas geralmente, no Antigo e no Novo
Testamento, o significado central permanece o mesmo, designando algo, alguém ou
uma prática repugnante.
Segui a
Paz Com Todos e a Santificação – Estudo Hebreus 12:14
“Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” é um ensino bíblico registrado no capítulo 12 e versículo 14 da
Epístola aos Hebreus. Esse é um dos versículos mais conhecidos da Bíblia,
e certamente nos trás lições muito importantes.
O contexto da frase
“segui a paz com todos e a santificação”
O escritor do livro de Hebreus estava escrevendo para cristãos judeus que viviam fora da
Palestina. Esses cristãos estavam enfrentando muitas dificuldades e sofrimento
por causa de sua fé. Inclusive, para alguns deles o martírio era uma
possibilidade real na perseguição implacável do século 1 d.C.
Então o escritor neotestamentário
escreveu uma carta encorajando esses cristãos a permanecerem firmes em Cristo
Jesus. Na primeira parte do capítulo 12, ele fala sobre a disciplina divina
(Hebreus 12:1-13). Ele exorta seus leitores a:
·
Olharem para Jesus (versículos 1-3).
·
Aceitarem a correção de Deus
(versículos 4-6).
·
Suportarem o sofrimento (versículos
7-11).
·
Serem fortes (versículos 12,13).
Na segunda parte do capítulo 12, onde
a frase “segui a paz com todos e a santificação” está
incluída, o escritor ensina seus destinatários a como viver uma vida santa
diante de Deus. Ele indica como ter uma conduta da qual o Senhor se agrada
(Hebreus 14-29). Com base nesse propósito, ele também enfatiza a importância do
bom relacionamento e o cuidado que os cristãos devem ter uns para com os
outros.
Tendo entendido o contexto, vejamos a
seguir um pouco mais sobre o significado da frase “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor”.
Segui a paz com
todos
Quando o escritor escreve “segui a paz com todos” ele está dizendo
literalmente “corram em direção à paz”, “persigam a paz”. A expressão grega
utilizada por ele implica no sentido de empenhar toda energia necessária para
que esse alvo seja alcançado. O mandamento nesta frase é o que nos esforcemos
pela paz. O termo traduzido como “segui” é o grego diokete, que transmite a ideia de correr prontamente e
com determinação a fim de capturar alguma coisa, nesse caso, a paz.
A paz é uma virtude do fruto
do Espírito Santo. Ela aparece
intimamente relacionada às outras virtudes mencionadas por Paulo em Gálatas
5:22, especialmente com o amor e a alegria.
Na verdade a sequência que o apóstolo
estabelece é “amor, alegria e paz”. Essa ordem é
facilmente compreendida, pois como pode haver alegria se não houver amor? Como
a paz pode estar presente se faltar a alegria?
A palavra “paz” nesse texto é o
grego eirene. Essa é a mesma palavra que a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, utiliza para traduzir o
hebraico shalom. Esse
termo hebraico possui um significado muito amplo que expressa um sentido de
bem-estar completo.
No Novo Testamento, além desse
conceito ser mantido, os autores também enfatizam o seu significado espiritual,
especialmente relacionado à nova vida, à justiça e ao estado de tranquilidade
da alma daquele que tem a certeza de sua salvação através de Cristo.
É por isto que essa paz tem origem em
Deus. Ela é um de seus atributos
comunicáveis, ou seja, uma de suas qualidades que
Ele compartilha conosco (Números 6:26; Isaías 45:7; Romamos 13:33; 2 Coríntios
13:11; etc). Em outras palavras, podemos dizer que é através da íntima
comunhão com Cristo, o Príncipe da Paz, que podemos obter a verdadeira
paz (Isaías 9:6; cf. Colossenses 3:15).
Portanto, apesar do contexto em
Hebreus enfatizar, especialmente, o bom relacionamento entre os cristãos, aqui
também podemos entender que esse “todos” com os quais devemos ter paz, abrange,
de alguma forma, aqueles que são nossos inimigos declarados (Mateus 5:44,45). A
condição de “pacificadores” não se limita apenas ao nosso círculo cristão
(Mateus 5:9).
O conselho de seguir a paz com todos,
muito nos faz lembrar o que disse Davi no Salmo 34. Ele escreve: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom. Procura a paz e
esforça-te por alcançá-la” (Salmo 34:14). Esse mesmo conselho
também foi citado pelo apóstolo Pedro (1 Pedro 3:11).
E a santificação
A mesma aplicação e intensidade que o
autor expressou para exortar acerca da busca pela paz, ele também utilizou para
falar sobre a necessidade da santidade. A ordem é para seguir a paz com
todos e a santificação! Isto significa que a busca pela paz é inseparável da
busca pela santificação. Logo, devemos perseguir a paz tanto quanto devemos
perseguir a santificação.
A santificação é um processo que
ocorre durante toda a vida daquele que foi redimido. A santidade não é um
estado de completa perfeição que podemos alcançar nesse mundo, mas é algo que
só alcançará seu cumprimento pleno no dia vindouro do maravilho retorno de
nosso Senhor Jesus.
Nesse mundo ainda estamos sujeitos ao
pecado, mas através da santificação nós vamos mortificando nossa carne e nos
submetendo a vontade de Deus. O objetivo é que possamos ser cada vez mais
parecidos com Cristo por meio da obra do Espírito Santo em nosso coração. Então
a ordem é clara: “Segui a paz com todos e a santificação”.
Sem a qual ninguém
verá o Senhor
O escritor deixa claro que o
resultado de não seguir a paz com todos e a santificação é ser privado de
contemplar o Senhor. Automaticamente o “seguir a paz com todos e a
santificação” leva alguém ao maior de todos os privilégios.
Este privilégio não é outro a não ser ver o próprio Deus! Contemplar o Senhor é
a única razão de nossas vidas, é o nosso maior alvo. Tudo se explica no ato de
poder ver o Senhor face a face.
Aqui vale dizer que algumas pessoas
entendem equivocadamente que a santificação é a causa da nossa salvação. Elas
pensam que só somos salvos porque nos santificamos. Mas na verdade a
santificação não é a causa, e, sim, o efeito da nossa salvação. Nos
santificamos porque somos salvos!
Em outras palavras, se alguém diz ser
salvo, mas sua conduta não reflete o caráter de Cristo e vive uma vida distante
da vontade de Deus, onde não se podem ver os resultados efetivos da
santificação, então tal pessoa nunca foi verdadeiramente salva.
Isso ocorre porque apenas os
redimidos é que estão aptos a santificação. O mesmo escritor de Hebreus destaca
isto ao ensinar que é Cristo quem santifica aqueles que são santificados
(Hebreus 2:11).
Diante de tudo isso, a conclusão
realmente é uma só: sem paz e santidade ninguém poderá ver o Senhor. Nosso
Deus é amor, mas também é igualmente santo e justo. Nenhum de seus atributos é
depreciado em favor de outros, apesar dos homens muitas vezes pensarem que sim.
Eles distorcem a verdadeira revelação de Deus através das Escrituras, para
poderem acreditar num tipo de deus desenhado segundo seu próprio gosto.
Porém, o homem goste ou não, Deus é
totalmente amor, totalmente justiça e totalmente santo. Isso implica numa
verdade que muitos tentam ignorar. Um Deus santo não pode, de maneira alguma,
aceitar a comunhão com alguém que não é santo, e sua justiça exige que o pecado
seja punido.
Em outras palavras, só é possível que
alguém tenha paz com Deus e seja considerado justo diante dele, se for
reconciliado e feito santo mediante a obra de Cristo (Hebreus 2:10;
10:10,14,29; 13:12).
O profeta Isaías escreveu dizendo que até mesmo os serafins que constantemente
estão proclamando a santidade de Deus, diante de seu trono cobrem seus rostos.
Isto revela como é tamanha a presença santa do Senhor dos Exércitos (Isaías
6:2).
Logo, a única conclusão possível de
acordo com essa verdade é: “Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.
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