quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

RAIZ DE AMARGURA, SANTIDADE E IDOLATRIA


“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”(Hebreus 12:14-15).
queda – grego, “para que nenhum (ou seja, através de preguiça em execução) falhando”, ou “aquém da graça de Deus … incomodar você”. A imagem é tirada de uma companhia de viajantes, um dos quais fica para trás, e assim nunca chega ao fim da longa e laboriosa jornada [Crisóstomo].
raiz de amargura – não apenas uma “raiz amarga”, que possivelmente traria frutos doces; isso, uma raiz cuja essência é “amargura”, nunca poderia. Paulo aqui se refere a Dt 29:18: “Para que não haja entre vós uma raiz que produz fel e absinto” (compare At 8:23). A raiz da amargura compreende cada pessoa (compare Hb 12:16) e todo princípio de doutrina ou prática é tão radicalmente corrupto a ponto de espalhar a corrupção por toda parte. A única segurança é erradicar essa raiz de amargura.
muitos – sim, “os muitos”, isto é, toda a congregação. Enquanto estiver oculto debaixo da terra, não pode ser remediado, mas quando “surge”, deve ser tratado com ousadia. Ainda lembre-se da cautela (Mt 13: 26-30) como erradicar as pessoas. Nenhum perigo desse tipo pode surgir na erradicação de princípios ruins.

Quando deparamos com a frase “raiz de amargura”, uma leitura superficial ou uma interpretação subjetiva pode nos levar a perder o ensinamento rico dessa expressão no seu contexto. Confesso que li esse trecho muitas vezes antes de perceber o seu verdadeiro sentido. Sabendo que a amargura é um mal que deve ser expulso da vida do cristão (Efésios 4:31), eu via nesse versículo de Hebreus mais uma instrução contra essa atitude venenosa. Mas o estudo mais cuidadoso da expressão conforme sua origem e o contexto desse trecho nos leva a outra conclusão e reforça alguns fatos importantes para nosso estudo e para a vida de cada pessoa que procura agradar a Deus.

A expressão “raiz da amargura” foi introduzida na Bíblia séculos antes de aparecer no Novo Testamento. Entre as palavras finais de Moisés encontramos esta admoestação para o povo de Israel: 
“Porque vós sabeis como habitamos na terra do Egito e como passamos pelo meio das nações pelas quais viestes a passar; vistes as suas abominações e os seus ídolos, feitos de madeira e de pedra, bem como vistes a prata e o ouro que havia entre elas; para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga, ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice” (Deuteronômio 29:16-19).

O contexto desse uso original da expressão lhe atribui seu significado importante. O ponto não é de amargura profunda no coração, uma raiz da qual brotam outros pecados, e sim de uma raiz que produz um resultado amargo, o castigo divino previsto nas maldições do capítulo anterior. A amargura vem de Deus, mas é provocada por atos humanos. Moisés avisou especificamente sobre o perigo de se desviar da vontade de Deus, cobiçando os ídolos e os prazeres carnais que os outros povos buscavam. Ele frisou o risco de uma falsa sensação de segurança, alguém achando que poderia seguir práticas pecaminosas e ficar impune. Mesmo participando da aliança especial que Deus fez com Israel, nenhum homem, mulher, família ou tribo tinha uma garantia de permanecer em comunhão com o Senhor.
Esse entendimento esclarece o ponto de Hebreus 12 e se ajusta perfeitamente ao contexto desse trecho do Novo Testamento. Esse livro frisa a superioridade de Jesus Cristo como Mediador de uma nova e superior aliança, o Novo Testamento. Repetidamente, o autor de Hebreus alerta sobre o perigo de se desviar de Jesus e participar de práticas profanas e inúteis.

Com base na linguagem de Deuteronômio e suas semelhanças com o contexto de Hebreus, devemos aproveitar duas lições importantes do aviso sobre a raiz de amargura:
(1) Deixar de servir a Cristo, optando por qualquer outro sistema religioso ou prazer carnal, trará o amargo castigo de Deus;
(2) Acreditar que o fato de ter entrado em comunhão com o Senhor seja garantia da salvação eterna é tolice.

A doutrina da perseverança ou preservação dos santos, um ponto fundamental do Calvinismo que influencia a teologia de muitas denominações evangélicas, é um exemplo desse perigo. Tanto Moisés quanto o autor de Hebreus ensinaram a necessidade de continuar vivendo conforme a vontade do Senhor para manter a comunhão com ele. Quem prega a doutrina de “uma vez salvo, salvo para sempre” distorce as Escrituras e cria a raiz da amargura.
A amargura no coração é má, e deve ser excluída da vida do cristão. Mas o significado da “raiz da amargura” é bem mais amplo e nos adverte sobre a consequência desastrosa de qualquer desvio da vontade do Senhor Jesus.

Vamos seguir a Jesus e perseverar até ao fim!





O Que Significa Raiz de Amargura na Bíblia?

Raiz de amargura é uma expressão que aparece na Epístola aos Hebreus para se referir a um comportamento perigoso e extremamente prejudicial à Igreja. Apesar de ser uma expressão muito comum entre os cristãos, muitos possuem um entendimento completamente equivocado sobre o que é raiz de amargura.

A raiz de amargura na Bíblia
O texto mais conhecidos mais conhecido onde aparece a expressão “raiz de amargura” está registrado em Hebreus 12:6, onde lemos:

Tendo cuidado de que ninguém seja faltoso, e se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.
(Hebreus 12:15)

Nem todos sabem, mas ao escrever essa frase, o escritor do livro de Hebreus estava de citando outro texto presente no Antigo Testamento. Na verdade o autor dessa epístola era um profundo conhecedor do Antigo Testamento, e fez uso exaustivo dele em toda sua carta.
Seus destinatários eram crentes judeus da Diáspora, isto é, que viviam fora da Palestina, e estes também conheciam bem as Escrituras através de sua tradução grega, a Septuaginta. Assim, o texto citado pelo autor, e que obviamente foi compreendido pelos seus leitores, encontra-se no livro de Deuteronômio, onde Deus, através de Moisés, exortou ao povo de Israel que não houvesse entre eles “nenhuma raiz que produza esse veneno amargo” (Dt 29:18).

Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo, cujo coração hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que vá servir aos deuses destas nações; para que entre vós não haja raiz que dê veneno amargo.
(Deuteronômio 29:18)

Qual o significado da raiz de amargura?
A palavra amargura significa literalmente “sabor amargo”, porém no sentido figurado pode se referir aos sentimentos relacionados à angústia, ou seja, transmitindo a ideia de que a alegria é doce enquanto a tristeza é amarga.
Com base nisso, a interpretação mais popular entre os cristãos diz que a raiz de amargura é um tipo de rancor alimentado por alguém, ou seja, uma mágoa ou sentimento odioso que está no coração e que impede que o ofendido perdoe quem lhe ofendeu.
No entanto, esse não é o verdadeiro significado da raiz de amargura a qual o escritor de Hebreus se referiu. Para entendermos o que realmente é a raiz de amargura na Bíblia, basta olharmos para o texto que foi citado no Antigo Testamento, e analisá-lo à luz do contexto do capítulo 12 de Hebreus.

A raiz de amargura em Deuteronômio 29
Uma leitura simples do capítulo 29 de Deuteronômio nos revela que o povo de Israel estava sendo exortado por Deus, através de Moisés, contra o terrível perigo da Idolatria que afasta as pessoas do verdadeiro Deus.

Moisés então lembrou o povo sobre da adoração aos falsos deuses que havia no Egito, onde ídolos feitos de madeira, de pedra, de prata e de ouro eram cultuados, e como aquela prática era uma abominação diante do Senhor.

Essa advertência era muito propícia, pois o povo de Israel entraria na Terra Prometida, onde os povos que habitam aquela região também praticavam a idolatria tal como os egípcios. Então, os israelitas foram exortados para que não houvesse entre eles ninguém “cujo coração se afaste do Senhor, do nosso Deus, para adorar os deuses daquelas nações” (Dt 29:18).

É nesse contexto que Moisés utilizou a figura da erva daninha, isto é, a raiz amarga e venenosa para ilustrar a idolatria em conexão com a apostasia. Esse alerta era tão sério que o escritor enfatizou que se alguém se afastasse do Senhor e abraçasse a idolatria, achando que estaria em paz e em segurança, na verdade estaria trazendo maldição sobre si mesmo (Dt 29:19).

O que é a raiz amarga?
De acordo com a informação acima, é bem fácil entender porque Moisés recorreu à raiz amarga que produz veneno para ilustrar o que estava falando. Além do gosto horrível e amargo, esse tipo de erva daninha, quando colocada no alimento, poderia matar uma família inteira.
Além disso, as ervas daninhas prejudicavam grandemente as plantações, pois se disseminavam com muita rapidez, e prejudicavam a absorção de nutrientes das demais plantas. Assim, fora o gosto horrível e amargo dessa raiz, ela causava doença, morte e prejuízo nas lavouras.

A raiz de amargura em Hebreus 12
Vimos que o escritor de Hebreus utilizou exatamente esse exemplo dado por Moisés. Quando olhamos para o contexto do capítulo 12, podemos perceber que a raiz de amargura se encaixa perfeitamente com o tema que está sendo discutido.
O escritor da epístola estava exortando os irmãos a não desanimarem, mas apoiarem uns aos outros. Aqui vale dizer que aqueles cristãos estavam sofrendo muito. Por conta de sua fé em Jesus Cristo, eles estavam sendo perseguidos, perdendo seus negócios, tendo seus bens confiscados, sendo presos e alguns até mesmo mortos.
Diante desse cenário, constantemente eles eram pressionados a abandonar a fé e retornar ao judaísmo. Então o autor de Hebreus mostrou a superioridade de Cristo frente ao caráter temporário do judaísmo, e os instruiu dizendo que recuar não é uma opção.
No capítulo anterior (11), ele forneceu vários exemplos de pessoas que sofreram e venceram através da fé verdadeira, e no capítulo 12 ele apresentou Jesus como o “autor e consumador da fé”, aquele suportou a dor maior no Calvário (Hb 12:2-4). Depois disso, ele ensinou como os cristãos devem agir diante da disciplina de Deus (Hb 12:5-11).
Entre os versículos 14 e 17, o autor, como um pastor preocupado com a situação de suas ovelhas, escreveu aos seus leitores sobre como viver uma vida que agrada a Deus. Ele fez isso dizendo o que deve ser feito, isto é, seguir a paz com todos e a santificação (Hb 12:14), bem como o que não se deve fazer, nesse caso, negligenciar o cuidado mútuo uns para com os outros, pois essa falha representa um perigo muito grande, já que pessoas faltosas separam-se da graça de Deus e contaminam, como raízes amargas e venenosas, a comunidade cristã, trazendo consequentemente grande perturbação.
É por isso que ele aconselhou que os cristãos cuidassem uns dos outros, estando atentos para que “ninguém se prive da graça de Deus”. Como o sofrimento é um tema que está sendo tratado nesse capítulo, o escritor está aconselhando os cristãos a estarem alertas sobre como os demais estão lidando com seus problemas e sofrimentos, para que seja possível identificar alguém esteja ficando para trás, sendo faltoso, e, consequentemente, separando-se da graça de Deus.
É possível que as pessoas que o autor estivesse em mente quando escreveu esse texto fossem aquelas que diante das calamidades se revoltavam contra Deus, que se esqueciam de todas as bênçãos que já lhes foram dadas, que rejeitavam a verdade a qual foram instruídas, que negavam a fé que um dia disseram professar, que mostravam não desfrutar da verdadeira paz e, obviamente, falhavam no processo da santificação, e, ainda por cima, na sua loucura e perversidade, acreditavam estar em segurança.
É esse tipo de pessoa que se enquadra na figura da raiz de amargura. Em outras palavras, a raiz de amargura é aquela pessoa que se privou da graça de Deus, ou seja, a amargura produzida por essa raiz não é o ressentimento ou a mágoa, mas é o pecado da incredulidade e do desprezo com as coisas de Deus.
A raiz de amargura expressa o estado de rebelião das pessoas que mesmo com seus corações mergulhados na perversidade se iludem com uma falsa segurança quando buscam refugio longe de Deus.
É por isso que a raiz de amargura é tão perigosa, pois ela causa problemas dentro da comunidade cristã, gerando perturbação e podendo contaminar outras pessoas. Com seu comportamento corrompido, e suas palavras amargas, tais pessoas se esforçar para privar os cristãos da santidade.

A raiz de amargura é um veneno contagiante, que serve de canal para que o pecado se espalhe entre o povo como erva daninha. A raiz de amargura transmite o mau testemunho e o escândalo, e ridiculariza a fidelidade a Deus, assim como fez Esaú, que por um prato de ensopado desprezou sua herança como primogênito e, consequentemente, a bênção de Deus, banalizando as promessas da aliança feitas a Abraão e Isaque. É por isso que o escritor o chamou de profano (Hb 12:16).






O Que é Idolatria na Bíblia?
Idolatria é a adoração a ídolos que implica em tudo aquilo que se coloca no lugar da adoração a Deus. Quando estudamos o que é idolatria, percebemos que sua pratica é um pecado claramente repreendido e punido por Deus em toda a Bíblia.

O que significa idolatria?
A palavra idolatria significa “culto a ídolos”. Essa palavra é uma transliteração do termo grego eidololatria, que é formado por duas palavras: eidolon e latreia.
A primeira palavra, eidolon, significa “imagem” ou “corpo”, no sentido de representação da forma de algo ou alguém, seja imaginário ou real. Essa palavra deriva do grego eido, que significa “ver”, “perceber com os olhos”, “conhecer” ou “saber a respeito”, sobretudo transmitindo a ideia de “olhar para algo” e “saber por ver”.
A segunda palavra é latreia, e significa “serviço sagrado” no sentido de “prestar culto” ou “adorar”. Quando unimos esses conceitos, podemos entender o significado da palavra idolatria.
Assim, a idolatria implica no culto ou adoração a algo ou alguém, tanto material como imaterial, real ou imaginário, que caracteriza a atribuição de honra a falsos deuses, sobretudo pela materialização de tais objetos de adoração em produtos fabricados pelo próprio homem.

O que é um ídolo? É apenas uma imagem de escultura?
Apesar da imagem de escultura ser a principal representação das práticas idólatras, a idolatria vai muito além do que simplesmente adorar imagens. ´
Qualquer coisa pode se tornar um ídolo para o homem caído no pecado, como por exemplo, um estilo de vida, um emprego, um carro, uma marca comercial, o dinheiro, filosofias humanas (como o naturalismo, o humanismo e o racionalismo), práticas ocultas e espiritualistas, etc.
Assim, devemos entender que um ídolo é tudo aquilo que obtém a lealdade e a honra que pertencem exclusivamente a Deus (Is 42:8).
Falando especialmente sobre imagem de escultura, a Bíblia ensina que qualquer imagem é uma simples obra humana, uma mera imitação formada a partir de matéria sem vida, que não pode ouvir, falar, enxergar ou se mover (Sl 115; Am 5:26; Os 13:2; Is 2:8), e, portanto, sua adoração é uma loucura perante Deus.
A adoração a ídolos reflete tamanha ignorância humana que, em Isaías 41:6, lemos que as pessoas ajudam umas às outras na fabricação de ídolos em sua rebelião contra Deus, porém tais ídolos são impotentes diante do Deus Soberano, e não podem livrar tais pessoas do juízo divino.
No Antigo Testamento, o povo de Israel, por exemplo, chegou a levantar imagens e eleger símbolos como alvos de adoração em representação a Deus, mas tal prática não foi aprovada pelo Senhor (cf. 1Rs 12:26-33; 2Rs 18:4; Am 4:4,5; Os 10:5-8).
O apóstolo Paulo escreveu dizendo que o ídolo “nada é no mundo”, mas que por traz da adoração ao ídolos existe uma adoração demoníaca (1Co 8:4; 10:19,20).

O homem como um ser idólatra
Depois da Queda do homem, a idolatria passou a ser um pecado constante na humanidade decaída. Desde muito cedo o homem busca por manifestações materiais da presença divina.
Por sua natureza deprava e corrompida, o homem começou procurar substituir a adoração ao verdadeiro Deus pela adoração a um deus falso, fabricado para satisfazer sua própria concupiscência pecaminosa.
Assim, ao longo do tempo a humanidade já adorou uma enorme quantidade e variedade de falsos deuses, como por exemplo:
·                     O culto à elementos naturais: pedras, montanhas, rios, árvores, fontes, etc. Aqui também vale menção à adoração às forças da natureza, como as tempestades, água, fogo, ar e a própria terra.
·                     O culto aos animais: cobras, touros, águias, bezerros, etc. Às vezes também combinava-se figuras de animais com formas humanas, o que é conhecido como teriomorfismo.
·                     O culto à elementos astrais: sol, lua e estrelas.
·                     O culto a homens do passado: antepassados que foram heróis locais para um determinado povo.
·                     O culto à conceitos abstratos: a sabedoria, justiça, etc.
·                     O culto à pessoas poderosas: reis e imperadores eram adorados por seus súditos como um tipo de divindade. No primeiro século, por exemplo, o culto ao imperador romano foi instituído, e tal prática representou grande perseguição para a Igreja. O livro do Apocalipse revela muito desse fundo histórico.

A idolatria na Bíblia
Do Antigo ao Novo Testamento vemos como as pessoas sempre se envolveram com a idolatria. Na história do povo de Israel, vemos que as práticas idólatras foram adotadas pelos israelitas principalmente por influência de nações vizinhas, como os egípcios, cananeus e os povos assírio-babilônicos.
De forma geral, essas nações eram politeístas e adoravam os mais diversos deuses, enquanto o povo hebreu deveria ser inegociavelmente monoteísta. Vemos esse princípio logo na convocação de Abraão, quando Deus lhe ordenou que saísse do meio da idolatria tipicamente politeísta que havia em Ur dos Caldeus.
Mais tarde, enquanto o povo hebreu esteve no Egito, houve um grande interesse pelos ídolos egípcios (Js 24:14; Ez 20:7,8). As próprias pragas enviadas pelo Senhor também representavam juízos contra os deuses egípcios (Nm 33:4).

A idolatria após Israel sair do Egito
Os dois primeiros mandamentos proíbem expressamente a prática da idolatria (Êx 20:1-5; Dt 5:7,8; Lv 19:4), onde inclusive a confecção de qualquer tipo de imagem de escultura é explicitamente reprovada pelo Senhor.
Existem vários exemplos de práticas idólatras entre o povo hebreu que desagradou ao Senhor, como por exemplo, o bezerro de ouro, um ídolo criado por Arão a pedido do povo como um tipo de representação de Jeová enquanto Moisés estava na montanha do Sinai (Êx 32).
Obviamente a figura do bezerro estava fundamentada na ideia de divindade que eles tinham adquirido durante os anos no Egito, onde touros sagrados eram comumente honrados.
Na verdade, essa passagem expressa muito bem o real propósito e significado da idolatria, que consiste em desviar a honra e adoração do verdadeiro Deus a um ídolo qualquer, atribuindo até mesmo as obras de Deus a esse ídolo.
Perceba que o povo pediu para que Arão fizesse “um deus que nos conduza” (Êx 32:1), e depois do ídolo já estar pronto, os israelitas começaram prestar-lhe culto alegando ter sido ele que os tirou da terra do Egito (Êx 32:4,8).
A adoração prestada a esse bezerro de ouro possuía os elementos de um culto pagão. O povo se despiu e começou a dançar e cantar diante daquela imagem (Êx 32:6,18,19,25). O termo saheq, empregado em Êxodo 32:6 e traduzido como “folgar”, transmite a ideia de atos e gestos sexuais (cf. 1Co 10:7,8).
Em Deuteronômio 17 lemos que a idolatria era uma ofensa tão abominável que deveria ser punida com a morte do transgressor. É interessante que o texto inclui não apenas a adoração de imagens de ídolos, mas também a adoração ao sol, à lua ou “a todo o exército do céu” (Dt 17:3).

A idolatria no tempo dos juízes
Após a morte de Josué e da geração que com ele entrou na Terra Prometida, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor, e começou a prestar culto a outros deuses (Jz 2:10-13).
Por conta disso, o Senhor permitiu que invasores castigassem aquele povo, e sempre que os israelitas partiam para uma batalha, a mão do Senhor era contra eles (Jz 2:14,15).
Foi nesse cenário que Deus levantou os juízes de Israel para libertar o povo das mãos das nações inimigas e chamá-lo ao arrependimento. No entanto, mesmo assim o povo não ouviu os juízes, e continuaram a se prostituir com outros deuses (Jz 2:16,17).
A Bíblia diz que sempre que o Senhor levantava um juiz, Ele estava com aquele juiz e o povo de Israel era liberto das mãos dos opressores, mas quando o juiz morria novamente o povo voltava à idolatria de uma forma ainda mais perversa (Jz 2:18,19).
Por esse motivo Deus permitiu que as nações vizinhas não fossem expulsas daquela terra, fazendo delas um instrumento de juízo contra Israel (Jz 2:20-23).

A idolatria no tempo dos reis e profetas
No tempo dos reis de Israel houve grande idolatria. Após a morte de Davi e Salomão, o reino de se dividiu em duas partes, o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá).
Ainda nos dias do rei Salomãoa prática da idolatria pôde ser notada em Israel. As fortes práticas de comércio internacional fizeram com que, pelo contato com outros povos, a idolatria entrasse no meio do povo.
Até mesmo o próprio rei Salomão, o homem que recebeu a incumbência de construir o Templo do Senhor, em sua velhice começou a praticar a adoração mista, seguindo outros deuses para satisfazer suas esposas estrangeiras (1Rs 11:4).
Já com o reino dividido, as práticas idólatras foram frequentes entre o povo. Talvez o melhor exemplo que podemos usar aqui é a idolatria introduzida por Jezabel durante o reinado de seu marido, Acabe.
O rei Acabe reinou sobre o Reino do Norte, mas as praticas idólatras de sua família contaminaram também o Reino do Sul, quando sua filha casou-se com o filho do rei Josafá de Judá, e esse casamento trouxe graves consequências que quase extinguiram a casa de Davi.
No tempo do rei Acabe e Jezabel, a adoração a outros deuses levou a um massacre dos profetas do Senhor, e até mesmo os altares a Jeová foram destruídos. Tais práticas foram duramente confrontadas pelo profeta Elias.

No entanto, a idolatria em Israel foi tão grande que até mesmo as gerações posteriores foram influenciadas por ela.
Podemos notar claramente a repreensão do Senhor a tais práticas pelo ministério dos profetas, que chamavam o povo ao arrependimento e anunciavam o juízo iminente, como fez, por exemplo, os profetas Oseias, Miqueias, AmósHabacuque, Isaías, Jeremias e outros.
Finalmente, por conta de toda desobediência aos mandamentos do Senhor e da idolatria praticada, o povo de Israel foi entregue nas mãos de outras nações. O Reino do Norte caiu perante a Assíria, e o Reino do Sul caiu perante o Império Babilônico do rei Nabucodonosor.
Assim, a Bíblia claramente aponta para o fato de que o cativeiro assírio e o cativeiro babilônico foram consequências da idolatria dos israelitas e de sua prostituição no paganismo.
Tanto o povo babilônico quanto o povo assírio cultuavam uma grande variedade de deuses, tendo para praticamente tudo uma divindade representante, isso porque para eles também não havia nenhum problema em absorver as divindades das nações que eles próprios subjugavam, e adicioná-las à suas próprias práticas religiosas.
Durante todo esse período, desde a época dos juízes até os tempos de exílio, alguns dos deuses cultuados pelo povo foram: os muitos baalins dos cananeus, Ishtar dos babilônios e assírios, Astarote e Baal dos sidônios, a deusa cananita Aserá, Quemos dos moabitas, Moloque dos amonitas, dentre outros.

A idolatria no Novo Testamento
Se no Antigo Testamento a idolatria é fortemente censurada e reprovada, o mesmo acontece no Novo Testamento. Com o avanço da pregação do Evangelho entre as nações gentílicas, os cristãos precisaram discutir questões relacionadas à idolatria (At 15:20; 1Co 8; 10; 1Pe 4:3; Ap 2:14,20).
No capítulo 1 da Carta aos Romanos, Paulo escreveu sobre as vãs filosofias humanas que muda “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de repteis” (Rm 1:23).
No Novo Testamento, qualquer um que adora deuses pagãos ou que coloca qualquer outra coisa numa posição mais elevada do que Senhor, depositando uma confiança que só deve ser demonstrada a Ele, é chamado de idólatra.

Existem várias exortações para que os cristãos não se associem com as práticas idólatras e fujam terminante da idolatria (1Co 10:7,14; 1Jo 5:21).
O Senhor Jesus alertou também para o perigo da adoração às riquezas, que personifica o dinheiro como um senhor, mamom, e torna o homem infiel. Jesus foi claro ao dizer que não se pode servir a Deus e as riquezas (Mt 6:24; Lc 16:13), e o mesmo também foi ensinado pelo apóstolo Paulo que colocou a avareza e a idolatria em conexão (Cl 3:5; Ef 5:5).
A idolatria é apontada por Paulo como sendo uma obra da Carne, associada também a outras concupiscências e práticas malignas, como a bruxaria e a imoralidade sexual de todo tipo (Gl 5:19,20; cf. Rm 16:18; Fp 3:19).

Qual o perigo da idolatria?
Se no Antigo Testamento podemos ler sobre as duras punições que o povo de Israel sofreu devido a sua idolatria, no Novo Testamento lemos exortações claras sobre o grande perigo da idolatria.
De forma bem direta, a Palavra de Deus nos diz que quem pratica a idolatria não herdará o reino de Deus (1Co 6:10; Ap 22:15), bem como que a punição para os idólatras será a condenação no lago de fogo por toda a eternidade (Ap 21:8).

Existe idolatria nas igrejas?
Infelizmente sim. Um falso evangelho tem sido pregado e seu principal fundamento é a idolatria. As pessoas estão procurando amuletos na tentativa de materializar o poder de Deus, e com isso introduzem misticismos e superstições entre os cristãos.
É fácil encontrar pessoas que se apegam a rosas, líquidos supostamente consagrados como água e azeite, lugares que alegam ser sagrados, e uma infinidade de outros produtos desenvolvidos para abastecer o poderoso mercado gospel, que sustenta verdadeiros artistas e animadores de palco.
As pessoas idolatram também seus próprios líderes, que reivindicam sobre si uma espécie de unção especial de Deus para guiar tais pessoas a uma vida de milagres.
Claro que a Palavra de Deus esclarece que tais líderes são “doutores” levantados pelos homens conforme suas próprias concupiscências, pois não suportam a sã doutrina. Tais pessoas estão com os ouvidos desviados da verdade, e o evangelho que seguem não passa de fábulas (2Tm 4:3,4).
É comum também encontrar alguém que, muitas vezes por falta de ensinamento, idolatra coisas legítimas que não deveriam ser idolatras, como por exemplo, os próprios elementos da Ceia do Senhor.

É possível fugir da idolatria?
Vivemos em uma sociedade completamente contaminada por práticas pagãs. As pessoas elegem como deus qualquer coisa que lhes satisfaça. Diante disso, muita gente se pergunta se é possível se abster completamente das práticas idólatras, num tempo em que até mesmo o próprio estilo de vida é cultuado.
A resposta bíblica para esse pergunta é muito clara. E possível sim não se envolver em práticas idólatras!
Na Palavra de Deus temos vários exemplos de homens que não sucumbiram à idolatria. Mesmo em tempos onde a idolatria predominou sobre o povo, Deus sempre teve um remanescente fiel que não dobrou os joelhos perante os falsos deuses (1Rs 19:18).
Assim como Abraão ouviu o chamado do Senhor e entendeu que só há um Deus sobre os céus e a terra, o criador de tudo, e que somente Ele é o único digno de ser adorado, o profeta Daniel, em plena Babilônia no centro do paganismo, nos mostrou que é possível adorar o verdadeiro Deus sem se corromper (Dn 1; 6).
O mesmo também fez seus amigos Misael, Hananias e Azarias que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar perante a estátua levantada por Nabucodonosor (Dn 1; 3).
Com isso, aprendemos que muitas vezes se opor e denunciar a idolatria pode nos custar uma fornalha, uma cova de leões ou um período de isolamento (cf. 1Rs 17), mas o mais importante é sempre podermos viver a verdade presente nas palavras do salmista: “Eu te louvarei, de todo o meu coração; na presença dos deuses a Ti cantarei louvores” (Sl 138:1).








O Que é Abominação?
Abominação é uma palavra utilizada para designar algo repulsivo e repugnante, ou seja, ser abominável significa “ser detestável”, “odioso” ou “execrável”. Esse termo vem do latim abominatio.
Na Bíblia, a palavra “abominação” (ou abominável) é utilizada para traduzir pelo menos doze termos originais hebraicos e gregos, que aparecem aplicados em diversos contextos diferentes com um significado amplo, porém bastante centralizado num sentido principal, conforme veremos a seguir.
Significado de abominação no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, alguns termos hebraicos são traduzidos com a palavra abominação. De forma geral, tais termos expressam a ideia de aversão e repugnância diante de comportamentos ofensivos, especialmente com relação a assuntos religiosos.
O termo hebraico to’ebah é o principal para designar o sentido de abominação no Antigo Testamento, tanto referente a praticas religiosas reprováveis, como alimentos impuros, idolatria, casamentos mistos, quanto à imoralidade e a afronta ao sentido ético, como por exemplo, a impiedade.
Um exemplo do uso desse termo pode ser visto na repreensão do Senhor através do ministério do profeta Jeremias, ao dizer que o povo judeu praticava toda sorte de pecados e imoralidades e depois achava que estava livre de qualquer juízo, pois em Jerusalém estava edificado o Templo de Deus, e assim continuavam a praticar tais abominações (Jr 7:7-10).
O verbo ta’ab, “detestar”, “ser abominável”, que inclusive é a raiz do termo to’ebah, também é aplicado de uma forma muito semelhante, apesar de ele possuir um significado mais amplo (Dt 7:26; Sl 107:18).
O hebraico sheqets aparece sendo utilizado especialmente com relação alimentos impuros, tanto para o consumo como para o sacrifício (Lv 11:10-42). Outro termo relacionado a este é o hebraico shiqus, que geralmente é empregado com a finalidade de designar o desprezo à idolatria (Is 66:3; Jr 4:1; Ez 7:20).
Ambos os termos derivam do verbo shaqats, que significa “detestar”, “tornar detestável”, “abominar” ou “considerar vulgar”, e basicamente se refere à reprovação que deveria haver diante de tudo considerado eticamente ou religiosamente errado.
Outro termo hebraico traduzido em algumas versões como abominação é a palavra pigguwl, que é utilizada muito raramente para expressar a ideia de “coisa estragada e impura”, como por exemplo, a carne dos sacrifícios deixada por muito tempo conforme Levítico 7:18.
Entendendo então o significado dos termos originais que são traduzidos geralmente como abominação ou abominável, podemos perceber o quanto seu uso é extenso, como por exemplo:
·         O ato de Acaz sacrificar seu próprio filho foi comparado a “abominação dos gentios que também praticavam tal perversidade (2Rs 16:3).
·         Um sacrifício oferecido a Deus com um espírito impróprio e intenções erradas é considerado uma abominação (Pv 15:8; Is 1:13).
·         O uso de magia e adivinhações, os pecados sexuais de toda natureza e uma conduta ética reprovável, como por exemplo, ter “lábios mentirosos” ou ser corrupto, também são práticas designadas como abomináveis (Lv 18:22; Dt 18:9-14; Pv 12:22; 20:23).

Significado de abominação no Novo Testamento
No Novo Testamento o principal termo grego traduzido como “abominação” ou “abominável” é o grego bdelugma, que significa “coisa horrível e detestável”. Esse termo foi aplicado por Jesus quando reprovou o comportamento hipócrita dos fariseus que buscavam justiça própria diante dos homens (Lc 16:15) e também em seu sermão escatológico (Mt 24:15; Mc 13:14).
O apóstolo João também aplicou esse termo no livro do Apocalipse para se referir ao caráter puro da Nova Jerusalém, onde não pode entrar ninguém que pratica coisas abomináveis (Ap 21:27).
Ainda no livro do Apocalipse, o mesmo apóstolo utilizou o termo grego bdelusso, que significa “odioso”, “detestável” ou “abominável”, como um dos adjetivos das pessoas ímpias que serão lançados no lago de fogo e enxofre (Ap 21:8).
apóstolo Paulo, ao escrever a Tito, utilizou uma palavra correlata, bdeluktos, que significa “abominável”, “detestável”, para designar aqueles que confessam conhecer a Deus, entretanto o negam por suas obras perversas. Estes, o apóstolo chamou de “abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt 1:16).
Em sua primeira epístola, o apóstolo Pedro, falando sobre a morte para o pecado e a pureza da vida, exortando os cristãos a não mais viverem segundo as concupiscências carnais, utilizou o termo grego athemitos, que significa “ilícito”, “criminoso” ou “contrário à lei e justiça”, mas que em algumas versões é traduzido como “abominável”.

Significado de “abominável da desolação”
Em seu sermão escatológico, Jesus mencionou a “abominação da desolação” referindo-se uma terrível profanação que serviria como um sinal. Jesus relacionou esse sinal com algo profetizado pelo profeta Daniel.
Na verdade a expressão grega bdelygma tes eremosos, “abominação que causa desolação”, utilizada nessa passagem, é a mesma utilizada pela Septuaginta para traduzir o hebraico shiquts shomem, que significa literalmente algo como “abominação que causa horror”, encontrado em Daniel 9:27 na chamada “profecia das 70 semanas de Daniel“.
O profeta Daniel utilizou outras expressões muito semelhantes em seu livro, como em Daniel 8:13, “transgressão assoladora”, e em Daniel 11:31, “abominação desoladora”.
O significado dessa referência feita por Jesus é bastante discutido entre os estudiosos, existindo diversas interpretações diferentes. A interpretação que parece ser a mais coerente defende que Jesus fez referência a terrível profanação do Templo promovida pelo rei Antíoco IV Epifânio em aproximadamente 165 a.C., como uma tipificação da destruição do Templo pelos romanos que ocorreu posteriormente em 70 d.C., e, finamente, a um provável apontamento para o Anticristo escatológico que surgirá no período final da presente era (cf. 2Ts 2:3-10; Ap 13).
Como pudemos ver, a palavra abominação, bem como o adjetivo abominável, é bastante utilizado nas Escrituras com um sentido bastante amplo, mas geralmente, no Antigo e no Novo Testamento, o significado central permanece o mesmo, designando algo, alguém ou uma prática repugnante.



















Segui a Paz Com Todos e a Santificação – Estudo Hebreus 12:14
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” é um ensino bíblico registrado no capítulo 12 e versículo 14 da Epístola aos Hebreus. Esse é um dos versículos mais conhecidos da Bíblia, e certamente nos trás lições muito importantes.
O contexto da frase “segui a paz com todos e a santificação”
escritor do livro de Hebreus estava escrevendo para cristãos judeus que viviam fora da Palestina. Esses cristãos estavam enfrentando muitas dificuldades e sofrimento por causa de sua fé. Inclusive, para alguns deles o martírio era uma possibilidade real na perseguição implacável do século 1 d.C.
Então o escritor neotestamentário escreveu uma carta encorajando esses cristãos a permanecerem firmes em Cristo Jesus. Na primeira parte do capítulo 12, ele fala sobre a disciplina divina (Hebreus 12:1-13). Ele exorta seus leitores a:
·         Olharem para Jesus (versículos 1-3).
·         Aceitarem a correção de Deus (versículos 4-6).
·         Suportarem o sofrimento (versículos 7-11).
·         Serem fortes (versículos 12,13).
Na segunda parte do capítulo 12, onde a frase “segui a paz com todos e a santificação” está incluída, o escritor ensina seus destinatários a como viver uma vida santa diante de Deus. Ele indica como ter uma conduta da qual o Senhor se agrada (Hebreus 14-29). Com base nesse propósito, ele também enfatiza a importância do bom relacionamento e o cuidado que os cristãos devem ter uns para com os outros.
Tendo entendido o contexto, vejamos a seguir um pouco mais sobre o significado da frase “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

Segui a paz com todos
Quando o escritor escreve “segui a paz com todos” ele está dizendo literalmente “corram em direção à paz”, “persigam a paz”. A expressão grega utilizada por ele implica no sentido de empenhar toda energia necessária para que esse alvo seja alcançado. O mandamento nesta frase é o que nos esforcemos pela paz. O termo traduzido como “segui” é o grego diokete, que transmite a ideia de correr prontamente e com determinação a fim de capturar alguma coisa, nesse caso, a paz.
A paz é uma virtude do fruto do Espírito Santo. Ela aparece intimamente relacionada às outras virtudes mencionadas por Paulo em Gálatas 5:22, especialmente com o amor e a alegria.
Na verdade a sequência que o apóstolo estabelece é “amor, alegria e paz”. Essa ordem é facilmente compreendida, pois como pode haver alegria se não houver amor? Como a paz pode estar presente se faltar a alegria?
A palavra “paz” nesse texto é o grego eirene. Essa é a mesma palavra que a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, utiliza para traduzir o hebraico shalom. Esse termo hebraico possui um significado muito amplo que expressa um sentido de bem-estar completo.
No Novo Testamento, além desse conceito ser mantido, os autores também enfatizam o seu significado espiritual, especialmente relacionado à nova vida, à justiça e ao estado de tranquilidade da alma daquele que tem a certeza de sua salvação através de Cristo.
É por isto que essa paz tem origem em Deus. Ela é um de seus atributos comunicáveis, ou seja, uma de suas qualidades que Ele compartilha conosco (Números 6:26; Isaías 45:7; Romamos 13:33; 2 Coríntios 13:11; etc). Em outras palavras, podemos dizer que é através da íntima comunhão com Cristo, o Príncipe da Paz, que podemos obter a verdadeira paz (Isaías 9:6; cf. Colossenses 3:15).
Portanto, apesar do contexto em Hebreus enfatizar, especialmente, o bom relacionamento entre os cristãos, aqui também podemos entender que esse “todos” com os quais devemos ter paz, abrange, de alguma forma, aqueles que são nossos inimigos declarados (Mateus 5:44,45). A condição de “pacificadores” não se limita apenas ao nosso círculo cristão (Mateus 5:9).
O conselho de seguir a paz com todos, muito nos faz lembrar o que disse Davi no Salmo 34. Ele escreve: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom. Procura a paz e esforça-te por alcançá-la” (Salmo 34:14). Esse mesmo conselho também foi citado pelo apóstolo Pedro (1 Pedro 3:11).

E a santificação
A mesma aplicação e intensidade que o autor expressou para exortar acerca da busca pela paz, ele também utilizou para falar sobre a necessidade da santidade. A ordem é para seguir a paz com todos e a santificação! Isto significa que a busca pela paz é inseparável da busca pela santificação. Logo, devemos perseguir a paz tanto quanto devemos perseguir a santificação.
A santificação é um processo que ocorre durante toda a vida daquele que foi redimido. A santidade não é um estado de completa perfeição que podemos alcançar nesse mundo, mas é algo que só alcançará seu cumprimento pleno no dia vindouro do maravilho retorno de nosso Senhor Jesus.
Nesse mundo ainda estamos sujeitos ao pecado, mas através da santificação nós vamos mortificando nossa carne e nos submetendo a vontade de Deus. O objetivo é que possamos ser cada vez mais parecidos com Cristo por meio da obra do Espírito Santo em nosso coração. Então a ordem é clara: “Segui a paz com todos e a santificação”.

Sem a qual ninguém verá o Senhor
O escritor deixa claro que o resultado de não seguir a paz com todos e a santificação é ser privado de contemplar o Senhor. Automaticamente o “seguir a paz com todos e a santificação” leva alguém ao maior de todos os privilégios. Este privilégio não é outro a não ser ver o próprio Deus! Contemplar o Senhor é a única razão de nossas vidas, é o nosso maior alvo. Tudo se explica no ato de poder ver o Senhor face a face.
Aqui vale dizer que algumas pessoas entendem equivocadamente que a santificação é a causa da nossa salvação. Elas pensam que só somos salvos porque nos santificamos. Mas na verdade a santificação não é a causa, e, sim, o efeito da nossa salvação. Nos santificamos porque somos salvos!
Em outras palavras, se alguém diz ser salvo, mas sua conduta não reflete o caráter de Cristo e vive uma vida distante da vontade de Deus, onde não se podem ver os resultados efetivos da santificação, então tal pessoa nunca foi verdadeiramente salva.
Isso ocorre porque apenas os redimidos é que estão aptos a santificação. O mesmo escritor de Hebreus destaca isto ao ensinar que é Cristo quem santifica aqueles que são santificados (Hebreus 2:11).
Diante de tudo isso, a conclusão realmente é uma só: sem paz e santidade ninguém poderá ver o Senhor. Nosso Deus é amor, mas também é igualmente santo e justo. Nenhum de seus atributos é depreciado em favor de outros, apesar dos homens muitas vezes pensarem que sim. Eles distorcem a verdadeira revelação de Deus através das Escrituras, para poderem acreditar num tipo de deus desenhado segundo seu próprio gosto.
Porém, o homem goste ou não, Deus é totalmente amor, totalmente justiça e totalmente santo. Isso implica numa verdade que muitos tentam ignorar. Um Deus santo não pode, de maneira alguma, aceitar a comunhão com alguém que não é santo, e sua justiça exige que o pecado seja punido.
Em outras palavras, só é possível que alguém tenha paz com Deus e seja considerado justo diante dele, se for reconciliado e feito santo mediante a obra de Cristo (Hebreus 2:10; 10:10,14,29; 13:12).
profeta Isaías escreveu dizendo que até mesmo os serafins que constantemente estão proclamando a santidade de Deus, diante de seu trono cobrem seus rostos. Isto revela como é tamanha a presença santa do Senhor dos Exércitos (Isaías 6:2).
Logo, a única conclusão possível de acordo com essa verdade é: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.











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