O culto no Antigo Testamento
Texto
Básico: Salmo 96.7-9
Texto
Devocional: Salmo 115.1
Versículo-chave: Romanos 12.1-2
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Alvo
da Lição: O aluno conhecerá os princípios do
culto no Antigo Testamento.
Leia
a Bíblia diariamente
S – Sl 84.1-12
T – Sl 149.1-9
Q – Sl 67.1-7
Q – Sl 19.1-14
S – Sl 66.1-20
S – Sl 96.1-13
D – Sl 100.1-5
S – Sl 84.1-12
T – Sl 149.1-9
Q – Sl 67.1-7
Q – Sl 19.1-14
S – Sl 66.1-20
S – Sl 96.1-13
D – Sl 100.1-5
O mundo vive numa constante
renovação. O indivíduo busca novos padrões e entendimento para o que acontece
ao seu redor; busca novas formas de realizar obras e sonhos; obtém outros
pontos de vista a respeito de assuntos e temas já conhecidos. O nosso foco
recai sobre a renovação teológica e litúrgica.
Questionamos quanto das mudanças na
teologia e na liturgia do culto vêm das Escrituras e quanto vêm do desejo das
pessoas. Há diversidade quanto à compreensão de como deve ser o culto prestado
a Deus.
A Bíblia, ao descrever o que
denominamos de culto, não usou termos similares aos que se referiam ao culto em
outras religiões. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento,
essencialmente, o culto é descrito como serviço. Em qualquer língua,
etimologicamente, liturgia significa “o trabalho que pessoas realizam”, não
pessoas se divertindo, alegrando-se, fazendo o que acham ser bom. No Antigo
Testamento, a adoração era prescrita e controlada, era litúrgica.
Como posso adorar a Deus segundo os
princípios do Antigo Testamento? Será que o Antigo Testamento oferece direção
para uma adoração no culto contemporâneo?
Vamos estudar cinco épocas nas quais
o culto era prestado a Deus, no Antigo Testamento.
I. Da criação ao êxodo
A recusa do homem em obedecer a Deus
incondicionalmente foi a recusa a uma adoração ao Senhor com base em Sua
verdade revelada (Gn 3.1-6). Podemos entender, pelos textos bíblicos, que o
culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar. Ali, Deus e a família se
encontravam e havia:
1. sacrifícios de gratidão (Gn 4.1-6; 8.20);
2. sacrifícios de expiação de pecados ( Jó 1.5).
A fé possibilitou a Abel ter sua
oferta aceita pelo Senhor (Hb 11.4). Caim não obedeceu as instruções que estão
subentendidas em Gênesis 4.7, daí ter tido sua oferta rejeitada por Deus.
Examinar as intenções e avaliar as
ações devem ser exercícios constantes na vida dos que cultuam a Deus (Sl 66.18
e 131.1-3). Deus só aprova o culto sincero.
II. Do êxodo à monarquia
Este foi o período do tabernáculo, a
habitação simbólica de Deus. Embora portátil, era um palácio.
Todo o tabernáculo e seus utensílios
expressavam a pessoa de Deus, Seus atributos, Sua presença, Seu relacionamento
com o povo, e como o povo respondia a Deus. As prescrições para aproximação e
purificação eram rigorosas e foram dadas pelo próprio Deus a Moisés. Podemos
associar alguns utensílios do tabernáculo com alguns elementos imprescindíveis
do culto.
1. A arca e a mesa dos pães – retratam Deus como Rei, Senhor e Provedor do Seu
povo – a leitura bíblica (especialmente os Salmos), os hinos e cânticos de
louvor.
2. As lâmpadas – a direção de Deus – a pregação da Palavra.
3. O incenso – o
local das intercessões pelo povo – as orações.
4. O altar – o
lugar do derramamento de sangue – a confissão de pecados.
Notemos ainda a posição do
tabernáculo no centro do acampamento (Nm 1.52,53 e 2.1-2) como referência à
centralidade do culto para a nação. Notemos que cerca de 40 capítulos foram
dedicados à descrição, construção, dedicação e uso. Deus não somente quer nosso
culto, mas Ele diz como quer ser cultuado.
Nem toda adoração agrada a Deus. Há o
perigo de trazermos “fogo estranho” diante do altar e do trono do Senhor (Lv
10.1-2). Esse “fogo estranho” consistia em contrariar os mandamentos divinos
quanto à adoração. Não apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas
Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada (Ml
1.7-10; Os 6.4-6; Am 5.21).
III. Da monarquia ao exílio
Foi o período de maiores mudanças e
de centralidade do culto. O povo ia reunido para a adoração ao Senhor. A
orientação para o serviço sacerdotal permanecia válida. As prescrições foram
dadas por Deus, por meio de Davi, a respeito de grupos corais e grupos instrumentais.
O culto em Israel era participativo.
Os dias de festa, as procissões e os sacrifícios exigiam envolvimento do
adorador. No AT era um duplo serviço divino: um dirigido ao Seu povo e outro
dirigido às outras nações (Sl 67). Deus quer ser adorado pelos Seus no serviço
que estes prestam ao próximo.
Este foi o motivo pelo qual os
profetas criticaram o culto da antiga aliança (Is 1.11-15): o povo desejava
comparecer diante de Deus, receber Dele todos os benefícios do culto, mas não O
servia fazendo o bem ao próximo.
Culto não é ato ritual, mas ato de
vida. O ato de culto deve expressar-se em gestos eficientes, concretos e claros
em nossa relação com o próximo. Este é o serviço do povo a Deus, que em nada
precisa de nossos serviços, mas que por misericordiosa graça nos chama para que
sejamos participantes de Sua obra neste mundo.
IV. No exílio
Desse período em diante as
informações são mais escassas. Todavia, sabemos que não havia templo, não havia
sacrifício, não havia sacerdócio. Em meio ao caos, à desesperança e ao temor,
Deus enviou profetas como Ezequiel para encorajar Seu povo a se voltar para Ele
e cultuá-Lo, pois era o Deus fiel à aliança.
O grupo de israelitas que se reunia
no exílio começou o que depois ficou conhecido como “sinagoga”.
V. A era pós-exílica
É o período de Esdras e Neemias. O
povo de Israel voltou do exílio babilônico. Houve um retorno à Lei de Deus
(Torah), que começou a ser lida perante o povo. O templo foi restaurado, os
sacerdotes voltaram à atividade, os sacrifícios e as ofertas tornaram a ser
feitos.
Conforme o prof. Marcos Alexandre
Faria (Faculdade Teológica Batista de Brasília), estas são algumas influências
do exílio babilônico:
1. a figura do rei desaparece;
2. o cativeiro se torna um meio de purificação e
ressurgimento da religião dos judeus;
3. as profecias de Jeremias tiveram grande influência;
4. finda a idolatria (estavam no meio de uma nação
extremamente idólatra);
5. acaba a monarquia (fica na esperança do Messias – o
descendente de Davi virá!);
6. o sumo sacerdote, auxiliado pelos escribas, assume
a liderança do povo;
7. Esdras, o sacerdote, convida o povo a voltar para a
Palavra (Ed 7.10);
8. o povo gira em torno da Lei: viver de acordo com a
Lei passa a ser um estilo de vida;
9. começa o que seria mais tarde a sinagoga – o que se
tornou modelo para as igrejas no NT.
É o início do chamado “Judaísmo”, ou
seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, formado
a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo
(Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a
circuncisão e as leis alimentares.
VI. Resumo do culto do AT
Encontramos três princípios nessas
cinco épocas.
1 1. Adoração (Gn
8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6)
O culto era centralizado em Deus, que
reivindica e espera isso de Seu povo. Honramos ao Senhor quando O adoramos pelo
que Ele é. Deus não está limitado a experiências humanas, as quais não podem
determinar ou governar o tipo de liturgia do culto prestado ao Senhor. O Salmo
93 diz que Ele está revestido de majestade. Deus é glorioso, é sublime, é belo
na Sua santidade. Devemos adorá-Lo no Seu esplendor e na Sua beleza. É com essa
concepção que devemos adorar ao Senhor. O culto no AT é a resposta da criatura:
·
à glória do Criador revelada (Sl
19).Deus é o Altíssimo (Sl 83.12), o Deus que vê (Gn 16.13), escudo (Sl 84.11);
·
aos atos salvíficos de Deus (Êx 15;Sl
105);
·
à ação bondosa de seu Criador (Mq
6.8;Is 1.13-17; Lv 10.1,2).
- Oração
e confissão (Jó
1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3)
O pecado tinha que ser coberto, a
expiação, a propiciação foi feita por Cristo, em nosso favor. Os sacrifícios do
Antigo Testamento apontavam para aquilo que Cristo iria fazer. No Antigo
Testamento não havia culto nem adoração sem sacrifícios; não havia culto sem
altar. Para nós, não há culto sem o significado da cruz, não há culto sem Jesus
Cristo, o que foi imolado e que agora reina. Além disso, a adoração devia
também incluir ofertas, e os sacrifícios deviam expressar gratidão, devoção,
desejo de comunhão e meditação, prontidão, e voluntariedade para compartilhar
coisas materiais com os sacerdotes, os levitas, os pobres e as viúvas. Não
havia lugar para a mesquinhez no culto.
3.
Instrução (Gn 4.7; Dt 31.9-13; 2Cr 34.30; Ne 8.8)
Este é o meio pelo qual Deus revela Sua vontade. A
pregação não pode ser relegada aos momentos finais do culto. Ela não é matéria
para ser apenas descrita ou comentada, mas deve ser explicada (Ne 8.3, 7- 8,
12). Deus fala, o homem se cala, medita e responde. Com a pregação fiel e
revestida de autoridade da Palavra, Deus é honrado e glorificado, os descrentes
são desafiados, os crentes são edificados e a igreja é fortalecida. A adoração
genuína também deve ser fruto de um correto entendimento da lei, justiça e
misericórdia de Deus, reconhecendo-O assim como Ele Se revela nas Escrituras.
Sem a Palavra não há adoração e não importa quão emocionantes sejam os demais
atos do culto.
Conclusão
John
H. Armstrong acusa grande parte da adoração moderna de ser McAdoração, ou seja, ele a compara a um “lanche
popular”, algo produzido em escala industrial para satisfazer alguns
consumidores.
A perspectiva do AT não vê o culto
público como focalizado na esperteza ou criatividade humana, mas na santidade
de Deus.
Aplicação
Somos
uma geração centralizada no homem, mas a igreja não pode tornar-se
antropocêntrica. A distração e o entretenimento da nossa era tecnológica não
podem tornar-se o centro. Nosso desejo por santidade deve ser maior que o nosso
desejo por felicidade. O culto pode e deve, sim, ser agradável às pessoas, mas
com base na instrução bíblica apresentada e não no grau de satisfação pessoal
alcançado. Que possamos dizer: “Não a nós, Senhor, não a nós,
mas ao teu nome da glória” (Sl 115.1).
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