Não
sei explicar com exatidão o que motivou o surgimento e expansão do conceito
equivocado (alimentado por não poucos membros de nossas igrejas locais) de que
o exercício do presbiterato é superior ao exercício do diaconato. A ideia de
que o diácono é alguém que foi eleito, ordenado e investido para fazer um
serviço banal e desprovido de maior importância é corrente no seio de muitas
igrejas presbiterianas.
Para
o exercício do diaconato é indispensável “a chamada de Deus, pelo Espírito
Santo, mediante o testemunho interno de uma boa consciência e a aprovação do
povo de Deus, por intermédio de um concílio” (CI/IPB – art.108). O ofício de
diácono não é uma criação humana, e sim, uma ordenação divina para a edificação
e atendimento das necessidades dos santos (At 6.1-7 – A escolha dos sete diáconos - 1Naqueles dias, crescendo o número de discípulos, os
judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica,
porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento.
2Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e
disseram: "Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a
fim de servir às mesas.
3Irmãos, escolham entre vocês sete
homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa
tarefa 4e nos dedicaremos à oração e ao
ministério da palavra".
5Tal proposta agradou a todos. Então
escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, além de Filipe,
Prócoro, Nicanor, Timom, Pármenas e Nicolau, um convertido ao judaísmo, proveniente
de Antioquia.
6Apresentaram esses homens aos apóstolos, os quais
oraram e lhes impuseram as mãos.
7Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia
rapidamente o número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de
sacerdotes obedecia à fé.).
Importantes qualificações são exigidas daqueles que aspiram ao diaconato, dada
a importância e valor do ofício para a vida da igreja. O diácono deve ser
respeitável, de uma só palavra, não usuário de muito vinho, não ávido de
sórdida ganância, conhecedor da doutrina cristã, fiel à sua esposa e líder de
sua família (sendo ele casado), alguém que demonstre antes de sua ordenação
evidências de sua vocação pelo exercício da misericórdia (I Tm 3.8-12 – 8 Os
diáconos igualmente devem ser dignos, homens de palavra, não amigos de muito
vinho nem de lucros desonestos.
9Devem
apegar-se ao mistério da fé com a consciência limpa.
10Devem
ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que
atuem como diáconos.
11As
mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis em
tudo.
12O
diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua
própria casa.).
Quando
da ordenação é exigido que publicamente assuma solenes compromissos,
reafirmando “sua crença nas Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus” e
“lealdade à Confissão de Fé, aos Catecismos e à Constituição” de nossa
denominação. Diante de Deus e da igreja reunida deve ainda prometer “cumprir
com zelo e fidelidade seu ofício e também manter e promover a paz, unidade,
edificação e pureza da igreja” (PL/IPB – art. 28 e art. 29). No exercício de
sua vocação um diácono de nossa denominação deve “dedicar-se especialmente: à
arrecadação de ofertas para fins piedosos; ao cuidado dos pobres; doentes e inválidos;
à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino;
exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e suas
dependências” (CI/IPB – art. 53).
Por
sua origem, natureza e qualificações o ofício diaconal é merecedor de todo
nosso respeito e consideração. Quem o exerce, o faz investido de autoridade.
Como temos tratado os diáconos de nossa igreja? A Bíblia nos ensina:
“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto,
imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.7). Não podemos
esquecer que também nós assumimos compromissos diante de Deus para com nossos
diáconos, prometemos respeito e obediência de acordo com as Escrituras Sagradas
(PL/IPB – art.30).
Dentre
tantas atitudes que devemos tomar para com nossos diáconos, recomendo as
seguintes:
a) Orar constantemente por eles e seus
familiares;
b) Ensinar aos nossos familiares
pela palavra e pelo exemplo a importância do ofício;
c) Receber com mansidão as
orientações para o bom andamento do serviço divino;
d) Cumprimentá-los sempre que
possível e não só na hora da necessidade;
e) Cooperar no que for possível,
para o bom desempenho do ofício diaconal;
Em
nossa denominação não há gradação entre os ofícios, todos os que desempenham o
oficialato são merecedores do nosso respeito, consideração e atenção. Devemos
atentar com diligência para a determinação bíblica: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam
por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria
e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hb 13.17).
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