4 orações de Jesus por nós
Jesus
também orava! A oração era uma parte muito importante de sua comunhão com o
Pai. Suas orações mostravam seu caráter e o que Deus deseja para nossas vidas.
Na sua última noite com seus discípulos, Jesus orou por todos os seus
seguidores, incluindo nós hoje
1. Proteção
Ser
cristão não significa viver separado de tudo que acontece do mundo, nem estar
livre de todo perigo e tentação. Mas a oração de Jesus oferece proteção contra
o verdadeiro perigo: o diabo. Quem ama Jesus sabe que o diabo não o pode
destruir.
2. Santificação
Viver
para Jesus é viver em santidade. E somente conseguimos viver em santidade com a
ajuda de Deus. Através da Bíblia, e com a ajuda de Deus, podemos ser santos e
viver de maneira agradável a Deus.
3. União
Ninguém
é uma ilha. O desejo de Deus é que vivamos em união com nossos irmãos e com
Cristo. A união é essencial em nossa caminhada cristã e precisamos uns dos
outros. Somente Jesus consegue nos unir.
4. Glória
A
grande bênção que Jesus nos oferece é sua presença. Podemos conhecer sua glória
e encontrar a paz de sua presença em todo tempo, pelo amor de Deus. Jesus
deseja estar conosco e nos dar seu amor!
Nunca
se esqueça: Jesus orou (e ainda ora) por você!
Versículos do Capítulo
17 do Livro João
1 | Depois de dizer isso,
Jesus olhou para o céu e orou: "Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho,
para que o teu Filho te glorifique.
2
| Pois lhe deste autoridade
sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe
deste.
3 | Esta
é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a
quem enviaste.
4 | Eu
te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
5 | E
agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes
que o mundo existisse.
6 | "Eu
revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a
mim, e eles têm guardado a tua palavra.
7 | Agora
eles sabem que tudo o que me deste vem de ti.
8 | Pois
eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles
reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste.
9 | Eu
rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois
são teus.
10 | Tudo
o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por
meio deles.
11 | Não
ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai
santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim
como somos um.
12 | Enquanto
estava com eles, eu os protegi e os guardei pelo nome que me deste. Nenhum
deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se
cumprisse a Escritura.
13 | "Agora
vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles
tenham a plenitude da minha alegria.
14 | Dei-lhes
a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também
não sou.
15 | Não
rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.
16 | Eles
não são do mundo, como eu também não sou.
17 | Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade.
18 | Assim
como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo.
19 | Em
favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela
verdade.
20 | "Minha
oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por
meio da mensagem deles,
21 | para
que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
22 | Dei-lhes
a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um:
23 | eu
neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba
que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.
24 | "Pai,
quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória,
a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.
25 | "Pai
justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me
enviaste.
26 | Eu
os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que
tens por mim esteja neles, e eu neles esteja".
Significado de João
17
João 17
17.1,2 — E chegada a hora. Ao longo de
todo o Evangelho de João, Jesus se refere à cruz como sendo Sua hora (Jo 2.4;
7.30; 8.20; 12.23; 13.1). A hora da Sua morte havia chegado. Glorifica a teu
Filho. Jesus estava pedindo ao Pai que Sua missão se fizesse conhecida ao mundo
por meio da cruz. Foram dois os motivos que o levaram a fazer esse pedido:
(1) Para que também o teu Filho te
glorifique ati. Na cruz, Jesus revelaria o Pai ao mundo, ou seja, o amor e a
justiça dele;
(2) para que por meio da morte do
Filho na cruz, Deus concedesse o perdão de pecados e a vida eterna a todos que
cressem.
17.3 — Que conheçam a ti. A vida eterna
está em conhecermos cada vez mais o único Deus verdadeiro, e não os falsos
deuses.
17.4,5 — Eu glorifiquei-te. Jesus tornou
o Pai conhecido de todos ao completar a obra que Ele lhe tinha dado.
Glorifica-me tu, ó Pai. Jesus pediu
ao Pai que lhe desse novamente a glória que Ele tinha no céu antes de deixá-lo
(Fp 2.6).
Essa é outra prova da divindade e da
pré-existência de Cristo (Jo 1.1-14).
17.6-8 — Manifestei o
teu nome aos homens, ou seja, aos apóstolos, àqueles que Jesus preparou para
serem colunas da Igreja que teria início no Pentecostes. Jesus orou por aqueles
que Ele deixaria na terra para cumprir Sua missão.
17.9,10 — A expressão
não rogo pelo mundo revela que Jesus estava orando apenas pelos cristãos
daquela época e do futuro
(Jo 17.20;
Lc 23.34).
Por aqueles que me deste. O apóstolo
Paulo demonstra ter a mesma prioridade
(Cl 1.4,9).
Muitos cristãos oram para que os
perdidos aceitem a Jesus, mas depois os relegam apenas a um caderno de oração.
O momento em que Jesus e os discípulos começavam a orar mais intensamente é o
mesmo em que temos a tendência de parar.
17.11 — Esse
versículo revela a preocupação que Jesus teve com Seus discípulos antes de
partir. Ele iria para o Pai, mas eles não poderiam ir. Jesus então pede ao Pai
que guarde os discípulos em nome do Pai. Pede que os guardasse a fim de que
permanecessem fiéis à revelação de Deus dada por Ele próprio [Jesus] enquanto
esteve com eles. Os discípulos teriam um novo relacionamento com o Pai e o
Filho no futuro, por conta do ministério do Espírito Santo.
17.12 — Nenhum deles se perdeu. Jesus
protegeu os discípulos durante Seu ministério terreno
(Jo 18.9).
Judas, o filho da perdição, é citado
à parte dos apóstolos. Ele nunca fez parte do grupo dado a Cristo
(Jo 18.8,9).
Ele nunca realmente se tornou um
daqueles que creram
(Jo 6.64-71),
e muito menos um daqueles que foram
purificados
(Jo 13.11).
17.13 — Digo isto
no mundo. Jesus orou em voz alta (v. 1) para que Suas palavras
confortassem os apóstolos quando eles se lembrassem que Ele os havia entregado
aos cuidados do Pai.
17.14,15 — Não são do
mundo. Sem sombra de dúvidas, esse é o maior desafio de todo cristão ao travar
suas batalhas espirituais. O Senhor não quer nos tirar do mundo
(v. 15),
tampouco nos quer fazendo parte do
mundo
(v. 16).
Nós fomos enviados ao mundo
(v. 18),
mas não fazemos parte dele. No
entanto, a tendência é pendermos para um dos extremos: ou fazemos parte do
mundo e nos envolvemos com ele, a ponto de não haver diferença nenhuma entre
nossa vida cristã e o sistema mundano, ou nos isolamos do mundo para que nossa
vida de retidão não seja afetada por ele. Contudo, tanto o envolvimento com o
sistema mundano como o isolamento dele foge ao padrão que Cristo determinou
para nós. Jesus disse: Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos
(Rm 12.1,2;
Fp 2.14-16).
Não peço que os tires do mundo. Embora caiba
ao Pai a tarefa de tirar (gr. airo) os ramos do solo
(Jo 15.2),
Cristo não quer que eles sejam
tirados (gr. epairo) do mundo. O verbo tirar nesse versículo é o
mesmo registrado em João 15.2, e não significa retirar ou cortar.
Do mal. A designação
mal aqui pode ser genérica (o mal) ou masculina (o maligno, ou seja, Satanás).
17.16-18 — O termo
santifica-os significa separa- os. Nós podemos compreender essa declaração de
duas formas:
(1) separar para a santidade ou
(2) separar para a obra. De acordo
com a primeira definição, Jesus estava orando não apenas para que os discípulos
fossem guardados do mal, mas para que eles também se santificassem mais.
Contudo, no versículo 18, a
santificação parece se referir à missão dos discípulos, indicando que o termo
santifica-os também pode significar que Jesus estava separando Seus discípulos
para isso mesmo. A tua palavra é a verdade é uma declaração poderosa da certeza
que Jesus tinha da veracidade das Escrituras. A opinião das pessoas pode variar
e suas atitudes podem ser nitidamente dúbias, mas a Palavra de Deus é sempre
verdadeira.
17.19 — Me santifico a mim
mesmo. Jesus não se referia a um processo de santificação. Ele se referia
ao Seu autossacrifício e ao Seu total comprometimento com a missão que o Pai
lhe designara. Esse é o exemplo que deveria fazer com que Seus seguidores se
entregassem da mesma maneira.
17.20 — Por aqueles que [...]
hão de crer. Jesus orou não apenas por aqueles que o Pai lhe tinha dado (v. 9),
mas por todos os futuros cristãos — pela unidade
(v. 20-23)
e glória futura deles
(v. 24-26).
Se você é um cristão, essa oração é
por você também.
17.21 — Para que todos sejam um. O verbo ser
no presente do indicativo mostra que Jesus orou pela unidade que haveria por
meio da santificação dos cristãos. E era exatamente isso que Jesus estava
dizendo em
João 13.34,35: Seus servos tinham que
amar uns aos outros para que o mundo visse como o amor de Deus é verdadeiro. A
relação de amor entre os cristãos é o maior testemunho de Jesus Cristo.
17.22 — A glória. A revelação
de Jesus Cristo por meio dos discípulos é o caminho para a unidade. Essa
unidade começa com a fé e o entendimento correto de Jesus e de Deus Pai, ou
seja, da Sua doutrina. Não obstante, a fé correta tem de dar frutos — uma vida
que expressa o amor de Deus e gera unidade entre todos os cristãos.
17.23 — Eu neles, e tu em mim. O Pai e o
Filho existindo como um só, e o Filho existindo do mesmo modo na Igreja, também
é um meio de se chegar à unidade, a maior expressão do amor de Deus
(Jo 3.35;
Rm 8.17).
17.24 — Eles estejam
comigo é uma oração para que os cristãos sejam glorificados no futuro. Para que
vejam a minha glória. Os apóstolos viram a glória de Jesus em Suas palavras e
em Suas obras
(v. 22).
Jesus orou para que todos os cristãos
vissem Sua glória, manifestada na plena revelação da Sua divindade.
17.25,26 — Jesus
concluiu Sua oração resumindo vários temas importantes: (1) conhecer o Deus
justo (santo);
(2) Sua origem divina;
(3) a revelação do nome do Pai;
(4) a unidade do amor mútuo entre o
Pai, o Filho e os cristãos.
Interpretação de João 13
João 13
A.
O Lava-Pés. 13:1-17.
Dos
Sinóticos ficamos sabendo como Jesus enviou dois dos Seus discípulos para
prepararem o cenáculo para a festa e como planejou comungar com eles
(Lc.
22:7-13).
1.
Ora, antes da festa da Páscoa. Surgem
as perguntas. A refeição no cenáculo foi uma refeição de
confraternização, ou foi realmente a Páscoa? Em duas outras passagens João
parece dizer que a Páscoa não tinha ainda chegado (13:29; 18:28). Os Sinóticos
tornam claro que Jesus e os discípulos comeram a Páscoa. Esta disposição em
João pode representar um protesto contra a observância oficial dos judeus neste
dia, tendo por base um calendário diferente, de acordo com a prática da seita
Qumran (Matthew Black, "The Arrest and Trial of Jesus and the Date of the
Last Supper", no New Testament Essays: Studies in Memory of T. W. Manson,
ed. por A.J.B. Higgins, págs. 19-33). Outra possibilidade é que as referências
em João 13:29 e 18:28 feitas à Páscoa no futuro devem ser explicadas como
referências à Festa dos Pães Asmos, a qual às vezes era chamada de Páscoa (Lc.
22:1). Ela começava imediatamente após a Páscoa e durava uma semana. Mesmo
assim, a refeição aqui mencionada parece ter se realizado antes da Páscoa,
quer fosse ou não a devida observância da festa anual. Hora.
Considerada aqui não do ponto de vista do sofrimento mas de vindicação e
retorno ao Pai (cons. 19:30; Lc. 23:46).
Amou-os
até ao fim. Ou,
no fim (à conclusão dos dias da preparação e antecipação). Esta
expressão (eis telos) também pode significar "ao máximo"
(cons. I Tes. 2:16).
2. Durante a
ceia. Outra tradução, largamente adotada atualmente, diz, enquanto
a ceia se realizava. A atitude de Jesus de lavar os pés dos discípulos
se encaixaria melhor do que depois. O amor de Jesus faz agudo contraste com o
ódio de Satanás e Judas.
3. Possuindo o conhecimento
de Sua autoridade, Sua origem divina e Sua volta certa ao Pai, Jesus não fugiu
à humilde tarefa. Este é o caráter do espírito da Encarnação.
4,
5. O material
necessário para o lava-pés estava ali (cons. (Lc. 22:10), mas não
havia servo (Jesus solicitara completo isolamento). Um dos discípulos poderia
ter-se oferecido para fazê-lo, mas todos eram orgulhosos demais. A esta altura
estavam discutindo qual deles seria o maior (Lc. 22: 24).
6. Não se pode
determinar se Cristo aproximou-se de Pedro em primeiro lugar. O que está claro
é o sentimento de indignidade de Pedro para aceitar que o Senhor executasse tal
serviço para ele. Os pronomes tu e mim são enfáticos.
Corajosamente o discípulo declarou o que pensava.
7. Na resposta
de Jesus há uma ênfase parecida sobre o eu e tu (sabes). Agora...
depois. Nenhuma referência ao Céu ou aos acontecimentos da noite, mas
à iluminação do Espírito mais tarde.
8. Mais impressionado
com a injustiça da situação do que com o seu significado oculto, Pedro insistiu
em que Jesus não lhe lavasse os pés. Mas a réplica do Senhor elevou o ato da
condição de simples serviço servil para uma de significado espiritual. Não ser
lavado por Cristo é estar impuro, é não ter parte com Ele.
9. A alternativa de ser separado de Cristo era muito pior para Pedro do que a vergonha de ser servido dessa maneira por seu superior. Eis porque a impulsiva inclusão de mãos e cabeça. Todas as outras partes estavam incluídas, é claro. Pedro não queria que nada ficasse excluído de ser lavado.
10,
11. Pedro precisava
saber que a virtude do lavar não era quantitativa, pois O ato era
simbólico da purificação interior. Banhou (de louô)
indica um banho completo.
Lavar...
pés. Aqui a palavra é niptô,
apropriada para a lavagem de porções individuais do corpo, tal como
na narrativa anterior. A lavagem da regeneração torna uma pessoa limpa à vista
de Deus. Isto está simbolizado no batismo cristão, que só se administra uma
única vez. Purificação posterior das manchas de impureza não substitui a
purificação inicial mas só tem significado à luz dela (cons. I Jo. 1:9).
Estais
limpos, mas não todos. A
referência é a Judas. Jesus sabia o que havia no seu coração e
quais eram seus planos (cons. 6:70, 71). Com referência a limpos,
veja 15:3. Judas não era um homem regenerado.
12.
Compreendei o que vos fiz? O
lado divino do ato já foi explicado em termos de purificação, mas o
lado humano precisava ser apresentado – o ato como símbolo do que os discípulos
tinham de fazer uns pelos outros.
13,
14. Se o seu superior,
que era Senhor e Mestre (professor), estava pronto a realizar esta
tarefa para eles, é claro que deviam fazê-lo uns pelos outros. Humildade não é
abnegação essencialmente, mas desinteresse próprio em serviço dos outros.
15.
O exemplo. Isto
exclui qualquer pensamento de que o lava- pés seja uma ordenança.
As Escrituras silenciam sobre a prática, salvo na qualidade de um serviço
ministrado por causa do amor na questão da hospitalidade (I Tm. 5:10).
B. O Anúncio da Traição, 13:18-30.
Judas
estivera na mente do Senhor mesmo durante o lava- pés (vs. 10, 11) . Agora já
não era mais possível esconder a revelação de que haveria uma traição. Com
grande sabedoria Jesus logrou que Judas soubesse que Ele estava cônscio de suas
intenções e que o excluía de Sua companhia. Assim ele forneceu o tipo de
atmosfera adequada para continuar com Seus ensinamentos.
18. Não falo a respeito de
todos vós. Judas não poderia lucrar com o exemplo dado no
lava-pés.
Eu
conheço aqueles que escolhi –
inclusive Judas. As Escrituras já tinham declarado de antemão a
traição deste homem (Sl. 41:9). O versículo não foi citado todo, pois a
primeira metade não era aplicável.
19. Qualquer tentação
da parte dos outros discípulos para duvidar da sabedoria de Jesus na escolha de
Judas foi assim prevenida, pois Cristo não foi tomado de surpresa. Depois da
Paixão, esses homens poderiam olhar para trás e crer no seu Senhor mais
firmemente do que nunca.
20. Judas não
continuaria como representante de Cristo, mas esses homens sim. Eles levavam o
nome e a autoridade do Salvador. Aqueles que reagissem favoravelmente estariam
reagindo ao próprio Cristo. Este princípio tem base no próprio relacionamento
de Jesus com o Pai.
21. Agora Jesus
revelava a causa do estado perturbado de seu coração. Um traidor estava entre
eles – um dentre vós.
22. A perplexidade
sobre a identidade do traidor tomou conta do círculo apostólico. Judas
desempenhou bem o seu papel. Estava fora de suspeitas.
23. O "discípulo
amado" ocupava um lugar imediatamente ao lado de Jesus à mesa. Ele podia
reclinar-se no seio do Salvador por causa da posição usada.
24. Ansioso em saber quem era
o traidor, Pedro, longe demais para perguntar o nome a Jesus, acenou para João
fazer a pergunta.
25,
26. Em resposta à
pergunta cochichada por João, Jesus identificou o traidor, não pelo
nome, mas indicando que era aquele a quem passaria o bocado molhado,
um pedaço dado como sinal de favor especial e unidade. Deu-o a Judas. Iscariotes
provavelmente significa "homem de Querite", uma cidade da Judéia.
27. Aceitar o bocado sem
aceitar o amor suplicante que vinha junto significa que Judas estava
endurecendo seu coração para fazer o que estava determinado a fazer – trair o
Senhor. Fora descoberto e indignou-se. Desse momento em diante Satanás o
controlou inteiramente. Faze-o depressa. Mais
esforços em dissuadir Judas eram inúteis.
28. Nenhum...
percebeu. Parece que Judas estava assentado do lado de
Jesus, do lado oposto de João. A palavra de ordem despedindo Judas não foi ligada
à traição nas mentes dos outros.
29. Sabendo que Judas
era o tesoureiro, imaginaram que estivesse sendo enviado a fazer alguma compra
para a festa ou de algo a ser distribuído entre os pobres (Ne.
8:10).
30. E
era noite. Numa obra tão sensível ao simbolismo e significado
oculto como este Evangelho, estas palavras devem ter significado especial.
Descrevem imediatamente a condição de trevas de Judas por se entregar ao ódio
de Jesus e também a aproximação da hora quando os poderes das trevas engoliriam
o Salvador.
C. O Discurso no
Cenáculo. 13:31 - 16:33.
Estas
palavras preciosas de Cristo foram pronunciadas à luz de sua iminente partida
para o Pai e tinham em vista as condições sob as quais os discípulos do senhor
teriam de prosseguir sem sua presença pessoal (16:4). Três linhas principais de
ensinamentos discernem-se aqui:
1)
ordens referentes à tarefa que estava diante dos discípulos, a qual foi um
testemunho frutífero enlaçado e permeado pelo temor;
2)
advertências referentes à oposição que teriam de enfrentar do mundo e Satanás;
e principalmente
3)
uma exposição das provisões divinas com as quais os discípulos seriam
sustentados e triunfariam nos dias futuros. De vez em quando os
ensinamentos do Senhor eram interrompidos por perguntas, mostrando que os
discípulos tinham falta de entendimento em muitos pontos.
31-35. Aviso da partida e ordem para que
amassem uns aos outros.
31. Agora foi
glorificado o Filho do homem. Com a saída de Judas,
rapidamente se preparava o cenário para aquela série de acontecimentos que
glorificariam o Filho e o Pai. Na morte Cristo seria glorificado aos olhos do
Pai (cons. I Co. 1:18, 24). O Pai veria na morte na cruz o cumprimento de Seu
propósito. Só depois da Ressurreição os discípulos sentiriam a glorificação.
32. Deus foi glorificado
nele. Na ressurreição e exaltação de Jesus e no
derramamento do Espírito sobre os discípulos, Deus manifestaria que Aquele que
foi obediente até a morte, honrado agora por Sua fidelidade, era Aquele que era
um com Ele exatamente como proclamou.
33. Filhinhos. A
terna afeição foi aguçada pela comoção do adeus. Os judeus o
buscariam por curiosidade, e os Seus por causa de afeição pessoal ; em ambos os
casos, porém, seriam em vão buscá-lO no sentido físico.
34. Havia algo, entretanto, a
que poderiam devotar vantajosamente suas energias.
Novo
mandamento... Que vos ameis uns aos outros. Era novo no sentido de
que o amor devia ser exercido na direção dos outros não porque pertencessem à
mesma nação, mas porque pertenciam a Cristo. E era novo porque devia ser a
expressão do amor sem-par de Cristo, o qual os discípulos viram na vida e
veriam também na morte.
Como
eu vos amei. Era,
ao mesmo tempo, o padrão e o poder motivador do amor que devia se
manifestar.
35. Tal
amor tinha de inevitavelmente ser um testemunho ao mundo. Perpetuaria a memória
de Cristo e apontaria para a continuação de Sua vida, pois essa qualidade de
amor só fora vista nEle. Os homens reconhecem a bênção que há em tal amor ainda
que eles mesmos não sejam capazes de produzi-lo.
36-38. Pedro recusou-se a aceitar o
prospecto da separação. Foi informado de que não poderia seguir a
Cristo naquela hora, mas poderia fazê-lo mais tarde (cons. Jo.
21:19). Pronto a segui-lo agora Pedro estava pronto a dar a sua vida pelo seu
Senhor. Tal autoconfiança exigia uma repreensão. A pretensa lealdade de Pedro
produziria baixa rejeição, três vezes cometida.
Interpretação de João 14
João 14
O capítulo
14 trata principalmente do encorajamento específico para
contrabalançar a partida de Jesus, a deserção de Judas, e a predita queda de
Pedro. E são: a provisão final da casa do Pai; a volta de Cristo para os Seus;
a perspectiva de fazer coisas maiores; as possibilidades ilimitadas da oração;
o dom do Espírito Santo; e a provisão da paz de Cristo.
1. Se Pedro, o líder
do grupo apostólico, falharia, é claro que os corações estivessem turbados.
Essa palavra foi usada em relação do próprio Jesus em Jo. 11:33; 12:27; 13:21.
"Ele experimentou aquilo que poderia confortar e controlar em nós"
(T.D. Bernard, The Central Teaching of Jesus Christ).
Credes é, provavelmente, um imperativo em
ambos os casos. Tudo parecia estar às margens de um colapso. Era
necessário uma renovada fé em Deus. A causa de Jesus parecia estar diante da
derrota; portanto a fé nEle era mais necessária do que nunca. Cada nova provação
como cada nova revelação é uma chamada para a fé.
2. Casa de meu
Pai (cons. 2:16). O Templo em Jerusalém, com seus vastos
pátios e numerosos gabinetes, sugere o antítipo do Céu.
Muitas
moradas. Lugares
de habitação. A mesma palavra de 14:23.
Eu
vo-lo teria dito. O
discípulo tem o direito de supor que tem uma provisão divina
adequada mesmo quando não foi declarado.
Vou
preparar-vos. Como
Pedro e João foram à frente preparar o recinto para a ceia, Jesus precedia os
demais na glória para preparar "o cenáculo" para os Seus.
3. Voltarei. Gramaticalmente, é um presente do futuro, enfatizando ambos, a certeza da vinda e a natureza iminente do acontecimento. A vinda não enfatiza o Céu como tal, mas antes a reunião de Cristo e o Seu povo. Onde eu estou – a mais satisfatória definição do Céu. Esta linguagem espacial torna difícil interpretar o versículo como sendo uma provisão da contínua presença de Cristo com o Seu povo enquanto Este ainda se encontra na terra. A aplicação das palavras à morte do crente também não é apropriada, pois nessa experiência os santos de Deus partem para ir ter com Cristo (Fl. 1:23).
4. Os melhores
textos traduzem assim: Vocês sabem o caminho para onde vou.
5. Tomé viu um problema
duplo no pronunciamento de Jesus. Uma vez que ele como também os outros, não
conheciam o destino, como poderiam conhecer o caminho?
6. O
caminho. Isto tem um destaque especial por causa do contexto.
Foi um tanto antecipado no ensino sobre a porta (10:9).
A verdade. Cristo
como verdade torna o caminho digno de confiança e infalível (cons.
1:14; 8:32, 36; Ef. 4:20, 21).
A
vida (cons. 1:4; 11:25).
Ninguém
vem. O verbo coloca
Jesus ao lado de Deus e não ao lado do homem (Ele não disse
"vai"). "Nenhum homem pode alcançar o Pai a não ser que
compreenda a Verdade e participe da Vida que foi revelada aos homens por Seu
Filho. Assim, apesar de ser o guia, Ele não nos guia a algo além de Si mesmo. O
conhecimento do Filho é o conhecimento de Deus" (Hoskyns).
7. As palavras sugerem
o fracasso dos discípulos em conhecer Cristo como Ele realmente era. À vista
desta última revelação, entretanto, não poderia haver justificativa para o
fracasso em conhecer o Pai tão bem quanto o Filho. Alguns manuscritos dão uma
tradução diferente. "Se vocês me conhecessem (como me
conhecem), conheceriam também o meu Pai".
8. O desejo de uma experiência objetiva era forte – mostra-nos o Pai (cons. Êx. 33:17). Filipe sentia que conhecia Deus, mas não como Pai no sentido máximo que Jesus tinha em mente quando falou dEle.
9. Há
tanto tempo. Era
pateticamente tarde para o pedido. O Filho estivera revelando o Pai
o tempo todo (10:30). Isto estava no fundo de sua missão (1:18).
10. É claro que Filipe
tinha de crer que havia comunhão de vida entre o Pai e o Filho. Da união entre
o Filho e o Pai vinham as palavras que Jesus falava. Das obras
que Ele realizava vinha a demonstração de que o Pai habitava nEle e agia por
intermédio dEle.
11. A exortação
transferiu-se de Filipe para os Onze. Crede-me. Isto é,
aceitem meu testemunho sobre o meu relacionamento com o Pai. Uma opinião
suficientemente elevada de Cristo torna sua auto-revelação em evidência final.
Para aqueles que precisam de outra evidência, as obras estão
lá para sustentarem a reivindicação.
12. Obras...
maiores. Não devem se restringir aos sinais que Jesus operou
nos dias da sua carne. As obras não poderiam ser maiores do que as Suas em
qualidade, mas maiores em extensão.
Porque
eu vou para junto do meu Pai. Esta
é a razão das obras maiores. As restrições impostas a Jesus pela
encarnação podiam ser removidas, sua posição com o Pai podia ser relacionada às
obras maiores de duas maneiras: respondendo às orações dos Seus, e enviando o
Parácleto como fonte infalível de sabedoria e força. As obras, então, não
seriam feitas independentemente de Cristo. Ele responderia as orações; ele
enviaria o Espírito.
13,
14. Tudo quanto. O
alcance da oração. Pedirdes. A condição da
oração. Em meu nome. O terreno da oração. Isto envolve duas
coisas pelo menos: orar com a autoridade deferida por Cristo (cons. Mt. 28:19;
Atos 3:6) e orar em união com Ele, para que não se ore fora de Sua
vontade. Isso farei. A certeza da oração. A fim de que
o Pai seja glorificado no Filho. O propósito da oração. Se
pedirdes. O se está do lado daquele que
ora, não do lado de Cristo.
15. Se me
amais. Esta é a atmosfera na qual serão honradas por Seus
servos não somente a ordem relativa à oração, mas todas as outras ordens do
Senhor.
Guardareis está no imperativo, mas boas fontes
documentárias pedem a forma futura "guardareis". O amor
não é em primeiro lugar um predicado sentimental; é a dinâmica da obediência.
Meus
mandamentos. Basicamente,
só Deus pode mandar. A Divindade estava falando.
16. Esses
mandamentos só podem ser guardados no poder do Espírito Santo, chamado aqui
o outro Consolador. Uma tradução melhor neste ponto
seria Ajudador. A palavra outro coloca o Espírito
em pé de igualdade com Jesus (cons. Fl. 4:13). No Espírito temos mais do que um
ajudador ocasional – a fim de que fique convosco para sempre.
17. O Espírito da
verdade (cons. 15:26; 16:13). Ele é iluminador além de
ajudador. Seu grande tema é Cristo, a Verdade (14:6; 15:26). Que o
mundo não pode receber. O mundo é governado pelos sentidos. Uma
vez que o Espírito não pode ser visto nem compreendido pela razão, Ele fica de
fora da experiência consciente do mundo (cons. I Co. 2:9-14). Habita
convosco. Uma presença constante, compensando o afastamento do
Senhor. Em vós. Não apenas com eles na qualidade de uma
presença permeando o corpo físico, mas habitando neles individualmente.
18. O
mesmo assunto prossegue. Órfãos. Desamparados. A necessidade dos
discípulos seria atendida quando Cristo viesse na bênção da ressurreição. Isto
traria com Ele a pessoa do Espírito (20:22). Assim como o Espírito estaria com
eles e neles, também Cristo. Seria impossível diferenciar os dois, tal como o
Filho e o Pai são indivisíveis (cons. II Co. 3:17). Cristo não estava falando
de sua vinda futura, como no versículo 3, mas de uma vinda que atenderia uma
necessidade imediata.
19. Cristo seria objeto de
vista para o mundo por apenas um tempo limitado. Então viria a morte, e ainda
que seguida da ressurreição, isto não o restauraria aos olhos dos homens (Mt.
23:39). Os discípulos seriam capazes de vê-lo e de participarem de sua
vida ressurreta porque estavam espiritualmente vivos.
20. Naquele
dia esses homens seriam capazes de captar o significado
daquilo que Jesus estivera tentando lhes dizer sobre a Sua vida com o Pai, que
era uma vida de interpenetração e comunhão, e também sobre Sua própria vida,
que fora agora da mesma maneira elevada ao divino e impregnada dEle. Conhecereis. Gnôsesthe fala
de descoberta. Nem é necessário dizer, isto não dá ao crente o direito de dizer
que ele é Deus ou o Filho de Deus. A união não tem sentido separadamente da
existência individual daqueles que a compõem.
21. Jesus voltou
ao assunto do amor e da obediência aos Seus mandamentos (cons. v. 15), mas à
vista dos ensinamentos do verso 20, incluía agora a menção do Pai. Guardar os
mandamentos de Cristo é prova de amor a Cristo. Este amor desperta o amor
correspondente do Pai, cujo amor ao Filho é tal que Ele tem de amar a todos os
que o amam. Produz também a manifestação do Filho ao crente. O que os
discípulos desfrutaram através da manifestação física do Senhor ressuscitado
após a Ressurreição, desfrutariam também no sentido espiritual através de todo
o restante de sua peregrinação terrena.
22. Judas, não o
Iscariotes. A reputação do traidor era tão má que João
toma o cuidado de não permitir qualquer confusão na identificação, apesar de
que o outro Judas tivesse deixado o recinto. Este Judas não podia entender uma
manifestação restrita aos poucos escolhidos, não que fosse impossível (ela
estava acontecendo naquele momento) mas não parecia de acordo com a glória do
ofício messiânico. Se Cristo tinha de voltar novamente, por que não ao mundo?
Ficou perplexo com a declaração de Jesus no versículo 19.
23. "A resposta a Judas
é que a manifestação mencionada tinha de ser limitada, porque só podia ser
feita onde houvesse comunhão de amor que se autenticasse pelo espírito de
auto-negação e submissão às ordens de Jesus" (William Milligan e W.F.
Moulton. Commentary on the Gospel of St. John). Esta
manifestação além de ser muito pessoal, conduz também a um
relacionamento permanente – faremos nele morada. Observe
que o Filho tem a liberdade de empenhar o Pai em um certo curso de
ação, outra indicação clara de divindade.
24. Eis aqui o corolário do lado negativo
da verdade do último versículo. Mais uma vez Cristo confirmou a
unidade da palavra do Filho com a do Pai.
25,
26. Isto... todas as coisas. Os
ensinamentos de Cristo no tocante às novas condições da era vindoura
era mais sugestiva do que completa (cons. 16:12). Essa deficiência tinha de ser
vencida pela vinda do Espírito Santo. Seu ministério aos crentes tinha de ser,
principalmente, ensinar-lhes (um dos grandes ofícios de cristo também; os dois
estão combinados por implicação em Atos 1:1). Todas as coisas (cons.
I Co. 2:13-15). Esses assuntos presumivelmente seriam baseados na pessoa e na
obra de Cristo, proporcionando, assim, uma continuação dos ensinamentos de
Jesus. Uma parte da obra do Espírito, na realidade, seria a de recordar o que
Cristo tinha falado (cons. 2:22; 12:16).
27. A
paz. Uma palavra freqüentemente relacionada com as despedidas
(cons. Ef. 6:23. I Pe. 5:14). Mas isto é mais um legado do que um toque
convencional. Deixo-vos (aphiêmi) é raramente usado
neste sentido. Outro exemplo ocorre na Septuaginta, no Salmo 17:14. A minha
paz, uma qualidade diferente de paz, diferente da paz do
mundo, que seria abalada numa hora como esta quando a morte se
encontrava tão perto. O dom de sua paz tornaria destemidos seus seguidores,
assim como Ele (cons. 16:33).
28. O Senhor não
tinha a intenção de esconder o fato de Sua partida, mas Ele os lembrou que a
tristeza da partida era aliviada pela promessa de voltar novamente.
Se
me amásseis. Seu
amor era ainda incompleto. O amor deseja o melhor para aquele que é
amado. Os discípulos se regozijariam com a Sua volta ao Pai.
O
Pai é maior do que eu. Isto
nada tem a ver com o ser essencial, e não contradiz também João
10:30 e outras passagens. O Pai estava em posição de recompensar o Filho
pela obediência até à morte. Aqui temos indicações de que a volta de Cristo ao
Pai resultaria em bênçãos em benefício de Seus seguidores; por isso Sua alegria
não seria inteiramente desinteressada.
29. Todas as bênçãos
derramadas no futuro corroborariam a palavra de Cristo e aumentariam a
confiança e a fé dos discípulos nEle.
30. O príncipe do
mundo (cons, 12:31). Uma referência a Satanás. Aqui a
significação imediata parece ser à traição de Judas, instrumento de Satanás, e
a prisão de Jesus (cons. Lc. 22:53).
Nada
tem em mim. Nenhuma
participação na pessoa ou causa de Cristo (cons. 13:8). Aqui pode
haver uma sugestão da verdade que Satanás nada tem em Cristo que seja seu de
direito, que ele possa reclamar ou se apropriar para seus próprios interesses.
Cristo é sem pecado e vitorioso sobre o mal.
31. Exatamente aquilo
que Satanás estava para realizar, isto é, a morte de Cristo na cruz, era aquilo
que o Salvador tinha urgência de realizar. Mas Ele não o fez como vítima
indefesa de Satanás, fê-lo por amor ao pai, sabendo que era mandamento do pai
(sua vontade expressa). Levantai-vos, vamo-nos daqui. De modo
algum parece certo que a ordem foi imediatamente obedecida. Há uma dificuldade
em supor que o restante do discurso fosse pronunciado em um lugar público, até
mesmo no Templo.
Interpretação de João 15
João 15
No capítulo
15 percebemos as seguintes linhas de pensamento: produção de frutos
através da permanência em Cristo (vs. 1- 11); o amor como fruto supremo (vs. 12
-17); o ódio do mundo pelos discípulos, como também por Cristo (vs. 18-25); o
testemunho divino e humano de Cristo (vs. 25-27).
1.
Eu sou a videira verdadeira. Provavelmente
houve intenção de se estabelecer um contraste com Israel, a vinha
plantada por Deus que provou ser estéril (Is. 5:1-7). Verdadeira.
Tudo o que uma videira deveria ser no sentido espiritual. Cristo não é
simplesmente a raiz ou o tronco, mas toda a planta. Incluído nEle está o Seu
povo. Agricultor. Ambos, proprietário e tratador.
2. Todo ramo que,
estando em mim. Estar em Cristo é um fato espiritual de
importância incalculável. Não der fruto. Não é um seguidor
presuntivo. Assim como a planta possui brotos que sorvem a seiva mas nada lhe
acrescentam, precisando por isso serem cortados, da mesma maneira um filho de
Deus, estéril, que insiste em fazer a sua própria vontade deve aguardar ser
posto de lado. A mão disciplinadora de Deus pode até remover tal pessoa através
da morte. Limpa. Isto se aplica ao ramo que dá fruto. Ele é mantido
limpo de qualquer tendência para a apatia ou de mero crescimento sem produção
de frutos. O objetivo é mais fruto.
3. Já estais limpos (literalmente, por
causa da) pela palavra. Separados dos outros, tendo
recebido a revelação de Deus em Cristo.
4. Permanecei em mim, e
eu permanecerei em vós. Isto faz lembrar 14:20, Mas ali o
pensamento se relaciona com a posição; aqui se relaciona com a vontade, a
decisão de depender conscientemente de Cristo como a condição de produção e
fruto. A resposta de cristo é uma manifestação interior – eu... vós. Um
ramo destacado da videira é necessariamente estéril. A intenção é a união
vital.
5. A videira e
as varas são distintas. Da videira vem a vida; das varas, como resultado, vem o
fruto. A ordem é a mesma de 14:20 e 15:4. Nossa permanência em Cristo
relaciona-nos com a fonte da vida. Sua habitação em nós produz um fornecimento
constante de fruto – muito fruto. Sem mim. Separados de
Mim, cortados de Mim
6. É um fato conhecido que
além da produção de uvas a videira não tem nenhuma utilidade a não ser como
combustível (cons. Ez. 15:6). Alguém... o. "A indefinição
do sujeito corresponde ao mistério do ato simbolizado"
(Westcott). Uma vez que o sujeito é a produção do fruto e não a vida eterna, o
fogo é um juízo sobre a esterilidade, não um abandono à eterna destruição. A
vara é o potencial de produção de fruto, não a própria pessoa. Aqui
está se falando de obras infrutíferas (cons. I Co. 3:15).
7. As minhas
palavras. As palavras de Cristo, como também a pessoa de
Cristo, podem permanecer no crente. É o ensinamento de Cristo que desperta a
oração do tipo adequado. Quando a palavra de Cristo habita abundantemente em
nós (Cl. 3:16), pode-se seguir seguramente o que quisermos, e será feito. O
ensinamento é semelhante ao de Jo. 14:13, 14.
8. O discipulado
é um crescimento, uma coisa dinâmica. Quanto mais fruto produzimos, mais
verdadeiramente estamos nos encaixando no padrão de discípulos,
aqueles que aprendem de Cristo a fim de se parecerem com Ele. Deus é glorificado com
isso. Ele é vindicado e recompensado pelo Seu investimento na vinha.
9. A menção do amor nesta
altura sugere que este é o item principal no fruto que o Pai está preocupado em
achar nos Seus filhos (cons. Gl. 5:22). Mas este não é o amor no sentido geral
– antes, o meu amor, o amor de Cristo. Quando Ele entra para
habitar, traz junto o Seu autor, que por seu lado é o próprio amor do Pai
desfrutado por Cristo. O amor cristão tomar-se, assim, divino em seu
caráter. Permanecei no meu amor. Não aceite
substitutos.
10. O gozo do amor do
Salvador está condicionado na obediência aos Seus mandamentos. Esta
não é uma exigência arbitrária, pois Cristo mesmo também operou debaixo desta
regra no Seu relacionamento com O Pai. O discípulo não está acima do seu
Senhor.
11. A vida de amor
produz gozo. Cristo a teve em primeiro lugar como resultado da
execução perfeita da vontade do Pai e desfrutando o Seu amor. Isto Ele
transmite aos Seus, e no processo personaliza-se de modo do que se transforma
no gozo deles. No começo a posse pode ser parcial, mas o alvo é ser completo,
não deixando lugar para o medo ou insatisfação. A sessão seguinte começa e
termina com a ordem de se amarem uns aos outros.
12, 13. Eis aqui uma epitomização da obrigação do cristão. Não é mais uma advertência de guardar os mandamentos de Cristo para permanecer no Seu amor (v. 10) . É antes uma injunção para concentração no mandamento do amor de uns aos outros.
Assim
como eu vos amei. A
medida do amor de Cristo pelos Seus é o auto-sacrifício, do qual
eles se beneficiam (cons. I Jo. 3:16). Tal padrão pode ser alcançado só quando
o amor do próprio Cristo tem permissão de fluir através da vida do Seu povo. A
anunciação da cruz feita por Jesus nos sinóticos enfatiza a necessidade divina;
aqui a motivação é amor. A cruz não é algo imposto mas algo aceito – dar alguém
a sua própria vida. Prova imediata de amor é a prontidão em dar
indicação antecipada do propósito de morrer por aqueles que são amigos Morrer
por eles de modo nenhum contradiz o propósito de morrer por um
círculo maior, até mesmo pelo próprio mundo.
14. A amizade com Jesus não
elimina a necessidade da obediência.
15. Se esta necessidade
parece tornar os amigos em servos, existe uma diferença. O servo
não tem a confiança do seu senhor. Prova do "status" de amigos, no
caso dos discípulos, foi a admissão que tiveram nos segredos de cristo,
inclusive de tudo aquilo que o Pai tinha revelado ao Filho. Nada foi retido. Isto
não significa que tudo tenha sido compreendido pelos seguidores de Jesus.
16. Para que os
discípulos não ficassem com a impressão de que somente eles estavam nos planos
de Deus, Cristo esclarece agora que eles tiveram o privilégio de receber uma
posição especial para transmitirem a mensagem aos outros. Eles foram
escolhidos, não para seu próprio prazer ou orgulho. Antes, Cristo os nomeou
tendo um serviço em mente.
Vades
e deis frutos. Anteriormente
o fruto era o amor. Agora tem de ser o amor em ação, a proclamação
da mensagem da salvação e o ganhar de almas. Há uma relação íntima de
pensamento com João 12:24.
Permaneça. A mesma palavra foi traduzida habite em
outro lugar no capítulo. Que haveria fruto permanente foi uma
promessa graciosa à vista dos resultados desapontadores durante o
ministério de Jesus, quando muitos professaram interessar-se por Ele, para
deixá-lO logo após algum tempo.
17. Este versículo é
transicional. Os discípulos tinham de amar uns aos outros, pois não obteriam
amor do mundo. A esta altura a palavra "amor" quase desaparece da
passagem, sendo substituída por "odiar" e "perseguir" (nove
vezes em nove versículos).
18. O mundo. A
sociedade não redimida, separada de Deus, presa nas garras do
pecado e do mal, cega às verdades espirituais e hostil para com aqueles que têm
a vida de Deus neles. O ódio não visitaria os discípulos em um espírito de
anti-semitismo, mas como uma continuação da hostilidade e do ódio contra
Cristo. O ataque passaria do Pastor para as ovelhas. Tão certo quanto suas
vidas refletiriam Cristo, atrairiam também o ódio dos homens pecadores (cons.
Gl. 4:29).
19. A hostilidade tem raízes
na dessemelhança espiritual. O mundo sente-se confortável na presença do que
é seu. Tem a capacidade de sentir certa afeição por esses. A
exclusividade da sociedade cristã, uma comunidade redimida dentro da não
redimida, desperta o desprazer. Repreendido pela santidade daqueles que são de
Cristo (cons. v. 22), o mundo exibe seu ressentimento.
20. A prova da genuinidade do
discipulado está na correspondência que há entre a reação dos homens ao
ministério dos seguidores de Jesus e a reação dos homens a Cristo nos dias da
sua carne. Alguns homens os perseguirão; outros guardarão suas
palavras. Lembrai-vos da palavra. A referência é a Jo. 13:16.
Atos 4:13 é uma poderosa ilustração dos ensinamentos de Jesus nesta passagem.
Tendo se livrado de Jesus, como pensavam, os líderes ficaram consternados
quando tiveram de enfrentar os discípulos que agiam como Ele.
21. Por causa
do meu nome. Cristo sofreu rejeição porque os homens
realmente não conheciam Aquele que o enviou. Os discípulos estavam sendo
iniciados nesse círculo de má compreensão, participando dessa honra com o seu
Senhor.
22. Esta ignorância da identidade de Cristo e sua missão baseava-se no pecado dos homens. Embora Cristo não viesse para julgar mas para salvar, Sua simples presença e testemunho despertava a manifestação do pecado que de outro modo permaneceria dormente. Expostos pelo salvador, seus inimigos não tinham onde se esconder. Seu último recurso consistia em banir Cristo de diante dos olhos deles. Não teriam pecado. O pecado culminante da incredulidade .e rejeição do Salvador.
22. Esta ignorância da identidade de Cristo e sua missão baseava-se no pecado dos homens. Embora Cristo não viesse para julgar mas para salvar, Sua simples presença e testemunho despertava a manifestação do pecado que de outro modo permaneceria dormente. Expostos pelo salvador, seus inimigos não tinham onde se esconder. Seu último recurso consistia em banir Cristo de diante dos olhos deles. Não teriam pecado. O pecado culminante da incredulidade .e rejeição do Salvador.
23. O custo de odiar Cristo é
a condenação de odiar o Pai também. Os homens não podem tratar o Pai de um modo
e o Filho de outro.
24. As obras (complementando
a palavra de Cristo no v. 22) eram de tal caráter que os homens
tinham de pronunciar um veredicto contra ou a favor dEle. Ao rejeitá-lO,
pecavam. Era pecado acompanhado de ódio que logicamente envolvia o Pai em cujo
nome viera o Filho.
25. Sua lei. As
próprias Escrituras que os judeus tanto exaltavam levantavam-se
contra para condená-los (Sl. 69:4). Sem motivo (dôrean). Um ódio assim
não tem defesa. Falta-lhe base contra o objeto odiado. A mestria palavra
ocorre, com o mesmo significado, em Rm. 3:24, onde a base da salvação está
apresentada como sendo o próprio Deus e não a dignidade do homem. Tal ódio
exige um forte e destemido testemunho diante do mundo. João descreve agora a
natureza desse testemunho.
26,
27. Os discípulos não
teriam de enfrentar o mundo sozinhos. Teriam um ajudador divino,
o Espírito da verdade. Ele traria à baila a verdade sobre a
condição pecadora dos homens e a verdade sobre Cristo, o remédio para esse
pecado. O Espírito viria em dupla missão, por assim dizer, sendo enviado do
Filho pelo Pai, a fim de testificar de Cristo (cons. 16:7-13). E vós
também testemunhareis. Provavelmente mais indicativo que imperativo.
Do ponto de vista da associação com Jesus, a qual lhes deu o conhecimento
necessário para um testemunho válido, já estavam qualificados, uma vez que
estiveram com Ele desde o princípio - o começo do
seu ministério. Mas, para vigorar, seu testemunho tinha de se juntar ao do
Espírito operando neles e através deles (cons. Atos 5:32).
Interpretação de João 16
João 16
No capítulo
16 a nota dominante continua a mesma – a partida de Cristo e a
antecipação do que isto significaria. O pensamento se movimenta ao longo
das seguintes linhas: a advertência de Cristo sobre a futura perseguição
(16:1-4a); sua partida explicada à luz da vinda do Espírito e seu
ministério ao mundo (16:4b-11); o ministério do Espírito aos crentes
(16:12-15); conforto para contrabalançar a dor da separação (16:16-28); a
vitória do Filho de Deus (16:29-33). O tema da perseguição fora antecipado
pelo ensinamento anterior (cap. 15) sobre o ódio do mundo contra Cristo e
os Seus.
1. Tenho-vos dito estas coisas. Primeiramente a informação sobre o ódio do mundo, para que os discípulos pudessem se ornar de antemão, mas também o lembrete de que eles eram testemunhas diante desse mesmo mundo que os desprezaria (cons. 15:27). A responsabilidade enrijece o caráter. Para que não vos escandalizeis. A palavra "escandalizar" dá a idéia de tropeço por causa de um obstáculo, mais do que uma tendência interior para desertar. A frase que Jesus costumava usar é "vos escandalizareis em mim" (Mt. 26:31).
2.
Eles vos expulsarão das sinagogas (cons.
9:22). A mais dolorosa experiência para um judeu, cujo laço com a nação
era forte. Os crentes judeus em Jerusalém continuaram misturando-se com
seus conterrâneos no Templo depois do Pentecoste, demonstrando seu
senso de afinidade com o seu povo. Julgará com isso tributar culto
a Deus. O melhor comentário é a confissão de Saulo de Tarso referente
aos dias de sua perseguição (Atos 26:9-11). Ele media o seu zelo para com
a sua própria religião através dos terrores e destruição que infligia à
igreja (Gl. 1:13; Fl. 3:6).
3. Ignorância de Cristo e Seu verdadeiro
relacionamento com o Pai ajuda a explicar a perseguição. Tal ignorância
não desculpa o perseguidor. Paulo intitulou-se o principal dos pecadores
por causa disso! (I Tm. 1:13-15).
4. Quando a perseguição se
desencadeasse, a memória da sinceridade de Cristo em adverti-los dessas
coisas serviria para fortalecer seus servos. Enfrentar tais coisas sem
preparo provocaria desânimo. Porque eu estava convosco. Cristo
foi seu escudo contra a oposição. À luz de sua breve partida, o presente
ensinamento tomou um significado que não teria antes. Era momento de
pensar mais diretamente sobre a sua partida e sobre o que ela significaria
para aqueles que ficavam.
5. Para Cristo a partida significa o
retorno para junto dAquele que o enviara. Este aspecto da coisa não
penetrara ainda nas mentes dos discípulos. Eles não lhe perguntaram, Para
onde vais?
6. Em vez disso preocupavam-se com a
perda que sentiam. Estavam tomados de tristeza.
7.
Vos convém que eu vá. A
desvantagem em termos de separação e tristeza seria ultrapassada pelo
lucro ocasionado pela vinda do Consolador (ajudador). Só é preciso que se
compare os discípulos do final do ministério de Jesus com esses mesmos
homens depois da vinda do Espírito para ver como desenvolveram grandemente
sua compreensão e eficiência no serviço. Se eu não for, o
Consolador não virá (cons. 7:37-39). Isto não é um sinal de
hostilidade ou inveja entre o Filho e o Espírito. Na verdade, o Espírito
veio sobre Cristo para lhe dar poder para a Sua obra; e logo viria sobre
os seguidores de Cristo, como que compensando a perda da presença pessoal
do Senhor.
8.
Convencerá o mundo. Convencer
e condenar. O Espírito tinha de vir primeiro para os discípulos (veja
final do v. 7), e através deles assumiria a tarefa de convencer os homens.
Num certo sentido este ministério está em correlação com a atividade de
perseguição do mundo. O mundo poderá dar a impressão de fazer incursões na
Igreja, mas já um contra-ataque na obra do Espírito, com o intuito não de
ferir mas de converter, ou de pelo menos convencer. O Espírito, operando
através dos apóstolos, produziu convicção do pecado na própria cidade onde
Jesus fora condenado à morte (Atos 2:37).
9.
Do pecado. Tendo
o pecado do mundo se colocado em evidência na rejeição de Jesus, quando
deveria ter havido aceitação, o Espírito faz disso um ponto importante. Na
sua cegueira os homens chamaram Jesus de pecador na hora em que o próprio
pecado deles levava-os a condená-lO à morte.
10.
Da justiça. O
próprio fato de que Cristo podia resolver o problema do pecado da
humanidade através de Sua morte redentora revelou Sua perfeita justiça. De
outro modo Ele precisaria de um Salvador para Si mesmo. O Pai é o
verdadeiro juiz da justiça. Sua prontidão em aceitar o Filho de volta na
glória é a prova de que não o achou em falta (Rm. 1:4; 4:25; I Tm. 3:16).
11.
Do juízo. Quando
aqueles que crucificaram Jesus viram que Deus não interferiu, imaginaram
que o juízo de Deus fora pronunciado sobre Ele. Na verdade, outro estava
sendo julgado ali, o próprio Satanás, o príncipe deste mundo. Satanás
governa através do pecado e morte. O triunfo de Cristo sobre o pecado na
cruz e sobre a morte na Ressurreição proclamou o fato que Satanás fora
julgado. A execução final do julgamento é apenas uma questão de tempo. A
esta altura o pensamento afasta-se do mundo. Surge a obra do Espírito em
benefício dos crentes.
12. O discurso não era uma completa
exposição dos pensamentos de Jesus em relação com os seus. Havia ainda
muito para ser dito. Não valia a pena dizê-lo, pois os discípulos não
poderiam suportar. Estavam imaturos demais. Essas verdades se tornariam
mais reais quando a experiência deles crescesse.
13. A comunicação dessas coisas podia ser
seguramente adiada até que viesse o Espírito da verdade, que
é um professor tão eficiente quanto o próprio Senhor.
Toda
a verdade. Não
a verdade em todos os ramos do conhecimento, mas a verdade nas coisas de
Deus, num sentido mais restrito, as coisas que nós chamamos de espirituais
(cons.
I Co. 2:10).
Não
falará por si mesmo. Ele
não tentaria ensinar coisas de Sua própria invenção, mas tal como o Filho
(15:15), transmitiria aos homens o que lhe fora dado por Deus Pai. Uma só
fonte garante unidade de ensinamento. Em última análise os crentes são
ensinados por Deus
(I
Ts. 4:9).
As
coisas que hão de vir. A
volta de Cristo e os acontecimentos concomitantes podiam estar em vista,
mas antes deles, a morte e a ressurreição de Jesus e suas conseqüências,
aquelas coisas sobre as quais os discípulos tropeçaram quando Jesus lhes
falou sobre elas.
14.
Glorificará. Tal
como Cristo estava glorificando o Pai através de sua obediência até à
morte, assim o Espírito glorificaria Cristo esclarecendo o significado de
Sua pessoa e obra. A missão instrutiva do Espírito seria em primeiro lugar
de receber o depósito da verdade cristocêntrica, depois mostrá-las aos
crentes. Segue-se que um ministério, para ser orientado pelo Espírito,
deve magnificar a Cristo.
15. Uma vez que as coisas de Cristo
incluem as verdades referentes ao Pai e Seus conselhos, quando o Espírito
comunica as coisas de Cristo comunica toda a verdade. Logo a seguir o
Senhor lidou com as compensações que aliviariam a dor ocasionada com a Sua
partida. Essas incluíam a promessa de que os discípulos o veriam novamente
(v. 16);
sua
alegria em vê-lo (v. 22);
o privilégio
da oração (vs. 23, 24);
aumento
de conhecimento (v. 25);
e
o amor sustentador do Pai por eles (v. 27).
16.
Um pouco. A
frase ocorre sete vezes em quatro versículos. Refere-se ao curto intervalo
que houve até o seu sepultamento quando os discípulos não o viram mais com
os olhos da visão física.
O
segundo um pouco indica o intervalo entre o Seu
sepultamento e a Sua ressurreição, depois da qual eles o veriam novamente.
Aqui
a palavra ver não é a mesma da primeira ocorrência.
Transmite aqui a idéia de percepção como também de observação. Algo do
significado deste drama da redenção, que era naquela ocasião tão
misterioso, despontaria sobre aqueles homens. A última cláusula, vou
para o Pai,não tem suficientes provas documentárias para ser relida no
texto.
17. As palavras de Jesus estavam além do
alcance da compreensão dos discípulos. Antes disto já tinham feito
perguntas individualmente. Esses homens (alguns dos seus discípulos),
tímidos demais para anunciarem sua perplexidade em voz alta, confabularam
entre si em vez de se dirigirem ao Senhor. Neste versículo, as
palavras, vou para o Pai, são genuínas. São facilmente explicáveis
com base no uso que Jesus faz delas no versículo
18. Este fato da sua partida é a
preocupação todo-absorvente.
19,
20. Reconhecendo seu
desejo ardente de ter uma resposta ao problema do um pouco em
sua dupla aplicação, Jesus ofereceu-se a dar a resposta, ainda que não a
resposta precisa que eles esperavam. Mas ele mostrou o que aquele um
pouco significaria para eles em cada exemplo. No primeiro, eles
chorariam enquanto o mundo se regozijaria, pois a morte do Salvador
produziria reações completamente diferentes, nos crentes e nas pessoas do
mundo
(cons.
Ap. 11:10).
Mas
essa mesma coisa que traria tristeza transformar-se-ia em uma ocasião de
alegria quando os discípulos fossem capazes de ver a cruz à luz da
Ressurreição, quando o segundo "um pouco" os surpreendesse.
21. Jesus fez uma analogia com a vida
humana, mostrando como a alegria suplanta a tristeza. As dores do parto de
uma mulher produzem tristeza, mas ela se esquece das dores na alegria do
nascimento. Pode haver significação no fato de se dizer que um
homem nasceu (e não uma criança). Cristo, na ressurreição, como o
primeiro a renascer dos mortos (Cl. 1:18) une a Si o novo homem, Sua
Igreja, à qual ele comunica Sua vida ressurreta.
22. A alegria da reunião seria uma
experiência permanente; a segunda separação, ocasionada pela ascensão do
Senhor, não afetaria a alegria
(Lc.
24:51-53).
23.
Naquele dia. O
Senhor estava pensando nas condições que prevaleceriam depois de Seu
retorno ao Pai. No período intermediário dos quarenta dias depois da Ressurreição,
os discípulos perguntaram algo (Atos 1:6). Mas quando Ele fosse levado,
toda oportunidade de fazer perguntas tais como aquelas que estavam
fazendo teria desaparecido. Isto não significa que haveria ausência total
de comunicação. A porta da oração estaria aberta. Ele só teria de pedir e
o Pai daria as respostas às suas perplexidades e supriria suas
necessidades. Em meu nome (veja comentário sobre 14:13, 14).
24.
Nada tendes pedido. Aqui
a palavra "pedir" foi usada no sentido de fazer um pedido e não
de formular uma pergunta. Devido à presença de Jesus no meio deles, pedir
em seu nome seria desnecessário. Mas naquele dia que estava por vir, o
gozo de ver Jesus novamente seria mantido através da oração.
25.
Figuras. Não
máximas, mas palavras obscuras. Seus ensinamentos eram muitas vezes
enigmáticos para Seus Seguidores. Mas haveria uma mudança. "A volta
de Jesus ao pai inaugurou uma nova era, na qual o Senhor fala aos Seus
discípulos não mais obscuramente mas clara e abertamente; presume-se que
os leitores do Evangelho entendam que Ele lhes fala através do Espírito
que receberam" (Hoskyns, The Fourth Gospel).
26,
27. No futuro, a oração
seria realmente em nome de Cristo, mas não no sentido de que o Filho seria
o caminho de vencer alguma espécie de hesitação ou resistência do Pai, a
qual os crentes encontrariam de outro modo. Pelo contrário, o Pai os ama,
e está pronto a recebê-los por causa da atitude deles para com o Seu amado
Filho. Em contraste com o mundo, eles amaram e confiaram no Filho na
qualidade de enviado de Deus.
28. O que a fé dos discípulos deveria
abranger foi agora apresentado no mais simples e mais ousado dos esboços.
A primeira metade da declaração já fora afirmada mais de uma vez por um ou
mais elementos do grupo; a segunda parte trata com a idéia principal deste discurso,
a partida do seu líder. Agora Ele colocava sua partida de modo nítido e
claro – deixo o mundo e vou para o Pai. A esta altura
o discurso já estava quase concluído. Terminou com uma nota dupla –
o fracasso patético daqueles que Jesus tentara instruir, e o seu
próprio triunfo, assistido pela presença do Pai.
29,
30. Estimulados tanto
pelo elogio à sua fé como pelo modo claro de Jesus se referir à Sua
carreira, os discípulos imaginaram que estivessem desfrutando do mais alto
conhecimento do Filho de Deus.
31,
32. Mas um rude
despertar estava a espera deles, seriam dispersos (quando Jesus fosse
preso) e Ele seria deixado só, mas teria a ajuda do Pai.
33. Para proteção deles Ele providenciou
a sua paz (cons. 14:27), da qual precisariam quando enfrentassem
as aflições que lhes estavam reservadas no mundo. Esta não é simplesmente
paz no meio do conflito, mas paz que descansa na certeza da vitória obtida
agora pelo Seu paladino sobre o mundo. A vitória de Cristo é a realidade
objetiva que torna válida a dádiva interior de Sua paz.
Interpretação de João 17
João 17
D.
A Grande Oração.
17:1-26. Jesus incluiu-se nesta oração
(vs. l-5), mas sua principal preocupação era pelos Seus. Nas duas partes o
elemento da dedicação está fortemente associado à petição.
1.
Pai. Regularmente usado
nas orações de Jesus e seis vezes aqui. É chegada a hora, o
tempo é indefinido, como algo bem conhecido entre Pai e Filho. Era ao
mesmo tempo a hora do sofrimento e da glorificação. Glorifica a
teu Filho. Capacita-o a concluir Sua carreira, realizando a
salvação para a qual veio. Está claro que Cristo aqui não procurava alguma
honra para si próprio pois na Sua glorificação através da morte,
ressurreição e exaltação, Ele buscava apenas a glorificação do Pai.
2. Esta glorificação do Pai incluía nela
a elevação do Filho à glória e ao poder, onde Ele está como cabeça sobre
todas as coisas (cons. Mt. 28:18). Autoridade. Aqui
tem-se em vista especialmente a garantia da vida eterna, com base
na obra de Cristo consumada. Os beneficiários são descritos como aqueles a
quem o Pai deu ao Filho. Esta é a descrição dos discípulos muitas vezes
mencionada na oração (vs. 2, 6, 9, 11, 12, 24).
3. A vida eterna foi apresentada em
termos de conhecimento de Deus (cons. I Jo. 5:20). Os judeus não conheciam
Deus, embora soubessem muito a respeito dEle. Esta é a proclamação deste
versículo e de todo este Evangelho que o conhecimento de Deus, que produz
a vida eterna, só vem mediante o conhecimento do Filho. Uma vez que o
Filho e o Pai são um, o conhecimento é um. O conhecimento de Deus
implica no conhecimento dos Seus caminhos e da Sua pessoa, e assim inclui
a percepção do Seu plano de salvação do pecado. Jesus Cristo (cons. 1:17).
Raro nos Evangelhos mas comum nas Epístolas.
4.
Eu glorifiquei-te na terra. Isto
nosso senhor explicou em termos de consumação da obra que o Pai lhe deu
para executar - a revelação do Pai, a denúncia do pecado, a escolha e o
treinamento dos Doze, e mais que tudo a morte na cruz, que era tão certa
que podia ser considerada já realizada. Consumando. Significa
aperfeiçoado além de terminado.
5. Tendo falado sobre a Sua obra na
terra (v. 4), O Filho agora buscava a glorificação com o Pai no reino
celeste. Assim o contraste é duplo, consistindo de lugar e pessoa. Junto
de ti. Na tua presença. Antes que houvesse mundo. Cons.
1:1, 2. Os versículos 6-8 são transicionais, ainda tratando da obra de
Cristo na terra mas preparando o caminho para pedidos em favor dos
discípulos. 6. Uma grande parte da obra do Filho na
terra foi tornar o Pai conhecido dos discípulos (cons. 1:14; 14:7-9). O
sucesso deste processo está implícito no fato de que esses homens foram
dados ao Filho pelo pai, seu entendimento não era perfeito mas ele existia
e estava em desenvolvimento. Têm guardado a tua palavra. Nenhuma
referência primariamente à obediência deles às ordens ou ensinamentos
individuais, mas a sua presteza em aceitar o Filho, Sua mensagem e missão,
até onde eram capazes.
7,
8. Os discípulos
avançaram até o ponto de compreenderem que o caráter, os dons e os
trabalhos de Cristo deviam remontar ao Deus invisível, em cujo nome Ele
viera. Particularmente, os discípulos apropriaram-se da revelação da
verdade em Cristo, reconhecendo-a como verdadeiramente de Deus. Alcançaram
assim um ponto de desenvolvimento onde era seguro deixá-los. No seu
trabalho futuro representariam alguém que representara o Deus vivo. Que
tu me enviaste. Esta expressão ressoa através da oração (vs. 3,
8, 18, 21, 23, 25). Era uma proclamação frequente nos discursos de
Cristo. Tendo mencionado as qualificações dos discípulos como Seus
representantes no mundo, agora o Senhor intercedia por eles.
9.
Não rogo pelo mundo. Isto
não significa que Cristo nunca orasse pelo mundo (cons. Lc. 23:34). Mas
orou pelos discípulos porque eram o meio escolhido de alcançar o mundo
depois que Ele o deixasse (vs. 21, 23).
10.
Todas as minhas coisas são tuas. Portanto
a preocupação do Pai em ouvir e atender são igualmente compreensíveis. O
interesse de propriedade é mútuo. Neles sou glorificado.
Neles se refere às coisas que o Pai e o Filho têm em comum, ou
melhor, os discípulos que foram mencionados no versículo precedente. Era
para a glória de Cristo que, no meio da incredulidade e rejeição geral,
esses homens se atrevessem a confiar nEle e a servi-lO. A palavra glorificado está
no tempo perfeito, sugerindo a continuação do seu testemunho de
Cristo. A primeira petição específica era pela preservação dos
discípulos do mal que está no mundo (vs. 11-15). Isto por seu lado servia
a um outro propósito, que foi fortemente enfatizado no restante da oração,
isto é, que eles fossem um.
11.
Guarda. Usado
no sentido de supervisão protetora, como em Jo. 5:18. O caráter de Deus
sendo inteiramente adverso ao mal e portanto interessado na preservação
dos Seus filhos, foi enfatizado no vocativo, Pai santo. De
maneira positiva, esta preservação uniria os discípulos, refletindo a
unidade que há entre o Pai e o Filho. O laço de união é o santo amor de
Deus. Via-se esta unidade na igreja primitiva (Atos 1:14; 2:1, 44, 46).
12. O mais autêntico texto grego
diz: Guardava-os no teu nome que me deste. Além de
guardar os seus discípulos pela autoridade do Pai, Ele também os guardou
pela verdade e poder da natureza de Deus, os quais Ele mesmo
revelou. O filho da perdição. A palavra perdição tem
a mesma raiz que a palavra perdido. Jesus dizia que a perda não era um
desvio do Seu poder de guarda na qualidade de pastor do rebanho. Antes,
Judas nunca lhe pertenceu realmente a não ser no sentido nominal e externo
(cons. 13:10, 11). A ideia em perdição é exatamente o
oposto de preservação. A Escritura. Sl. 41:9.
13.
Mas agora vou para junto de ti. Contido
aqui está o motivo de toda oração e todos os pedidos contidos nela. A
necessidade que os discípulos tinham de gozo era particularmente aguda à
luz da deserção de Judas. Os discípulos precisavam perceber que tal
acontecimento não refletia-se no Senhor ou neles. Não devia conspurcar a
sua alegria de posse da verdadeira vida e fé. Se Cristo podia se regozijar
mesmo no meio de tais coisas (meu gozo), eles também podiam.
14. A recepção da palavra de Cristo
identificava esses homens com Ele e os separava do mundo, que
o rejeitava e odiava e tinha, portanto, a mesma atitude para com eles.
15. Apesar da unidade de Cristo e os
Seus, Ele não podia orar pedindo que o Pai os retirasse do mundo. Fazê-lo
seria frustrar o propósito de sua vocação e treinamento. Trabalhando e
testemunhando, eles precisavam ser guardados do mal; caso
contrário, seu testemunho deixaria de ser puro. A referência pode ser
muito bem ao próprio diabo (cons. Mt. 6:13; I Pe. 5:8).
16. Como homens regenerados, os
discípulos já não pertenciam mais ao mundo do reino do mal espiritual,
ainda que morassem no mundo da entidade física.
17.
Santifica-os na verdade. Esta
é a segunda oração em benefício dos discípulos. Santificar significa
separar para Deus e santos propósitos. Aquilo que revela a santa vontade
de Deus na sua verdade, e especificamente aquela verdade
conforme preciosamente guardada na palavra das Escrituras. Nela
se fica sabendo o que Deus exige e como Ele capacita as pessoas a
cumprirem a exigência.
18. Ser enviado ao mundo por Cristo como
Ele foi enviado pelo Pai é a mais alta dignidade concedido aos homens.
19. Cristo não precisou se santificar,
pois já era santo. Mas Ele precisou dedicar-se (santificar-se) à sua
vocação, para que os discípulos tivessem, além do Seu exemplo, também Sua
mensagem para proclamar, e o poder que derivou do Seu sacrifício, a fim de
proclamá-la com resultados.
20,
21. A oração se estende
incluindo aqueles que crerão por causa do testemunho desses homens (cons.
10:16; Atos 18:10). A fé é a condição necessária para desfrutar da vida de
Deus e, consequentemente, para participar daquela unidade que se encontra
em primeiro lugar na Divindade e depois no corpo de Cristo, a Igreja. A
unidade basicamente pessoal em nós, seu efeito será o de estimular a fé
àqueles que estão no mundo (cons. 13:35).
22.
A glória. Sem
dúvida isto se refere à final posição celestial da Igreja, mas inclui
também o privilégio de servir e sofrer, tal como a missão que o Pai
concedeu ao Filho. Este privilégio ajuda a unir os santos quando exercido
à luz de Cristo, nosso precursor por trás do véu.
23.
A fim de que sejam aperfeiçoados na unidade. Isto tem de ser realizado, não
por esforços humanos mas pela graciosa extensão da unidade da Divindade
àqueles que pertencem a Cristo. Esta não é uma unidade mecânica. Seu
cimento é o amor de Deus concedido aos homens, esse mesmo amor (é
maravilhoso dizer) que o Pai tem ao Filho.
24.
A oração final. A minha vontade. O
espírito da Encarnação era, “Não a minha, mas a tua vontade “. Jesus
devia estar orando à luz da obra consumada, a qual Lhe dava o direito de
se expressar desse modo. Sua vontade, sem dúvida, não deve ser considerada
como algo realmente independente da vontade de Deus. Esta oração foi feita
com base nesta última. Participar do amor de Deus em Cristo só pode
resultar consequentemente da participação da presença de Cristo – onde
eu estou, estejam também comigo. União leva à comunhão,
uma comunhão do amor exposto num cenário de glória (cons. v.
5).
25.
Pai justo. Ele
é justo
1)
ao excluir o mundo dessa glória, porque não conheceu e portanto não o ama, e
assim não pode ter um lugar nessa união final, e
2)
ao incluir aqueles que vieram a conhecê-lO, através do conhecimento que Cristo
tem e transmite.
26. Transmitir o conhecimento de Deus
significa transmitir amor, pois Deus é amor. Isto não é simplesmente um rótulo
ou um atributo frio. Cristo conheceu a realidade e o poder do amor do Pai por
Ele e pediu-Lhe que Este alegrasse e aquecesse as vidas daqueles que eram Seus,
com os quais a Sua vida estava agora tão intimamente ligada.
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