quarta-feira, 18 de maio de 2022

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS

 

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS -

(Mt 5.38-48: 38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.

39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; 40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; 41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.

42 Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.

43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.

44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?

47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?

48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.)

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos as definições das palavras “retribuir” e “retaliar”; pontuaremos o que a Bíblia diz sobre o sentimento de
vingança; abordaremos a postura do autêntico cristão em relação aos seus ofensores; estudaremos sobre como vencer o mal recebido
através do perdão; e por fim, trataremos como superar o mal recebido através do amor.

 

I - O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O SENTIMENTO DE VINGANÇA
Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 2448) retribuir é:

“pagar o feito; responder de maneira similar; corresponder; darem troca; ato ou efeito de devolver, contraprestação; dar como retorno”.

 

Já a definição do termo retaliar é:

“aplicação da pena de Talião; infligir castigo análogo ao recebido; desagravo; desforra; revide com dano igual ao sofrido; represália; vingança; retalhar”

(Idem, 2001, p. 2444).

 

 

 

 

 

 

 

 

1.1 A Bíblia proíbe terminantemente a vingança pessoal

(Lv 19.18: 18 Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.

Pv 20.22: 22 Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor, e ele te livrará.

Pv 24.29: 29 Não digas: Como ele me fez a mim, assim o farei eu a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.).

 

Todos nós possuímos um senso particular de justiça, e tal juízo costuma requerer, de imediato, a reparação de uma ofensa feita contra nós e “pagar na mesma moeda”, pois esta é a
reação natural do ser humano.

 

Costumamos revidar com o mal quando somos injuriados, caluniados ou de alguma forma prejudicados por alguém o famoso ditado

“pagar o mal com o mal”.

 

Não há na Bíblia qualquer incentivo à vingança pessoal.



 

 

 

 

 

 

1.2 A Bíblia nos diz que a vingança pertence a Deus

(Rm 12.19: 19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.).

De maneira natural quando o homem é ofendido, a sua primeira
reação é desejar a vingança

(Pv 24.29: 24 O que disser ao ímpio: Justo és, os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão.).

 

A declaração “amai os vossos inimigos” significa que os seguidores de Cristo devem demonstrar amor mesmo para com aqueles de quem não recebem nenhum afeto; ou melhor, aqueles que são declaradamente seus opositores

(Mt 5.38-48;

Mt 7.1,2,12;

Lc 6.27;38;

Rm 12.20).

 

Jesus ensina a que o cristão não revida o mal de acordo com a lei de Talião
“olho por olho, dente por dente”, pois ele não se deixa dominar pela vingança

(Mt 5.38).

 

Assim compreendemos que a vingança pertence ao Senhor, não a nós (Dt 32.35,36;

Rm 12.19;

Hb 10.30).

 

II - A POSTURA DO AUTÊNTICO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS SEUS OFENSORES

Algumas passagens do AT já traziam ensinamento sobre “amar aos inimigos”

(Êx 23.4-5;

Lv 19.17-18;

Pv 25.21-22;

Jr 15.15).

 

Também no NT esta orientação permanece

(Mt 5.44;

Lc 6.27,35).

 

Vejamos:

 

2.1 Aborrecer o mal e apegar-se ao bem: “Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem”

(Rm 12.9).

Aborrecer o mal é negar tudo que possa prejudicar a outrem mesmo esse “outro” sendo nosso inimigo e querendo nos prejudicar:

“amai os vossos inimigos”

(Mt 5.44).

 

 

 

 

 

 

 

Precisamos servir ao Senhor Jesus tendo uma atitude de perdão aos inimigos pela retribuição do mal com o bem:

“A ninguém torneis mal por mal...”

(Rm 12.17),

e por viver em paz com todos

(Hb 12.14).

 

2.2 Abençoar os que vos perseguem:

“Abençoai os que vos perseguem”

(Rm 12.14).

Paulo no presente versículo orienta os servos do Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo.

 

Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos querem o mal:

“Bendizei o que vos maldizem”

(Mt 5.44b).

 

Jesus nos ensinou a:

“Orai pelos que vos maltratam”

(Mt 5.44d)



 

 

 

 

 

 

2.3 Retribuir o bem pelo mal:

“A ninguém torneis o mal com o mal”

(Rm 12.17).

A Bíblia ensina que devemos sofrer o dano sem retribuir o agravo

(1 Ts 5.15;

1 Co 6.7;

1 Pd 3.9)

e também “dar a outra face”

(Mt 5.39;

Lc 6.29),

ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que sofremos

(Jr 18.20;

Mt 5.39).

 

Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não expressam a graça de Deus

(Mt 5.46,47).

 

“Pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição humana. Pagar o mal com o bem é graça divina

(Pv 20.22;

Pv 17.13;

Is 50.6;

Lm 3.30).



 

 

 

2.4 Ter paz se possível com todos:

“Se for possível, quando estiver em vós, tendes paz com todos os homens”

(Rm 12.18).

Neste presente versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender de nós devemos ter paz com todos.
Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter paz com todos os homens

(Sl 34.14;

Mt 5.9;

Rm 12.18;

1 Co 7.15;

Hb 12.14;

1 Pe 3.11).

Jesus nos ensinou que devemos fazer o bem àqueles que nos ofendem.

 

2.5 Deixar a vingança com Deus:

“Não vos vingueis a vós mesmos amados, mas dai lugar à ira”

(Rm 12.19).

A vingança pertence a Deus, por isso, devemos deixar com Deus a vingança para com aqueles que nos maltratam:

“Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor”

(Lv 19.18).

 

 

Somos frágeis e incapazes de fazer vingança com justiça.

A expressão “daí lugar à ira” não deve ser entendida como o dar razão à manifestação da ira, mas sim com o sentido de dar tempo à ira para que ela se extinga, isto é, deixá-la passar.

Também tem o sentido de “dar lugar à ira de Deus”, à vingança divina, uma vez que a ‘vingança pertence a Deus.

 

2.6 Fazer o bem aos que nos odeiam:

“Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber”

(Rm 12.20).

Devemos amar os nossos inimigos e orar pelos nossos perseguidores (Pv 25.21),

ele não estava nos pedindo algo impossível de ser feito:

“Fazei bem aos que vos odeiam”

(Mt 5.44c).

 

O próprio Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de amor aos inimigos.

Ele nos amou primeiro, antes que nós pudéssemos amá-lo de volta

(1 Jo 4.19).

Ele morreu por nós quando ainda éramos pecadores, quando
ainda éramos inimigos de Deus

(Rm 5.8-10;

Ef 2.1-8).

 

 

 

 

Sigamos o exemplo de Jesus, que é o príncipe da paz

(Is 9.6).

 

Mesmo na noite em que foi preso injustamente, Jesus mostrou amor por seus inimigos

(1 Pd 2.21,23).

 

2.7 Vencer o mal com o bem:

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”

(Rm 12.21).

Paulo se referi ao mal quatorze vezes.

Em Atos 16.28

Paulo fala desse mal como um dano irreparável que uma pessoa pode causar a si mesma.

 

Aqui esse mal aparece como uma força oposta ao bem, que procura impedir o viver cristão vitorioso.

 

A recomendação bíblica é vencer o mal com o bem

(Mt 5.45,46).



 

 

 

 

 

 

 

III - VENCENDO O MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO PERDÃO
O verbo “perdoar” significa:

“renunciar a punir; desculpar; poupar; ver com bons olhos”

(HOUAISS, 2001 p. 2185).

 

3.1 Vencendo a mágoa através do perdão sem limites

(Mt 18.21,22).

A resposta de Jesus a pergunta de Pedro quantas vezes se devia perdoar o irmão ofensor com a sugestão de “até sete”

(Mt 18.21-c),

teve como resposta do Mestre “até setenta vezes sete”

(Mt 18.22),

o que significa dizer: de forma ilimitada. Assim como Deus amou o mundo de maneira ilimitada

(Jo 3.16),

devemos reproduzir este amor nos nossos relacionamentos

(1 Jo 3.16).

 

3.2 Vencendo a mágoa através do perdão concedido

(Mt 6.12).

Jesus ensinou que não podemos negar o perdão aquele que
arrependido nos rogar, tendo como base o caráter generoso do próprio Deus, que sempre nos perdoa quando sinceramente lhe pedimos.

 

 

 

A Bíblia diz que Deus “está pronto a perdoar”

(Sl 86.5);

e, que é “grandioso em perdoar”

(Is 55.7).

Portanto, quando perdoamos nos assemelhamos a Deus

(Lc 6.36;

Ef 4.32

Cl 2.13;

1Jo 1.9;

1 Jo 2.12).


3.3 Vencendo a mágoa através do perdão verdadeiro

(Mt 18.35).

Perdoar é mais que palavras

(1 Jo 3.18).

Jesus ensinou que é preciso que o perdão brote do coração do íntimo do nosso ser

(Mt 18.35-b).

Não podemos guardar ira no coração

(Ef 4.26;

Tg 3.14),

nem permitir que brote raiz de amargura

(Ef 4.31;

Hb 12.15).

 

 

 

 

 

O perdão é:

(a) uma condição da comunhão Deus

(Mt 6.12,14-15);

(b) ele revela se somos autênticos cristãos

(Mt 3.8; 7.20); e,

(c) ele é condição para Deus receber a nossa oferta

(Mt 5.23,24).

 

IV - VENCENDOO MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO AMOR

Quando estamos em Cristo, a paz supera qualquer ressentimento e rancor, e não se enfraquece quando não é correspondida e
busca sempre suprir as deficiências humanas nos relacionamentos (Mc 9.50;

Rm 12.9-21;

1Ts 5.12,13).


4.1 Vencendo a mágoa através do amor sincero: “o amor não seja fingido”

(Rm 12.9).

O amor como fruto do Espírito tem como marca a sinceridade “sem fingimento ou hipocrisia”

(2Co 6.6);

não deve possuir máscara, o amor não deve ser teatral, antes deve ser
autêntico, genuíno:

“Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”

(1 Jo 3.18).

 

O crente deve ser sincero, e não um ator na vida. Seu amor precisa ser autêntico, genuíno, sem fraude.

 

4.2 Vencendo a mágoa através do amor fraternal: “Amai-vos cordialmente... com amor fraternal”

(Rm 12.10).

Paulo usa neste versículo duas palavras gregas para amor respectivamente:

“philadelphia” e “philostorgos”

a primeira descreve o amor fraternal, ou seja, o amor de irmãos; a segunda descreve a afeição natural pelos nossos familiares.

 

4.3 Vencendo a mágoa através do amor benigno: “O amor é... benigno”

(1 Co 13.4).

A palavra “benigno” dá a ideia de reagir com bondade aos que nos maltratam e ser doce para com todos. Ser benigno do grego “chrestotes” é ter um tipo de bondade e de cortesia
que vem do coração e que representa a contrapartida ativa da paciência.

(BEACON, 2006, p. 345).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4.4 Vencendo a mágoa através do amor paciente:

“O amor... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporte” (1 Co 13.7).

A palavra grega “makrothumia” é paciência esticada ao máximo. O amor tem a capacidade de andar a segunda milha; quando alguém o fere, ele dá a outra face; ele não paga ultraje com ultraje

(Mt 5.40-43;

Ef 4.2;

1 Pd 2.23).

 


CONCLUSÃO

 

Quando se recebe uma ofensa, a reação natural é devolvê-la com outra.

Entretanto, o Senhor Jesus nos convida a agir de uma
maneira mais elevada, pondo em prática a instrução divina de acordo com o Sermão do Monte.

Nesse sentido, retribuir o mal com o bem é uma ação que vem do Céu.

 

 

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