Jesus
Jesus (em hebraico: ישוע/ יֵשׁוּעַ; transl.: Yeshua; em grego: Ἰησοῦς; transl.: Iesous), também chamado Jesus de Nazaré, que nasceu entre 7–2 a.C. e
morreu por volta de 30–33 d.C., é a figura central do cristianismo e aquele que os ensinamentos de maior parte das denominações
cristãs, além dos judeus
messiânicos, consideram ser o Filho de Deus. O cristianismo e o judaísmo messiânico consideram Jesus como o Messias aguardado no Antigo
Testamento e referem-se a ele como Jesus
Cristo, um nome também usado fora do contexto cristão.
Praticamente todos os académicos contemporâneos
concordam que Jesus
existiu realmente, embora não haja consenso sobre a confiabilidade histórica dos evangelhos e de quão perto o Jesus bíblico está do Jesus histórico. A
maior parte dos académicos concorda que Jesus foi um pregador judeu da Galileia, foi batizado por João Batista e crucificado por ordem do governador
romano Pôncio Pilatos. Os académicos construíram vários perfis do Jesus
histórico, que geralmente o retratam em um ou mais dos
seguintes papéis: o líder de um movimento apocalíptico, o Messias, um curandeiro carismático, um sábio e filósofo, ou um reformistaigualitário. A investigação tem vindo a comparar os testemunhos do Novo Testamento com os registos históricos fora do contexto cristão de modo a
determinar a cronologia da vida de Jesus.
Algumas linhas cristãs acreditam que Jesus foi
concebido pelo Espírito Santo, nasceu
de uma virgem, praticou milagres, fundou a Igreja, morreu crucificado como forma de expiação, ressuscitou
dos mortos e ascendeu ao Paraíso, do qual regressará. A grande maioria dos cristãos venera Jesus como a encarnação
de Deus, o Filho, a segunda das três pessoas na Santíssima
Trindade. Alguns grupos cristãos rejeitam a Trindade, no todo ou em parte.
No contexto
islâmico, Jesus (transliterado como Isa) é
considerado um dos mais importantes profetas de Deus e o Messias. Para os muçulmanos, Jesus foi aquele que trouxe
as escrituras e é filho de uma virgem, mas não é divino, nem foi vítima de
crucificação. O judaísmo rejeita a crença de que Jesus seja o Messias aguardado,
argumentando que não corresponde às profecias messiânicas do Tanach.
Etimologia
Um judeu contemporâneo de Jesus possuía um único nome, por vezes
complementado com o nome do pai ou cidade de origem. Ao longo do Novo Testamento, Jesus é denominado "Jesus de Nazaré" (Mateus 26:71), "Filho de José" (Lucas 4:22) ou "Jesus, filho de José de Nazaré" (João 1:45). No entanto, em Marcos 6:3, em vez de ser chamado "filho de José", é referido como
"o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão". O nome "Jesus", comum em várias línguas modernas,
deriva do latim "Iesus", uma transliteração do grego Ἰησοῦς (Iesous). A forma grega é uma
tradução do aramaico ישוע (Yeshua), o qual deriva do hebraico יהושע (Yehoshua). Aparentemente, o nome Yeshua foi
usado na Judeia na época do nascimento de Jesus. Os textos do
historiador Flávio Josefo, escritos durante o século I em grego helenístico, a mesma língua do Novo Testamento, referem pelo menos vinte
pessoas diferentes com o nome Jesus (i.e. Ἰησοῦς). A etimologia do nome de Jesus no
contexto do Novo Testamento é geralmente indicada como "Javé é a salvação".
Desde os primórdios do cristianismo os cristãos
se referem a Jesus como "Jesus Cristo". A palavra Cristo tem origem no grego Χριστός (Christos), o qual é uma tradução do hebraico מָשִׁיחַ (Masiah), e que significa "o ungido" e é
geralmente traduzido como Messias. Jesus é denominado pelos cristãos de “Cristo”, uma vez que
acreditam que ele é o Messias esperado, profetizado na Bíblia
Hebraica. Embora originalmente se tratasse de um título,
ao longo dos séculos o termo “Cristo” foi sendo associado a um apelido – parte
de “Jesus Cristo”. O termo “cristão”, que significa “aquele que professa a
religião de Cristo”, tem sido usado desde o século I.
Cronologia
A maior parte dos académicos concorda que Jesus
foi um judeu da Galileia, nascido por volta do início do primeiro século,[nota 1] e que morreu entre os anos 30 e 36 d.C.[nota 2] na Judeia. O consenso académico é que Jesus foi contemporâneo de João Batista e foi crucificado por ordem do governador romano Pôncio Pilatos, que governou entre 26 e 36 d.C. Grande parte dos académicos
sustentam que Jesus viveu na Galileia e na Judeia e que não pregou ou estudou
em qualquer outro local.
Os evangelhos oferecem diversas pistas no que
diz respeito ao ano de nascimento de Jesus. Mateus 2:1 associa o nascimento de Jesus ao reinado de Herodes, o Grande, que morreu cerca de 4 a.C., enquanto que Lucas 1:5 menciona que Herodes
reinava pouco antes do nascimento de Jesus,[41][42] embora este evangelho também associe o nascimento com o censo de Quirino, que decorreu dez anos mais tarde.[43][44] Lucas 3:23 declara que Jesus tinha cerca de trinta anos de idade no início do
seu ministério; ministério esse que, de acordo com Atos 10:37, foi precedido pelo ministério de João, que Lucas 3:1 afirma ter começado no 15º ano do reinado de Tibério (28 ou 29 d.C.). Ao comparar os relatos do evangelho com
dados históricos e usando vários outros métodos, a maior parte dos académicos
determina a data de nascimento de Jesus entre 6 e 4 a.C.
Os anos do ministério de Jesus foram estimados
usando diversas abordagens diferentes. Uma delas aplica as referências
em Lucas 3:1, Atos 10:37 e as datas do reinado de Tibério, que são conhecidas com precisão,
para determinar a data de início em 28-29 d.C. Outra abordagem usa a
declaração em João 2:13-20, que afirma que no início do ministério de Jesus o Templo
de Jerusalém se encontrava no seu 46º ano de construção;
sabendo que a reconstrução do templo foi iniciada por Herodes no 18º ano do seu
reino, estima-se que a data seja 27-29 d.C.. Outro método usa a data
da morte
de João Batista e o casamento de Herodes Antipas com Herodíade, com base no testemunho de Josefo, relacionando-os com Mateus 14:4 e Marcos 6:18. Dado que a maior parte dos investigadores data o casamento
em 28-35 d.C., isto determina a data do ministério entre 28 e 29 d.C.
Têm sido usadas várias abordagens diferentes
para estimar o ano da crucificação
de Jesus. A maior parte dos académicos concorda que ele
morreu entre os anos 30 e 33 d.C. Os evangelhos declaram que o evento
ocorreu durante o governo de Pilatos, que governou a Judeia entre 26 e 36
d.C. A data para a conversão
de Paulo (estimada entre 33 e 36 d.C.) é o
limite superior para a data de crucificação. As datas da conversão de Paulo e
do ministério podem ser determinadas através da análise das epístolas de Paulo
e do Livro dos Atos.[57][58] Desde Isaac Newton que os astrónomos tentam estimar a data precisa da crucificação
através da análise do movimento lunar e do cálculo das datas históricas
do Pessach, um festival com base no calendário
hebraico lunissolar. As datas mais aceites a partir deste método são 7 de abril de 30
d.C. e 3 de abril de 33 d.C. (ambas julianas).
Vida e ensinamentos no Novo Testamento
Os quatro evangelhos
canónicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) são as principais fontes para a biografia de Jesus. No entanto, outras
partes do Novo Testamento, como as epístolas
paulinas, escritas provavelmente décadas antes dos
evangelhos, incluem também referências a episódios chave da sua vida, como
a Última Ceia em Coríntios 11:23-26. Os Atos
dos Apóstolos (Atos 10:37-38 e Atos 19:4) referem-se ao início do ministério de Jesus e ao do seu antecessor
João Batista. Os Atos 1:1-11 revelam mais acerca da Ascensão
de Jesus do que os evangelhos canónicos. Alguns dos
primeiros grupos cristãos e gnósticos tinham descrições distintas da vida e ensinamentos de Jesus que
não estão incluídas no Novo Testamento. Entre elas estão o Evangelho
de Tomé, o Evangelho
de Pedro e o Apócrifo
de Tiago, entre várias outras narrativas
apócrifas. A maior parte dos académicos considera-as
fontes muito posteriores e muito menos confiáveis do que os evangelhos
canónicos.
Descrição nos evangelhos canónicos
Os evangelhos canónicos são constituídos por
quatro narrativas, cada uma escrita por um autor diferente. O primeiro a ser
escrito foi o Evangelho segundo Marcos (entre 60 e 75 d.C.), seguido pelo
de Mateus (65-85 d.C.), o de Lucas (65-95 d.C.) e o de João (75-100 d.C.). Eles muitas vezes diferem em termos de conteúdo e cronologia dos
eventos.
Três deles, Mateus, Marcos e Lucas, são
conhecidos como evangelhos
sinópticos, a partir do grego σύν (syn "junto")
e ὄψις (opsis "óptica"). São
semelhantes em conteúdo, composição da narrativa, linguagem e estrutura dos
parágrafos. Os académicos geralmente concordam que é impossível encontrar
qualquer relação direta entre os evangelhos sinópticos e o Evangelho segundo
João. Enquanto que a sequência de alguns eventos da vida de Jesus, como
o batismo, transfiguração, crucificação e interação com os apóstolos, são partilhados por todos
os evangelhos sinópticos, alguns eventos, como a transfiguração, não aparecem
no Evangelho de João, que também difere noutros temas, como a Limpeza
do Templo.
A maior parte dos académicos concorda que os
autores de Mateus e Lucas usaram
Marcos como fonte ao escrever os seus evangelhos. Mateus e
Lucas partilham também outro conteúdo que não se encontra em Marcos. Para
explicar esta situação, muitos académicos acreditam que para além de Marcos, os
dois autores recorreram a outra fonte – denominada Fonte Q.
De acordo com o ponto de vista da maioria, os
evangelhos sinópticos são as fontes primárias de informação histórica sobre
Jesus.(Sanders 1993, p. 73) No entanto, nem tudo o que está nos evangelhos é
considerado verídico em termos históricos. (Sanders 1993, p. 3) Entre os elementos cuja autenticidade histórica é posta em
causa estão a natividade, a ressurreição, a ascensão, alguns dos milagres e o Julgamento
no Sinédrio. Os pontos de vista nos evangelhos variam
entre descrições inerrantes da vida de Jesus[79] a descrições que não dão qualquer informação histórica da sua
vida.
No geral, os autores do Novo Testamento
mostraram pouco interesse numa cronologia absoluta da vida de Jesus ou em
sincronizar os episódios da sua vida com a história secular do seu tempo. Tal
como evidenciado em João 21:25, os evangelhos não pretendem fornecer uma lista exaustiva dos eventos
na vida de Jesus. As narrativas foram escritas fundamentalmente como
documentos teológicos no contexto do cristianismo
primitivo, sendo as cronologias considerações
secundárias. Uma das principais manifestações de que os evangelhos são
documentos teológicos e não crónicas históricas é o facto de dedicarem mais de
um terço do texto a apenas sete dias, nomeadamente à última semana de Jesus em
Jerusalém, conhecida como Paixão. Embora os evangelhos não forneçam detalhes suficientes para
satisfazer a exigência de historiadores contemporâneos no que diz respeito a
datas precisas, é possível obter deles uma visão genérica da história de vida
de Jesus.
Os evangelhos incluem diversos discursos de
Jesus em ocasiões específicas, como o Sermão
da Montanha e o Discurso
de adeus. Também incluem mais de trinta parábolas ao longo da narrativa, muitas vezes sobre temas relacionados com
os sermões. Os milagres realizados por Jesus ocupam grande parte dos
evangelhos. Em Marcos, 31% do texto é dedicado aos seus milagres. As
descrições dos milagres são muitas vezes acompanhadas por registos dos seus
ensinamentos.
Genealogia e Natividade
As narrativas da genealogia e da natividade de
Jesus no Novo Testamento só aparecem nos evangelhos de Lucas e Mateus, sendo
estas as principais fontes de informação sobre o tema. Fora do Novo Testamento,
existem documentos mais ou menos contemporâneos de Jesus e dos evangelhos, mas
poucos são os que esclarecem detalhes biográficos da sua vida. Mateus
começa o seu evangelho com a genealogia de Jesus (Mateus 1:1), antes de narrar o seu nascimento. Identifica a ascendência de Jesus
até Abraão através de David. Lucas 3:22 discute a genealogia depois de descrever o batismo de Jesus, no
qual uma voz celestial se dirige a Jesus e o identifica como o Filho de
Deus. Mateus 3:23 determina a ascendência de Jesus desde "José, filho de
Eli", até "Adão, filho de Deus".
A natividade é um elemento proeminente no
Evangelho de Lucas, correspondente a 10% do texto e três vezes mais longo do
que o texto da Natividade de Mateus. A narração de Lucas dá ênfase a
acontecimentos anteriores ao nascimento de Jesus e foca-se em Maria, enquanto que Mateus narra acontecimentos posteriores ao nascimento e
se foca em José. Ambos os textos afirmam que Jesus é filho de José e da sua noiva
Maria e que nasceu em Belém, e ambos apoiam a doutrina do nascimento
virginal de Jesus, segundo a qual Jesus foi concebido de forma
milagrosa pelo Espírito Santo no ventre de Maria enquanto ainda era virgem.
Em Lucas 1:31, o arcanjo Gabriel diz a Maria que ela irá conceber e carregar uma criança chamada
Jesus por obra do Espírito Santo. Estando noivo de Maria, José fica
preocupado com a sua gravidez (Mateus 1:19-20), mas no primeiro dos seus três
sonhos, um anjo assegura-lhe que não tenha medo de
casar com Maria, uma vez que a criança foi concebida pelo Espírito Santo. Quando
se aproxima o momento do parto, Maria e José viajam de Nazaré até à casa de José em Belém para se registarem no censo ordenado
pelo imperador romano. É aí que Maria dá à luz Jesus. Uma vez que não
encontraram vaga na estalagem, o recém-nascido é colocado numa manjedoura (Lucas 2:1-7). Um anjo anuncia
o nascimento a alguns pastores, que se deslocam a Belém para
ver Jesus e posteriormente divulgar a notícia (Lucas 2:8-20). Depois de apresentarem
Jesus no Templo, a família regressa a Nazaré. Em Mateus 1:1-12, três
reis magos do Oriente levam ofertas ao recém-nascido como o Rei dos Judeus. Herodes toma conhecimento do nascimento de Jesus e, pretendendo vê-lo
morto, ordena
a execução de todas as crianças do sexo masculino de
Belém. No entanto, um anjo avisa José no seu segundo sonho, o que leva a
família a fugir para o Egito, de onde mais tarde regressaria para se fixar em Nazaré.
Infância
Os evangelhos de Lucas e Mateus situam a casa de
infância de Jesus na cidade de Nazaré na Galileia. José, o marido de Maria,
está presente na descrição dos episódios da infância de Jesus, embora
posteriormente não lhe seja feita qualquer referência. Os livros do Novo
Testamento de Mateus e Marcos e a epístola
aos Gálatas mencionam os irmãos
e irmãs de Jesus. No entanto, a palavra grega
"adelfos" nestes versos pode também ser traduzida por
"parente", em vez do mais comum "irmão". A contradição
manifesta entre a existência de irmãos e a doutrina da virgindade
perpétua de Maria levou a que alguns dos primeiros teólogos
tivessem argumentado que se tratavam de filhos de José, fruto de um casamento
anterior, ou que o texto se referia a primos, e não a irmãos. Estas
interpretações encontram-se hoje em dia refutadas entre o meio académico
contemporâneo.
Originalmente escrito em grego helenístico, o Evangelho de Marcos refere em Marcos 6:3 que Jesus era um τέκτων (tekton),
enquanto que Mateus 13:55 refere que ele próprio era filho de um tekton. Embora
tradicionalmente tekton seja traduzido por
"carpinteiro", tekton é um termo bastante genérico,
da mesma raiz que está na origem de "técnico" e
"tecnologia", e que pode ser aplicado a construtores de objetos nos
mais diversos materiais e até mesmo a construtores. Para além das
narrações do Novo Testamento, a associação de Jesus à carpintaria é constante
em tradições dos séculos I e II. Justino (m. c. 165 d.C.) escreveu que Jesus fabricava arados e
gadanhos.[108] Os evangelhos indicam que Jesus era capaz de ler e debater textos,
embora isto não signifique que tenha recebido qualquer formação.
Batismo e Tentação
Todas as narrativas do batismo de Jesus nos
evangelhos são antecedidas por informações sobre o ministério de João Batista. Em
todas, João é retratado a pregar a penitência e arrependimento para remissão
dos pecados e a encorajar a oferta de esmolas aos pobres (Lucas 3:11) enquanto batiza os crentes no rio
Jordão, nas proximidades de Pereia, por volta da época em que Jesus inicia o seu ministério. O Evangelho
de João (João 1:28) refere inicialmente "Betânia" e posteriormente (João 3:23) na margem oposta.
Nos evangelhos, refere-se que João tinha vindo a
anunciar (Lucas 3:16) a chegada de alguém mais poderoso que ele, o que também é
referido por Paulo de Tarso (Atos 19:4). Em Mateus 3:14, durante o encontro com Jesus, João afirma "Eu preciso de ser
batizado por ti", embora seja persuadido por Jesus a ser ele a
batizá-lo. Depois de o fazer e de Jesus emergir das águas, o céu abre-se e
ouve-se uma voz celestial: "Este é o meu Filho amado, de quem me
agrado" (Mateus 3:17). O Espírito Santo desce então até Jesus na forma de uma
pomba. Este é um de dois eventos descritos nos evangelhos nos quais uma
voz celestial chama a Jesus "Filho", sendo a outra a Transfiguração.
Após o batismo, os evangelhos sinópticos
descrevem a Tentação de Cristo, na qual Jesus resiste a tentações do Diabo enquanto jejua por quarenta dias e noites no deserto da Judeia. O batismo e tentação de Jesus servem de preparação para o seu
ministério público.[123] O Evangelho de João não menciona nenhum dos eventos, embora inclua
um testemunho de João no qual ele vê o Espírito a descer sobre Jesus (João 1:32).
Ministério público
Os evangelhos apresentam o ministério de João
Batista enquanto precursor do ministério de Jesus. Iniciado com o seu batismo,
Jesus dá início ao seu ministério nas áreas rurais da Judeia, perto do rio
Jordão, com cerca de trinta anos de idade (Lucas 3:23). Jesus viaja, prega e realiza milagres, completando o ministério
durante a Última Ceia com os seus discípulos em Jerusalém.
No início do ministério, Jesus designa
doze apóstolos. Em Mateus e Marcos, apesar de Jesus ser breve
no pedido, descreve-se que os primeiros quatro apóstolos, que eram pescadores,
imediatamente consentiram e abandonaram as suas redes e embarcações (Mateus 4:18-22, Marcos 1:16-20). Em João, os primeiros dois apóstolos de Jesus são descritos como
tendo sido discípulos de João Batista. Ao ver Jesus, João denomina-o Cordeiro de Deus. Ao ouvir isto, os dois apóstolos seguem Jesus. Para além dos Doze
Apóstolos, o início da passagem do Sermão
da Planície identifica como discípulos um grupo muito
maior de pessoas (Lucas 6:17). Ainda em Lucas 10:1-16, Jesus envia setenta
ou setenta e dois discípulos em pares para preparar
cidades para a sua visita. São-lhes dadas instruções para aceitar
hospitalidade, curar os doentes e espalhar a palavra de que se aproxima o Reino
de Deus.
Os académicos dividem o ministério de Jesus em
diferentes períodos. O ministério da Galileia começa quando Jesus regressa à
Galileia vindo do deserto da Judeia, depois de rejeitar a tentação de Satanás. Jesus prega na Galileia, e em Mateus 4:18-20 encontra-se com os seus primeiros
discípulos, que o passam a acompanhar. Este período
inclui o Sermão da Montanha, um dos principais discursos de Jesus, a calma
da tempestade, a multiplicação
dos pães e peixes, a caminhada
sobre as águas e diversos milagres e parábolas. Termina com a Confissão
de Pedro e a Transfiguração.
À medida que Jesus viaja em direção e Jerusalém,
durante o ministério de Pereia, regressa ao local onde foi batizado, a cerca de um terço do caminho
do mar da Galileia, ao longo do Jordão (João 10:40-42). O último ministério em Jerusalém tem início com a sua entrada
triunfal na cidade durante o Domingo de Ramos. Nos evangelhos sinópticos, durante essa semana afasta os
cambistas do Templo e Judas negoceia a sua traição. Este período culmina na Última Ceia e no Discurso
de despedida.
Ensinamentos, sermões e milagres
Os ensinamentos de Jesus são muitas vezes
analisados em termos de palavras e obras.[88] [137] As palavras incluem uma série de sermões, assim
como parábolas que aparecem ao longo de toda a narrativa dos evangelhos
sinópticos (o Evangelho de João não inclui parábolas). As obras contemplam
os milagres e outras ações realizadas durante o ministério de Jesus. Embora
os evangelhos canónicos sejam a principal fonte dos ensinamentos de Jesus, as
epístolas paulinas oferecem alguns dos primeiros registos escritos.
O Evangelho de João apresenta os ensinamentos de
Jesus não apenas enquanto sermões, mas também como revelação divina. João
Batista, por exemplo, afirma em João 3:34: "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não
lhe dá Deus o Espírito por medida." Em João 7:16 Jesus afirma: "A minha doutrina não é minha, mas daquele que
me enviou", o que confirma em João 14:10: "Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim,
é quem faz as obras."
O Reino de Deus é um dos elementos chave dos
ensinamentos de Jesus no Novo Testamento. Jesus promete a inclusão no
reino de todos aqueles que aceitarem a sua mensagem. Chama as pessoas a renegar
os seus pecados e a dedicarem-se completamente a Deus.[22] Jesus pede aos seus seguidores que não descartem
a Lei, embora haja quem considere que ele próprio a
tenha infringido, por exemplo na questão do sabath[22] (veja Críticas
aos fariseus). Por isso, quando questionado sobre qual seria
o principal mandamento, Jesus responde: «Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu pensamento. Este é o
primeiro e grande mandamento.» (Mateus 22:37-38); continuando: «E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os
profetas.» (Mateus 22:39-40). Entre os diversos ensinamentos de Jesus sobre ética estão amar os inimigos, reprimir o ódio e a luxúria, e oferecer
a outra face (Mateus 5:21-44).
As cerca de trinta parábolas dos evangelhos
correspondem a cerca de um terço dos ensinamentos escritos de Jesus. As
parábolas na narrativa aparecem com sermões mais longos e em locais diferentes. Muitas
vezes apresentam elementos simbólicos e fazem a ponte entre os universos físico
e espiritual. Entre os temas mais comuns das parábolas estão a bondade e
generosidade de Deus e os riscos da transgressão. Algumas das parábolas,
como a do Filho
Pródigo (Lucas 15:11), são relativamente simples, enquanto outras, como a Parábola
da Semente (Marcos 4:26-29), são de difícil compreensão.
Nos textos dos evangelhos, Jesus dedica grande
parte do seu ministério à realização de milagres, especialmente curas. O
conjunto dos quatro textos regista cerca de 35 ou 36 milagres. Os milagres
podem ser classificados em duas categorias principais: milagres de cura e
milagres de natureza. Os milagres de cura englobam curas para doenças
físicas, exorcismos e ressurreições dos mortos. Os milagres de natureza
demonstram o domínio de Jesus sobre a natureza, entre os quais a transformação de água em vinho, o caminhar sobre as águas e a acalmia de uma tempestade. Jesus afirma
que os seus milagres têm origem divina. Quando os seus oponentes o acusam de
praticar exorcismos com o poder de Satanás, príncipe dos demónios, Jesus
responde que os pratica pelo "Espírito de Deus" (Mateus 12:28) ou "Dedo de Deus" (Lucas 11:20)
Em João, os milagres de Jesus são descritos como
sinais, realizados com o intuito de demonstrar a sua missão e divindade. No
entanto, nos sinópticos, quando lhe é pedido que dê alguns sinais miraculosos
para demonstrar a sua autoridade, Jesus recusa. Ainda nos evangelhos
sinópticos, é frequente a multidão reagir com deslumbramento e pressioná-lo
para curar os doentes. Pelo contrário, o Evangelho de João indica que Jesus
nunca foi pressionado pela multidão, e que esta muitas vezes respondia aos
milagres com confiança e fé. Uma característica comum em todos os milagres
de Jesus no texto dos evangelhos é que eram feitos de livre vontade e nunca por
pedido ou a troco de qualquer forma de pagamento. Os episódios que
contemplam descrições dos milagres de Jesus muitas vezes também incluem
ensinamentos, enquanto os próprios milagres envolvem determinado elemento de
ensino. Muitos dos milagres ensinam a importância da fé. Na cura
dos leprosos e na ressurreição
da filha de Jairo, por exemplo, é dito aos beneficiários que a
sua cura se deveu à sua fé.
Proclamação de Cristo e Transfiguração
A cerca de metade do texto de cada um dos três
Evangelhos, dois episódios relacionados entre si marcam um ponto de charneira
na narrativa: a confissão de São Pedro e a Transfiguração de Jesus. Ambos têm lugar perto de Cesareia
de Filipe, ligeiramente a norte do mar da Galileia,
durante o início da viagem final para Jerusalém que termina na Paixão e
Ressurreição de Jesus. Estes eventos marcam o início da revelação
progressiva da identidade de Jesus aos seus discípulos e a sua previsão do seu
próprio sofrimento e morte.
A Confissão
de Pedro começa com um diálogo entre Jesus e os
seus discípulos em Mateus 16:13, Marcos 8:27 e Lucas 9:18. Em Mateus, Jesus pergunta aos discípulos: "E vós, quem dizeis que
eu sou?". São Pedro responde "Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo." Jesus responde: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas,
porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus."
Com esta bênção, Jesus afirma que os títulos que Pedro lhe atribui são
revelados de forma divina, desta forma declarando inequivocamente ser tanto Cristo
como o Filho de Deus.
O texto da Transfiguração aparece em Mateus 17:1-9, Marcos 9:2 e Lucas 9:28-36. Jesus leva Pedro e dois apóstolos para uma montanha sem nome,
onde se "transfigurou
diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os
seus vestidos se tornaram brancos como a luz." Uma nuvem brilhante
aparece à sua volta, ouvindo-se uma voz celestial: "Este é o meu amado
Filho, em quem me comprazo; escutai-o." (Mateus 17:1-9). A Transfiguração confirma que Jesus é o Filho de Deus (tal como
no seu batismo), e o pedido "escutai-o" identifica-o como mensageiro
e porta-voz de Deus.
Última semana: traição, prisão, julgamento e morte
A descrição da última semana de vida de Jesus,
frequentemente chamada semana de Páscoa, ocupa cerca de um terço da narrativa
nos evangelhos canónicos, tendo início com a descrição da entrada triunfal
em Jerusalém e terminando com a Crucificação. A última semana em Jerusalém
é a conclusão da jornada que Jesus iniciou na Galileia e que atravessou Pereia
e a Judeia. Pouco antes da entrada em Jerusalém, o Evangelho de João
inclui a Ressurreição
de Lázaro, a qual aumenta a tensão entre Jesus e as
autoridades.
Entrada final em Jerusalém
Nos quatro evangelhos canónicos, a entrada final
de Jesus em Jerusalém tem lugar durante o início da última semana da sua vida,
poucos dias antes da Última Ceia, marcando o início da narrativa da Paixão. Marcos e João
identificam o dia da entrada em Jerusalém como sendo domingo, enquanto que
Mateus indica que foi uma segunda; Lucas não indica o dia. Depois de
deixar Betânia, Jesus monta num burro em direção a Jerusalém. Pelo caminho, a
população estende à sua frente capas e pequenos ramos, ao mesmo tempo que canta
parte dos Salmos 118:25-26 A multidão em ânimo que saudava Jesus ao entrar em Jerusalém
ajudou a aumentar a animosidade contra ele por parte das instituições locais.
Nos três evangelhos sinópticos, à entrada em
Jerusalém segue-se a Purificação do Templo, durante a qual Jesus expulsa
os cambistas do templo, acusando-os de o terem tornado um covil de ladrões
através das suas atividades comerciais. Este é o único relato de todos os
evangelhos em que Jesus recorre a força física. João 2:13 inclui uma narração
semelhante decorrida muito mais cedo, pelo que existe debate entre académicos
sobre se a passagem se refere ao mesmo episódio. Os sinópticos descrevem
uma série de parábolas e sermões bastante conhecidos, como o Tostão
da Viúva ou a Profecia
da Segunda Vinda, que decorreram ao longo dessa semana.
Os sinópticos registam episódios de conflitos
entre Jesus e os anciãos judeus durante a Semana Santa, como o da autoridade
de Jesus questionada e as críticas
aos fariseus, nos quais Jesus os critica e acusa de
hipocrisia. Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos, aborda os anciãos e negoceia o pagamento de uma
recompensa de trinta
moedas de prata, pela qual se compromete a trair Jesus e a
entregá-lo às autoridades.
Última Ceia
A Última Ceia é a última refeição que Jesus
partilha com os seus doze apóstolos em Jerusalém antes da sua crucificação. A
Última Ceia é mencionada nos quatro evangelhos canónicos, sendo também referida
na Primeira
Epístola aos Coríntios de Paulo (Coríntios 11:23). Durante a refeição, Jesus
prevê que um de seus apóstolos o trairá. Apesar
de cada apóstolo ter afirmado que não o iria trair, Jesus reitera que o traidor
seria um dos presentes. Mateus 26:23-25 e João 13:26-27 identificam especificamente Judas como traidor.
Nos sinópticos, Jesus reparte o pão pelos
discípulos ao mesmo tempo que diz: "Isto é o meu corpo, que por vós é
dado; fazei isto em memória de mim." Depois fá-los beber vinho por um
cálice, dizendo: "Este cálix é o Novo Testamento no meu sangue, que é
derramado por vós." (Lucas 22:19-20). O sacramento cristão da Eucaristia baseia-se neste evento. Embora o Evangelho de João não inclua
uma descrição do ritual
do pão e do vinho durante a Última Ceia, a maior parte dos
académicos concorda que o Discurso
do Pão da Vida (João 6:58-59) possui um carácter eucarístico e se relaciona com as narrativas dos
evangelhos sinópticos e com os textos de Paulo sobre a Última Ceia.
Em todos os evangelhos, Jesus prevê que Pedro
negará que o conhece por três vezes antes de o
galo cantar na manhã seguinte. Em Lucas e João, a profecia é feita durante
a Ceia (Lucas 22:34, João 22:33). Em Mateus e Marcos, a profecia é feita após a Ceia, sendo também
profetizado que Jesus será abandonado por todos os seus discípulos (Mateus 26:31-34, Marcos 14:27-30). O Evangelho de João oferece o único relato de Jesus a lavar os pés dos discípulos antes da refeição.[99] João também inclui um longo sermão de Jesus, preparando os
discípulos (agora sem Judas) para a sua partida. Os capítulos 14 a 17 do
Evangelho de João são conhecidos por Discurso
de despedida e são uma fonte significativa de
conteúdos cristológicos.
Agonia no jardim, traição e prisão
Após a Última Ceia, Jesus dá um passeio para
rezar, acompanhado pelos discípulos. Mateus e Marcos identificam o local como
sendo o jardim do Getsémani, enquanto Lucas o identifica como sendo o Monte
das Oliveiras.[182][185] Judas aparece no jardim acompanhado por uma multidão, entre a qual
se encontram clérigos judaicos, anciãos e pessoas armadas. Judas beija Jesus para o identificar à multidão, que então o prende. Tentando impedi-los, um dos discípulos de Jesus empunha uma
espada para cortar a orelha de um homem. Lucas afirma que Jesus cura a
ferida por milagre, enquanto João e Mateus afirmam que Jesus critica o ato
violento, ao mesmo tempo que incentiva os discípulos a não resistir à prisão.
Em Mateus 26:52 Jesus afirma: "Todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão." Após a prisão de Jesus, os seus discípulos escondem-se e
Pedro, quando interrogado, por
três vezes nega conhecer Jesus. Após a terceira negação
ouve-se o galo cantar e Pedro, ao se lembrar da profecia, chora em amargura.
Julgamentos pelo Sinédrio, Herodes e Pilatos
Depois de ser preso, Jesus é levado para o Sinédrio, um corpo jurídico judaico. O texto dos evangelhos difere nos
detalhes dos julgamentos. Em Mateus 26:57, Marcos 14:53 e Lucas 22:54, Jesus é levado para a casa do sacerdote Caifás, onde é espancado durante a noite. De manhã cedo, os clérigos e
escribas levam Jesus ao tribunal. João 18:12-14 afirma que Jesus é levado primeiro a Anás, sogro de Caifás, e depois ao sumo sacerdote, sem menção ao Sinédrio.
Durante os julgamentos, Jesus pouco fala, não
articula nenhuma defesa e responde de forma vaga às questões dos clérigos, o
que leva um oficial a esbofeteá-lo. Em Mateus 26:62, a falta de resposta de Jesus leva a que Caifás lhe pergunte: "Não
respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?" Em Marcos 14:61 o sumo sacerdote pergunta a Jesus: "És Tu o Cristo, Filho do
Deus Bendito?" Jesus responde "Eu o sou", e em seguida profetiza
a vinda do Filho do Homem. Esta provocação faz com que Caifás se irrite e
rasgue a própria túnica, acusando Jesus de blasfémia. Em Mateus e Lucas, a
resposta de Jesus é mais ambígua. Em Mateus 26:64 responde: "Tu o disseste", e em Lucas 22:70 diz: "Vós dizeis que eu sou".
Ao levar Jesus para o tribunal de Pilatos, os anciãos pedem ao governador que julgue e condene Jesus, acusando-o
de se proclamar o Rei dos Judeus. O uso do termo "rei" é
essencial na discussão entre Jesus e Pilatos. Em João 18:36 Jesus declara: "O meu reino não é deste mundo", mas não
nega inequivocamente ser o Rei dos Judeus. Em Lucas 23:7-15 Pilatos apercebe-se de que Jesus é um galileu, estando portanto na
jurisdição de Herodes. Pilatos envia Jesus a Herodes para ser julgado, mas
este mantém o silêncio face às perguntas de Herodes. Herodes e os seus soldados
escarnecem Jesus, vestem-lhe um manto luxuoso para o fazer parecer um rei, e o
levam de volta a Pilatos, que reúne os anciãos e anuncia que não considera
este homem culpado.
De acordo com um costume da época, Pilatos
permite que a multidão escolha um prisioneiro para ser libertado. Dá a escolher
entre Jesus e um assassino chamado Barrabás. Persuadida pelos anciãos (Mateus 27:20), a multidão escolhe libertar Barrabás e crucificar Jesus. Pilatos
escreve um sinal onde se lê: "Jesus Nazareno Rei dos Judeus",[200] abreviado para INRI nas representações do tema, para ser afixado na cruz de Jesus (João 19:9), e em seguida flagela e envia Jesus para ser crucificado. Os soldados colocam-lhe na
cabeça uma coroa de espinhos, ridicularizando-o como Rei dos Judeus, e espancando-o antes de o
levarem para o Calvário[202] para ser crucificado.
Crucificação e deposição
A crucificação de Jesus é descrita nos quatro evangelhos
canónicos. Depois dos julgamentos, Jesus é levado para o Calvário carregando
a cruz. O caminho que se pensa ter sido usado é
conhecido por Via Dolorosa. Os três evangelhos sinópticos indicam que Simão
de Cirene foi obrigado pelos romanos a ajudar Jesus. Em Lucas 23:27-28 Jesus diz às mulheres no meio da multidão que o segue para não
chorarem por ele, mas por si próprias e pelas suas crianças. No Calvário,
oferecem a Jesus um preparado analgésico. De acordo com Mateus e Marcos, Jesus recusa.
Os soldados crucificam Jesus e removem a sua
roupa. Acima da sua cabeça na cruz estava a inscrição de Pilatos, "Jesus
Nazareno Rei dos Judeus", ridicularizado por soldados e pessoas que
passavam a pé. Jesus é crucificado entre dois
ladrões condenados, um dos quais ataca Jesus,
enquanto outro o defende. Os soldados romanos partem as pernas a ambos os
ladrões, uma técnica usada para acelerar a morte na cruz, mas não chegam a
partir as de Jesus, uma vez que este já se encontra morto. Em João 19:34, um soldado perfura Jesus com uma lança, de cuja ferida brota água. Em Mateus 27:51-54, quando Jesus morre, a cortina pesada do Templo volve-se e um terramoto
abre os túmulos. Aterrorizado pelo evento, um centurião romano afirma que Jesus era de facto o Filho de Deus.
No mesmo dia, José de
Arimateia, com a permissão de Pilatos e a ajuda de Nicodemus, remove
o corpo de Jesus da cruz, envolve-o em roupas lavadas e enterra-o num
túmulo de pedra talhada. Em Mateus 27:62, no dia seguinte os judeus pedem a Pilatos para o túmulo ser selado com
uma pedra e vigiado, de modo a assegurar que o corpo aí permaneça.
Ressurreição e ascensão
O texto do Novo Testamento sobre a ressurreição
de Jesus afirma que no primeiro dia da semana após a crucificação (geralmente
interpretado como sendo o domingo), o seu túmulo é descoberto vazio e que os
seus discípulos o encontram ressuscitado dentre os mortos. Os discípulos chegam
ao túmulo de manhã cedo e encontram um ou dois seres (homens ou anjos) vestidos
com túnicas brancas. Marcos 16:9 e João 20:15 indicam que Jesus aparece
primeiro a Maria
Madalena, e Lucas 24:1 afirma que ela é uma dos mirróforos (na tradição oriental) ou das Três Marias (na ocidental).
Depois de descobrirem o túmulo vazio, Jesus realiza uma série de aparições aos discípulos. Entre elas está a Dúvida
de Tomé e a aparição
na estrada aos Emaús, em que Jesus encontra dois discípulos. A segunda
pesca milagrosa é um milagre no mar da Galileia, após o
qual Jesus encoraja Pedro a servir os seus seguidores.
Antes de ascender ao Céu, Jesus instrui
os discípulos a espalhar a palavra sobre os seus
ensinamentos em todas as nações do mundo. Lucas 24:51 afirma que Jesus é então levado ao Céu. O relato da ascensão é
elaborado em Atos 1:1-11 e mencionado em Timóteo 3:16. Nos Atos, quarenta dias depois da Ressurreição, quando os discípulos
olham para cima, encontram Jesus elevado, tendo sido levado por uma
nuvem. Pedro 3:22 afirma que Jesus foi levado para o Céu e é agora a mão direita de
Deus.
Os Atos dos Apóstolos descrevem várias aparições
de Jesus em visões após a sua Ascensão. Atos 7:55 descreve uma visão vivenciada por Santo
Estêvão pouco antes de morrer. Na estrada
para Damasco, o apóstolo Paulo é
convertido ao cristianismo depois da visão de uma luz
ofuscante e de ter ouvido uma voz dizer: "Eu sou Jesus, a quem tu
persegues" (Atos 9:5). Em Atos 9:10-18, Jesus instrui Ananias
de Damasco a curar Paulo. É o último diálogo com
Jesus citado na Bíblia até ao Livro
da Revelação, no qual um homem chamado João vivencia uma
revelação de Jesus sobre os últimos
dias.
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