terça-feira, 18 de julho de 2017

BIBLIOLOGIA



Bibliologia

(Evangélica Pentecostal)


A Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo (Catolicismo e Protestantismo). Portanto, neste estudo de Teologia sugerimos que seja mantido o trato científico sem agressões gratuitas à fé daqueles que tomam o texto bíblico como sagrado. O texto original desta matéria foi escrito para um curso básico de teologia de uma igreja protestante pentecostal. Por isso, precisa de ajustes para chegar aos moldes de texto científico, tanto na forma quanto no conteúdo. Solicitamos a colaboração de outros estudiosos e pedimos, por favor, que mantenham o tom sagrado do estudo.


 INTRODUÇÃO
     
A disciplina - Estudo sobre a Palavra de Deus, é também conhecida como Isagoge (termo grego que significa conduzir para dentro), e tem como objetivo introduzir o estudante nos mistérios revelados pelo Senhor Deus através das Sagradas Escrituras. Dessa forma, Bibliologia é o estudo dos assuntos inerentes à Bíblia. Essa matéria auxilia o estudante a desvendar a Palavra de Deus, a obter compreensão sobre a Bíblia e, é indispensável a qualquer área da Teologia, elucidando inumeráveis fatos bíblicos. Um dos pontos mais importantes da Bibliologia é o estudo do milagre bíblico, ou seja, a forma impressionante com que os textos foram escritos, preservados e trazidos até os tempos atuais.
Nas lições deste módulo estudaremos sobre como a Bíblia é rica em detalhes referentes aos fatos que nos revela. A compreensão da riqueza dos fatos registrados na Bíblia ajuda o estudante a compreender melhor a vontade de Deus revelada em sua Palavra. Esperamos que a partir desse estudo, você possa ser beneficiado com o crescimento espiritual e sinta-se mais ansioso para permanecer saciando sua sede na infindável fonte que é a Bíblia Sagrada.
Para melhor compreensão da Bíblia providencie um bom dicionário secular, um dicionário bíblico, uma chave (ou referência) bíblica, um livro de geografia bíblica e uma enciclopédia bíblica. A maioria das Bíblias de Estudo vêm equipadas com chave e dicionário bíblico, além de notas de rodapé e mapas que auxiliam no estudo do texto sagrado. Além dos auxílios acima citados, a Bíblia é o livro que deve ser lido com reverência, em oração, para que o Espírito Santo, que é seu maior intérprete, possa atuar sobre cada um, nos dando a exata dimensão da vontade de Deus.


 1 - A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS

A Bíblia é o único livro na história da humanidade que revela a Deus, ou ainda, que é a palavra do próprio Deus. Todas as demais obras não conseguem provar por si próprio que tem como autor o Senhor de todo o Universo. Somente a Bíblia conta a maior história de amor, jamais revelada de outra forma, a não ser a do Senhor Jesus Cristo, para salvação da humanidade. Somente a mensagem da Bíblia é capaz, na direção do Espírito Santo, conduzir o homem em todas as áreas de sua vida: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios ... antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.1,2).

1.1 A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS
A revelação de Deus ao homem através dos tempos tem sido por meio das obras que Ele criou (Rm 1.20, Sl 19.1-6). Além das obras, a maior fonte de revelação de Deus está em sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Costuma-se dizer que essa revelação é dupla, sendo a Bíblia a palavra escrita e Cristo a palavra viva. Essa dupla revelação tornou-se necessária devido a queda do homem. Ao estudarmos a Bíblia devemos considerar as seguintes afirmações:

a) A Palavra de Deus é o único manual do crente - Os manuais existem para orientar as pessoas sobre os procedimentos corretos em determinadas ocasiões. Dessa forma, a Bíblia nos ensina a servir ao Senhor, a empregar bem as orientações deixadas por Deus para uma vida feliz e para a correta realização de Sua obra. É também a Bíblia que nos mostra o caminho da salvação, da santificação e da vida eterna. A eficiência no uso da palavra vem do exercício constante, da prática (1 Pe 2.9, 3.15; Ef 2.10; 2 Tm 2.15; Is 34.16; 55.11; Sl 119.130).

b) A Palavra de Deus alimenta nossa almas - O estudo da Palavra é uma nutrição perfeita para nosso crescimento espiritual. Todo alimento só nutre o corpo se for absorvido pelo organismo e se for ingerido com regularidade. Quem não tem apetite pela Palavra de Deus não tem também saúde espiritual (Mt 4.4; Jr 15.16; 1 Pe 2.2).

c) A Palavra de Deus é um instrumento do Espírito Santo (Ef 6.17) - O Espírito Santo tem mais instrumentos para operar onde há abundância da Palavra de Deus. Quando estamos imersos na Palavra, o Espírito atua mais livremente em nossa vida (Sl 1.2; Js 1.8).

d) A Palavra de Deus nos enriquece espiritualmente - Por não conhecer adequadamente a Palavra de Deus, muitos crentes se tornam fanáticos. Em vez de deixarem o Espírito Santo usá-los, querem usar o Espírito Santo para fazer suas vontades. Por outro lado, há os que conhecem a Palavra mas a falta de correta e pronta orientação espiritual, principalmente aos novos convertidos, pode resultar em vidas desequilibradas e doentias pelo resto da existência. São pessoas que ferem a si mesmas e as outras pessoas com as quais convivem, por não compreenderem as riquezas da liberdade conquistada por Cristo (Sl 119.72; Ef 1.17; 1 Co 2.10).

e) A Palavra de Deus renova a fé do cristão - Para termos nossas orações respondidas por Deus, precisamos apoiar nossa fé nas promessas contidas em sua Palavra. Por outro lado, a Palavra de Deus desperta fé em nós. Precisamos pedir conforme a vontade de Deus. E uma forma de conhecer a vontade de Deus é por meio de sua Palavra (Jo 15.7; Rm 10.17; Jo 5.14).
A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que precisamos Deus nos revelou por meio de sua Palavra. Somente precisamos nos apropriar dessas revelações e pela fé concretizá-las em nossa vida. O autor da Bíblia é Deus, seu intérprete é o Espirito Santo e seu tema central é o Senhor Jesus Cristo.

1.2 COMO DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIA
Para tirar o máximo aproveitamento da Bíblia, devemos estudá-la:
a) Conhecendo o seu autor - A Bíblia é o único livro cujo autor está presente quando alguém o está lendo. Ninguém explica melhor um livro do que seu próprio autor. Conhecendo e amando o autor da Bíblia, fica mais fácil compreender Sua vontade.

b) Diariamente - Como alimento espiritual, a Bíblia só surte efeito se for degustada diariamente, como nossas principais refeições. Caso isso não aconteça, o crente será alvo da destruição espiritual (Dt 17.19; Jo 16.12; Hb 5.12; Mc 4.33).

c) Com reverência - A maneira como lemos a Bíblia é importante para determinar o aproveitamento dessa leitura. É importante observar o seguinte:
(I) Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como um livro qualquer;
(II) Estudar a Bíblia em atitude de oração, com o coração voltado para Deus;
(III) Estudar em atitude de humildade (Tg 1.21);
(IV) Estudar crendo em seu ensino (Lc 24.25).

d) Com oração - A melhor leitura bíblica é aquela feita vagarosamente, com meditação, a exemplo dos servos de Deus no passado (Sl 119.12,18; Dn 9.21-23; Sl 73.16-17). A meditação aprofunda a compreensão.

e) Completamente - Existem textos bíblicos que não recebem a devida atenção dos seus leitores. Ler a Bíblia toda, em atitude de oração e meditação, ajuda a compreender melhor Sua mensagem. Sendo a Palavra de Deus, a Bíblia é infinita em sua mensagem, mas nem por isso devemos desistir de estar sempre buscando mais. O Espírito Santo nos ajuda nessa caminhada de compreensão da vontade de Deus (Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; Dt 29.29).

1.3 O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA
REDENÇÃO é o tema central da Bíblia com o personagem princicipal sendo JESUS, conforme Ele mesmo declara em Lc 24.44 e Jo 5.39. Leia também At 3.18; 10.43 e Ap 22.16. Considerando a redenção como tema central da biblia e Jesus o personagem principal da Bíblia, podemos dividir os 66 livros em quatro grandes grupos:
a) Preparação: todo o Antigo Testamento.

b) Manifestação: os Evangelhos.

c) Explanação: são as Epístolas.

d) Consumação: o livro de Apocalipse. Texto em itálico


2 - BÍBLIA - O LIVRO
Não encontramos o vocábulo “Bíblia” no texto das Sagradas Escrituras. Esse nome provém do grego, tendo como origem o termo “papiro”. A forma de escrita mais disseminada na Antigüidade era com o uso do papiro. Por sua vez, os gregos chamavam o papiro de biblos, um rolo de papiro era um bíblion e vários destes era uma “bíblia” ou livro. A palavra “bíblia” significa, assim, “livros pequenos” ou “coleção de livros pequenos”. Grande parte dos escritos sagrados nas sinagogas era escrita em papiro (Lc 4.17).
O papiro foi um dos principais materiais usados para escrever os manuscritos bíblicos. O centro da indústria do papiro era o Egito, onde teve início a sua utilização. Antes do surgimento dos equipamentos gráficos os livros eram escritos a mão, em forma de rolos, em materiais como o papiro ou pergaminho. O papiro era uma planta que crescia junto aos rios. A entrecasca, depois beneficiada, formava rolos de grande extensão, permitindo a escrita. A Bíblia menciona o papiro diversas vezes: Ex 2.3; Jó 8.11; Is 18.2. Em algumas passagens, a Bíblia menciona junco, no lugar do papiro. Na verdade, o papiro era extraído de uma espécie de junco gigante. A palavra papel também é derivada de papiro. O uso desse material data do ano 3 mil antes de Cristo.
O pergaminho foi o outro material usado para escrever os manuscritos bíblicos. Esse nome está relacionado com Pérgamo, cidade que ficou famosa pela fabricação de pergaminhos, cuja matéria-prima era de peles de animais, sendo material bem mais durável e resistente que o papiro para a escrita (2 Tm 4.13). O pergaminho é um material de uso mais recente, aplicado a partir do Novo Testamento.
Mais recentemente, no final da Idade Média, foi inventada a imprensa. O primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1452, em alemão. A partir de então, a difusão dos ensinos bíblicos tornou-se mais rápida e eficiente. Hoje a Bíblia é divulgada de diversas formas, inclusive por meio de gravação (áudio), vídeos, programas de computador, Internet e outros meios.
Os estudiosos no assunto afirmam que a expressão Bíblia foi primeiramente adotada por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no V século de nossa era.
Alguns outros nomes pelos quais a Bíblia é conhecida: Escrituras (Mt 21.42); Sagradas Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12); Os oráculos de Deus (Rm 3.2).
A arqueologia moderna tem sido a maior fonte científica que comprova a infalibilidade do Livro Sagrado. A história da Bíblia, como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos são livros da antiga literatura, escrito à mão.

2.1 A ESTRUTURA DA BÍBLIA]
A Bíblia divide-se em duas partes principais: o Antigo e o Novo Testamento, tendo ao todo 66 livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo. Esses livros foram escritos no período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Foram pessoas de diversas épocas, diversas línguas, profissões diferentes, mas revelando uma mesma mensagem: aquela que o Supremo Autor desejou passar. Aqui está o grande milagre da Bíblia.
Testamento vem do grego “diatheke” e significa aliança ou concerto. Hoje, testamento é um documento que contém a vontade de uma pessoa quanto a distribuição de seus bens após a morte. Essa duplicidade de sentido ensina que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, o que nos garante toda a sua herança (Hb 9.15-17). O termo Antigo Testamento foi usado pela primeira vez por Tertuliano e Orígenes.

2.1.1 O Antigo Testamento (AT)
A expressão "Antigo Testamento" surgiu no II século d.C., tendo sido divulgada dessa forma pelos chamados "pais latinos da Igreja", quando procuravam diferenciar as Escrituras hebraicas (os textos sagrados dos judeus, que até aquela época eram denominadas simplesmente de "Escrituras"), dos escritos que os apóstolos e discípulos de Jesus passaram a escrever, que foram denominados de as "Escrituras gregas".
Por sua vez, os judeus não denominam suas Escrituras de "Antigo Testamento", até mesmo porque se assim o fizessem, estariam reconhecendo a Jesus como o Cristo. Eles chamam o Antigo Testamento de 'TANACH", palavra formada das iniciais de Torah (Lei), Neviim (Profetas) e CHetuvim (Escritos), que é o conjunto dos escritos sagrados. Esta forma de denominar o Antigo Testamento foi utilizada por Jesus (Lc 24.44).
A expressão AT tem sua origem na carta aos Hebreus (Hb 8.6-13) que, por sua vez, toma como base o profeta Jeremias (Jr 31.31-34). O texto de Jeremias, na versão grega da Septuaginta, usa a palavra grega "diatheke", que significa pacto ou testamento, tendo sido escolhida a expressão "testamento", já que na carta aos Hebreus estes pactos somente tiveram valor em virtude de derramamento de sangue (Hb 9.1-8,16,17).
O Antigo Testamento foi produzido num ambiente histórico e cultural do Egito, da Mesopotâmia e nas nações historicamente relacionadas com essas terras, e escrito originalmente em hebraico, com alguns trechos em aramaico e em persa. Divide-se basicamente em quatro grupos de livros: Lei, História, Poesia e Profecia.
a) Lei - São 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Mais conhecidos como Pentateuco, esses livros tratam da origem de todas as coisas, da lei e do estabelecimento da nação israelita.

b) História - São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel em seus diversos períodos, principalmente a Teocracia (governo de Deus, sob os Juízes); a Monarquia (governo de um único rei, sob Saul, Davi e Salomão); Divisão do reinos de Judá e Israel, sendo Israel levado cativo para a Assíria e Judá para a Babilônia; Pós-cativeiro (sob Zorobabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas).

c) Poesia - São cinco livros, de Jó a Cantares de Salomão. O nome poético deve-se ao gênero de seu conteúdo, não significa que sejam fantasiosos e fictícios. São também chamados de devocionais ou “literatura de Sabedoria”.

d) Profecia - São 17 livros, de Isaías a Malaquias. Podem ser divididos em Profetas Maiores (cinco livros, de Isaías a Daniel), sendo quatro autores, visto que o livro de Lamentações se atribui a Jeremias e, Profetas Menores (12 livros, de Oséias a Malaquias). O nome Profeta Maiores ou Menores não tem nada a ver com o mérito ou notoriedade do profeta, mas, principalmente, com a extensão do livro ou do ministério profético.
A classificação dos livros bíblicos não obedecem ordem cronológica, pois estão agrupados por assuntos. A forma como estão dispostos teve origem na Septuaginta, através da Vulgata.
De acordo com os renomados mestres nesta área, a ordem cronológica do AT é a seguinte:
Jó            1521 a.C.                 Amós            780 a.C.       
Gênesis      1521-1500 a.C.             Oséias          760 a.C.
Êxodo         1490 a.C.                 Isaías          745 a.C.       
Levítico     1489 a.C.                  Miquéias        740 a.C.       
Números      1451 a.C.                  Sofonias        639 a.C.       
Deuteron.    1451 a.C.                  Naum            630 a.C.       
Josué         1424 a.C.                 Jeremias        626 a.C.       
Juízes        1126 a.C.                 Lamentações     626 a.C.       
Rute          1050 a.C.                 Habacuque       606 a.C.       
1 Samuel     1050 a.C.                  Daniel          606 a.C.       
2 Samuel     1018 a.C.                  Ezequiel        592 a.C.       
1 e 2 Reis   1015 a.C.                  Obadias         586 a.C.       
Salmos        1050-975 a.C.             Ageu            520 a.C.       
Cantares     1013 a.C.                  Zacarias        520 a.C.       
1 e 2 Crôn.  1004 a.C.                  Ester           509 a.C.       
Provérbios   1000 a.C.                  Esdras          457 a.C.        
Eclesiastes  975 a.C.                   Neemias         434 a.C.       
Joel         840 a.C.                   Malaquias       432 a.C.       
Jonas         790 a.C.
2.1.2 O Novo Testamento (NT)
Logo depois da ressurreição de Cristo, aqueles que foram testemunhas oculares de sua glória saíram pregando o Evangelho, a todos os lugares. Isso era feito verbalmente. Com o passar dos anos, surgiu a necessidade de registrar aquilo que ensinavam. Foi aí que os livros do Novo Testamento começaram a ser escritos. É bom lembrar que, enquanto o Antigo Testamento levou cerca de 1046 anos para ser escrito, o Novo Testamento o foi em menos de 100 anos.
O Novo Testamento tem 27 livros. Foi escrito em grego popular, conhecido como Koiné. Os livros são classificados em quatro grupos, conforme o assunto, ou seja: Biografia, História, Epístolas e Profecia.
a) Biografia - São os quatro Evangelhos. Descrevem a vida terrena de Jesus e seu ministério. Os três primeiros Evangelhos são chamados de Sinópticos devido ao paralelismo existente entre eles. Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Os demais livros são uma preparação para a vinda de Cristo ou uma explicação sobre a doutrina de Cristo.

b) História - É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da Igreja primitiva.

c) Epístolas - São 21 cartas, e vão de Romanos a Judas. Elas contém a doutrina da Igreja. Podem ser divididas da seguinte forma:
(I) Nove são dirigidas a igrejas (de Romanos a 2 Tessalonicenses);
(II) Quatro são dirigidas a indivíduos (duas a Timóteo, uma a Tito e outra a Filemon);
(III) Uma é dirigida aos hebreus cristãos;
(IV) Sete são dirigidas a todos indistintamente (Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas). Estas são também chamadas universais, ou gerais, mesmo duas delas serem dirigidas a pessoas (2 e 3 João).

d) Profecia - Trata-se do livro de Apocalipse ou Revelação. Esse Livro aborda os eventos finais referentes ao universo, a terra, a igreja e ao destino da humanidade.
No entender cronológico, a ordem dos livros do NT seria:
1 Tessalon.    51 d.C.          Atos dos Apóstolos 64 d.C.
2 Tessalon.    52 d.C.          1 Timóteo               64 d.C.
1 Coríntios    56 d.C.          1 Pedro                 64 d.C.
2 Coríntios    57 d.C.          Tito                    65 d.C.
Gálatas        57 d.C.          Mateus                  65 d.C.
Romanos        58 d.C.          2 Pedro                 64/65d.C.
Marcos         59/60 d.C.       2 Timóteo               67 d.C.
Efésios        61 d.C.          Judas                   70 d.C.
Tiago          61 d.C.          João (Ev)               85 d.C.
Filipenses     62 d.C.          1 João                  90 d.C.
Colossen.      62 d.C.          2 João                  90 d.C.
Filemom        62 d.C.          3 João                  90 d.C.
Lucas          63 d.C.          Apocalipse              96 d.C.
Hebreus        63 d.C.
2.2 - AS ÉPOCAS BÍBLICAS
Os livros, na Bíblia, não seguem uma ordem cronológica, pois são agrupados conforme o assunto que abordam. Devido a isso, algumas pessoas podem se confundir com a seqüência da leitura do texto bíblico.
Para facilitar, estaremos apresentando em síntese a cronologia do texto bíblico, ou seja, a seqüência histórica em que os fatos bíblicos aconteceram. Não pretendemos aprofundar aqui o estudo da cronologia bíblica, mas apenas apresentar uma idéia de como os fatos aconteceram. Na seqüência, os livros serão apresentados na ordem cronológica, até onde se conhece na atualidade.

2.2.1 Época Abraâmica
Trata-se do primeiro período de narrativa bíblica, estando dividido em duas partes: o Período Antediluviano e do Dilúvio a Abraão.
a) Período Antediluviano: período de Adão ao Dilúvio. Contém o relato da origem de todas as coisas, terminando no capítulo seis de Gênesis.
Esse período registra fatos ocorridos nas imediações do Jardim do Éden, no vale do Rio Eufrates. Por lá estiveram também Abraão e Noé. Para conhecer bem as civilizações primitivas que viveram naquela região recomenda-se o estudo do capítulo 10 de Gênesis. As cidades mencionadas neste capítulo eram cidades-reinos, com governo próprio. Destaca-se nesse período a presença de homens de Deus como Abel, Sete, Noé e Enoque.

A vida extraordinariamente longa desses homens se explica principalmente pelos seguintes motivos:
a) as conseqüências do pecado ainda eram pequenas sobre o homem;

b) a maldição devido a queda do homem estava apenas começando;

c) as condições climáticas eram outras;

d) a capacidade da terra de produzir alimentos era bem melhor;

e) a longevidade era necessária ao povoamento da terra;

f) temos que considerar a misericórdia de Deus para com uma raça humana ainda ineficiente.

b) Do dilúvio a Abraão - após o dilúvio (Gn 6 a 11), muitas cidades antigas foram reconstruídas. A arca de Noé repousou em um dos montes da cordilheira de Ararate, perto das cabeceiras do Eufrates, mas Noé retornou a sua terra primitiva - Sinar, mais tarde chamada de Babilônia (Gn 11.2). Cerca de 100 anos após o Dilúvio, aconteceu a dispersão das raças por causa da confusão das línguas na Torre de Babel (Gn 11).
Em Gênesis 10 podemos ver uma descrição detalhada de como estavam distribuídas as nações após o Dilúvio. A família de Abraão vivia na cidade de Ur, que na época era capital da Suméria. Abraão foi fiel a Deus em um ambiente influenciado pela idolatria. Alguns teólogos afirmam que Sem foi contemporâneo de Abraão durante 150 anos, e pode ter transmitido a ele os ensinamentos divinos.

2.2.2 A Época de Israel
Trata-se do período histórico de Israel, um dos centros da narrativa bíblica, pois foi de Israel que nasceu Cristo, tema central da Bíblia.
a) Período Patriarcal: esse período vai de Abraão a José, de Canaã ao Egito. É com Abraão que começa a história de Israel como povo eleito. É ele o pai da raça hebréia (Sl 105.6; Jo 8.56). Abraão vivia em Ur, onde recebeu o chamado de Deus para fundar uma nação escolhida. Com isso, ele segue para Canaã, parando em Harã. Abraão era homem de grandes posses, bem relacionado com os reis e pessoas influentes da época.
Quando Abraão chegou a Canaã, a terra era habitada por nações excessivamente ímpias. A terra precisava ser conquistada. Deus revela seus planos a Abraão, mostrando que toda aquela terra seria de sua descendência. O cumprimento da promessa aconteceu muitos anos mais tarde.

b) Israel no Egito: esse período vai da morte de José ao Êxodo, abrangendo a escravidão de Israel no Egito. O período começa com a ida de Israel para o Egito, relatada nos primeiros 12 capítulos de Êxodo, por ocasião da fome em toda a terra. Após a morte de José, Israel teve cerca de 60 anos de paz, antes de começar a escravidão. Depois de muito sofrimento, no tempo oportuno, Deus levantou Moisés para retirar seu povo do Egito.

c) Israel no Deserto: trata-se de um período de 40 anos, tempo que Israel gastou desde a saída do Egito até a entrada em Canaã. A viagem poderia ter sido feita em bem menos tempo, mas o povo foi rebelde. Deus precisava prepará-lo melhor para a nova vida, na Terra Prometida.
Durante a viagem, a nação de Israel foi fundada, as leis foram criadas e os mandamentos divinos foram revelados. O povo, que antes era escravo do Egito, aprendeu a conviver com a presença de Deus. Todas as ordenanças do deserto apontavam para Cristo como a perfeita expiação do pecado. Destacam-se como líderes nesse período Moisés e Josué (civis) e Arão e Eleazar (religiosos). Moisés não pisou em Canaã, mas antes de morrer avistou a terra e a dividiu entre as tribos de Israel.

d) A Conquista de Canaã: esta fase da História de Israel está descrita no livro de Josué. Sob o comando de Josué, Israel cruza o rio Jordão e acampa-se em Gilgal, onde montou sua base de operações para a conquista de Canaã. Essa conquista aconteceu em três fases: a fase sul, a fase central e a fase norte.
Durante a conquista, o Tabernáculo é montado em Siló, permanecendo lá até o tempo dos Juizes. A conquista somente não foi bem sucedida porque Israel não destruiu os povos vizinhos conforme determinação de Deus. Era preciso realizar essa destruição para que o povo de Israel se mantivesse livre da influência pecaminosa daquelas nações.
Enquanto Israel obedeceu a Deus, venceu aos inimigos. Mas quando deixou de obedecê-lo, ficou enfraquecido e sofreu derrotas. O livro de Josué vai até a sua morte, cobrindo um período de 23 anos. Destacam-se como profetas dessa época um anônimo (Jz 6.8-10) e Débora (Jz 4.4).

e) Os Juízes: esse período vai da morte de Josué ao fim do ministério de Samuel. Na mesma época foram escritos os livros de Rute e 1 Samuel 1 a 9. O governo de Israel era realizado diretamente por Deus (teocrático), por meio de juízes que eram escolhidos para resolver as questões junto ao povo. Foi uma época de grande apostasia, anarquia e guerra civil, onde o povo entregou-se ao pecado. Cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos (Jz 21.25). O maior líder da época foi Samuel, o último dos juízes. Samuel também atuou como sacerdote e profeta. Também atuaram como profeta naquela época dois anônimos (Jz 6.8-10 e 1 Samuel 2.27-36) e Débora (Jz 4.4).

f) Monarquia: esse período abrange os reinados de Saul, Davi e Salomão. Foram escritos nesse período os livros de 1 Sm 9 a 1 Rs 12, 1 Cr 10 a 2 Cr 10. Foi um período áureo e esplendoroso para Israel. Saul fixou a capital em Gibeá. Davi conquistou Jerusalém das mãos dos jebuseus e tornou-a sua capital. Deus faz a aliança com Davi, prometendo-lhe nunca faltar herdeiros para o trono. Isso se cumpriu com Jesus Cristo, descendente de Davi.
O templo foi construído no reinado de Salomão. Foi uma obra imponente e magnificente, seguindo uma planta revelada pelo próprio Deus a Davi. A construção durou sete anos, e foi feita por 30 mil israelitas e 150 mil cananeus. Durante essa época houve diversos profetas não-literários (sua obra não foi escrita): um grupo, incluindo Saul (1 Sm 10.10); Gade; Natã; Aías.

g) O Reino Dividido: Esse período vai da divisão dos reinos à época do cativeiro. Salomão iniciou bem o seu governo, sendo temente a Deus e piedoso. Mas na velhice, afastou-se de Deus, entregando-se à idolatria e tendo inúmeras mulheres, a maior parte vinda dos povos pagãos. Por causa disso, Deus fez a divisão dos reinos. A divisão foi predita pelo profeta Aías e aconteceu no governo de Robão, um dos filhos de Salomão.
Com a divisão, a parte do Norte chamou-se Israel. Teve 10 tribos. O primeiro rei foi Jeroboão I. A religião oficial foi o culto ao bezerro, religião que Jeroboão importou do Egito. Afundou-se no Baalismo, um culto indecente e desumano a Baal e Astarote. Os profetas Elias e Eliseu juntamente com o rei Jeú comandaram a luta contra esse tipo de culto.
O reino de Israel (Norte) durou 250 anos, teve 19 reis sendo o último Oséias. Todos adoraram o bezerro. O pior deles foi Acabe, e o menos pior foi Jorão, que quebrou a estátua de Baal mas continuou adorando o bezerro. Nenhum dos 19 reis procuraram levar o povo ao encontro com Deus.
Foi então que os reis Tiglate-Pileses III e Sargão II, da Assíria, invadiram o reino do norte levando o povo de Israel cativo 722 a.C.. Sargão enviou seus súditos para povoar Samaria, capital do reino do norte, originando assim os samaritanos, gerando uma religião mista que se prolonga até os tempos de Cristo. Além de destruir o reino do Norte, a Assíria invadiu Judá, capturando todo o Judá, menos Jerusalém, devido a uma intervenção de Deus. O anjo do Senhor feriu 185 mil assírios em uma só vez. Posteriormente, a Assíria foi vencida por Babilônia.
A partir dessa época, a cronologia bíblica se torna mais precisa. As olimpíadas gregas iniciadas em 776 a. C. e realizadas a cada quatro anos, são uma boa referência para o cálculo das datas. Além disso, o Império Romano deixou registros com datas bem precisas que servem de guia cronológico.

O reino do Norte teve os seguintes profetas:
(I) Não-literários - os dois anônimos já mencionados; Elias; um outro anônimo (1 Rs 20.13); Micaías; Eliseu e Obede;

(II) Literários - Jonas; Oséias; Amós (profeta de Judá, mas com mensagem para Israel) e Miquéias (idem).
O reino do Sul, Judá, teve duas tribos: Judá e Benjamim. Algumas famílias de outras tribos também se uniram a Judá. A tribo de Simeão ficava ao sul de Judá, sem comunicação com o Norte. A capital continuou sendo Jerusalém. Depois do cativeiro do reino do Norte, Judá permaneceu cerca de 100 anos livre. Judá teve 20 reis. Os três melhores reis foram Ezequias, Josias e Joás. O pior de todos os reis foi Atália.

h) O Cativeiro Babilônico: Nabucodonosor invadiu Judá e levou preso o rei Jeoaquim. Levou também cativos os membros da família real, inclusive Daniel. A contagem dos 70 anos de exílio começou em 606 a. C., quando três anos depois, Jeoaquim se rebela contra Nabucodonosor.
Depois disso, Nabucodonosor volta, saqueia o templo e leva Joaquim (filho de Jeoaquim), além de 10.000 outros judeus, entre príncipes e oficiais - a aristocracia judaica. Põe Zedequias, irmão de Jeoaquim como rei em lugar deste. Levou também cativo o Profeta Ezequiel.
Finalmente, em 587 a. C., Jerusalém é sitiada por Nabucodonosor. Depois de um ano e meio de cerco, acaba a resistência de Jerusalém. Acabam-se os alimentos e a cidade é tomada. O povo estava com fome. O rei Zedequias foi capturado quando tentava fugir, sendo levado até Nabucodonosor, onde teve os olhos vasados, sendo depois levado para a Babilônia. Alguns remanescentes pobres foram poupados, mas acabaram fugindo para o Egito.

Os profetas desse tempo foram:
(I) Não literários - Semaías; Ido; Azarias; Eliézer; um anônimo (2 Cr 25.15); Hulda; Urias; Hanani; Jaaziel;

(II) Literários - Daniel (na corte de Nabucodonosor); Ezequiel (no campo, entre os cativos. Era sacerdote); Jeremias (ficou entre os remanescentes).
O cativeiro curou Israel da idolatria até hoje. Desde então, os judeus não podem ser acusados de idolatria. Devido o cativeiro, as Escrituras passaram a ser estudadas e surgiram as sinagogas.

i) A Restauração de Israel: depois de 70 anos, previstos antes por Isaías, um governador persa, Ciro, proclamou o retorno dos judeus e restaurou Israel. O templo foi reconstruído, menor e menos rico que o anterior.
Ester, uma judia formosa, tornou-se rainha da Pérsia 58 anos após o retorno de Israel. O livro de Ester situa-se entre os capítulos 7 e 8 de Esdras.
O período da restauração teve os seguintes líderes: Josué e Esdras (religiosos); Zorobabel e Neemias (civis, atuando como governadores). Ageu e Zacarias, no início da reconstrução do templo. Malaquias, no final da reconstrução. Atuaram em relação ao cativeiro os seguintes profetas: Joel, Amós, Isaías e Miquéias, Sofonias, Naum, Habacuque, Obadias e Jeremias.

2.2.3 O Período Interbíblico
Esse período vai de Malaquias ao advento de Cristo. Durou cerca de 400 anos. Durante esse período, Israel ficou dominado pela Pérsia. Os persas foram brandosos e tolerantes, pelo que Israel gozou de certa liberdade. Durante esse período nenhum profeta se levantou.
Apesar do silêncio bíblico sobre esse período, a história registra diversos acontecimentos que foram decisivos para a configuração do mundo bíblico por ocasião do nascimento de Cristo. Após o domínio persa, Alexandre, monarca grego levou a língua daquele país ao mundo da época, preparando caminho para o surgimento da Bíblia em grego (Septuaginta). O fato do mundo todo falar grego na época favoreceu a expansão do Evangelho. Veja aí o plano de Deus.
Logo antes da vinda de Cristo, por volta do ano 63 a.C, a Palestina passa ao domínio de Roma. Na época do nascimento de Jesus, governava a Galiléia Herodes, O Grande. Herodes praticou todos os atos que julgou necessários para chegar ao trono, matando inclusive todos os membros do Sinédrio, alguns nobres e pessoas da própria família.

2.2.4 A Época do Cristianismo
Tem início com o nascimento de Jesus, indo até o arrebatamento da Igreja.
a) O Nascimento de Jesus: Jesus nasceu no ano 5 a.C. A contagem dos anos deveria se iniciar com o seu nascimento, mas devido a um erro de cronologia, ocorreu esse lapso histórico. Quando Jesus nasceu, reinava na Judéia Herodes. Ao receber a visita dos magos do Oriente, que perguntaram Onde é nascido o rei dos Judeus?, Herodes, que já vivia preocupado com a possibilidade de uma conspiração contra seu trono, fingiu desejar adorar o Cristo, com a intenção de matar o menino. Por obra divina, Jesus livrou-se de todas as perseguições, prosseguindo em sua missão.
Mesmo com seus pontos negativos, Herodes (sem saber) contribuiu para a implantação do reino messiânico banindo o banditismo da Galiléia, condenando sumariamente os malfeitores, mesmo sem a aprovação do Sinédrio.

b) A destruição de Jerusalém: por volta do ano 70 d.C. aconteceu uma revolta dos judeus contra os romanos, resultando em guerra. O César da época era Nero, que escolheu seu melhor general para sufocar a revolta. A sede de governo a qual pertencia Israel estava na Síria, de onde veio Céstio Galo com 40 mil soldados para atacar Jerusalém. Os judeus resistiram, e Galo teve que retirar-se perdendo seis mil homens.
Quatro anos depois, no dia de Páscoa, Tiago surge com seu exército de 50 mil homens. Depois de cinco meses de cerco, os muros foram derrubados, o templo incendiado e a cidade assolada. Morreram cerca de um milhão de pessoas, além de 95 mil que foram levadas cativas. Foi a queda do Judaísmo.
Em 132-135 aconteceu outra revolta dos judeus, liderados por Bar-Cochba. Os judeus se apoderaram de Jerusalém e tentaram reconstruir o templo. A revolta foi sufocada pelo exército romano, que destruiu o Estado Judaico definitivamente. Os judeus foram expulsos da Palestina e impedidos de voltar, sob pena de morte. No lugar do templo, foi erguido um templo a Júpiter.
De 135 a 1948, os judeus não tiveram pátria. Andaram errantes por toda parte da Terra. Todos podiam mandar na Palestina, menos os judeus. Em 14 de maio de 1948 renasceu o Estado de Israel, segundo as promessas das Escrituras e pela iminência da volta de Jesus. Três civilizações achavam-se na palestina nos tempos do Novo Testamento:
a) a Grega, representando a cultura e o saber;
b) a Romana, representando a lei e o poder.
c) a Judaica, representando a religião e a justiça.

c) A história da igreja propriamente dita começa com o nascimento do Senhor Jesus no ano 5 a.C, e estende-se até aos tempos atuais. A época do Cristianismo nos dias do Novo Testamento tem três períodos:
(I) O Período da Vida de Cristo (conforme citam os Evangelhos);
(II) O Período da Igreja em Jerusalém. (Atos até o capítulo 12);
(III) O Período da Igreja missionária (Atos a partir do capítulo 13 e nas epístolas).

Após os dias do Novo Testamento, a época do Cristianismo pode ser estudada dentro dos quatro períodos da história secular:
(I) O Período Romano, até queda de Roma, em 476 d.C.;
(II) O Período Medieval, da queda de Roma, ao fim do Império Romano do Oriente (476-1453 d.C);
(III) O Período Moderno (do fim do Império Romano do Oriente à Revolução Francesa (1453 - 1789 d.C);
(IV) O Período Contemporâneo (De 1789 aos nossos dias).


2.3 ALIANÇAS E DISPENSAÇÕES
Deus sempre revelou ao homem Seus divinos e eternos propósitos, estabelecendo alianças ou concertos, todos revelados nas Escrituras Sagradas. Ao mesmo tempo, em Sua soberania, Deus mantém o governo de tudo.
2.3.1 - Alianças
Uma aliança é um contrato entre duas partes. É um acordo onde as duas partes pactuadas concordam com as condições e os termos da Aliança. Nesta aliança consta os benefícios e as responsabilidades para ambas as partes, ou seja um concerto. A Bíblia revela que o Senhor Deus fez várias Alianças com o homem, em várias épocas, sob várias circunstâncias e fundamentadas em diversas promessas, para revelar ao homem como manter comunhão com o Seu Criador.
Geralmente, são destacadas oito alianças firmadas entre Deus e o homem, sendo sete no período do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento:
1. A Edêmica (Gn 2.16);
2. A Adâmica (Gn 3.15);
3. A Noética (Gn 8.20-22; 9.16);
4. A Abraâmica (Gn 12.1,2);
5. A Mosaica (Êx 19.3-5);
6. A Palestiniana (Dt 30);
7. A Davídica (2 Sm 7.5-17);
8. A nova Aliança (Jr 31.31-34; Mt 26.28; 1 Tm 2.5).

2.3.2 Dispensações
Dispensação vem do Grego OIKO= CASA e NOMOS=LEI, GOVERNO. Uma dispensação é o governo duma casa. Uma dispensação é uma administração, um programa de governo. Deus preparou, pelo menos, 07 programas de governo ao longo da existência da humanidade, cada qual com peculiaridades específicas, onde cabe ao homem uma responsabilidade e, conseqüentemente, um julgamento de todos os seus atos.
As dispensações são:
1. Inocência;
2. Consciência;
3. Governo Humano;
4. Promessa;
5. Lei;
6. Graça;
7. Milênio.

A inter-relação entre as alianças e as dispensações revelam o grande trato de Deus para com a humanidade:
1ª Aliança: Edêmica O homem viveria em ambiente perfeito, tendo direta comunhão com o próprio Deus, sujeito a uma lei simples de amor, temor e amizade, enquanto não desobedecesse.
1ª Dispensação: INOCÊNCIA
• Significado: Antes de pecarem, Adão e Eva viviam no estado da inocência ou da liberdade. Não distinguiam ainda o bem do mal, pois só conheciam o bem.
• Responsabilidade do homem: Manter uma relação direta com Deus, lavrar e guardar o jardim (Gn 2.15). Não comer do fruto da árvore do conhecimento (Gn 3.6).
• Juízo: Expulsão do Jardim do Éden. Pecado, dor e morte entram (Gn 3.16-19, 23, 24).
2ª Aliança: Adâmica. A aliança Adâmica exige sacrifícios de purificação do homem para se chegar a Deus.
2ª Dispensação: CONSCIÊNCIA
• Significado: Com a entrada do pecado o homem passou a conhecer também o mal. Entrou na posse da consciência. Passa a ser guiado pela natureza pecaminosa
• Responsabilidade do homem: Tomar decisões (ser governado) pela consciência. Inicia o sacrifício de animais (Gn 3.2; 4.1-4; Hb 11.4).
• Juízo: O início desta dispensação começa com o relato do homicídio de Abel. Encerra com a terra cheia de violência (Gn 6.11). Deus destruiu a Terra com o dilúvio (Gn 6.17).
3ª Aliança: Noética. Caracteriza-se pela confirmação da relação do homem com a terra. Estabelecimento do governo humano. Garantia de que a terra não sofreria outro dilúvio (arco-íris). Uma família e uma nação são separados por Deus. Governo do homem pelo homem procurando obedecer a DEUS.

3ª Dispensação: GOVERNO HUMANO ou CIVIL.
• Significado: Por causa da violência e do derramamento de sangue que houve Deus instituiu com Noé a dispensação do governo humano (Gn 9.6) com o surgimento das nações.
• Responsabilidade do homem: Viver em sociedade. Adorar somente a Deus. Aqui também surge a base do código da justiça penal.
• Juízo: A dispensação termina com a humanidade intoxicada com a sua importância (Gn 11.4). O resultado foi o juízo (vers. 8,9).
4ª Aliança: Abraâmica. Consistiu em fazer de Abraão uma grande nação, em um sentido natural e espiritual.

4ª Dispensação: PROMESSA ou PATRIARCAL (Patri = progenitor).
• Significado: Deus chama Abraão e faz-lhe uma promessa (Gn 12.1-3). Como as nações falham, Deus forma uma nação à parte.
• Responsabilidade do homem: Deus fez a Abraão promessas incondicionais, a serem cumpridas gloriosamente, mas não devido a alguma virtude de Abraão ou da sua semente, pois ele não apropriou-se logo da promessa de Deus (Gn 12.1).
• Juízo: A dispensação da promessa começa com a narrativa de Gn 11.31,32 e termina com Israel a fracassar a entrada na terra da promessa. Abraão desce ao Egito e Israel fica ali escravizado por 400 anos.
5ª Aliança: Mosaica. Constituída de Mandamentos (Êx 20.1-26), Juízos (Êx 21.1 a 24.11) e Ordenanças (Êx 24.12-31.18).

5ª Dispensação: LEI.
• Significado: Grande código consistindo em centenas de mandamentos que abrangem todas as situações da vida do povo de Israel. A Lei foi dada para mostrar o pecado. O Senhor Jesus resumiu toda a lei em 2 mandamentos (Lc 10.27).
• Responsabilidade do homem: Cumprir toda a lei (Tg 2.10).
• Juízo: Os judeus foram julgados com a tomada de Jerusalém pelos romanos. Encerra também o período do Antigo Testamento.
Durante a Dispensação da Lei, a Bíblia apresenta mais duas Alianças:
6ª Aliança: Palestiniana. Firmada com os israelitas depois da peregrinação de Israel pelo deserto por quarenta anos. Foi um preparação para que entrassem na terra prometida e renovava a aliança Mosaica. Bênçãos e maldições são proclamadas (Dt 28; Js 24.24,25)
7ª Aliança: Davídica. Realizada para o reino de Israel, com a promessa de que sempre haverá um descendente do rei Davi no trono (2 Sm 7.11-16; Sl 89.34). Esta promessa terá seu grande cumprimento na 7ª Dispensação, no período do milênio, quando o Rei Jesus governará Israel.
8ª Aliança: a Nova Aliança

6ª Dispensação: GRAÇA.
• Significado: É a presente dispensação. A dispensação do Novo Testamento com a salvação oferecida pela fé em JESUS CRISTO e não pelas obras (Ef 2.8).
• Responsabilidade do homem: Estar em Cristo Jesus (Rm 5.1-2).
• Juízo: Terminará com os homens não aceitando o amor da verdade para se salvarem (2 Ts 2.10). O juízo de Deus será implacável através da Grande Tribulação.

7ª Dispensação: MILÊNIO ou do REINO.
• Significado: Jesus Cristo descerá pessoalmente à Terra, cumprindo a promessa feita a Davi (Mt 19.28). Neste tempo Satanás será preso por mil anos (Ap 20.2).
• Responsabilidade do homem: Os crentes reinarão com CRISTO nessa época (Ap 20.4).Os homens são responsáveis pela obediência ao Rei e às Suas leis. Satanás está preso. Cristo reinará, a justiça prevalecerá.
• Juízo: A primeira ressurreição acabará no final da grande tribulação e início do milênio (Ap 20.5). Satanás será solto e vencido no final do milênio (Ap 20.7; 20.10-15)

3 - O CÂNON DA BÍBLIA
Cânon ou Escrituras Canônicas é a coleção completa dos livros divinamente inspirados, constituindo a Bíblia. Cânon é uma palavra grega que significa vara reta de medir, assim como uma régua de carpinteiro. A palavra aparece no original em Ez 40.5. No sentido religioso, cânon significa norma, regra. Com esse sentido, aparece no original em vários textos do Novo Testamento (Gl 6.16; 2 Co 10.13, 15; Fp 3.16). A Bíblia é a nossa norma ou regra de fé e prática. O termo cânon foi empregado pela primeira vez por Orígenes (185- 254 d. C.). Antes de Orígenes, as verdades reconhecidas pela Igreja eram chamadas canôn. Diz-se dos livros bíblicos canônicos para diferenciá-los dos apócrifos. Por volta do ano 90 d. C., em Jâmnia, perto da atual Jafa, na Palestina, os rabinos num concílio sob a presidência de Joanan Bem Zakai,que tinha como finalidade a reestruração do judaísmo após a destruição do templo de Jerusalém (70 d.C.), reconheceram e fixaram o cânon do Antigo Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros. Note-se porém que o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos. Jâmnia, após a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. tornou-se sede do Sinédrio - o supremo tribunal dos judeus. O reconhecimento e fixação do cânon do Novo Testamento ocorreu no III Concílio de Catargo, no ano 397 d.C. Nessa ocasião os 27 livros que compõem o Novo Testamento foram reconhecidos e aceitos como canônicos. No entanto, durante esses 400 anos de história da Igreja, os livros e cartas eram lidos pelos crentes primitivos em suas reuniões, como referência de fé e doutrina.

3.1 - A BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUS
A Bíblia é diferente dos demais livros devido a sua inspiração divina (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.12; Jó 32.8). Devido a esse fato, ela é chamada de A Palavra de Deus (2 Tm 3.16, no original).
Entende-se inspiração divina como a influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem qualquer margem de erro. A expressão assim diz o Senhor ocorre 2.600 vezes na Bíblia, além de outras expressões equivalentes (Ez 11.5; 2 Cr 29.14; 24-20). q ue a bíblia é a palavra de Deus não resta nenhuma dúvida para nós cristãos.Quem tem o Espirito de Deus deposita toda a confiança nela. Mas,mesmo assim apresentamos algumas provas de que a Bíblia é a palavra de Deus,não "para" crermos,mas "porque"cremos.Nossa era é marcada pelo ceticismo,materialismo,racionalísmo e outras crenças errôneas que procuram extinguir o conhecimento de Deus. A característica mais importante da bíblia não é sua estrutura e sua forma,mas o fato de ter sido inspirada por Deus.Não se deve interpretar de modo errôneo a declaração da própria bíblia a favor dessa inspiração.Quando falamos de inspiração,não se trata de inspiração poética,mas de autoridade divina.A Bíblia é singular; ela foi literalmente" soprada por Deus".

3.2 - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA
A teoria correta da inspiração bíblica é chamada de Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal. Ensina que todas as partes da Bíblia foram igualmente inspiradas por Deus, e que houve cooperação entre os escritores e o Espírito Santo que os capacitava. Eles escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, mas sob poderosa influência do Espírito Santo, e o que eles escreveram é a Palavra de Deus.

3.2.1 - Provas da inspiração divina da Bíblia
A prova mais eloqüente da inspiração divina da Bíblia é sua harmonia. Somente a palavra milagre explica esse acontecimento. São 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. A maioria desses homens não se conheceram. Viveram em lugares distantes, falando línguas diferentes. Muitas vezes nada sabiam do que já estava escrito, mas registram a mais pura mensagem vinda diretamente da mente de Deus. Podemos apontar mais algumas provas da inspiração divina da Bíblia:
a) Foi aprovada por Jesus - Ele a leu (Lc 4.16-20); ensinou (Lc 24.27); chamou-a de A Palavra de Deus” (Mc 7.13); cumpriu-a (Lc 24.44). Jesus também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17).

b) O testemunho do Espírito Santo dentro do crente - Cada pessoa que aceita Jesus passa a ter a mais pura certeza quanto a autoria da Bíblia. Isso é uma coisa automática, realizada pelo Espírito Santo. Ninguém precisa ensinar isso.

c) O cumprimento fiel das profecias - As profecias bíblicas (no sentido preditivo) se cumpriram fielmente. Isso demonstra sua origem divina. O que Deus disse se sucederá (Jr 1.12).

d) A influência da Bíblia nas pessoas e nações - Os princípios contidos na Bíblia influenciaram a humanidade, melhorando o relacionamento entre os homens. As civilizações que não conheceram a Bíblia eram marcadas pela imoralidade, violência e licenciosidade. E esses costumes eram aprovados pelos filósofos da época. Os relatos sobre nações como a Grécia antiga e Roma mostram sociedades totalmente depravadas.

e) A Bíblia nos faz diferentes - O mundo hoje continua sob a influência do pecado, mas os verdadeiros seguidores da Bíblia se destacam com uma personalidade ideal. Os ensinos bíblicos são simples e profundos, servindo de guia a uma vida bem sucedida.

f) A Bíblia é sempre nova e inesgotável - Mesmo sendo o livro mais antigo do mundo, a Bíblia permanece com uma mensagem atual e moderna. Em mais de 20 séculos, o homem não pode melhorar a mensagem bíblica. Isso demonstra que a Bíblia é a imutável Palavra de Deus.

g) A Bíblia é familiar a cada povo ou indivíduo, em qualquer lugar - Cada homem recebe a mensagem bíblica como se tivesse sido escrita especialmente para ele. Isso acontece em qualquer lugar do mundo, independentemente da cultura, do nível social, da idade ou da época em que a pessoa lê a Bíblia. Isso acontece porque a Bíblia procede de Deus, o Pai de todos nós.

h) A superioridade da Bíblia - Comparando com outros livros, principalmente os escritos por fundadores de religiões como o Budismo ou por filósofos, vemos que a Bíblia supera os demais livros em todos os pontos. Destacamos que a Bíblia só contém verdades, enquanto os outros livros estão recheados de erros e equívocos.

i) A imparcialidade da Bíblia - A Bíblia revela as virtudes e as falhas dos homens que são personagens de sua narrativa, enaltecendo a honra e a glória de Deus. Se ela fosse inspirada pela mente humana, trataria de esconder as falhas humanas para exaltar somente suas virtudes (Jó 27; Sl 50.21-22; 1 Co 1.19-25).

3.3 - FALSAS TEORIAS SOBRE A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Existem algumas teorias falsas sobre a inspiração da Bíblia:
a) Teoria da inspiração natural humana - Ensina que a Bíblia foi escrita por homens com talento especial, nivelados a outros gênios da literatura. REFUTAÇÃO: Essa teoria nega a influência sobrenatural, trazendo sérios prejuízos para a fé. Os escritores da Bíblia afirmam que foi Deus quem falou através deles (2 Sm 23.2; At 1.16; Jr 1.9; Ed 1.1; Ez 3.16-17; At 28.25).

b) Teoria da inspiração divina comum - Nivela a inspiração da Bíblia àquela que hoje sentimos quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos. REFUTAÇÃO: Isso é errado porque a inspiração que hoje sentimos não é completa como a que veio aos escritores bíblicos. Além disso, os escritores recebiam essa inspiração de forma momentânea e específica para o cumprimento de uma missão divina. Em diversos momentos vemos a expressão veio sobre mim a palavra do Senhor, indicando uma inspiração momentânea.

c) Teoria da inspiração parcial - Ensina que somente algumas partes da Bíblia são inspiradas. Segundo essa teoria, a Bíblia não é a Palavra de Deus, apenas contém a Palavra de Deus. REFUTAÇÃO: Se isso fosse verdade, como poderíamos saber quais as partes que são inspiradas? II Timóteo diz que “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino...”. Veja também em Jó 16.12; Mc 7.13; Ap 22.18-19.

d) Teoria do ditado verbal Teoria que defende a opinião de que os escritores bíblicos foram instrumentos passivos nas mãos de Deus redigindo exatamente as palavras de Deus (a exemplo dos Dez Mandamentos), não podendo ser levado em consideração a experiência pessoal acerca do que se escrevia. REFUTAÇÃO: Faz dos escritores uma espécie de máquina que registra as palavras ditadas por Deus sem usar o raciocínio próprio. Lucas, por exemplo, fez extensa pesquisa sobre Jesus antes de escrever o Evangelho (Lc 1.4). e) Teoria da inspiração das idéias - Faz o contrário da anterior, ensinando que Deus inspirou somente as idéias, deixando as palavras a cargo dos escritores. REFUTAÇÃO: Também não é verdadeira porque em inúmeros momentos Deus colocou as palavras certas na mente dos escritores bíblicos (2 Pe 1.21; Hb 1.1; 1 Co 2.13; Ap 22.19).

3.4 - OS LIVROS APÓCRIFOS
Além dos livros canônicos, existem os chamados "livros deuterocanônicos", ou seja, os livros do "segundo cânon", que foi o cânon aprovado pela Igreja Romana no Concílio de Trento (1545-1563), até hoje seguido pelos católicos. Nas Bíblias de edição católico-romana o total de livros é de 73, tendo a mais 7 livros apócrifos, além de quatro acréscimos ou apêndices a livros canônicos, num total de 11 escritos apócrifos. Existem 14 escritos apócrifos, sendo 10 livros e 4 acréscimos.
a) Os sete livros apócrifos constantes na edição católico romana são: Tobias (depois de Esdras); Judite (depois de Tobias); Sabedoria de Salomão (depois de Cantares); Eclesiasiáticos (depois de Sabedoria); Baruque (depois de Jeremias); I e II Macabeus.

b) Os quatro acréscimos a livros canônicos são: Ester (10.4 - 16.24); Cântico dos Três Santos Filhos (Daniel 3.24-90); História de Suzana (Daniel 13); Bel e o Dragão (Daniel 14).

c) Os demais apócrifos, ainda aceitos pela Igreja Ortodoxa Grega são: III e IV Esdras e A Oração de Manassés. São assim chamados porque na Bíblia católico-romana os livros de Esdras e Neemias são chamados de I e II Esdras.
A aprovação dos apócrifos pela Igreja Católica, em 18 de abril de 1546, foi uma tentativa de combater a Reforma Protestante, recente na época. Os protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas do Purgatório, Oração pelos Mortos, Salvação mediante Obras, dentre outras. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles.

4 - A BÍBLIA AO LONGO DOS SÉCULOS
A Bíblia tem desafiado seus mais ardorosos opositores, que se baseiam em raciocínios puramente humanos, visando desacreditá-la. Geralmente, não aceitam as descrições sobrenaturais da Bíblia ao ressaltarem que tais descrições contrariam a razão (humana). Contudo, deve ser destacado que ao invés de contradizer a razão humana, as características sobrenaturais da Bíblia estão acima da razão humana. Não foi preocupação do Divino Autor explicar como aconteceram os milagres bíblicos genuínos, ou mesmo porque foram operados de maneira sobrenatural. O que temos para nosso conhecimento as indicações de onde e quando aconteceram os fatos bíblicos, relacionando-se com os conhecimentos tratados no âmbito das disciplinas seculares Geografia e da História, dentre outras. Inclusive, o estudante da Bíblia detém-se ao analisar a exatidão da geografia e da história bíblica, confirmando que a Bíblia, por si só, é um grande milagre da parte de Deus.

4.1 - AS LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA
Em quase sua totalidade, os livros bíblicos foram escritos em hebraico, aramaico e grego.
a) O Antigo Testamento - O hebraico é o idioma oficial da nação judaica, sendo chamado também de “ língua de Canaã (Is 19.18) e “língua judaica ou judaico (2 Rs 18.26-28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas semíticas, o hebraico lê-se da direita para a esquerda. Seu alfabeto é composto por 22 letras, todas consoantes. Podemos encontrá-lo em algumas partes do Velho Testamento, fazendo acróstico de alguns capítulos: Sl 119; Pv 31.10-31 e o livro de Lamentações de Jeremias.
Os trechos do Antigo Testamento escritos em aramaico são: Ed 4.8 a 6.18; 7.12-26; Dn 2.4 a 7.28 e Jr 10.11. O aramaico foi o idioma falado em Arã ou Síria e em grande parte da Arábia Pétrea. Essa língua influiu profundamente sobre o hebraico principalmente durante os cativeiros de Judá na Babilônia (587 a. C.). A influência do aramaico foi tão grande que ao voltar do cativeiro o povo tinha essa língua como vernácula. Por isso, quando Esdras leu as Escrituras em público precisou explicá-las ao povo, que não mais conheciam bem o hebraico. No Novo Testamento o aramaico já era bem conhecido, e foi a língua mais usada por Jesus e seus discípulos. Jesus conhecia também o hebraico, pois leu as Escrituras escritas nessa língua.

b) O Novo Testamento - Foi escrito em grego. Existem dúvidas sobre o livro de Mateus, que alguns eruditos dizem ter sido escrito em aramaico. O grego do Novo Testamento não é a língua erudita, mas uma versão popular, chamada de Koiné. O grego é uma língua muito precisa, e das línguas bíblicas, é a que mais se conhece por estar mais próxima de nós. Nos tempos bíblicos era uma língua de compreensão universal devido à expansão do Império da Grécia, sob o domínio de Alexandre (336 a. C.). Nos dias de Jesus, o grego era falado adequadamente, e a tradução da Septuaginta (versão do hebraico para o grego) era lido constantemente pelos judeus liberais. Por ocasião do ministério terreno de Cristo, a língua sagrada dos judeus era o hebraico; a falada, o aramaico; a língua oficial, o latim; a universal, o grego.

4.2 - A TRADUÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia está hoje traduzida para quase todas as línguas do mundo, ou seja, para todas as línguas mais faladas e alguns dialetos tribais da África e outras regiões remotas do planeta. Trata-se do livro conhecido e mais lido do mundo.
Vale destacar que Tradução é a simples transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Por sua vez, Versão é uma tradução da língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua.
As duas versões universalmente conhecidas são:
4.2.1 - A Septuaginta - Versão mais antiga dos originais das Sagradas Escrituras. A comunidade judaica que habitava em Alexandria, no Egito, falava expressamente o idioma grego, com necessidade de uma versão grega dos livros judaicos. O rei Ptolomeu Filadelfo II (285 246 a.C) sugeriu a Demétrio, seu bibliotecário, que os livros fossem traduzidos. O Sumo Sacerdote Eleazar, para satisfazer o rei Ptolomeu, trouxe de Jerusalém 72 tradutores (6 de cada tribo). Depois de uma grande recepção, ficaram isolados na ilha de Faros e executaram o trabalho em 72 dias. A cronologia dessa tradução data do ano 285 a.C. A cópia mais antiga da Septuaginta encontra-se na Biblioteca do Vaticano, datada de 325 A.D.

4.2.2 - A Vulgata
Nome oriundo do latim “vulgus”, quer dizer, “popular”, “do povo”. Jerônimo, de Belém (324 - 420 a.D), sábio e secretário do bispo de Roma, aos 80 anos, traduziu a Bíblia do hebraico para o latim. É a versão oficial da Igreja Romana.

4.3 - VERSÕES EM PORTUGUÊS
Como aconteceu em relação a outros idiomas, a Bíblia não foi inicialmente traduzida por inteiro para o português. Essa tradução aconteceu aos poucos. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375) ordenou a tradução da Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O rei D. João I (1389-1433) ordenou a tradução dos Evangelhos. Esse mesmo Rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo traduziu o Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor, esposa de D. João II mandou publicar o Livro “Vida de Cristo”, uma espécie de harmonia dos Evangelhos. Em 1505, a mesma rainha mandou imprimir os Atos e Epístolas Universais.

4.3.1 - A versão de Almeida
João Ferreira de Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reforma Holandesa, em Batávia, então capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a cidade de Djakarta, capital da Indonésia). Java era então domínio holandês, conquistada dos portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670. Em 1681 seu texto foi impresso em Amsterdã, Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da Bíblia - a de Figueiredo, em 1781. Almeida traduziu o Antigo Testamento até Ezequiel 48.21, quando faleceu em 1691. Missionários amigos seus completaram a tradução, entre eles Jacob Opden Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas que estudou após abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a espanhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em Amsterdã. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a publicar o Texto Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa a primeira vez em 1819. O texto Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e não ter cultura profunda.
O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira (organização batista independente) publicou a Edição Revista Corrigida”, abreviadamente ARC.
Uma comissão de especialistas brasileiros, trabalhando de 1945 a 1955 apresentou ultimamente a “Edição Revista Atualizada de Almeida (ARA). Trata-se de uma obra com melhor linguagem e melhor tradução. O Novo Testamento foi publicado em 1951 e o Antigo Testamento em 1958. A publicação foi feita pela Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão foi composta de 30 elementos capacitados, membros de diversas denominações evangélicas. Hoje existe uma comissão permanente de revisão acompanhando os progressos da crítica textual.etc.

4.3.2 - A Versão de Figueiredo
O padre Antônio Pereira de Figueiredo, português, levou 17 anos para fazer a tradução da Bíblia para o português, publicando o Novo Testamento em 1781 e o Antigo Testamento em 1790. É uma tradução da Vulgata.

4.3.3 - A Tradução Brasileira
Começou em 1904, por uma comissão de tradutores. Publicou o Novo Testamento em 1910 e o Antigo Testamento em 1917. Trata-se de uma tradução muito fiel aos originais, mas tornou-se de compreensão difícil porque traduz as palavras do ponto de vista literal e não à base da equivalência dinâmica, como nas outras traduções.

4.3.4 - A Versão de Rohden
Feita pelo padre brasileiro, de Santa Catarina, consta apenas do Novo Testamento. Foi publicada em 1935.

4.3.5 A Versão de Matos Soares
Também feita por padre brasileiro, a partir da Vulgata. A obra foi concluída em 1932 e publicada em 1946. É a Bíblia popular do católicos brasileiros.

4.4 - ALGUMAS OBSERVAÇÕES E CURIOSIDADES SOBRE O TEXTO BÍBLICO
4.4.1 - As palavras em itálico
Algumas traduções usam palavras em itálico (letras inclinadas para a direita) para completar o sentido do texto, como a ARC. Essas palavras não constam do original.

4.4.2 - O uso da margem
Algumas Bíblias trazem nas suas margens determinados trechos da tradução literal do hebraico ou do grego. São notas úteis para elucidar pontos confusos.

4.4.3 - Datas impressas no textos
A impressão de datas no texto bíblico é um terreno movediço, pois as datações vem sendo muito questionada ultimamente. Apesar disso, algumas Bíblias trazem datações de acordo com a “cronologia aceita. Os métodos modernos de arqueologia e datações estão colocando em dúvida grande parte dessa cronologia, principalmente em relação aos primeiros milênios bíblicos.

4.4.4 - O sumário dos capítulos
São separados pelos editores, nada tendo a ver com a inspiração e o texto original. Faz-se exceção às frases introdutórias de alguns salmos, como o 4 a 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56 etc. Há casos em que os sumários atrapalham, como a parábola dos Dez Talentos, que não são dez e a Parábola do rico e Lázaro, que não é parábola.

4.4.5 - A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos
Não faz parte do texto original. As Bíblias mais antigas não eram originalmente divididas em capítulos e versículos. Essas divisões foram feitas para facilitar o seu estudo. Por volta de 1228, Stephem Langton (professor da Universidade de Paris e, posteriormente, arcebispo de Canterbury), dividiu a Bíblia em capítulos, assim como o Cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano, também fez em 1250.
Os versículos no Antigo Testamento apareceram publicados pela primeira vez em 1445, pelo Rabi Natham. Robert Stevens, impressor de Paris, acrescentou a divisão em versículo do Novo Testamento em 1551. E em 1555, Stevens publicou a primeira Bíblia (Vulgata) dividida em capítulos e versículos.
Na Bíblia Almeida Revisada e Corrigida o Antigo Testamento tem 929 capítulos e 23.214 versículos. No Novo Testamento há 260 capítulos e 7.959 versículos. Toda a Bíblia tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.
Em alguns casos, a divisão em capítulos e versículos quebra o sentido do texto, como por exemplo: Is 53, que deveria começar em 52.13; Jo 8, que deveria começar em 7.53. Em relação aos versículos, acontece o mesmo, por exemplo, Ef 1.5 deveria começar com as duas últimas palavras de 1.4; 1 Co 2.9,10 deveria ser um só versículo.

4.4.6 - A divisão do texto em parágrafos]
A divisão do texto em parágrafo ajuda a entender o desenvolvimento das idéias registradas. A versão ARA destaca em negrito o início dos parágrafos.

4.4.7 - Aprendendo a ler e a escrever referências bíblicas
O método mais prático e eficiente para escrever referências bíblicas é o utilizado pela Sociedade Bíblica do Brasil: duas letras, sem ponto, para cada livro da Bíblia. Entre o capítulo e o versículo põe-se apenas um ponto. Exemplos:
a) 1 Jo 2.4 (Primeira João capítulo dois, versículo quatro).
b) Jó 2.4 (Jó capítulo dois, versículo quatro).
c) Jn 3.2 (Jonas capítulo três, versículo dois).
d) Fp 2.5 (Filipenses capítulo dois, versículo cinco).
e) Fm v. 6 (Filemon, versículo seis).
Os livros de Samuel, Reis e Crônicas do Antigo Testamento, são pronunciados como: Primeiro ou Segundo, pois referem-se a livros (1 Sm: Primeiro Samuel). Já no Novo Testamento temos Coríntios, Tessalonicenses, Timóteo, Pedro e João, que são pronunciados como Primeira, ou Segunda ou Terceira, pois refere-se à carta ou epístola (1 Tm: Primeira Timóteo; 3 Jo: Terceira João).

4.4.8 - Diferença entre texto, contexto, referência e inferência
a) Texto: são as palavras contidas numa passagem bíblica.

b) Contexto: são as palavras que ficam antes e depois do texto lido. Pode ser um versículo, um capítulo ou um livro inteiro.

c) Referência: é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de indicar o livro, capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações como: “a” indicando a parte inicial do versículo (Rm 11.17a); “b” indicando a parte final do versículo (Rm 11.16b); “ss” indicando os versículos que se seguem até o fim ou não do capítulo (Rm 11.17ss); “qv” significa que veja. Recomendação para ler o texto indicado; “cf” - significa compare, confirme; “i.e” significando isto é; “e.g.” significa por exemplo (vem do latim exempli gratia).

4.4.9 - Algumas particularidades sobre a Bíblia
a) O livro de Ester e Cantares de Salomão não mencionam o nome de Deus, porém a presença divina é inegável nesses livros, especialmente nos episódios milagrosos de Ester.

b) Há na Bíblia 8 mil menções ao nome de Deus entre seus vários nomes, e 177 menções acerca do diabo, sob seus vários nomes.

c) A vinda do Senhor Jesus é referida 1.845 vezes, sendo 1.527 no Antigo Testamento e 318 no Novo Testamento.

d) O “capítulo” menor da Bíblia é o Sl 117, o maior é o Sl 119. Não se pronuncia Salmos capítulo 10, por exemplo. Por se tratar de um salmo, ou hino, a pronúncia deve ser: Salmo um ou primeiro (Sl 1), Salmos dois ou segundo (Sl 2), e assim sucessivamente. Os versículos são ditos versos. Ex: Salmos 119, verso 5.

e) 2 Rs e Is 37 são dois capítulos iguais.

f) O maior versículo da Bíblia é Et 8.9.

g) O maior livro é o de Salmos e o menor é 2 João.

h) No Sl 107 há 4 versículos iguais que são: 8, 15, 21, 31.

i) Os números 3 e 7 predominam em toda a Bíblia.

j) A expressão “ não temas” ocorre 366 vezes, o que dá uma para cada dia do ano.

l) Segundo alguns eruditos, na Bíblia foram encontradas 3.568.483 letras e cerca de 773.693 palavras.

m) O Sl 136 termina todos os versículos com a expressão “para sempre”.

n) O capítulo 3 de Lm tem 66 versículos levando cada 3 deles a mesma letra do alfabeto hebraico, o qual tem 22 letras.

o) A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo. Isto se deu em 1492, em Manz, na Alemanha, após a invenção do prelo. A Bíblia tem, no Antigo Testamento, 929 capítulos e 23.214 versículos. No Novo Testamento há 260 capítulos e 7.959 versículos. Toda a Bíblia tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.


CONCLUSÃO
O estudo de Bibliologia vai muito mais além do que tratamos neste trabalho. Temos aqui apenas uma síntese do assunto, para que você, aluno, sinta o desejo de estudar melhor este assunto. Se conseguirmos despertar seu interesse pelo estudo desta matéria, teremos atingido nosso objetivo.
Quanto aqueles que já estudaram Teologia, puderam perceber por nossa abordagem sintética que tivemos apenas a intenção de despertar o conhecimento, remetendo-os a uma nova análise sobre a importância da Bibliologia. Um estudo mais profundo contém vários outros temas que não tivemos como abordar, devido a exiguidade de tempo.
Temos prazer em lembrar que o maior livro de Bibliologia é a própria Bíblia Sagrada, que se auto-explica, se auto-interpreta e se auto-justifica. Leia a Bíblia, com amor, dedicação e submissão ao Espírito Santo. E que Deus esteja sempre conosco. Amém.

BIBLIOGRAFIA
·                     A Interpretação da Bíblia, Weldon E. Viertel - JUERP
·                     Bíblia de Estudos Pentecostais - CPAD
·                     Bibliologia - Introdução ao Estudo da Bíblia - EETAD
·                     Bibliologia - Um assunto oportuno - Nicodemos de Souza
·                     Textos EBD - Dr. Caramuru Afonso Francisco. Roberto José da Silva e José Roberto da Silva. Ev.Luiz *Henrique de Almeida Silva
·                     Manancial de Mensagens - Genésio dos Santos




O Textus Receptus

Textus Receptus, (Texto Recebido) é a denominação dada à série de impressões, em grego, do Novo Testamento, que serviu de base para diversas traduções dos século XVI ao XIX, como a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei James e para a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma Protestante, inclusive a tradução portuguesapor Almeida. A partir do final do século XIX, com publicação do texto de manuscritos mais antigos do Novo Testamento, a maioria das traduções bíblicas usa os chamados textos críticos, isto é, estabelecidos através dacrítica textual, não sem controvérsia daqueles que ainda preferem o Textus Receptus. O Textus Receptus guarda grande semelhança ao Texto Bizantino (ou Texto Majoritário), por isso às vezes são chamados como se fossem o mesmo texto.
A tradução bíblica de Almeida foi executada entre 1681 e 1753 baseando-se em um conjunto de manuscritos de origem Bizantina (Antioquia), que vieram juntamente com eruditos do Oriente (quando de sua fuga para o Ocidentedevido à invasão militar islâmica de Bizâncio), sendo que cada um destes manuscritos continha uma parte ou todo o Novo Testamento, sendo eles na quase totalidade dos versos concordantes entre si, tendo sido intensamente utilizados por intelectuais e pelas igrejas até aquele momento. Este conjunto de manuscritos formou a base para o que depois veio a ser conhecido como Textus Receptus.
O Textus Receptus é na verdade uma compilação dos textos contidos nestes manuscritos, de modo a compor um único texto grego contendo todo o Novo Testamento. A primeira compilação deste texto foi executada pelo teólogo, padre católico, intelectual, filósofo, humanista e estudioso Erasmo de Roterdão em 1516. Este texto teve posteriormente várias outras edições publicadas tanto pelo próprio Erasmo, como por Beza, Estienne, e pelos Elzevirs, entre outros. As edições consideradas como as principais representantes do Textus Receptus são as edições de Estienne de 1550 (a terceira) e a edição dos Elzevirs de 1633. Deve-se ressaltar que, apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas diversas edições do Textus Receptus, entre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de menos de 300 palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas 0,002% do total.
O Textus Receptus foi utilizado para a criação de várias outras traduções da Bíblia para várias outras línguas, como as Bíblias de Lutero em 1522, a de Tyndale em 1526, e a do rei James em 1611, e também para a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante, neste ponto, notarmos que o Textus Receptus, diretamente ou através de uma de suas traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a Reforma, e que esta posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX.
A denominação “Textus Receptus” tem sua origem no prefácio da edição de 1633 (dos irmãos Bonnaventura e Abraão Elzevir) que diz em latim: Textum ergo habes nunc ab omnibus receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum damus (Tens, portanto, o texto agora recebido por todos, no qual nada oferecemos de alterado ou corrupto). As palavras “textum” e “receptum” foram utilizadas no caso nominativo para formar “Textus Receptus”.





  "O que é a crítica textual?"

Em termos simples, a crítica textual é um método utilizado para determinar o que os manuscritos originais da Bíblia diziam. Os manuscritos originais da Bíblia estão perdidos, escondidos ou já não mais existem. O que temos é dezenas de milhares de cópias dos manuscritos originais que datam do 1º ao 15º séculos dC (para o Novo Testamento) e do 4º século aC ao 15º século dC (para o Antigo Testamento). Nestes manuscritos, há muitas pequenas diferenças e algumas um tanto maiores. A crítica textual é o estudo desses manuscritos em uma tentativa de determinar qual era realmente a leitura original.

Existem três métodos principais de crítica textual. O primeiro é o Textus Receptus. O Textus Receptus era um manuscrito bíblico que foi compilado por um homem chamado Erasmus em 1500 dC. Ele pegou o número limitado de manuscritos ao qual tinha acesso e compilou-os no que se tornou conhecido como o Textus Receptus.

Um segundo método é conhecido como o Texto Majoritário. O Texto Majoritário toma todos os manuscritos disponíveis hoje, compara as diferenças e escolhe a leitura correta mais provável com base em qual leitura ocorre mais. Por exemplo, se 748 manuscritos leem "disse ele" e 1429 manuscritos leem "disseram", essa teoria escolheria "disseram" como a leitura original mais provável. Não há grandes traduções da Bíblia que são baseadas no Texto Majoritário.

O terceiro método é conhecido como o Texto Crítico ou Eclético. O método eclético envolve considerar evidências externas e internas para determinar o texto original mais provável. A evidência externa nos leva a fazer as seguintes perguntas: em quantos manuscritos essa leitura ocorre? quais são as datas para estes manuscritos? em que região do mundo foram estes manuscritos encontrados? Já a evidência interna solicitará as seguintes perguntas: o que poderia ter causado estas leituras diferentes? qual leitura pode possivelmente explicar a origem das outras leituras?

Qual é o método mais preciso? É aí que o debate começa. Quando os métodos são primeiramente descritos a alguém, a pessoa normalmente escolhe o Texto Majoritário como o método a ser usado. É essencialmente as "regras majoritárias" e o método "democrático". No entanto, há um problema regional para considerar aqui. Nos primeiros séculos da igreja, a grande maioria dos cristãos falava e escrevia em grego. A partir do quarto século dC, o latim começou a se tornar a língua mais comum, especialmente na igreja. Começando com o latim vulgar, o Novo Testamento começou a ser copiado em latim em vez de grego.

No entanto, no mundo cristão oriental, o grego continuou a ser a língua dominante da igreja por mais de 1.000 anos. Como resultado, a grande maioria dos manuscritos gregos são da região oriental/bizantina. Estes manuscritos bizantinos são muito semelhantes um ao outro. Todos eles provavelmente se originaram dos mesmos poucos manuscritos gregos. Apesar de serem muito semelhantes entre si, os manuscritos bizantinos têm inúmeras diferenças dos manuscritos encontrados nas regiões oeste e central da igreja. Para resumir: se você começou com três manuscritos, e um foi copiado 100 vezes, um outro foi copiado 200 vezes, e o terceiro foi copiado 5.000 vezes, qual grupo vai ter a regra majoritária? O terceiro grupo, é claro. No entanto, não é mais provável que o terceiro grupo tenha a leitura original do que o primeiro ou segundo grupo. Ele só tem mais cópias. O método crítico/eclético da crítica textual dá igual "peso" aos manuscritos de diferentes regiões, apesar dos manuscritos orientais serem a esmagadora maioria.

Como é que o método crítico/eclético funciona na prática? Ao comparar João 5:1-9 em várias traduções, você vai notar que o versículo 4 está ausente das traduções baseadas no Texto Crítico. No Textus Receptus, João 5:4 diz: "Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse." Por que este versículo foi omitido das traduções bíblicas que usam o Texto Crítico? O método eclético funciona da seguinte forma:
(1) O texto de João 5:4 não ocorre na maioria dos manuscritos mais antigos.
(2) O texto de João 5:4 ocorre em todos os manuscritos bizantinos, mas não em muitos dos manuscritos não-orientais.
(3) É mais provável que um escriba acrescentaria uma explicação, e não o contrário. João 5:4 torna mais claro por que o homem aleijado queria entrar na piscina.
Por que um escriba removeria este versículo? Isso não faz sentido. O que faz sentido é adicionar uma explicação da tradição por trás do homem aleijado querer entrar na piscina. Como resultado destes conceitos, o Texto Crítico/Eclético não inclui João 5:4.

Independentemente do método da crítica textual que se acredite ser o correto, esta é uma questão que deve ser discutida com graça, respeito e bondade. Os cristãos podem discordar e, de fato, discordam sobre esta questão. Podemos debater os métodos, mas não devemos atacar as motivações e o caráter das pessoas com quem estamos em desacordo. Todos nós temos o mesmo objetivo - determinar o texto original mais provável da Bíblia. Alguns simplesmente têm métodos diferentes para alcançar esse objetivo.













O que o Cristão de hoje precisa saber sobre o Novo Testamento em Grego
Nos últimos anos tem havido muita confusão a respeito das modernas traduções e edições do Novo Testamento em grego. Algumas pessoas fazem reivindicações sobre o Novo Testamento em grego, sem terem informações suficientes que as apoiem. Muitos têm a pretensão de que suas traduções são exatas porque tais versões se baseiam nos melhores textos gregos disponíveis. Alguns supõem que suas traduções são melhores que a Versão Autorizada porque esta e seu subjacente Textus Receptus grego acrescentam variantes e leituras extras ao texto. Outros, entretanto, reivindicam que o texto grego do Novo Testamento não é importante porque sua tradução favorita é melhor que qualquer texto grego. Há, ainda, outros que afirmam que o texto grego não é importante porque a maioria das pessoas não pode ler o grego da época do Novo Testamento. Entretanto, o texto grego sobre o qual uma tradução se baseia terá um impacto tanto sobre a leitura devocional das Escrituras pelo cristão como sobre a proclamação da Palavra de Deus no testemunho da graça salvadora de Jesus Cristo. É necessário que o cristão da atualidade entenda a importância do texto grego tradicional na vida cristã.

O Texto Tradicional
Antes de tudo, é necessário entender que se quer dizer com o termo “texto tradicional”. Durante o primeiro século após a ressurreição de Cristo, Deus moveu homens que escrevessem Sua Palavra (2 Pedro 1.21). O resultado foi um conjunto de cartas e livros, escritos em grego koine (chamados de “autógrafos originais”). Essas cartas e esses livros foram copiados e recopiados através dos séculos e distribuídos por todo o mundo. Essas cópias consistem os manuscritos do Novo Testamento. Mais de 5.000 desses manuscritos gregos sobreviveram até os dias atuais. O grande número desses manuscritos apóia a chamada tradição textual bizantina (bizantina porque veio do mundo falante do grego da época). Esses manuscritos bizantinos formaram o que chamamos de texto tradicional do Novo Testamento. A representação mais bem impressa desse texto-tipo bizantino é o Textus Receptus (ou texto recebido). Em acréscimo aos manuscritos, também temos à disposição muitas obras nas quais numerosos Pais da Igreja fizeram citações dos manuscritos. A obra de John Burgon estabeleceu que o texto básico usado por muitos Pais da Igreja é o mesmo texto que hoje conhecemos como texto bizantino.
O Textus Receptus foi compilado a partir de uma quantidade de manuscritos bizantinos por vários editores do início do século XVI. Houve edições de editores tais como Erasmo, Stephens, Beza, dos Elzevires, Mill e Scrivener. Essas edições diferem sutilmente umas das outras, mas ainda assim referem-se ao mesmo texto básico. Alguns editores foram populares em diferentes países e geraram as bases para as traduções do Novo Testamento. O Textus Receptus (como mais tarde ficou conhecido) foi o texto usado por Tyndale e por outros tradutores da Versão Autorizada inglesa (King James), de 1611 e outras traduções reformadas.

O texto crítico
Durante os séculos XIX e XX, entretanto, uma outra forma do Novo Testamento grego surgiu e foi usada pelas traduções mais modernas do Novo Testamento. Esse Texto Crítico, como é chamado, difere largamente do texto tradicional, pois omite muitas palavras, versículos e passagens que são encontrados no Texto Recebido e nas tradições que se baseiam nele.
As versões modernas baseiam-se, principalmente, sobre um Novo Testamento grego que é derivado de um pequeno punhado de manuscritos gregos do quarto século em diante. Dois desses manuscritos, que muitos dos eruditos modernos dizem ser superiores ao bizantino, são o manuscrito do Sinai e o manuscrito do Vaticano (c. século IV). Estes, por sua vez, originam-se de um tipo de texto conhecido como texto alexandrino (por causa de sua origem egípcia), referido pelos críticos textuais Westcott e Hort como “texto neutro”. Esses dois manuscritos formam a base do Novo Testamento grego, conhecido como Texto Crítico, cujo uso tem sido muito difundido desde o final do século XIX. Nos últimos anos tem havido uma tentativa de se aperfeiçoar esse texto, chamando-o de texto “eclético” (querendo dizer que muitos outros manuscritos foram consultados em suas edições e evolução), mas ainda é o texto que tem sua base central naqueles dois manuscritos.

Problemas com o Texto Crítico
Há muitos problemas de omissão que caracterizam esse Novo Testamento grego. Versículos e passagens, que são encontrado nos escritos dos Pais da Igreja dos anos 200 e 300 a.D., estão faltando nos manuscritos do texto alexandrino (que data de cerca de 300 a 400 a.D.). Além disso, essas traduções antigas são encontradas em manuscritos que datam de 500 a.D. em diante. Um exemplo disso é Marcos 16.9-20: essa passagem é encontrada nos escritos de Irineu e de Hipólito, no segundo século, e em quase todos os manuscritos do Evangelho de Marcos de 500 a.D. em diante. Essa passagem está omitida nos manuscritos alexandrinos, o do Sinai e o do Vaticano.
Este é somente um dos muitos exemplos desse problema. Há muitas palavras, muitos versículos e muitas passagens omitidos nas versões modernas que são encontrados no texto tradicional ou bizantino do Novo Testamento e, portanto, no Textus Receptus. O Texto Crítico diverge do Textus Receptus 5.337 vezes, de acordo com alguns cálculos. O manuscrito do Vaticano omite 2.877 palavras nos Evangelhos; o manuscrito do Sinai, 3.455 palavras nesses mesmos livros. Esses problemas entre o Textus Receptus e o Texto Crítico são muito importantes para as corretas tradução e interpretação do Novo Testamento. Contrariamente à argumentação dos que apoiam o Texto Crítico, essas omissões afetam a vida cristã quanto à doutrina e à fé.
Seguem-se muitos exemplos de problemas doutrinários causados pelas omissões do Texto Crítico. Esta não é, de modo algum, uma lista exaustiva. O moderno Texto Crítico reconstruído:
  • Omite referência ao nascimento virginal, em Lucas 2.33;
  • Omite referência à deidade de Cristo, em 1 Timóteo 3.16;
  • Omite referência à deidade de Cristo, em Romanos 14.10 e 12;
  • Omite referência ao sangue de Cristo, em Colossenses 1.14
Adicionalmente, cria-se um erro bíblico em Marcos 1.2: nesta passagem, no Texto Crítico, Isaías torna-se autor do livro de Malaquias. Em numerosas referências no Novo Testamento o nome de Jesus é omitido, no Texto Crítico: “Jesus” é omitido setenta vezes e “Cristo”, vinte e nove vezes.1
Outra problema com o Texto Crítico moderno é que os dois manuscritos mais importantes sobre os quais o texto é construído, o do Sinai e o do Vaticano, discordam entre si mais de 3.000 vezes, somente nos Evangelhos. Assim, o texto alexandrino apresenta-se como um texto-tipo que se caracteriza, em muitos lugares, por leituras que não são comuns aos manuscritos de sua própria tradição. O Texto Crítico é caracterizado por um fraseado que, na língua original, é difícil, confuso ou mesmo impossível. Parece que não importa quão singular ou anômala seja a leitura variante, deve estar nos autógrafos originais porque (como algumas se defende) um escriba jamais faria uma mudança que estivesse em desacordo com os outros manuscritos; ao invés disso, ele faria uma alteração que daria à passagem uma leitura mais fácil.
Muito foi dito sobre o fato de os manuscritos alexandrinos serem muito antigos. Isso é verdade, mas a ênfase no estudo da crítica textual não deveria recair sobre quão antigo é o manuscrito, mas sim, sobre quantas cópias foram feitas a partir dele. Um manuscrito datado como sido copiado durante o século X poderia ser o quinto numa linhagem de cópias feitas a partir do autógrafo original, enquanto um manuscrito datado como tendo sido copiado durante o terceiro século, poderia ter sido o centésimo numa outra linhagem de cópias. Uma vez que é difícil contar a genealogia, a família de qualquer dado manuscrito, é importante observar que a idade é relativa no sentido de que se pode ter um manuscrito originário do terceiro século, corrompido; ou um outro, do século dez, confiável.
Eis aqui uma boa ilustração: suponha que, no ano 3000, uma cópia da Bíblia em português é achada, datada da década de 1970. Admite-se que tal Bíblia é a mais antiga existente à disposição, e que tal Bíblia difere em centenas de lugares da Bíblia então em uso pelos cristãos do ano 3000. Pode-se imaginar os críticos científicos, com sua metodologia, enaltecendo as virtudes da idade avançada de tal Bíblia, a diagramação de qualidade, o cuidado no layout e no papel desse volume em particular, a encadenação e assim por diante. Porém, seus argumentos cairão por terra quando, depois de começar a traduzir a Bíblia para as línguas modernas, com base nos livros antigos, os cristãos descobrirem que essa versão das Escrituras era a tradução Novo Mundo dos Testemunhas de Jeová (cuja tradução difere muito do texto tradicional, ex.: João 1:1).

Preservação Providencial
O Texto Tradicional do Novo Testamento é visto pelos cristãos conservadores que crêem na Bíblia como tendo sido providencialmente preservado por Deus. Deus prometeu em Sua Palavra que Ele não só preservá-la-ia para as gerações vindouras mas, também, que Sua Palavra seria eterna e completamente livre de corrupção.
  • Mateus 5.18 afirma: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.
  • Isaías 59.21 diz: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o SENHOR, desde agora e para todo o sempre”.
  • João 10.35 nos fala: “a Escritura não pode ser anulada”.
Esses versículos demonstram que Deus não deixou Sua Igreja, por séculos, sem uma cópia autorizada de Sua Palavra, mas que o povo de Deus através dos séculos copiou e recopiou fielmente manuscritos a partir dos autógrafos originais. A Igreja por todo o mundo tem usado o Texto Tradicional em todas as suas variadas formas, e Deus tem considerado apropriado multiplicar uma infinidade de cópias e, assim, levar a salvação a muitas gerações, através de Seu processo de preservação. Esta doutrina da preservação proveidencial é declarada sucintamente na Confissão de fé de Westminster, capítulo 1, parágrafo VIII:
“O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providênciaconservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles...”
Esta preciosa doutrina da preservação providencial tem sido totalmente esquecida pelos estudiosos de texto modernos. Muitos deles tratam a Palavra de Deus como um outro livro qualquer, que pode ser submetido aos caprichos e às normas de alteração dos métodos científicos modernos. Muitas das formas destrutivas da alta crítica do século XIX advêm de uma falha na crença de que a Bíblia é um livro sobrenatural. A Bíblia tem as marcas de inspiração que podem ser claramente vistas pelos olhos dos que crêem, mas que, também, podem ser esmagadas sob os pés dos homens que marcham apressadamente para a destruição. Porém, apesar disso tudo, Deus tem levantado Seu povo, que ama e cuida de Sua Palavra e reconhece as marcas de inspiração que os primeiros crentes reconheceram, e que essas cópias, manuseadas através dos anos representam bem o que Deus queria que fosse conhecido. Isso não significa que qualquer edição impressa do Novo Testamento em grego, em particular, seja perfeita, mas, sim, que o Novo Testamento que temos hoje é essencialmente o mesmo que os que já passaram, através dos anos, através dos vários grupos de crentes que amaram e guardaram a Sua Palavra.
A força dessa preservação no Antigo Testamento é vista na qualidade do escriba que copiou o Antigo Testamento hebraico. No Novo Testamento, isso é percebido na abundância de manuscritos que possuímos hoje em dia. Este tem sido o método de Deus para manter Sua Palavra pura. Essa preservação estabelece que nenhum texto local, como o de Alexandria, Egito, poderia se tornar o texto dominante. O liberalismo e a descrença desafiaram esse processo de preservação. Nunca ficou provado que esses poucos manuscritos alexandrinos tenham jamais existido fora de Alexandria, no Egito. Muitos dos filhos de Deus, ao redor do mundo, rejeitaram o Texto Crítico em todas as suas formas. A aplicação prática da preservação providencial é que o crente contemporâneo deve escolher um texto moderno reconstruído, baseado essencialmente sobre dois manuscritos do século IV, que omite a deidade de Cristo em muitos lugares e que, estima-se, deixa de lado aproximadamente 200 versículos (o equivalente a 1 e 2 Pedro); ou escolher um texto que Deus tem usado através dos séculos. Vamos usar o texto que Deus abençoou e que melhor honra e glorifica o Senhor Jesus, ou não?
As edições impressas do Novo Testamento grego que foram publicadas entre 1500 e 1600 foram produzidas por homens que entendiam o que significava a glória de Deus e a importância de se ter cópias exatas da Bíblia. Da obra conhecida como Poliglota Complutensiana até as várias edições de Erasmo, as quatro edições de Robert Stephens (dentre as quais, a mais conhecida é a de 1550, que é a base do que chamamos de Berry Interlinear ou “the Englishman’s Greek New Testament”), a obra do grande crítico Teodoro de Beza (em suas cinco edições), as edições dos Elzevires (em 1624 e em 1633) e, por último, o trabalho de F. H. A. Scrivener (nas décadas de 1870 e 1880), temos conhecimento da crítica textual e a mais fiel e cuidadosa atitude com relação aos manuscritos que se pode imaginar. O Texto Tradicional do Novo Testamento foi o texto do período da Reforma, tanto que, seja no trabalho de Erasmo ou no de Stephen, na própria tradução de Lutero ou naquela dos herdeiros da Reforma, tais como os clérigos de Westminster e os tradutores da Versão Autorizada em inglês, este texto tem sido largamente usado e tremendamente abençoado por Deus.

A responsabilidade dos crentes hoje
O crítico textual J. Harold Greenlee diz: “A crítica textual do Novo Testamento é, portanto, o estudo bíblico básico, um pré-requisito para todo o outro trabalho bíblico e teológico”. 2 Isso não é dar importância exagerada a este assunto. Como crentes, temos a responsabilidade em nossos dias e era de proclamar o Evangelho, o Evangelho puro, o Evangelho não diluído. Também temos o direito e o privilégio de sermos os próximos na linha sucessória da proteção e da proclamação da Palavra de Deus. Cada cristão, individualmente, decidirá a respeito desse assunto, sobre qual texto é o correto. Evidentemente, esta decisão será feita, consciente ou inconscientemente, por todo crente, individualmente. Esta decisão é tomada quando o crente decide qual edição da Bíblia usará para ler e estudar; e, caso escolha uma tradução baseada em manuscritos corruptos, que refletem pontos de vista que omitem a deidade de Cristo, a expiação por Seu sangue, Seu nascimento virginal, então a decisão é de estender esse erro à próxima geração. Se, entretanto, o cristão de hoje escolhe uma tradução da Palavra de Deus que é feita a partir do texto tradicional do Novo Testamento, a decisão é no sentido de ver Deus trabalhando através de Sua providência para o fornecimento de Sua Palavra em sua forma completa, não só para esta geração, mas também para as que virão.







PORQUE HÁ DIFERENÇA ENTRE A ARC E ACF


CORRIGIDA DA SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL  (ARC) a partir de 1948 E A
ALMEIDA CORRIGIDA E FIEL (ACF) DA




Diferença no texto base

A Bíblia ACF, sendo uma tradução FIEL do Textus Receptus (SETAS VERMELHAS DAS FIGURAS ACIMA), segue a linha e orientação dos teólogos ortodoxos Protestantes que criam na INSPIRAÇÃO VERBAL e na INFALIBILIDADE das Escrituras. O outro nome do TEXTUS RECEPTUS era o TEXTO MAJORITÁRIO, usado como sinônimo daquele.

Após o lamentável advento do Texto Crítico (1881), entretanto, começaram a se multiplicar as versões baseadas nele (em inglês: Revised Version, American Standard; em português: Atualizada, Revisada, BLH). Se multiplicou também, na primeira metade do século 20, a mania de se misturar as duas fontes, criando  dezenas de  “rios” de fontes misturadas. A Imprensa Bíblica Brasileira – IBB (fundada em 1940) editou e imprimiu pela primeira vez no Brasil, em agosto de 1944, a Bíblia Revista e Corrigida de Almeida, baseada no Texto Recebido. As pressões dos liberais, entretanto, conseguiram misturar algumas leituras corruptas do Texto Crítico de Westcott e Hort na Bíblia Revista e Corrigida (ARC) já pelos idos de 1948. Quem possui uma ARC antes dessa data, pode facilmente comprovar esse fato. Mais tarde, em 1982, dois críticos textuais, querendo usar a razão humana para enfraquecer a autoridade do Textus Receptus, inventaram um outro texto e o batizaram indevidamente de “Texto Majoritário”, nome que já era usado como sinônimo do Textus Receptus!

Esse novo elemento foi inserido oficialmente em 1982, quando esses dois críticos textuais, Zane Clark Hodges (1930? – ) e Arthur L. Farstad (1935 – 1998) publicaram esta obra nova em folha, chamada  “The Greek New Testament According to the Majority Text” (1982), publicada pela Thomas Nelson Publishers, New York. Arthur Farstad era responsável pela desencaminhadora New King James Bible cheia de desinformações no texto, leituras falsas e induções erradas nas notas de rodapé. O Dr. Hodges (B.Th. em Wheaton College e M.Th. de Dallas Theological Seminary), que defendia o Textus Receptus, foi gradativamente se contaminando e se enfeitiçando com as teorias heréticas de Westcott e Hort, QUE ELE MESMO CONDENAVA. Partiu, então, para a busca de um “texto perdido”.
Em 1977, Nelson Publishers publicou as seguintes palavras escritas por Wilbur Pickering e aprovadas por  Zane Hodges em seu prefácio:

‘Então, como nós identificamos as palavras originais? Primeiro devemos juntar as evidências disponíveis—essas incluem [1] Mss Gregos [2] (incluir os lecionários), [3] Pais, e [4] versões. Então, devemos avaliar a evidência para ter certeza qual forma de texto goza o atestado de mais antigo, mais completo, mais variado, e mais respeitável.’ (Identidade do Texto do Novo Testamento, op. cit., edição de 1977, pg. 137).

Essa citação acima, autentica o Texto Recebido, mas 5 anos depois, Hodges abandona esses critérios e parte para a aventura de um novo texto, o “novo” Majoritário, que nada mais é que a ressurreição de um texto produzido em 1913 por um crítico alemão chamado Hermann vonSoden. Após um retoque e uma maquiagem, Zane Hodges e A.L. Farstad, produziram esse texto que roubou o nome Majoritário que por sua vez era sinônimo e pertencia única e exclusivamente ao Texto Recebido. Esse texto, que difere em 1.800 palavras do Texto Recebido, é apenas mais uma tentativa humana de produzir uma Bíblia! Considere o que está na pg. x da segunda edição do TMaj:


“...deve-se ter em mente que o presente trabalho... é ao mesmo tempo preliminar e provisório.” (Pasmem!)


Esse texto não considera as fontes altamente relevantes que Hodges mesmo aprovara (3º parágrafo acima). As omissões das seguintes fontes DESQUALIFICAM O (novo) TEXTO MAJORITÁRIO:

1.     LECIONÁRIOS                                     (item [2] acima)
2.    CITAÇÕES DOS PAIS DA IGREJA      (item [3] acima)
3.    VERSÕES ANTIGAS                            (item [4] acima)


Veja essse quadro comparativo dos textos do Novo Testamento:


ACF:           ALMEIDA CORRIGIDA E FIEL              (159.837 PALAVRAS PORTUGUESAS)
ARC:          ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA        (159.363 PALAVRAS PORTUGUESAS)
ARA:          ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA       (157.284 PALAVRAS PORTUGUESAS)


TR:             TEXTO RECEBIDO                               (140.521 PALAVRAS GREGAS)
TMaj:         TEXTO MAJORITÁRIO                          (140.083 PALAVRAS GREGAS)
TC:             TEXTO CRÍTICO                                  (137.635 PALAVRAS GREGAS)



Diferenças em 1.800 palavras (438 palavras a menos do que o T.R.)


São usadas EM ALGUMAS PARTES na Almeida Revista e Corrigida (ARC), pelo menos a partir de 1948, algumas das 1.800 palavras diferentes entre o Textus Receptus e o  [novo] Texto Majoritário (ou então algumas das 9.970 palavras modificadas do Texto Crítico). Verifiquemos apenas 20 versos importantes, onde ela (ARC) seguiu um caminho errado se afastando do Textus Receptus [logicamente também da ACF] e se aproximou do corrupto Texto Crítico: Nesse quadro comparativo ACF / ARC / ARA pode-se ver que a tendência da ARC foi a de seguir o TC nos textos mencionados. Note que a tendência é sempre de enfraquecer a doutrina. Talvez essa contaminação tenha entrado pela influência de críticos da Convenção Batista Brasileira, que já estavam comprometidos com o fermento do Criticismo Textual. Confira no Dicionário do Novo Testamento Grego (JUERP, 1983, Introdução, pág. 5) de William Carey Taylor, Th.D. (1886-1971), como ele menciona A.T. Robertson e confessa que se baseia no texto de Westcott e Hort, a infame “Dupla Dinâmica”. Confira como Robert G. Bratcher, Th.D., Missionário da Convenção Batista Brasileira, é um modernista-liberal da ecumênica Sociedade Bíblica do Brasil e se baseia em métodos totalmente heréticos de tradução Bíblica. Esse tipo de fermento resultou nas mudanças que podemos ver a seguir:









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