Bibliologia
(Evangélica Pentecostal)
A Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo (Catolicismo e
Protestantismo). Portanto, neste estudo de Teologia sugerimos que seja mantido
o trato científico sem agressões gratuitas à fé daqueles que tomam o texto
bíblico como sagrado. O texto original desta matéria foi escrito para um curso
básico de teologia de uma igreja protestante pentecostal. Por isso, precisa de
ajustes para chegar aos moldes de texto científico, tanto na forma quanto no
conteúdo. Solicitamos a colaboração de outros estudiosos e pedimos, por favor,
que mantenham o tom sagrado do estudo.
INTRODUÇÃO
A disciplina - Estudo sobre a Palavra de Deus, é também conhecida como
Isagoge (termo grego que significa conduzir para dentro), e tem como objetivo
introduzir o estudante nos mistérios revelados pelo Senhor Deus através das
Sagradas Escrituras. Dessa forma, Bibliologia é o estudo dos assuntos inerentes
à Bíblia. Essa matéria auxilia o estudante a desvendar a Palavra de Deus, a obter
compreensão sobre a Bíblia e, é indispensável a qualquer área da Teologia,
elucidando inumeráveis fatos bíblicos. Um dos pontos mais importantes da
Bibliologia é o estudo do milagre bíblico, ou seja, a forma impressionante com
que os textos foram escritos, preservados e trazidos até os tempos atuais.
Nas lições deste módulo estudaremos sobre como a Bíblia é rica em
detalhes referentes aos fatos que nos revela. A compreensão da riqueza dos
fatos registrados na Bíblia ajuda o estudante a compreender melhor a vontade de
Deus revelada em sua Palavra. Esperamos que a partir desse estudo, você possa
ser beneficiado com o crescimento espiritual e sinta-se mais ansioso para
permanecer saciando sua sede na infindável fonte que é a Bíblia Sagrada.
Para melhor compreensão da Bíblia providencie um bom dicionário secular,
um dicionário bíblico, uma chave (ou referência) bíblica, um livro de geografia
bíblica e uma enciclopédia bíblica. A maioria das Bíblias de Estudo vêm
equipadas com chave e dicionário bíblico, além de notas de rodapé e mapas que
auxiliam no estudo do texto sagrado. Além dos auxílios acima citados, a Bíblia
é o livro que deve ser lido com reverência, em oração, para que o Espírito
Santo, que é seu maior intérprete, possa atuar sobre cada um, nos dando a exata
dimensão da vontade de Deus.
1 - A IMPORTÂNCIA
DAS ESCRITURAS
A Bíblia é o único livro na história da humanidade que revela a Deus, ou
ainda, que é a palavra do próprio Deus. Todas as demais obras não conseguem
provar por si próprio que tem como autor o Senhor de todo o Universo. Somente a
Bíblia conta a maior história de amor, jamais revelada de outra forma, a não
ser a do Senhor Jesus Cristo, para salvação da humanidade. Somente a mensagem
da Bíblia é capaz, na direção do Espírito Santo, conduzir o homem em todas as
áreas de sua vida: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos
ímpios ... antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia
e de noite.” (Sl 1.1,2).
1.1 A NECESSIDADE
DAS ESCRITURAS
A revelação de Deus ao homem através dos tempos tem sido por meio das
obras que Ele criou (Rm 1.20, Sl 19.1-6). Além das obras, a maior fonte de
revelação de Deus está em sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Costuma-se dizer que
essa revelação é dupla, sendo a Bíblia a palavra escrita e Cristo a palavra
viva. Essa dupla revelação tornou-se necessária devido a queda do homem. Ao
estudarmos a Bíblia devemos considerar as seguintes afirmações:
a) A Palavra de Deus é o único manual do crente - Os manuais existem para
orientar as pessoas sobre os procedimentos corretos em determinadas ocasiões.
Dessa forma, a Bíblia nos ensina a servir ao Senhor, a empregar bem as
orientações deixadas por Deus para uma vida feliz e para a correta realização
de Sua obra. É também a Bíblia que nos mostra o caminho da salvação, da
santificação e da vida eterna. A eficiência no uso da palavra vem do exercício
constante, da prática (1 Pe 2.9, 3.15; Ef 2.10; 2 Tm 2.15; Is 34.16; 55.11; Sl
119.130).
b) A Palavra de Deus alimenta nossa almas - O estudo da Palavra é uma
nutrição perfeita para nosso crescimento espiritual. Todo alimento só nutre o
corpo se for absorvido pelo organismo e se for ingerido com regularidade. Quem
não tem apetite pela Palavra de Deus não tem também saúde espiritual (Mt 4.4;
Jr 15.16; 1 Pe 2.2).
c) A Palavra de Deus é um instrumento do Espírito Santo (Ef 6.17) - O
Espírito Santo tem mais instrumentos para operar onde há abundância da Palavra
de Deus. Quando estamos imersos na Palavra, o Espírito atua mais livremente em
nossa vida (Sl 1.2; Js 1.8).
d) A Palavra de Deus nos enriquece espiritualmente - Por não conhecer
adequadamente a Palavra de Deus, muitos crentes se tornam fanáticos. Em vez de
deixarem o Espírito Santo usá-los, querem usar o Espírito Santo para fazer suas
vontades. Por outro lado, há os que conhecem a Palavra mas a falta de correta e
pronta orientação espiritual, principalmente aos novos convertidos, pode
resultar em vidas desequilibradas e doentias pelo resto da existência. São
pessoas que ferem a si mesmas e as outras pessoas com as quais convivem, por
não compreenderem as riquezas da liberdade conquistada por Cristo (Sl 119.72;
Ef 1.17; 1 Co 2.10).
e) A Palavra de Deus renova a fé do cristão - Para termos nossas orações
respondidas por Deus, precisamos apoiar nossa fé nas promessas contidas em sua
Palavra. Por outro lado, a Palavra de Deus desperta fé em nós. Precisamos pedir
conforme a vontade de Deus. E uma forma de conhecer a vontade de Deus é por
meio de sua Palavra (Jo 15.7; Rm 10.17; Jo 5.14).
A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que precisamos Deus
nos revelou por meio de sua Palavra. Somente precisamos nos apropriar dessas
revelações e pela fé concretizá-las em nossa vida. O autor da Bíblia é Deus,
seu intérprete é o Espirito Santo e seu tema central é o Senhor Jesus Cristo.
1.2 COMO DEVEMOS
ESTUDAR A BÍBLIA
Para tirar o máximo aproveitamento da Bíblia, devemos estudá-la:
a) Conhecendo o seu autor - A Bíblia é o único livro cujo autor está
presente quando alguém o está lendo. Ninguém explica melhor um livro do que seu
próprio autor. Conhecendo e amando o autor da Bíblia, fica mais fácil
compreender Sua vontade.
b) Diariamente - Como alimento espiritual, a Bíblia só surte efeito se
for degustada diariamente, como nossas principais refeições. Caso isso não
aconteça, o crente será alvo da destruição espiritual (Dt 17.19; Jo 16.12; Hb
5.12; Mc 4.33).
c) Com reverência - A maneira como lemos a Bíblia é importante para
determinar o aproveitamento dessa leitura. É importante observar o seguinte:
(I) Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como um livro
qualquer;
(II) Estudar a Bíblia em atitude de oração, com o coração voltado para
Deus;
(III) Estudar em atitude de humildade (Tg 1.21);
(IV) Estudar crendo em seu ensino (Lc 24.25).
d) Com oração - A melhor leitura bíblica é aquela feita vagarosamente,
com meditação, a exemplo dos servos de Deus no passado (Sl 119.12,18; Dn
9.21-23; Sl 73.16-17). A meditação aprofunda a compreensão.
e) Completamente - Existem textos bíblicos que não recebem a devida
atenção dos seus leitores. Ler a Bíblia toda, em atitude de oração e meditação,
ajuda a compreender melhor Sua mensagem. Sendo a Palavra de Deus, a Bíblia é
infinita em sua mensagem, mas nem por isso devemos desistir de estar sempre
buscando mais. O Espírito Santo nos ajuda nessa caminhada de compreensão da
vontade de Deus (Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; Dt 29.29).
1.3 O TEMA CENTRAL
DA BÍBLIA
A REDENÇÃO é o tema central da Bíblia com o personagem
princicipal sendo JESUS, conforme Ele mesmo declara em Lc 24.44 e
Jo 5.39. Leia também At 3.18; 10.43 e Ap 22.16. Considerando a redenção como
tema central da biblia e Jesus o personagem principal da Bíblia, podemos
dividir os 66 livros em quatro grandes grupos:
a) Preparação: todo o Antigo Testamento.
b) Manifestação: os Evangelhos.
c) Explanação: são as Epístolas.
d) Consumação: o livro de Apocalipse. Texto em itálico
2 - BÍBLIA - O
LIVRO
Não encontramos o vocábulo “Bíblia” no texto das Sagradas Escrituras.
Esse nome provém do grego, tendo como origem o termo “papiro”. A forma de
escrita mais disseminada na Antigüidade era com o uso do papiro. Por sua vez,
os gregos chamavam o papiro de biblos, um rolo de papiro era um bíblion e
vários destes era uma “bíblia” ou livro. A palavra “bíblia” significa, assim,
“livros pequenos” ou “coleção de livros pequenos”. Grande parte dos escritos
sagrados nas sinagogas era escrita em papiro (Lc 4.17).
O papiro foi um dos principais materiais usados para escrever os
manuscritos bíblicos. O centro da indústria do papiro era o Egito, onde teve
início a sua utilização. Antes do surgimento dos equipamentos gráficos os
livros eram escritos a mão, em forma de rolos, em materiais como o papiro ou
pergaminho. O papiro era uma planta que crescia junto aos rios. A entrecasca,
depois beneficiada, formava rolos de grande extensão, permitindo a escrita. A
Bíblia menciona o papiro diversas vezes: Ex 2.3; Jó 8.11; Is 18.2. Em algumas
passagens, a Bíblia menciona junco, no lugar do papiro. Na verdade, o papiro
era extraído de uma espécie de junco gigante. A palavra papel também é derivada
de papiro. O uso desse material data do ano 3 mil antes de Cristo.
O pergaminho foi o outro material usado para escrever os manuscritos
bíblicos. Esse nome está relacionado com Pérgamo, cidade que ficou famosa pela
fabricação de pergaminhos, cuja matéria-prima era de peles de animais, sendo
material bem mais durável e resistente que o papiro para a escrita (2 Tm 4.13).
O pergaminho é um material de uso mais recente, aplicado a partir do Novo
Testamento.
Mais recentemente, no final da Idade Média, foi inventada a imprensa. O
primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1452, em alemão. A partir de então, a
difusão dos ensinos bíblicos tornou-se mais rápida e eficiente. Hoje a Bíblia é
divulgada de diversas formas, inclusive por meio de gravação (áudio), vídeos,
programas de computador, Internet e outros meios.
Os estudiosos no assunto afirmam que a expressão Bíblia foi
primeiramente adotada por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no V
século de nossa era.
Alguns outros nomes pelos quais a Bíblia é conhecida: Escrituras (Mt
21.42); Sagradas Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); A Palavra de
Deus (Mc 7.13; Hb 4.12); Os oráculos de Deus (Rm 3.2).
A arqueologia moderna tem sido a maior fonte científica que comprova a
infalibilidade do Livro Sagrado. A história da Bíblia, como chegou até nós, é
encontrada em seus manuscritos. Manuscritos são livros da antiga literatura,
escrito à mão.
2.1 A ESTRUTURA DA
BÍBLIA]
A Bíblia divide-se em duas partes principais: o Antigo e o Novo
Testamento, tendo ao todo 66 livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo.
Esses livros foram escritos no período de 16 séculos e tiveram cerca de 40
escritores. Foram pessoas de diversas épocas, diversas línguas, profissões
diferentes, mas revelando uma mesma mensagem: aquela que o Supremo Autor
desejou passar. Aqui está o grande milagre da Bíblia.
Testamento vem do grego “diatheke” e significa aliança ou concerto.
Hoje, testamento é um documento que contém a vontade de uma pessoa quanto a
distribuição de seus bens após a morte. Essa duplicidade de sentido ensina que
a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, o que nos
garante toda a sua herança (Hb 9.15-17). O termo Antigo Testamento foi usado
pela primeira vez por Tertuliano e Orígenes.
2.1.1 O Antigo
Testamento (AT)
A expressão "Antigo Testamento" surgiu no II século d.C.,
tendo sido divulgada dessa forma pelos chamados "pais latinos da
Igreja", quando procuravam diferenciar as Escrituras hebraicas (os textos
sagrados dos judeus, que até aquela época eram denominadas simplesmente de
"Escrituras"), dos escritos que os apóstolos e discípulos de Jesus
passaram a escrever, que foram denominados de as "Escrituras gregas".
Por sua vez, os judeus não denominam suas Escrituras de "Antigo
Testamento", até mesmo porque se assim o fizessem, estariam reconhecendo a
Jesus como o Cristo. Eles chamam o Antigo Testamento de 'TANACH", palavra
formada das iniciais de Torah (Lei), Neviim (Profetas) e CHetuvim (Escritos),
que é o conjunto dos escritos sagrados. Esta forma de denominar o Antigo
Testamento foi utilizada por Jesus (Lc 24.44).
A expressão AT tem sua origem na carta aos Hebreus (Hb 8.6-13) que, por
sua vez, toma como base o profeta Jeremias (Jr 31.31-34). O texto de Jeremias,
na versão grega da Septuaginta, usa a palavra grega "diatheke", que
significa pacto ou testamento, tendo sido escolhida a expressão
"testamento", já que na carta aos Hebreus estes pactos somente
tiveram valor em virtude de derramamento de sangue (Hb 9.1-8,16,17).
O Antigo Testamento foi produzido num ambiente histórico e cultural do
Egito, da Mesopotâmia e nas nações historicamente relacionadas com essas
terras, e escrito originalmente em hebraico, com alguns trechos em aramaico e
em persa. Divide-se basicamente em quatro grupos de livros: Lei, História,
Poesia e Profecia.
a) Lei - São 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e
Deuteronômio. Mais conhecidos como Pentateuco, esses livros tratam da origem de
todas as coisas, da lei e do estabelecimento da nação israelita.
b) História - São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de
Israel em seus diversos períodos, principalmente a Teocracia (governo de Deus,
sob os Juízes); a Monarquia (governo de um único rei, sob Saul, Davi e
Salomão); Divisão do reinos de Judá e Israel, sendo Israel levado cativo para a
Assíria e Judá para a Babilônia; Pós-cativeiro (sob Zorobabel, Esdras e
Neemias, em conjunto com os profetas).
c) Poesia - São cinco livros, de Jó a Cantares de Salomão. O nome
poético deve-se ao gênero de seu conteúdo, não significa que sejam fantasiosos
e fictícios. São também chamados de devocionais ou “literatura de Sabedoria”.
d) Profecia - São 17 livros, de Isaías a Malaquias. Podem ser divididos
em Profetas Maiores (cinco livros, de Isaías a Daniel), sendo quatro autores,
visto que o livro de Lamentações se atribui a Jeremias e, Profetas Menores (12
livros, de Oséias a Malaquias). O nome Profeta Maiores ou Menores não tem nada
a ver com o mérito ou notoriedade do profeta, mas, principalmente, com a
extensão do livro ou do ministério profético.
A classificação dos livros bíblicos não obedecem ordem cronológica, pois
estão agrupados por assuntos. A forma como estão dispostos teve origem na Septuaginta,
através da Vulgata.
De acordo com os renomados mestres nesta área, a ordem cronológica do AT
é a seguinte:
Jó 1521 a.C. Amós 780 a.C.
Gênesis 1521-1500 a.C. Oséias 760 a.C.
Êxodo 1490 a.C. Isaías 745 a.C.
Levítico 1489 a.C. Miquéias 740 a.C.
Números 1451 a.C. Sofonias 639 a.C.
Deuteron. 1451 a.C. Naum 630 a.C.
Josué 1424 a.C. Jeremias 626 a.C.
Juízes 1126 a.C. Lamentações 626 a.C.
Rute 1050 a.C. Habacuque 606 a.C.
1 Samuel 1050 a.C. Daniel 606 a.C.
2 Samuel 1018 a.C. Ezequiel 592 a.C.
1 e 2 Reis 1015 a.C. Obadias 586 a.C.
Salmos 1050-975 a.C. Ageu 520 a.C.
Cantares 1013 a.C. Zacarias 520 a.C.
1 e 2 Crôn. 1004 a.C. Ester 509 a.C.
Provérbios 1000 a.C. Esdras 457 a.C.
Eclesiastes 975 a.C. Neemias 434 a.C.
Joel 840 a.C. Malaquias 432 a.C.
Jonas 790 a.C.
2.1.2 O Novo
Testamento (NT)
Logo depois da ressurreição de Cristo, aqueles que foram testemunhas
oculares de sua glória saíram pregando o Evangelho, a todos os lugares. Isso
era feito verbalmente. Com o passar dos anos, surgiu a necessidade de registrar
aquilo que ensinavam. Foi aí que os livros do Novo Testamento começaram a ser
escritos. É bom lembrar que, enquanto o Antigo Testamento levou cerca de 1046
anos para ser escrito, o Novo Testamento o foi em menos de 100 anos.
O Novo Testamento tem 27 livros. Foi escrito em grego popular, conhecido
como Koiné. Os livros são classificados em quatro grupos, conforme o assunto,
ou seja: Biografia, História, Epístolas e Profecia.
a) Biografia - São os quatro Evangelhos. Descrevem a vida terrena de
Jesus e seu ministério. Os três primeiros Evangelhos são chamados de Sinópticos
devido ao paralelismo existente entre eles. Os Evangelhos são os livros mais
importantes da Bíblia. Os demais livros são uma preparação para a vinda de
Cristo ou uma explicação sobre a doutrina de Cristo.
b) História - É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da Igreja
primitiva.
c) Epístolas - São 21 cartas, e vão de Romanos a Judas. Elas contém a
doutrina da Igreja. Podem ser divididas da seguinte forma:
(I) Nove são dirigidas a igrejas (de Romanos a 2 Tessalonicenses);
(II) Quatro são dirigidas a indivíduos (duas a Timóteo, uma a Tito e
outra a Filemon);
(III) Uma é dirigida aos hebreus cristãos;
(IV) Sete são dirigidas a todos indistintamente (Tiago, 1 e 2 Pedro, 1,
2 e 3 João e Judas). Estas são também chamadas universais, ou gerais, mesmo
duas delas serem dirigidas a pessoas (2 e 3 João).
d) Profecia - Trata-se do livro de Apocalipse ou Revelação. Esse Livro
aborda os eventos finais referentes ao universo, a terra, a igreja e ao destino
da humanidade.
No entender cronológico, a ordem dos livros do NT seria:
1 Tessalon. 51 d.C. Atos dos Apóstolos 64 d.C.
2 Tessalon. 52 d.C. 1 Timóteo 64 d.C.
1 Coríntios 56 d.C. 1 Pedro 64 d.C.
2 Coríntios 57 d.C. Tito 65 d.C.
Gálatas 57 d.C. Mateus 65 d.C.
Romanos 58 d.C. 2 Pedro 64/65d.C.
Marcos 59/60 d.C. 2 Timóteo 67 d.C.
Efésios 61 d.C. Judas 70 d.C.
Tiago 61 d.C. João (Ev) 85 d.C.
Filipenses 62 d.C. 1 João 90 d.C.
Colossen. 62 d.C. 2 João 90 d.C.
Filemom 62 d.C. 3 João 90 d.C.
Lucas 63 d.C. Apocalipse 96 d.C.
Hebreus 63 d.C.
2.2 - AS ÉPOCAS
BÍBLICAS
Os livros, na Bíblia, não seguem uma ordem cronológica, pois são agrupados
conforme o assunto que abordam. Devido a isso, algumas pessoas podem se
confundir com a seqüência da leitura do texto bíblico.
Para facilitar, estaremos apresentando em síntese a cronologia do texto
bíblico, ou seja, a seqüência histórica em que os fatos bíblicos aconteceram.
Não pretendemos aprofundar aqui o estudo da cronologia bíblica, mas apenas
apresentar uma idéia de como os fatos aconteceram. Na seqüência, os livros
serão apresentados na ordem cronológica, até onde se conhece na atualidade.
2.2.1 Época
Abraâmica
Trata-se do primeiro período de narrativa bíblica, estando dividido em
duas partes: o Período Antediluviano e do Dilúvio a Abraão.
a) Período Antediluviano: período de Adão ao Dilúvio. Contém o relato da
origem de todas as coisas, terminando no capítulo seis de Gênesis.
Esse período registra fatos ocorridos nas imediações do Jardim do Éden,
no vale do Rio Eufrates. Por lá estiveram também Abraão e Noé. Para conhecer
bem as civilizações primitivas que viveram naquela região recomenda-se o estudo
do capítulo 10 de Gênesis. As cidades mencionadas neste capítulo eram
cidades-reinos, com governo próprio. Destaca-se nesse período a presença de
homens de Deus como Abel, Sete, Noé e Enoque.
A vida extraordinariamente longa desses homens se explica principalmente
pelos seguintes motivos:
a) as conseqüências do pecado ainda eram pequenas sobre o homem;
b) a maldição devido a queda do homem estava apenas começando;
c) as condições climáticas eram outras;
d) a capacidade da terra de produzir alimentos era bem melhor;
e) a longevidade era necessária ao povoamento da terra;
f) temos que considerar a misericórdia de Deus para com uma raça humana
ainda ineficiente.
b) Do dilúvio a Abraão - após o dilúvio (Gn 6 a 11), muitas cidades
antigas foram reconstruídas. A arca de Noé repousou em um dos montes da
cordilheira de Ararate, perto das cabeceiras do Eufrates, mas Noé retornou a
sua terra primitiva - Sinar, mais tarde chamada de Babilônia (Gn 11.2). Cerca
de 100 anos após o Dilúvio, aconteceu a dispersão das raças por causa da
confusão das línguas na Torre de Babel (Gn 11).
Em Gênesis 10 podemos ver uma descrição detalhada de como estavam
distribuídas as nações após o Dilúvio. A família de Abraão vivia na cidade de
Ur, que na época era capital da Suméria. Abraão foi fiel a Deus em um ambiente
influenciado pela idolatria. Alguns teólogos afirmam que Sem foi contemporâneo
de Abraão durante 150 anos, e pode ter transmitido a ele os ensinamentos
divinos.
2.2.2 A Época de Israel
Trata-se do período histórico de Israel, um dos centros da narrativa
bíblica, pois foi de Israel que nasceu Cristo, tema central da Bíblia.
a) Período Patriarcal: esse período vai de Abraão a José, de Canaã ao
Egito. É com Abraão que começa a história de Israel como povo eleito. É ele o
pai da raça hebréia (Sl 105.6; Jo 8.56). Abraão vivia em Ur, onde recebeu o
chamado de Deus para fundar uma nação escolhida. Com isso, ele segue para
Canaã, parando em Harã. Abraão era homem de grandes posses, bem relacionado com
os reis e pessoas influentes da época.
Quando Abraão chegou a Canaã, a terra era habitada por nações
excessivamente ímpias. A terra precisava ser conquistada. Deus revela seus
planos a Abraão, mostrando que toda aquela terra seria de sua descendência. O cumprimento
da promessa aconteceu muitos anos mais tarde.
b) Israel no Egito: esse período vai da morte de José ao Êxodo,
abrangendo a escravidão de Israel no Egito. O período começa com a ida de
Israel para o Egito, relatada nos primeiros 12 capítulos de Êxodo, por ocasião
da fome em toda a terra. Após a morte de José, Israel teve cerca de 60 anos de
paz, antes de começar a escravidão. Depois de muito sofrimento, no tempo
oportuno, Deus levantou Moisés para retirar seu povo do Egito.
c) Israel no Deserto: trata-se de um período de 40 anos, tempo que
Israel gastou desde a saída do Egito até a entrada em Canaã. A viagem poderia
ter sido feita em bem menos tempo, mas o povo foi rebelde. Deus precisava
prepará-lo melhor para a nova vida, na Terra Prometida.
Durante a viagem, a nação de Israel foi fundada, as leis foram criadas e
os mandamentos divinos foram revelados. O povo, que antes era escravo do Egito,
aprendeu a conviver com a presença de Deus. Todas as ordenanças do deserto
apontavam para Cristo como a perfeita expiação do pecado. Destacam-se como
líderes nesse período Moisés e Josué (civis) e Arão e Eleazar (religiosos).
Moisés não pisou em Canaã, mas antes de morrer avistou a terra e a dividiu
entre as tribos de Israel.
d) A Conquista de Canaã: esta fase da História de Israel está descrita
no livro de Josué. Sob o comando de Josué, Israel cruza o rio Jordão e
acampa-se em Gilgal, onde montou sua base de operações para a conquista de
Canaã. Essa conquista aconteceu em três fases: a fase sul, a fase central e a
fase norte.
Durante a conquista, o Tabernáculo é montado em Siló, permanecendo lá
até o tempo dos Juizes. A conquista somente não foi bem sucedida porque Israel
não destruiu os povos vizinhos conforme determinação de Deus. Era preciso
realizar essa destruição para que o povo de Israel se mantivesse livre da
influência pecaminosa daquelas nações.
Enquanto Israel obedeceu a Deus, venceu aos inimigos. Mas quando deixou
de obedecê-lo, ficou enfraquecido e sofreu derrotas. O livro de Josué vai até a
sua morte, cobrindo um período de 23 anos. Destacam-se como profetas dessa
época um anônimo (Jz 6.8-10) e Débora (Jz 4.4).
e) Os Juízes: esse período vai da morte de Josué ao fim do ministério de
Samuel. Na mesma época foram escritos os livros de Rute e 1 Samuel 1 a 9. O
governo de Israel era realizado diretamente por Deus (teocrático), por meio de
juízes que eram escolhidos para resolver as questões junto ao povo. Foi uma
época de grande apostasia, anarquia e guerra civil, onde o povo entregou-se ao
pecado. Cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos (Jz 21.25). O maior
líder da época foi Samuel, o último dos juízes. Samuel também atuou como
sacerdote e profeta. Também atuaram como profeta naquela época dois anônimos
(Jz 6.8-10 e 1 Samuel 2.27-36) e Débora (Jz 4.4).
f) Monarquia: esse período abrange os reinados de Saul, Davi e Salomão.
Foram escritos nesse período os livros de 1 Sm 9 a 1 Rs 12, 1 Cr 10 a 2 Cr 10.
Foi um período áureo e esplendoroso para Israel. Saul fixou a capital em Gibeá.
Davi conquistou Jerusalém das mãos dos jebuseus e tornou-a sua capital. Deus
faz a aliança com Davi, prometendo-lhe nunca faltar herdeiros para o trono.
Isso se cumpriu com Jesus Cristo, descendente de Davi.
O templo foi construído no reinado de Salomão. Foi uma obra imponente e
magnificente, seguindo uma planta revelada pelo próprio Deus a Davi. A
construção durou sete anos, e foi feita por 30 mil israelitas e 150 mil
cananeus. Durante essa época houve diversos profetas não-literários (sua obra
não foi escrita): um grupo, incluindo Saul (1 Sm 10.10); Gade; Natã; Aías.
g) O Reino Dividido: Esse período vai da divisão dos reinos à época do
cativeiro. Salomão iniciou bem o seu governo, sendo temente a Deus e piedoso.
Mas na velhice, afastou-se de Deus, entregando-se à idolatria e tendo inúmeras
mulheres, a maior parte vinda dos povos pagãos. Por causa disso, Deus fez a
divisão dos reinos. A divisão foi predita pelo profeta Aías e aconteceu no
governo de Robão, um dos filhos de Salomão.
Com a divisão, a parte do Norte chamou-se Israel. Teve 10 tribos. O
primeiro rei foi Jeroboão I. A religião oficial foi o culto ao bezerro,
religião que Jeroboão importou do Egito. Afundou-se no Baalismo, um culto
indecente e desumano a Baal e Astarote. Os profetas Elias e Eliseu juntamente
com o rei Jeú comandaram a luta contra esse tipo de culto.
O reino de Israel (Norte) durou 250 anos, teve 19 reis sendo o último
Oséias. Todos adoraram o bezerro. O pior deles foi Acabe, e o menos pior foi
Jorão, que quebrou a estátua de Baal mas continuou adorando o bezerro. Nenhum
dos 19 reis procuraram levar o povo ao encontro com Deus.
Foi então que os reis Tiglate-Pileses III e Sargão II, da Assíria,
invadiram o reino do norte levando o povo de Israel cativo 722 a.C.. Sargão
enviou seus súditos para povoar Samaria, capital do reino do norte, originando
assim os samaritanos, gerando uma religião mista que se prolonga até os tempos
de Cristo. Além de destruir o reino do Norte, a Assíria invadiu Judá,
capturando todo o Judá, menos Jerusalém, devido a uma intervenção de Deus. O
anjo do Senhor feriu 185 mil assírios em uma só vez. Posteriormente, a Assíria
foi vencida por Babilônia.
A partir dessa época, a cronologia bíblica se torna mais precisa. As
olimpíadas gregas iniciadas em 776 a. C. e realizadas a cada quatro anos, são
uma boa referência para o cálculo das datas. Além disso, o Império Romano
deixou registros com datas bem precisas que servem de guia cronológico.
O reino do Norte teve os seguintes profetas:
(I) Não-literários - os dois anônimos já mencionados; Elias; um outro
anônimo (1 Rs 20.13); Micaías; Eliseu e Obede;
(II) Literários - Jonas; Oséias; Amós (profeta de Judá, mas com mensagem
para Israel) e Miquéias (idem).
O reino do Sul, Judá, teve duas tribos: Judá e Benjamim. Algumas
famílias de outras tribos também se uniram a Judá. A tribo de Simeão ficava ao
sul de Judá, sem comunicação com o Norte. A capital continuou sendo Jerusalém.
Depois do cativeiro do reino do Norte, Judá permaneceu cerca de 100 anos livre.
Judá teve 20 reis. Os três melhores reis foram Ezequias, Josias e Joás. O pior
de todos os reis foi Atália.
h) O Cativeiro Babilônico: Nabucodonosor invadiu Judá e levou preso o
rei Jeoaquim. Levou também cativos os membros da família real, inclusive
Daniel. A contagem dos 70 anos de exílio começou em 606 a. C., quando três anos
depois, Jeoaquim se rebela contra Nabucodonosor.
Depois disso, Nabucodonosor volta, saqueia o templo e leva Joaquim
(filho de Jeoaquim), além de 10.000 outros judeus, entre príncipes e oficiais -
a aristocracia judaica. Põe Zedequias, irmão de Jeoaquim como rei em lugar
deste. Levou também cativo o Profeta Ezequiel.
Finalmente, em 587 a. C., Jerusalém é sitiada por Nabucodonosor. Depois
de um ano e meio de cerco, acaba a resistência de Jerusalém. Acabam-se os
alimentos e a cidade é tomada. O povo estava com fome. O rei Zedequias foi
capturado quando tentava fugir, sendo levado até Nabucodonosor, onde teve os
olhos vasados, sendo depois levado para a Babilônia. Alguns remanescentes
pobres foram poupados, mas acabaram fugindo para o Egito.
Os profetas desse tempo foram:
(I) Não literários - Semaías; Ido; Azarias; Eliézer; um anônimo (2 Cr
25.15); Hulda; Urias; Hanani; Jaaziel;
(II) Literários - Daniel (na corte de Nabucodonosor); Ezequiel (no
campo, entre os cativos. Era sacerdote); Jeremias (ficou entre os
remanescentes).
O cativeiro curou Israel da idolatria até hoje. Desde então, os judeus
não podem ser acusados de idolatria. Devido o cativeiro, as Escrituras passaram
a ser estudadas e surgiram as sinagogas.
i) A Restauração de Israel: depois de 70 anos, previstos antes por
Isaías, um governador persa, Ciro, proclamou o retorno dos judeus e restaurou
Israel. O templo foi reconstruído, menor e menos rico que o anterior.
Ester, uma judia formosa, tornou-se rainha da Pérsia 58 anos após o
retorno de Israel. O livro de Ester situa-se entre os capítulos 7 e 8 de
Esdras.
O período da restauração teve os seguintes líderes: Josué e Esdras
(religiosos); Zorobabel e Neemias (civis, atuando como governadores). Ageu e Zacarias,
no início da reconstrução do templo. Malaquias, no final da reconstrução.
Atuaram em relação ao cativeiro os seguintes profetas: Joel, Amós, Isaías e
Miquéias, Sofonias, Naum, Habacuque, Obadias e Jeremias.
2.2.3 O Período
Interbíblico
Esse período vai de Malaquias ao advento de Cristo. Durou cerca de 400
anos. Durante esse período, Israel ficou dominado pela Pérsia. Os persas foram
brandosos e tolerantes, pelo que Israel gozou de certa liberdade. Durante esse
período nenhum profeta se levantou.
Apesar do silêncio bíblico sobre esse período, a história registra
diversos acontecimentos que foram decisivos para a configuração do mundo
bíblico por ocasião do nascimento de Cristo. Após o domínio persa, Alexandre,
monarca grego levou a língua daquele país ao mundo da época, preparando caminho
para o surgimento da Bíblia em grego (Septuaginta). O fato do mundo todo falar
grego na época favoreceu a expansão do Evangelho. Veja aí o plano de Deus.
Logo antes da vinda de Cristo, por volta do ano 63 a.C, a Palestina
passa ao domínio de Roma. Na época do nascimento de Jesus, governava a Galiléia
Herodes, O Grande. Herodes praticou todos os atos que julgou necessários para
chegar ao trono, matando inclusive todos os membros do Sinédrio, alguns nobres
e pessoas da própria família.
2.2.4 A Época do Cristianismo
Tem início com o nascimento de Jesus, indo até o arrebatamento da
Igreja.
a) O Nascimento de Jesus: Jesus nasceu no ano 5 a.C. A contagem dos anos
deveria se iniciar com o seu nascimento, mas devido a um erro de cronologia,
ocorreu esse lapso histórico. Quando Jesus nasceu, reinava na Judéia Herodes.
Ao receber a visita dos magos do Oriente, que perguntaram Onde é
nascido o rei dos Judeus?, Herodes, que já vivia preocupado com a
possibilidade de uma conspiração contra seu trono, fingiu desejar adorar o
Cristo, com a intenção de matar o menino. Por obra divina, Jesus livrou-se de
todas as perseguições, prosseguindo em sua missão.
Mesmo com seus pontos negativos, Herodes (sem saber) contribuiu para a implantação
do reino messiânico banindo o banditismo da Galiléia, condenando sumariamente
os malfeitores, mesmo sem a aprovação do Sinédrio.
b) A destruição de Jerusalém: por volta do ano 70 d.C. aconteceu uma
revolta dos judeus contra os romanos, resultando em guerra. O César da época
era Nero, que escolheu seu melhor general para sufocar a revolta. A sede de
governo a qual pertencia Israel estava na Síria, de onde veio Céstio Galo com
40 mil soldados para atacar Jerusalém. Os judeus resistiram, e Galo teve que
retirar-se perdendo seis mil homens.
Quatro anos depois, no dia de Páscoa, Tiago surge com seu exército de 50
mil homens. Depois de cinco meses de cerco, os muros foram derrubados, o templo
incendiado e a cidade assolada. Morreram cerca de um milhão de pessoas, além de
95 mil que foram levadas cativas. Foi a queda do Judaísmo.
Em 132-135 aconteceu outra revolta dos judeus, liderados por Bar-Cochba.
Os judeus se apoderaram de Jerusalém e tentaram reconstruir o templo. A revolta
foi sufocada pelo exército romano, que destruiu o Estado Judaico
definitivamente. Os judeus foram expulsos da Palestina e impedidos de voltar,
sob pena de morte. No lugar do templo, foi erguido um templo a Júpiter.
De 135 a 1948, os judeus não tiveram pátria. Andaram errantes por toda
parte da Terra. Todos podiam mandar na Palestina, menos os judeus. Em 14 de
maio de 1948 renasceu o Estado de Israel, segundo as promessas das Escrituras e
pela iminência da volta de Jesus. Três civilizações achavam-se na palestina nos
tempos do Novo Testamento:
a) a Grega, representando a cultura e o saber;
b) a Romana, representando a lei e o poder.
c) a Judaica, representando a religião e a justiça.
c) A história da igreja propriamente dita começa com o nascimento do
Senhor Jesus no ano 5 a.C, e estende-se até aos tempos atuais. A época do
Cristianismo nos dias do Novo Testamento tem três períodos:
(I) O Período da Vida de Cristo (conforme citam os Evangelhos);
(II) O Período da Igreja em Jerusalém. (Atos até o capítulo 12);
(III) O Período da Igreja missionária (Atos a partir do capítulo 13 e
nas epístolas).
Após os dias do Novo Testamento, a época do Cristianismo pode ser
estudada dentro dos quatro períodos da história secular:
(I) O Período Romano, até queda de Roma, em 476 d.C.;
(II) O Período Medieval, da queda de Roma, ao fim do Império Romano do
Oriente (476-1453 d.C);
(III) O Período Moderno (do fim do Império Romano do Oriente à Revolução
Francesa (1453 - 1789 d.C);
(IV) O Período Contemporâneo (De 1789 aos nossos dias).
2.3 ALIANÇAS E DISPENSAÇÕES
Deus sempre revelou ao homem Seus divinos e eternos propósitos,
estabelecendo alianças ou concertos, todos revelados nas Escrituras Sagradas.
Ao mesmo tempo, em Sua soberania, Deus mantém o governo de tudo.
2.3.1 - Alianças
Uma aliança é um contrato entre duas partes. É um acordo onde as duas
partes pactuadas concordam com as condições e os termos da Aliança. Nesta
aliança consta os benefícios e as responsabilidades para ambas as partes, ou
seja um concerto. A Bíblia revela que o Senhor Deus fez várias Alianças com o
homem, em várias épocas, sob várias circunstâncias e fundamentadas em diversas
promessas, para revelar ao homem como manter comunhão com o Seu Criador.
Geralmente, são destacadas oito alianças firmadas entre Deus e o homem,
sendo sete no período do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento:
1. A Edêmica (Gn 2.16);
2. A Adâmica (Gn 3.15);
3. A Noética (Gn 8.20-22; 9.16);
4. A Abraâmica (Gn 12.1,2);
5. A Mosaica (Êx 19.3-5);
6. A Palestiniana (Dt 30);
7. A Davídica (2 Sm 7.5-17);
8. A nova Aliança (Jr 31.31-34; Mt 26.28; 1 Tm 2.5).
2.3.2 Dispensações
Dispensação vem do Grego OIKO= CASA e NOMOS=LEI, GOVERNO. Uma
dispensação é o governo duma casa. Uma dispensação é uma administração, um
programa de governo. Deus preparou, pelo menos, 07 programas de governo ao
longo da existência da humanidade, cada qual com peculiaridades específicas,
onde cabe ao homem uma responsabilidade e, conseqüentemente, um julgamento de
todos os seus atos.
As dispensações
são:
1. Inocência;
2. Consciência;
3. Governo
Humano;
4. Promessa;
5. Lei;
6. Graça;
7. Milênio.
A inter-relação entre as alianças e as dispensações revelam o grande
trato de Deus para com a humanidade:
1ª Aliança: Edêmica O homem viveria em ambiente perfeito, tendo direta
comunhão com o próprio Deus, sujeito a uma lei simples de amor, temor e
amizade, enquanto não desobedecesse.
1ª Dispensação: INOCÊNCIA
• Significado: Antes de pecarem, Adão e Eva viviam no estado da
inocência ou da liberdade. Não distinguiam ainda o bem do mal, pois só
conheciam o bem.
• Responsabilidade do homem: Manter uma relação direta com Deus, lavrar
e guardar o jardim (Gn 2.15). Não comer do fruto da árvore do conhecimento (Gn
3.6).
• Juízo: Expulsão do Jardim do Éden. Pecado, dor e morte entram (Gn
3.16-19, 23, 24).
2ª Aliança: Adâmica. A aliança Adâmica exige sacrifícios de purificação
do homem para se chegar a Deus.
2ª Dispensação: CONSCIÊNCIA
• Significado:
Com a entrada do pecado o homem passou a conhecer também o mal. Entrou na posse
da consciência. Passa a ser guiado pela natureza pecaminosa
• Responsabilidade do homem: Tomar decisões (ser governado) pela
consciência. Inicia o sacrifício de animais (Gn 3.2; 4.1-4; Hb 11.4).
• Juízo: O início desta dispensação começa com o relato do homicídio de
Abel. Encerra com a terra cheia de violência (Gn 6.11). Deus destruiu a Terra
com o dilúvio (Gn 6.17).
3ª Aliança: Noética. Caracteriza-se pela confirmação da relação do homem
com a terra. Estabelecimento do governo humano. Garantia de que a terra não
sofreria outro dilúvio (arco-íris). Uma família e uma nação são separados por
Deus. Governo do homem pelo homem procurando obedecer a DEUS.
3ª Dispensação: GOVERNO HUMANO ou CIVIL.
• Significado: Por causa da violência e do derramamento de sangue que
houve Deus instituiu com Noé a dispensação do governo humano (Gn 9.6) com o
surgimento das nações.
• Responsabilidade do homem: Viver em sociedade. Adorar somente a Deus.
Aqui também surge a base do código da justiça penal.
• Juízo: A dispensação termina com a humanidade intoxicada com a sua
importância (Gn 11.4). O resultado foi o juízo (vers. 8,9).
4ª Aliança:
Abraâmica. Consistiu em fazer de Abraão uma grande nação, em um sentido natural
e espiritual.
4ª Dispensação: PROMESSA ou PATRIARCAL (Patri = progenitor).
• Significado:
Deus chama Abraão e faz-lhe uma promessa (Gn 12.1-3). Como as nações falham,
Deus forma uma nação à parte.
• Responsabilidade do homem: Deus fez a Abraão promessas incondicionais,
a serem cumpridas gloriosamente, mas não devido a alguma virtude de Abraão ou
da sua semente, pois ele não apropriou-se logo da promessa de Deus (Gn 12.1).
• Juízo: A dispensação da promessa começa com a narrativa de Gn 11.31,32
e termina com Israel a fracassar a entrada na terra da promessa. Abraão desce
ao Egito e Israel fica ali escravizado por 400 anos.
5ª Aliança: Mosaica. Constituída de Mandamentos (Êx 20.1-26), Juízos (Êx
21.1 a 24.11) e Ordenanças (Êx 24.12-31.18).
5ª Dispensação: LEI.
• Significado: Grande código consistindo em centenas de mandamentos que
abrangem todas as situações da vida do povo de Israel. A Lei foi dada para
mostrar o pecado. O Senhor Jesus resumiu toda a lei em 2 mandamentos (Lc
10.27).
• Responsabilidade do homem: Cumprir toda a lei (Tg 2.10).
• Juízo: Os judeus foram julgados com a tomada de Jerusalém pelos
romanos. Encerra também o período do Antigo Testamento.
Durante a Dispensação da Lei, a Bíblia apresenta mais duas Alianças:
6ª Aliança: Palestiniana. Firmada com os israelitas depois da
peregrinação de Israel pelo deserto por quarenta anos. Foi um preparação para
que entrassem na terra prometida e renovava a aliança Mosaica. Bênçãos e
maldições são proclamadas (Dt 28; Js 24.24,25)
7ª Aliança: Davídica. Realizada para o reino de Israel, com a promessa
de que sempre haverá um descendente do rei Davi no trono (2 Sm 7.11-16; Sl
89.34). Esta promessa terá seu grande cumprimento na 7ª Dispensação, no período
do milênio, quando o Rei Jesus governará Israel.
8ª Aliança: a Nova Aliança
6ª Dispensação:
GRAÇA.
• Significado: É a presente dispensação. A dispensação do Novo
Testamento com a salvação oferecida pela fé em JESUS CRISTO e não pelas obras
(Ef 2.8).
• Responsabilidade do homem: Estar em Cristo Jesus (Rm 5.1-2).
• Juízo: Terminará com os homens não aceitando o amor da verdade para se
salvarem (2 Ts 2.10). O juízo de Deus será implacável através da Grande
Tribulação.
7ª Dispensação:
MILÊNIO ou do REINO.
• Significado: Jesus Cristo descerá pessoalmente à Terra, cumprindo a
promessa feita a Davi (Mt 19.28). Neste tempo Satanás será preso por mil anos
(Ap 20.2).
• Responsabilidade do homem: Os crentes reinarão com CRISTO nessa época
(Ap 20.4).Os homens são responsáveis pela obediência ao Rei e às Suas leis.
Satanás está preso. Cristo reinará, a justiça prevalecerá.
• Juízo: A primeira ressurreição acabará no final da grande tribulação e
início do milênio (Ap 20.5). Satanás será solto e vencido no final do milênio
(Ap 20.7; 20.10-15)
3 - O CÂNON DA BÍBLIA
Cânon ou Escrituras Canônicas é a coleção completa dos livros divinamente
inspirados, constituindo a Bíblia. Cânon é uma palavra grega que
significa vara reta de medir, assim como uma régua de carpinteiro.
A palavra aparece no original em Ez 40.5. No sentido religioso, cânon significa
norma, regra. Com esse sentido, aparece no original em vários textos do Novo
Testamento (Gl 6.16; 2 Co 10.13, 15; Fp 3.16). A Bíblia é a nossa norma ou
regra de fé e prática. O termo cânon foi empregado pela primeira vez por
Orígenes (185- 254 d. C.). Antes de Orígenes, as verdades reconhecidas pela
Igreja eram chamadas canôn. Diz-se dos livros bíblicos canônicos para
diferenciá-los dos apócrifos. Por volta do ano 90 d. C., em Jâmnia, perto da
atual Jafa, na Palestina, os rabinos num concílio sob a presidência de Joanan
Bem Zakai,que tinha como finalidade a reestruração do judaísmo após a
destruição do templo de Jerusalém (70 d.C.), reconheceram e fixaram o cânon do
Antigo Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros.
Note-se porém que o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo que já
era aceito por todos os judeus através dos séculos. Jâmnia, após a destruição
de Jerusalém no ano 70 d.C. tornou-se sede do Sinédrio - o supremo tribunal dos
judeus. O reconhecimento e fixação do cânon do Novo Testamento ocorreu no III
Concílio de Catargo, no ano 397 d.C. Nessa ocasião os 27 livros que compõem o
Novo Testamento foram reconhecidos e aceitos como canônicos. No entanto,
durante esses 400 anos de história da Igreja, os livros e cartas eram lidos
pelos crentes primitivos em suas reuniões, como referência de fé e doutrina.
3.1 - A BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUS
A Bíblia é
diferente dos demais livros devido a sua inspiração divina (2 Tm 3.16; 2 Pe
1.12; Jó 32.8). Devido a esse fato, ela é chamada de A Palavra de Deus (2 Tm
3.16, no original).
Entende-se inspiração divina como a influência sobrenatural do Espírito
Santo sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a
mensagem divina sem qualquer margem de erro. A expressão assim diz o
Senhor ocorre 2.600 vezes na Bíblia, além de outras expressões
equivalentes (Ez 11.5; 2 Cr 29.14; 24-20). q ue a bíblia é a palavra de Deus
não resta nenhuma dúvida para nós cristãos.Quem tem o Espirito de Deus deposita
toda a confiança nela. Mas,mesmo assim apresentamos algumas provas de que a
Bíblia é a palavra de Deus,não "para" crermos,mas
"porque"cremos.Nossa era é marcada pelo
ceticismo,materialismo,racionalísmo e outras crenças errôneas que procuram
extinguir o conhecimento de Deus. A característica mais importante da bíblia
não é sua estrutura e sua forma,mas o fato de ter sido inspirada por Deus.Não
se deve interpretar de modo errôneo a declaração da própria bíblia a favor
dessa inspiração.Quando falamos de inspiração,não se trata de inspiração
poética,mas de autoridade divina.A Bíblia é singular; ela foi
literalmente" soprada por Deus".
3.2 - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA
A teoria correta da inspiração bíblica é chamada de Teoria da Inspiração
Plenária ou Verbal. Ensina que todas as partes da Bíblia foram igualmente
inspiradas por Deus, e que houve cooperação entre os escritores e o Espírito
Santo que os capacitava. Eles escreveram a Bíblia com palavras de seu
vocabulário, mas sob poderosa influência do Espírito Santo, e o que eles
escreveram é a Palavra de Deus.
3.2.1 - Provas da inspiração divina da Bíblia
A prova mais eloqüente da inspiração divina da Bíblia é sua harmonia.
Somente a palavra milagre explica esse acontecimento. São 66 livros, escritos
por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. A maioria desses
homens não se conheceram. Viveram em lugares distantes, falando línguas
diferentes. Muitas vezes nada sabiam do que já estava escrito, mas registram a
mais pura mensagem vinda diretamente da mente de Deus. Podemos apontar mais
algumas provas da inspiração divina da Bíblia:
a) Foi aprovada por Jesus - Ele a leu (Lc 4.16-20); ensinou (Lc 24.27);
chamou-a de A Palavra de Deus” (Mc 7.13); cumpriu-a (Lc 24.44). Jesus
também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17).
b) O testemunho do Espírito Santo dentro do crente - Cada pessoa que
aceita Jesus passa a ter a mais pura certeza quanto a autoria da Bíblia. Isso é
uma coisa automática, realizada pelo Espírito Santo. Ninguém precisa ensinar
isso.
c) O cumprimento fiel das profecias - As profecias bíblicas (no sentido
preditivo) se cumpriram fielmente. Isso demonstra sua origem divina. O que Deus
disse se sucederá (Jr 1.12).
d) A influência da Bíblia nas pessoas e nações - Os princípios contidos
na Bíblia influenciaram a humanidade, melhorando o relacionamento entre os
homens. As civilizações que não conheceram a Bíblia eram marcadas pela
imoralidade, violência e licenciosidade. E esses costumes eram aprovados pelos
filósofos da época. Os relatos sobre nações como a Grécia antiga e Roma mostram
sociedades totalmente depravadas.
e) A Bíblia nos faz diferentes - O mundo hoje continua sob a influência
do pecado, mas os verdadeiros seguidores da Bíblia se destacam com uma
personalidade ideal. Os ensinos bíblicos são simples e profundos, servindo de
guia a uma vida bem sucedida.
f) A Bíblia é sempre nova e inesgotável - Mesmo sendo o livro mais
antigo do mundo, a Bíblia permanece com uma mensagem atual e moderna. Em mais
de 20 séculos, o homem não pode melhorar a mensagem bíblica. Isso demonstra que
a Bíblia é a imutável Palavra de Deus.
g) A Bíblia é
familiar a cada povo ou indivíduo, em qualquer lugar - Cada homem recebe a
mensagem bíblica como se tivesse sido escrita especialmente para ele. Isso
acontece em qualquer lugar do mundo, independentemente da cultura, do nível
social, da idade ou da época em que a pessoa lê a Bíblia. Isso acontece porque
a Bíblia procede de Deus, o Pai de todos nós.
h) A superioridade da Bíblia - Comparando com outros livros,
principalmente os escritos por fundadores de religiões como o Budismo ou por filósofos,
vemos que a Bíblia supera os demais livros em todos os pontos. Destacamos que a
Bíblia só contém verdades, enquanto os outros livros estão recheados de erros e
equívocos.
i) A imparcialidade da Bíblia - A Bíblia revela as virtudes e as falhas
dos homens que são personagens de sua narrativa, enaltecendo a honra e a glória
de Deus. Se ela fosse inspirada pela mente humana, trataria de esconder as
falhas humanas para exaltar somente suas virtudes (Jó 27; Sl 50.21-22; 1 Co
1.19-25).
3.3 - FALSAS TEORIAS SOBRE A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Existem algumas teorias falsas sobre a inspiração da Bíblia:
a) Teoria da inspiração natural humana - Ensina que a Bíblia foi escrita
por homens com talento especial, nivelados a outros gênios da literatura.
REFUTAÇÃO: Essa teoria nega a influência sobrenatural, trazendo sérios
prejuízos para a fé. Os escritores da Bíblia afirmam que foi Deus quem falou
através deles (2 Sm 23.2; At 1.16; Jr 1.9; Ed 1.1; Ez 3.16-17; At 28.25).
b) Teoria da inspiração divina comum - Nivela a inspiração da Bíblia
àquela que hoje sentimos quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos.
REFUTAÇÃO: Isso é errado porque a inspiração que hoje sentimos não é completa
como a que veio aos escritores bíblicos. Além disso, os escritores recebiam
essa inspiração de forma momentânea e específica para o cumprimento de uma
missão divina. Em diversos momentos vemos a expressão veio sobre mim a
palavra do Senhor, indicando uma inspiração momentânea.
c) Teoria da inspiração parcial - Ensina que somente algumas partes da
Bíblia são inspiradas. Segundo essa teoria, a Bíblia não é a Palavra de Deus,
apenas contém a Palavra de Deus. REFUTAÇÃO: Se isso fosse verdade, como
poderíamos saber quais as partes que são inspiradas? II Timóteo diz que “Toda
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino...”. Veja também em Jó
16.12; Mc 7.13; Ap 22.18-19.
d) Teoria do ditado verbal Teoria que defende a opinião de que os
escritores bíblicos foram instrumentos passivos nas mãos de Deus redigindo
exatamente as palavras de Deus (a exemplo dos Dez Mandamentos), não podendo ser
levado em consideração a experiência pessoal acerca do que se escrevia.
REFUTAÇÃO: Faz dos escritores uma espécie de máquina que registra as palavras
ditadas por Deus sem usar o raciocínio próprio. Lucas, por exemplo, fez extensa
pesquisa sobre Jesus antes de escrever o Evangelho (Lc 1.4). e) Teoria da
inspiração das idéias - Faz o contrário da anterior, ensinando que Deus
inspirou somente as idéias, deixando as palavras a cargo dos escritores.
REFUTAÇÃO: Também não é verdadeira porque em inúmeros momentos Deus colocou as
palavras certas na mente dos escritores bíblicos (2 Pe 1.21; Hb 1.1; 1 Co 2.13;
Ap 22.19).
3.4 - OS LIVROS APÓCRIFOS
Além dos livros canônicos, existem os chamados "livros deuterocanônicos",
ou seja, os livros do "segundo cânon", que foi o cânon aprovado pela
Igreja Romana no Concílio de Trento (1545-1563), até hoje seguido pelos
católicos. Nas Bíblias de edição católico-romana o total de livros é de 73, tendo
a mais 7 livros apócrifos, além de quatro acréscimos ou apêndices a livros
canônicos, num total de 11 escritos apócrifos. Existem 14 escritos apócrifos,
sendo 10 livros e 4 acréscimos.
a) Os sete livros apócrifos constantes na edição católico romana são:
Tobias (depois de Esdras); Judite (depois de Tobias); Sabedoria de Salomão
(depois de Cantares); Eclesiasiáticos (depois de Sabedoria); Baruque (depois de
Jeremias); I e II Macabeus.
b) Os quatro acréscimos a livros canônicos são: Ester (10.4 - 16.24);
Cântico dos Três Santos Filhos (Daniel 3.24-90); História de Suzana (Daniel
13); Bel e o Dragão (Daniel 14).
c) Os demais apócrifos, ainda aceitos pela Igreja Ortodoxa Grega são:
III e IV Esdras e A Oração de Manassés. São assim chamados porque na Bíblia
católico-romana os livros de Esdras e Neemias são chamados de I e II Esdras.
A aprovação dos apócrifos pela Igreja Católica, em 18 de abril de 1546,
foi uma tentativa de combater a Reforma Protestante, recente na época. Os
protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas do
Purgatório, Oração pelos Mortos, Salvação mediante Obras, dentre outras. Os
romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles.
4 - A BÍBLIA AO
LONGO DOS SÉCULOS
A Bíblia tem desafiado seus mais ardorosos opositores, que se baseiam em
raciocínios puramente humanos, visando desacreditá-la. Geralmente, não aceitam
as descrições sobrenaturais da Bíblia ao ressaltarem que tais descrições
contrariam a razão (humana). Contudo, deve ser destacado que ao invés de contradizer
a razão humana, as características sobrenaturais da Bíblia estão acima da razão
humana. Não foi preocupação do Divino Autor explicar como aconteceram os
milagres bíblicos genuínos, ou mesmo porque foram operados de maneira
sobrenatural. O que temos para nosso conhecimento as indicações de onde e
quando aconteceram os fatos bíblicos, relacionando-se com os conhecimentos
tratados no âmbito das disciplinas seculares Geografia e da História, dentre
outras. Inclusive, o estudante da Bíblia detém-se ao analisar a exatidão da
geografia e da história bíblica, confirmando que a Bíblia, por si só, é um
grande milagre da parte de Deus.
4.1 - AS LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA
Em quase sua totalidade, os livros bíblicos foram escritos em hebraico,
aramaico e grego.
a) O Antigo Testamento - O hebraico é o idioma oficial da nação judaica,
sendo chamado também de “ língua de Canaã (Is 19.18) e “língua judaica ou judaico (2
Rs 18.26-28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas semíticas, o hebraico
lê-se da direita para a esquerda. Seu alfabeto é composto por 22 letras, todas
consoantes. Podemos encontrá-lo em algumas partes do Velho Testamento, fazendo
acróstico de alguns capítulos: Sl 119; Pv 31.10-31 e o livro de Lamentações de
Jeremias.
Os trechos do Antigo Testamento escritos em aramaico são: Ed 4.8 a 6.18;
7.12-26; Dn 2.4 a 7.28 e Jr 10.11. O aramaico foi o idioma falado em Arã ou
Síria e em grande parte da Arábia Pétrea. Essa língua influiu profundamente
sobre o hebraico principalmente durante os cativeiros de Judá na Babilônia (587
a. C.). A influência do aramaico foi tão grande que ao voltar do cativeiro o
povo tinha essa língua como vernácula. Por isso, quando Esdras leu as
Escrituras em público precisou explicá-las ao povo, que não mais conheciam bem
o hebraico. No Novo Testamento o aramaico já era bem conhecido, e foi a língua
mais usada por Jesus e seus discípulos. Jesus conhecia também o hebraico, pois
leu as Escrituras escritas nessa língua.
b) O Novo Testamento - Foi escrito em grego. Existem dúvidas sobre o
livro de Mateus, que alguns eruditos dizem ter sido escrito em aramaico. O
grego do Novo Testamento não é a língua erudita, mas uma versão popular,
chamada de Koiné. O grego é uma língua muito precisa, e das línguas
bíblicas, é a que mais se conhece por estar mais próxima de nós. Nos tempos
bíblicos era uma língua de compreensão universal devido à expansão do Império
da Grécia, sob o domínio de Alexandre (336 a. C.). Nos dias de Jesus, o grego
era falado adequadamente, e a tradução da Septuaginta (versão do hebraico para
o grego) era lido constantemente pelos judeus liberais. Por ocasião do
ministério terreno de Cristo, a língua sagrada dos judeus era o hebraico; a
falada, o aramaico; a língua oficial, o latim; a universal, o grego.
4.2 - A TRADUÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia está hoje traduzida para quase todas as línguas do mundo, ou
seja, para todas as línguas mais faladas e alguns dialetos tribais da África e
outras regiões remotas do planeta. Trata-se do livro conhecido e mais lido do
mundo.
Vale destacar que Tradução é a simples transposição de uma composição
literária de uma língua para outra. Por sua vez, Versão é uma tradução da
língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua.
As duas versões
universalmente conhecidas são:
4.2.1 - A Septuaginta - Versão mais antiga dos originais das Sagradas
Escrituras. A comunidade judaica que habitava em Alexandria, no Egito, falava
expressamente o idioma grego, com necessidade de uma versão grega dos livros
judaicos. O rei Ptolomeu Filadelfo II (285 246 a.C) sugeriu a Demétrio, seu
bibliotecário, que os livros fossem traduzidos. O Sumo Sacerdote Eleazar, para
satisfazer o rei Ptolomeu, trouxe de Jerusalém 72 tradutores (6 de cada tribo).
Depois de uma grande recepção, ficaram isolados na ilha de Faros e executaram o
trabalho em 72 dias. A cronologia dessa tradução data do ano 285 a.C. A cópia
mais antiga da Septuaginta encontra-se na Biblioteca do Vaticano, datada de 325
A.D.
4.2.2 - A Vulgata
Nome oriundo do
latim “vulgus”, quer dizer, “popular”, “do povo”. Jerônimo, de Belém (324 - 420
a.D), sábio e secretário do bispo de Roma, aos 80 anos, traduziu a Bíblia do
hebraico para o latim. É a versão oficial da Igreja Romana.
4.3 - VERSÕES EM PORTUGUÊS
Como aconteceu em relação a outros idiomas, a Bíblia não foi
inicialmente traduzida por inteiro para o português. Essa tradução aconteceu
aos poucos. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375) ordenou a tradução da Vulgata
uma parte do livro de Gênesis. O rei D. João I (1389-1433) ordenou a tradução
dos Evangelhos. Esse mesmo Rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo traduziu o
Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor, esposa de D.
João II mandou publicar o Livro “Vida de Cristo”, uma espécie de harmonia dos
Evangelhos. Em 1505, a mesma rainha mandou imprimir os Atos e Epístolas
Universais.
4.3.1 - A versão de Almeida
João Ferreira de Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reforma
Holandesa, em Batávia, então capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é
agora a cidade de Djakarta, capital da Indonésia). Java era então domínio
holandês, conquistada dos portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo
Testamento, terminando-o em 1670. Em 1681 seu texto foi impresso em Amsterdã,
Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da Bíblia - a de
Figueiredo, em 1781. Almeida traduziu o Antigo Testamento até Ezequiel 48.21,
quando faleceu em 1691. Missionários amigos seus completaram a tradução, entre
eles Jacob Opden Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas que
estudou após abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de
1637) e a espanhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em
1753, em Amsterdã. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a
publicar o Texto Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa a primeira vez
em 1819. O texto Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito
cedo e não ter cultura profunda.
O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa
Bíblica Brasileira (organização batista independente) publicou a Edição
Revista Corrigida”, abreviadamente ARC.
Uma comissão de especialistas brasileiros, trabalhando de 1945 a 1955
apresentou ultimamente a “Edição Revista Atualizada de Almeida (ARA). Trata-se
de uma obra com melhor linguagem e melhor tradução. O Novo Testamento foi
publicado em 1951 e o Antigo Testamento em 1958. A publicação foi feita pela
Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão foi composta de 30 elementos
capacitados, membros de diversas denominações evangélicas. Hoje existe uma
comissão permanente de revisão acompanhando os progressos da crítica
textual.etc.
4.3.2 - A Versão
de Figueiredo
O padre Antônio Pereira de Figueiredo, português, levou 17 anos para
fazer a tradução da Bíblia para o português, publicando o Novo Testamento em
1781 e o Antigo Testamento em 1790. É uma tradução da Vulgata.
4.3.3 - A Tradução
Brasileira
Começou em 1904, por uma comissão de tradutores. Publicou o Novo
Testamento em 1910 e o Antigo Testamento em 1917. Trata-se de uma tradução muito
fiel aos originais, mas tornou-se de compreensão difícil porque traduz as
palavras do ponto de vista literal e não à base da equivalência dinâmica, como
nas outras traduções.
4.3.4 - A Versão
de Rohden
Feita pelo padre brasileiro, de Santa Catarina, consta apenas do Novo
Testamento. Foi publicada em 1935.
4.3.5 A Versão de
Matos Soares
Também feita por padre brasileiro, a partir da Vulgata. A obra foi
concluída em 1932 e publicada em 1946. É a Bíblia popular do católicos
brasileiros.
4.4 - ALGUMAS OBSERVAÇÕES
E CURIOSIDADES SOBRE O TEXTO BÍBLICO
4.4.1 - As
palavras em itálico
Algumas traduções usam palavras em itálico
(letras inclinadas para a direita) para completar o sentido do texto, como a
ARC. Essas palavras não constam do original.
4.4.2 - O uso da
margem
Algumas Bíblias trazem nas suas margens determinados trechos da tradução
literal do hebraico ou do grego. São notas úteis para elucidar pontos confusos.
4.4.3 - Datas
impressas no textos
A impressão de datas no texto bíblico é um terreno movediço, pois as
datações vem sendo muito questionada ultimamente. Apesar disso, algumas Bíblias
trazem datações de acordo com a “cronologia aceita. Os métodos modernos de
arqueologia e datações estão colocando em dúvida grande parte dessa cronologia,
principalmente em relação aos primeiros milênios bíblicos.
4.4.4 - O sumário dos capítulos
São separados
pelos editores, nada tendo a ver com a inspiração e o texto original. Faz-se
exceção às frases introdutórias de alguns salmos, como o 4 a 9, 22, 32, 45, 46,
53, 56 etc. Há casos em que os sumários atrapalham, como a parábola dos Dez
Talentos, que não são dez e a Parábola do rico e Lázaro, que
não é parábola.
4.4.5 - A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos
Não faz parte do texto original. As Bíblias mais antigas não eram
originalmente divididas em capítulos e versículos. Essas divisões foram feitas
para facilitar o seu estudo. Por volta de 1228, Stephem Langton (professor da
Universidade de Paris e, posteriormente, arcebispo de Canterbury), dividiu a
Bíblia em capítulos, assim como o Cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano,
também fez em 1250.
Os versículos no Antigo Testamento apareceram publicados pela primeira
vez em 1445, pelo Rabi Natham. Robert Stevens, impressor de Paris, acrescentou
a divisão em versículo do Novo Testamento em 1551. E em 1555, Stevens publicou
a primeira Bíblia (Vulgata) dividida em capítulos e versículos.
Na Bíblia Almeida Revisada e Corrigida o Antigo Testamento tem 929
capítulos e 23.214 versículos. No Novo Testamento há 260 capítulos e 7.959
versículos. Toda a Bíblia tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.
Em alguns casos, a divisão em capítulos e versículos quebra o sentido do
texto, como por exemplo: Is 53, que deveria começar em 52.13; Jo 8, que deveria
começar em 7.53. Em relação aos versículos, acontece o mesmo, por exemplo, Ef
1.5 deveria começar com as duas últimas palavras de 1.4; 1 Co 2.9,10 deveria
ser um só versículo.
4.4.6 - A divisão do texto em parágrafos]
A divisão do
texto em parágrafo ajuda a entender o desenvolvimento das idéias registradas. A
versão ARA destaca em negrito o início dos parágrafos.
4.4.7 - Aprendendo a ler e a escrever referências bíblicas
O método mais prático e eficiente para escrever referências bíblicas é o
utilizado pela Sociedade Bíblica do Brasil: duas letras, sem ponto, para cada
livro da Bíblia. Entre o capítulo e o versículo põe-se apenas um ponto.
Exemplos:
a) 1 Jo 2.4 (Primeira João capítulo dois, versículo quatro).
b) Jó 2.4 (Jó capítulo dois, versículo quatro).
c) Jn 3.2 (Jonas capítulo três, versículo dois).
d) Fp 2.5 (Filipenses capítulo dois, versículo cinco).
e) Fm v. 6 (Filemon, versículo seis).
Os livros de Samuel, Reis e Crônicas do Antigo Testamento, são
pronunciados como: Primeiro ou Segundo, pois referem-se a livros (1 Sm:
Primeiro Samuel). Já no Novo Testamento temos Coríntios, Tessalonicenses,
Timóteo, Pedro e João, que são pronunciados como Primeira, ou Segunda ou
Terceira, pois refere-se à carta ou epístola (1 Tm: Primeira Timóteo; 3 Jo:
Terceira João).
4.4.8 - Diferença
entre texto, contexto, referência e inferência
a) Texto: são as palavras contidas numa passagem bíblica.
b) Contexto: são as palavras que ficam antes e depois do texto lido.
Pode ser um versículo, um capítulo ou um livro inteiro.
c) Referência: é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de
indicar o livro, capítulo e versículo, a referência pode levar outras
indicações como: “a” indicando a parte inicial do versículo (Rm 11.17a); “b”
indicando a parte final do versículo (Rm 11.16b); “ss” indicando os versículos
que se seguem até o fim ou não do capítulo (Rm 11.17ss); “qv” significa que
veja. Recomendação para ler o texto indicado; “cf” - significa compare,
confirme; “i.e” significando isto é; “e.g.” significa por exemplo (vem do latim
exempli gratia).
4.4.9 - Algumas particularidades sobre a Bíblia
a) O livro de Ester e Cantares de Salomão não mencionam o nome de Deus,
porém a presença divina é inegável nesses livros, especialmente nos episódios
milagrosos de Ester.
b) Há na Bíblia 8 mil menções ao nome de Deus entre seus vários nomes, e
177 menções acerca do diabo, sob seus vários nomes.
c) A vinda do Senhor Jesus é referida 1.845 vezes, sendo 1.527 no Antigo
Testamento e 318 no Novo Testamento.
d) O “capítulo” menor da Bíblia é o Sl 117, o maior é o Sl 119. Não se
pronuncia Salmos capítulo 10, por exemplo. Por se tratar de um salmo, ou hino,
a pronúncia deve ser: Salmo um ou primeiro (Sl 1), Salmos dois ou segundo (Sl
2), e assim sucessivamente. Os versículos são ditos versos. Ex: Salmos 119,
verso 5.
e) 2 Rs e Is 37
são dois capítulos iguais.
f) O maior
versículo da Bíblia é Et 8.9.
g) O maior livro
é o de Salmos e o menor é 2 João.
h) No Sl 107 há
4 versículos iguais que são: 8, 15, 21, 31.
i) Os números 3
e 7 predominam em toda a Bíblia.
j) A expressão “ não temas” ocorre 366 vezes, o que dá uma para cada dia
do ano.
l) Segundo alguns eruditos, na Bíblia foram encontradas 3.568.483 letras
e cerca de 773.693 palavras.
m) O Sl 136 termina todos os versículos com a expressão “para sempre”.
n) O capítulo 3 de Lm tem 66 versículos levando cada 3 deles a mesma
letra do alfabeto hebraico, o qual tem 22 letras.
o) A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo. Isto se deu em 1492,
em Manz, na Alemanha, após a invenção do prelo. A Bíblia tem, no Antigo
Testamento, 929 capítulos e 23.214 versículos. No Novo Testamento há 260
capítulos e 7.959 versículos. Toda a Bíblia tem 1.189 capítulos e 31.173
versículos.
CONCLUSÃO
O estudo de Bibliologia vai muito mais além do que tratamos neste
trabalho. Temos aqui apenas uma síntese do assunto, para que você, aluno, sinta
o desejo de estudar melhor este assunto. Se conseguirmos despertar seu
interesse pelo estudo desta matéria, teremos atingido nosso objetivo.
Quanto aqueles que já estudaram Teologia, puderam perceber por nossa
abordagem sintética que tivemos apenas a intenção de despertar o conhecimento,
remetendo-os a uma nova análise sobre a importância da Bibliologia. Um estudo
mais profundo contém vários outros temas que não tivemos como abordar, devido a
exiguidade de tempo.
Temos prazer em lembrar que o maior livro de Bibliologia é a própria
Bíblia Sagrada, que se auto-explica, se auto-interpreta e se auto-justifica.
Leia a Bíblia, com amor, dedicação e submissão ao Espírito Santo. E que Deus
esteja sempre conosco. Amém.
BIBLIOGRAFIA
·
A Interpretação da Bíblia, Weldon E. Viertel - JUERP
·
Bíblia de Estudos Pentecostais - CPAD
·
Bibliologia - Introdução ao Estudo da Bíblia - EETAD
·
Bibliologia - Um assunto oportuno - Nicodemos de Souza
·
Textos EBD - Dr. Caramuru Afonso Francisco. Roberto José da Silva e José
Roberto da Silva. Ev.Luiz *Henrique de Almeida Silva
·
Manancial de Mensagens - Genésio dos Santos
O Textus
Receptus
Textus Receptus, (Texto Recebido) é a
denominação dada à série de impressões, em grego, do Novo Testamento,
que serviu de base para diversas traduções dos século XVI ao XIX, como
a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei James e para a maioria das
traduções do Novo Testamento da Reforma Protestante, inclusive a tradução portuguesapor Almeida.
A partir do final do século XIX, com publicação do texto de manuscritos mais
antigos do Novo Testamento, a maioria das traduções bíblicas usa os
chamados textos críticos, isto é, estabelecidos através dacrítica textual,
não sem controvérsia daqueles que ainda preferem o Textus Receptus. O Textus
Receptus guarda grande semelhança ao Texto Bizantino (ou Texto
Majoritário), por isso às vezes são chamados como se fossem o mesmo texto.
A tradução bíblica
de Almeida foi executada entre 1681 e 1753 baseando-se
em um conjunto de manuscritos de
origem Bizantina (Antioquia), que vieram juntamente com eruditos
do Oriente (quando de sua fuga para o Ocidentedevido à invasão
militar islâmica de Bizâncio), sendo que cada um destes manuscritos continha
uma parte ou todo o Novo Testamento, sendo eles na quase totalidade dos versos
concordantes entre si, tendo sido intensamente utilizados por intelectuais e
pelas igrejas até aquele momento. Este conjunto de manuscritos formou a base
para o que depois veio a ser conhecido como Textus Receptus.
O Textus Receptus é na
verdade uma compilação dos textos contidos nestes manuscritos, de modo a compor
um único texto grego contendo todo o Novo Testamento. A primeira compilação
deste texto foi executada pelo teólogo, padre
católico, intelectual, filósofo, humanista e
estudioso Erasmo de Roterdão em 1516. Este texto teve
posteriormente várias outras edições publicadas tanto pelo próprio Erasmo, como
por Beza, Estienne, e pelos Elzevirs, entre outros. As edições consideradas
como as principais representantes do Textus Receptus são as edições de Estienne
de 1550 (a terceira) e a edição dos Elzevirs de 1633. Deve-se ressaltar que,
apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas diversas edições
do Textus Receptus, entre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição
dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de menos de 300 palavras em 140.000 que
compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas 0,002% do total.
O Textus Receptus foi
utilizado para a criação de várias outras traduções da Bíblia para várias
outras línguas, como as Bíblias de Lutero em 1522, a
de Tyndale em 1526, e a do rei James em 1611, e também
para a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante,
neste ponto, notarmos que o Textus Receptus, diretamente ou através de uma
de suas traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a Reforma, e
que esta posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX.
A denominação “Textus Receptus” tem
sua origem no prefácio da edição de 1633 (dos irmãos Bonnaventura e Abraão
Elzevir) que diz em latim: Textum ergo habes nunc ab omnibus
receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum damus (Tens, portanto, o
texto agora recebido por todos, no qual nada oferecemos de alterado ou
corrupto). As palavras “textum” e “receptum” foram utilizadas no caso
nominativo para formar “Textus Receptus”.
Em termos simples, a crítica textual é um método utilizado para determinar o que os manuscritos originais da Bíblia diziam. Os manuscritos originais da Bíblia estão perdidos, escondidos ou já não mais existem. O que temos é dezenas de milhares de cópias dos manuscritos originais que datam do 1º ao 15º séculos dC (para o Novo Testamento) e do 4º século aC ao 15º século dC (para o Antigo Testamento). Nestes manuscritos, há muitas pequenas diferenças e algumas um tanto maiores. A crítica textual é o estudo desses manuscritos em uma tentativa de determinar qual era realmente a leitura original.
Existem três métodos principais de crítica textual. O primeiro é o Textus Receptus. O Textus Receptus era um manuscrito bíblico que foi compilado por um homem chamado Erasmus em 1500 dC. Ele pegou o número limitado de manuscritos ao qual tinha acesso e compilou-os no que se tornou conhecido como o Textus Receptus.
Um segundo método é conhecido como o Texto Majoritário. O Texto Majoritário toma todos os manuscritos disponíveis hoje, compara as diferenças e escolhe a leitura correta mais provável com base em qual leitura ocorre mais. Por exemplo, se 748 manuscritos leem "disse ele" e 1429 manuscritos leem "disseram", essa teoria escolheria "disseram" como a leitura original mais provável. Não há grandes traduções da Bíblia que são baseadas no Texto Majoritário.
O terceiro método é conhecido como o Texto Crítico ou Eclético. O método eclético envolve considerar evidências externas e internas para determinar o texto original mais provável. A evidência externa nos leva a fazer as seguintes perguntas: em quantos manuscritos essa leitura ocorre? quais são as datas para estes manuscritos? em que região do mundo foram estes manuscritos encontrados? Já a evidência interna solicitará as seguintes perguntas: o que poderia ter causado estas leituras diferentes? qual leitura pode possivelmente explicar a origem das outras leituras?
Qual é o método mais preciso? É aí que o debate começa. Quando os métodos são primeiramente descritos a alguém, a pessoa normalmente escolhe o Texto Majoritário como o método a ser usado. É essencialmente as "regras majoritárias" e o método "democrático". No entanto, há um problema regional para considerar aqui. Nos primeiros séculos da igreja, a grande maioria dos cristãos falava e escrevia em grego. A partir do quarto século dC, o latim começou a se tornar a língua mais comum, especialmente na igreja. Começando com o latim vulgar, o Novo Testamento começou a ser copiado em latim em vez de grego.
No entanto, no mundo cristão oriental, o grego continuou a ser a língua dominante da igreja por mais de 1.000 anos. Como resultado, a grande maioria dos manuscritos gregos são da região oriental/bizantina. Estes manuscritos bizantinos são muito semelhantes um ao outro. Todos eles provavelmente se originaram dos mesmos poucos manuscritos gregos. Apesar de serem muito semelhantes entre si, os manuscritos bizantinos têm inúmeras diferenças dos manuscritos encontrados nas regiões oeste e central da igreja. Para resumir: se você começou com três manuscritos, e um foi copiado 100 vezes, um outro foi copiado 200 vezes, e o terceiro foi copiado 5.000 vezes, qual grupo vai ter a regra majoritária? O terceiro grupo, é claro. No entanto, não é mais provável que o terceiro grupo tenha a leitura original do que o primeiro ou segundo grupo. Ele só tem mais cópias. O método crítico/eclético da crítica textual dá igual "peso" aos manuscritos de diferentes regiões, apesar dos manuscritos orientais serem a esmagadora maioria.
Como é que o método crítico/eclético funciona na prática? Ao comparar João 5:1-9 em várias traduções, você vai notar que o versículo 4 está ausente das traduções baseadas no Texto Crítico. No Textus Receptus, João 5:4 diz: "Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse." Por que este versículo foi omitido das traduções bíblicas que usam o Texto Crítico? O método eclético funciona da seguinte forma:
(1) O texto de João 5:4 não ocorre na maioria dos manuscritos
mais antigos.
(2) O texto de João 5:4 ocorre em todos os manuscritos
bizantinos, mas não em muitos dos manuscritos não-orientais.
(3) É mais provável que um escriba acrescentaria uma explicação, e não o contrário.
João 5:4 torna mais claro por que o homem aleijado queria entrar na piscina.
Por que um escriba removeria este versículo? Isso não faz
sentido. O que faz sentido é adicionar uma explicação da tradição por trás do
homem aleijado querer entrar na piscina. Como resultado destes conceitos, o
Texto Crítico/Eclético não inclui João 5:4.
Independentemente do método da crítica textual que se
acredite ser o correto, esta é uma questão que deve ser discutida com graça,
respeito e bondade. Os cristãos podem discordar e, de fato, discordam sobre
esta questão. Podemos debater os métodos, mas não devemos atacar as motivações
e o caráter das pessoas com quem estamos em desacordo. Todos nós temos o mesmo
objetivo - determinar o texto original mais provável da Bíblia. Alguns
simplesmente têm métodos diferentes para alcançar esse objetivo.
O que o Cristão de hoje precisa saber
sobre o Novo Testamento em Grego
Nos últimos anos tem havido muita confusão a
respeito das modernas traduções e edições do Novo Testamento em grego. Algumas
pessoas fazem reivindicações sobre o Novo Testamento em grego, sem terem
informações suficientes que as apoiem. Muitos têm a pretensão de que suas
traduções são exatas porque tais versões se baseiam nos melhores textos gregos
disponíveis. Alguns supõem que suas traduções são melhores que a Versão
Autorizada porque esta e seu subjacente Textus Receptus grego acrescentam
variantes e leituras extras ao texto. Outros, entretanto, reivindicam que o
texto grego do Novo Testamento não é importante porque sua tradução favorita é
melhor que qualquer texto grego. Há, ainda, outros que afirmam que o texto
grego não é importante porque a maioria das pessoas não pode ler o grego da
época do Novo Testamento. Entretanto, o texto grego sobre o qual uma tradução
se baseia terá um impacto tanto sobre a leitura devocional das Escrituras pelo
cristão como sobre a proclamação da Palavra de Deus no testemunho da graça
salvadora de Jesus Cristo. É necessário que o cristão da atualidade entenda a
importância do texto grego tradicional na vida cristã.
Antes de tudo, é necessário entender
que se quer dizer com o termo “texto tradicional”. Durante o primeiro século
após a ressurreição de Cristo, Deus moveu homens que escrevessem Sua Palavra (2
Pedro 1.21). O resultado foi um conjunto de cartas e livros, escritos em grego
koine (chamados de “autógrafos originais”). Essas cartas e esses livros foram
copiados e recopiados através dos séculos e distribuídos por todo o mundo.
Essas cópias consistem os manuscritos do Novo Testamento. Mais de 5.000 desses
manuscritos gregos sobreviveram até os dias atuais. O grande número desses
manuscritos apóia a chamada tradição textual bizantina (bizantina porque veio
do mundo falante do grego da época). Esses manuscritos bizantinos formaram o
que chamamos de texto tradicional do Novo Testamento. A representação mais bem
impressa desse texto-tipo bizantino é o Textus Receptus (ou texto recebido). Em
acréscimo aos manuscritos, também temos à disposição muitas obras nas quais
numerosos Pais da Igreja fizeram citações dos manuscritos. A obra de John
Burgon estabeleceu que o texto básico usado por muitos Pais da Igreja é o mesmo
texto que hoje conhecemos como texto bizantino.
O Textus Receptus foi compilado a
partir de uma quantidade de manuscritos bizantinos por vários editores do início
do século XVI. Houve edições de editores tais como Erasmo, Stephens, Beza, dos
Elzevires, Mill e Scrivener. Essas edições diferem sutilmente umas das outras,
mas ainda assim referem-se ao mesmo texto básico. Alguns editores foram
populares em diferentes países e geraram as bases para as traduções do Novo
Testamento. O Textus Receptus (como mais tarde ficou conhecido) foi o texto
usado por Tyndale e por outros tradutores da Versão Autorizada inglesa (King
James), de 1611 e outras traduções reformadas.
Durante os séculos XIX e XX,
entretanto, uma outra forma do Novo Testamento grego surgiu e foi usada pelas
traduções mais modernas do Novo Testamento. Esse Texto Crítico, como é chamado,
difere largamente do texto tradicional, pois omite muitas palavras, versículos
e passagens que são encontrados no Texto Recebido e nas tradições que se
baseiam nele.
As versões modernas baseiam-se,
principalmente, sobre um Novo Testamento grego que é derivado de um pequeno
punhado de manuscritos gregos do quarto século em diante. Dois desses
manuscritos, que muitos dos eruditos modernos dizem ser superiores ao
bizantino, são o manuscrito do Sinai e o manuscrito do Vaticano (c. século IV).
Estes, por sua vez, originam-se de um tipo de texto conhecido como texto
alexandrino (por causa de sua origem egípcia), referido pelos críticos textuais
Westcott e Hort como “texto neutro”. Esses dois manuscritos formam a base do
Novo Testamento grego, conhecido como Texto Crítico, cujo uso tem sido muito
difundido desde o final do século XIX. Nos últimos anos tem havido uma
tentativa de se aperfeiçoar esse texto, chamando-o de texto “eclético”
(querendo dizer que muitos outros manuscritos foram consultados em suas edições
e evolução), mas ainda é o texto que tem sua base central naqueles dois
manuscritos.
Há muitos problemas de omissão que
caracterizam esse Novo Testamento grego. Versículos e passagens, que são
encontrado nos escritos dos Pais da Igreja dos anos 200 e 300 a.D., estão
faltando nos manuscritos do texto alexandrino (que data de cerca de 300 a 400
a.D.). Além disso, essas traduções antigas são encontradas em manuscritos que
datam de 500 a.D. em diante. Um exemplo disso é Marcos 16.9-20: essa passagem é
encontrada nos escritos de Irineu e de Hipólito, no segundo século, e em quase
todos os manuscritos do Evangelho de Marcos de 500 a.D. em diante. Essa
passagem está omitida nos manuscritos alexandrinos, o do Sinai e o do Vaticano.
Este é somente um dos muitos exemplos
desse problema. Há muitas palavras, muitos versículos e muitas passagens
omitidos nas versões modernas que são encontrados no texto tradicional ou
bizantino do Novo Testamento e, portanto, no Textus Receptus. O Texto Crítico
diverge do Textus Receptus 5.337 vezes, de acordo com alguns cálculos. O
manuscrito do Vaticano omite 2.877 palavras nos Evangelhos; o manuscrito do
Sinai, 3.455 palavras nesses mesmos livros. Esses problemas entre o Textus
Receptus e o Texto Crítico são muito importantes para as corretas tradução e
interpretação do Novo Testamento. Contrariamente à argumentação dos que apoiam
o Texto Crítico, essas omissões afetam a vida cristã quanto à doutrina e à fé.
Seguem-se muitos exemplos de problemas
doutrinários causados pelas omissões do Texto Crítico. Esta não é, de modo
algum, uma lista exaustiva. O moderno Texto Crítico reconstruído:
- Omite
referência ao nascimento virginal, em Lucas 2.33;
- Omite
referência à deidade de Cristo, em 1 Timóteo 3.16;
- Omite
referência à deidade de Cristo, em Romanos 14.10 e 12;
- Omite
referência ao sangue de Cristo, em Colossenses 1.14
Adicionalmente, cria-se um erro bíblico
em Marcos 1.2: nesta passagem, no Texto Crítico, Isaías torna-se autor do livro
de Malaquias. Em numerosas referências no Novo Testamento o nome de Jesus é
omitido, no Texto Crítico: “Jesus” é omitido setenta vezes e “Cristo”, vinte e
nove vezes.1
Outra problema com o Texto Crítico
moderno é que os dois manuscritos mais importantes sobre os quais o texto é
construído, o do Sinai e o do Vaticano, discordam entre si mais de 3.000 vezes,
somente nos Evangelhos. Assim, o texto alexandrino apresenta-se como um
texto-tipo que se caracteriza, em muitos lugares, por leituras que não são
comuns aos manuscritos de sua própria tradição. O Texto Crítico é caracterizado
por um fraseado que, na língua original, é difícil, confuso ou mesmo
impossível. Parece que não importa quão singular ou anômala seja a leitura
variante, deve estar nos autógrafos originais porque (como algumas se defende)
um escriba jamais faria uma mudança que estivesse em desacordo com os outros
manuscritos; ao invés disso, ele faria uma alteração que daria à passagem uma
leitura mais fácil.
Muito foi dito sobre o fato de os
manuscritos alexandrinos serem muito antigos. Isso é verdade, mas a ênfase no
estudo da crítica textual não deveria recair sobre quão antigo é o manuscrito,
mas sim, sobre quantas cópias foram feitas a partir dele. Um manuscrito datado
como sido copiado durante o século X poderia ser o quinto numa linhagem de
cópias feitas a partir do autógrafo original, enquanto um manuscrito datado
como tendo sido copiado durante o terceiro século, poderia ter sido o centésimo
numa outra linhagem de cópias. Uma vez que é difícil contar a genealogia, a
família de qualquer dado manuscrito, é importante observar que a idade é
relativa no sentido de que se pode ter um manuscrito originário do terceiro
século, corrompido; ou um outro, do século dez, confiável.
Eis aqui uma boa ilustração: suponha
que, no ano 3000, uma cópia da Bíblia em português é achada, datada da década
de 1970. Admite-se que tal Bíblia é a mais antiga existente à disposição, e que
tal Bíblia difere em centenas de lugares da Bíblia então em uso pelos cristãos
do ano 3000. Pode-se imaginar os críticos científicos, com sua metodologia,
enaltecendo as virtudes da idade avançada de tal Bíblia, a diagramação de
qualidade, o cuidado no layout e no papel desse volume em particular, a
encadenação e assim por diante. Porém, seus argumentos cairão por terra quando,
depois de começar a traduzir a Bíblia para as línguas modernas, com base nos
livros antigos, os cristãos descobrirem que essa versão das Escrituras era a
tradução Novo Mundo dos Testemunhas de Jeová (cuja tradução difere muito do
texto tradicional, ex.: João 1:1).
O Texto Tradicional do Novo Testamento
é visto pelos cristãos conservadores que crêem na Bíblia como tendo sido
providencialmente preservado por Deus. Deus prometeu em Sua Palavra que Ele não
só preservá-la-ia para as gerações vindouras mas, também, que Sua Palavra seria
eterna e completamente livre de corrupção.
- Mateus
5.18 afirma: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja
cumprido”.
- Isaías
59.21 diz: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o
meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua
boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da
boca da descendência da tua descendência, diz o SENHOR, desde agora e para
todo o sempre”.
- João
10.35 nos fala: “a Escritura não pode ser anulada”.
Esses versículos demonstram que Deus
não deixou Sua Igreja, por séculos, sem uma cópia autorizada de Sua Palavra,
mas que o povo de Deus através dos séculos copiou e recopiou fielmente
manuscritos a partir dos autógrafos originais. A Igreja por todo o mundo tem
usado o Texto Tradicional em todas as suas variadas formas, e Deus tem
considerado apropriado multiplicar uma infinidade de cópias e, assim, levar a
salvação a muitas gerações, através de Seu processo de preservação. Esta
doutrina da preservação proveidencial é declarada sucintamente na Confissão de
fé de Westminster, capítulo 1, parágrafo VIII:
“O Velho Testamento em Hebraico (língua
vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais
geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo
inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e
providênciaconservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e
assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles...”
Esta preciosa doutrina da preservação
providencial tem sido totalmente esquecida pelos estudiosos de texto modernos.
Muitos deles tratam a Palavra de Deus como um outro livro qualquer, que pode
ser submetido aos caprichos e às normas de alteração dos métodos científicos
modernos. Muitas das formas destrutivas da alta crítica do século XIX advêm de
uma falha na crença de que a Bíblia é um livro sobrenatural. A Bíblia tem as
marcas de inspiração que podem ser claramente vistas pelos olhos dos que crêem,
mas que, também, podem ser esmagadas sob os pés dos homens que marcham
apressadamente para a destruição. Porém, apesar disso tudo, Deus tem levantado
Seu povo, que ama e cuida de Sua Palavra e reconhece as marcas de inspiração
que os primeiros crentes reconheceram, e que essas cópias, manuseadas através
dos anos representam bem o que Deus queria que fosse conhecido. Isso não
significa que qualquer edição impressa do Novo Testamento em grego, em
particular, seja perfeita, mas, sim, que o Novo Testamento que temos hoje é
essencialmente o mesmo que os que já passaram, através dos anos, através dos
vários grupos de crentes que amaram e guardaram a Sua Palavra.
A força dessa preservação no Antigo
Testamento é vista na qualidade do escriba que copiou o Antigo Testamento hebraico.
No Novo Testamento, isso é percebido na abundância de manuscritos que possuímos
hoje em dia. Este tem sido o método de Deus para manter Sua Palavra pura. Essa
preservação estabelece que nenhum texto local, como o de Alexandria, Egito,
poderia se tornar o texto dominante. O liberalismo e a descrença desafiaram
esse processo de preservação. Nunca ficou provado que esses poucos manuscritos
alexandrinos tenham jamais existido fora de Alexandria, no Egito. Muitos dos
filhos de Deus, ao redor do mundo, rejeitaram o Texto Crítico em todas as suas
formas. A aplicação prática da preservação providencial é que o crente
contemporâneo deve escolher um texto moderno reconstruído, baseado
essencialmente sobre dois manuscritos do século IV, que omite a deidade de Cristo
em muitos lugares e que, estima-se, deixa de lado aproximadamente 200
versículos (o equivalente a 1 e 2 Pedro); ou escolher um texto que Deus tem
usado através dos séculos. Vamos usar o texto que Deus abençoou e que melhor
honra e glorifica o Senhor Jesus, ou não?
As edições impressas do Novo Testamento
grego que foram publicadas entre 1500 e 1600 foram produzidas por homens que
entendiam o que significava a glória de Deus e a importância de se ter cópias
exatas da Bíblia. Da obra conhecida como Poliglota Complutensiana até as várias
edições de Erasmo, as quatro edições de Robert Stephens (dentre as quais, a
mais conhecida é a de 1550, que é a base do que chamamos de Berry Interlinear
ou “the Englishman’s Greek New Testament”), a obra do grande crítico Teodoro de
Beza (em suas cinco edições), as edições dos Elzevires (em 1624 e em 1633) e,
por último, o trabalho de F. H. A. Scrivener (nas décadas de 1870 e 1880),
temos conhecimento da crítica textual e a mais fiel e cuidadosa atitude com
relação aos manuscritos que se pode imaginar. O Texto Tradicional do Novo
Testamento foi o texto do período da Reforma, tanto que, seja no trabalho de
Erasmo ou no de Stephen, na própria tradução de Lutero ou naquela dos herdeiros
da Reforma, tais como os clérigos de Westminster e os tradutores da Versão
Autorizada em inglês, este texto tem sido largamente usado e tremendamente
abençoado por Deus.
O crítico textual J. Harold Greenlee
diz: “A crítica textual do Novo Testamento é, portanto, o estudo bíblico
básico, um pré-requisito para todo o outro trabalho bíblico e teológico”. 2
Isso não é dar importância exagerada a este assunto. Como crentes, temos a
responsabilidade em nossos dias e era de proclamar o Evangelho, o Evangelho
puro, o Evangelho não diluído. Também temos o direito e o privilégio de sermos
os próximos na linha sucessória da proteção e da proclamação da Palavra de
Deus. Cada cristão, individualmente, decidirá a respeito desse assunto, sobre
qual texto é o correto. Evidentemente, esta decisão será feita, consciente ou
inconscientemente, por todo crente, individualmente. Esta decisão é tomada
quando o crente decide qual edição da Bíblia usará para ler e estudar; e, caso
escolha uma tradução baseada em manuscritos corruptos, que refletem pontos de
vista que omitem a deidade de Cristo, a expiação por Seu sangue, Seu nascimento
virginal, então a decisão é de estender esse erro à próxima geração. Se,
entretanto, o cristão de hoje escolhe uma tradução da Palavra de Deus que é
feita a partir do texto tradicional do Novo Testamento, a decisão é no sentido
de ver Deus trabalhando através de Sua providência para o fornecimento de Sua
Palavra em sua forma completa, não só para esta geração, mas também para as que
virão.
PORQUE
HÁ DIFERENÇA ENTRE A ARC E ACF
CORRIGIDA
DA SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL (ARC) a partir de 1948 E A
ALMEIDA
CORRIGIDA E FIEL (ACF) DA
Diferença
no texto base
A Bíblia ACF, sendo uma tradução FIEL
do Textus Receptus (SETAS VERMELHAS DAS FIGURAS ACIMA), segue a linha e
orientação dos teólogos ortodoxos Protestantes que criam na INSPIRAÇÃO VERBAL e
na INFALIBILIDADE das Escrituras. O outro nome do TEXTUS RECEPTUS era o TEXTO MAJORITÁRIO, usado
como sinônimo daquele.
Após o lamentável advento do Texto
Crítico (1881), entretanto, começaram a se multiplicar as versões baseadas nele
(em inglês: Revised Version, American Standard; em português: Atualizada, Revisada, BLH). Se multiplicou também, na primeira metade do
século 20, a mania de se misturar as duas fontes, criando dezenas
de “rios”
de fontes misturadas. A Imprensa Bíblica Brasileira – IBB (fundada em 1940)
editou e imprimiu pela primeira vez no Brasil, em agosto de 1944, a Bíblia
Revista e Corrigida de Almeida, baseada no Texto Recebido. As pressões dos
liberais, entretanto, conseguiram misturar algumas leituras corruptas do
Texto Crítico de Westcott e Hort na Bíblia Revista e Corrigida (ARC) já pelos idos
de 1948. Quem possui uma ARC antes dessa data, pode facilmente comprovar esse
fato. Mais tarde, em 1982, dois críticos textuais, querendo usar a razão humana
para enfraquecer a autoridade do Textus Receptus, inventaram um outro texto
e o batizaram indevidamente de “Texto Majoritário”, nome que já
era usado
como sinônimo do Textus Receptus!
Esse novo elemento foi inserido
oficialmente em 1982, quando esses dois críticos textuais, Zane Clark Hodges
(1930? – ) e Arthur L. Farstad (1935 – 1998) publicaram esta obra nova em
folha, chamada “The
Greek New Testament According to the Majority Text” (1982), publicada pela
Thomas Nelson Publishers, New York. Arthur Farstad era responsável pela desencaminhadora New
King James Bible cheia
de desinformações no texto, leituras falsas e induções erradas nas notas de
rodapé. O Dr. Hodges (B.Th. em Wheaton College e M.Th. de Dallas Theological Seminary), que
defendia o Textus Receptus, foi gradativamente se contaminando e se
enfeitiçando com as teorias heréticas de Westcott e Hort, QUE
ELE MESMO CONDENAVA. Partiu,
então, para a busca de um “texto perdido”.
Em 1977, Nelson Publishers publicou as seguintes
palavras escritas por Wilbur Pickering e aprovadas por Zane Hodges em
seu prefácio:
‘Então, como nós identificamos as palavras
originais? Primeiro devemos juntar as evidências disponíveis—essas incluem [1]
Mss Gregos [2] (incluir os lecionários), [3] Pais, e [4] versões. Então,
devemos avaliar a evidência para ter certeza qual forma de texto goza o
atestado de mais antigo, mais completo, mais variado, e mais respeitável.’ (Identidade
do Texto do Novo Testamento, op. cit., edição de 1977, pg. 137).
Essa citação acima, autentica o Texto
Recebido, mas 5 anos depois, Hodges abandona esses critérios e parte para a
aventura de um novo texto, o “novo” Majoritário, que nada mais é que a
ressurreição de um texto produzido em 1913 por um crítico alemão chamado
Hermann vonSoden. Após um retoque e uma maquiagem, Zane Hodges e A.L. Farstad,
produziram esse texto que roubou o nome Majoritário que por sua vez era sinônimo
e pertencia única e exclusivamente ao Texto Recebido. Esse texto, que difere em 1.800
palavras do Texto Recebido, é apenas mais uma tentativa humana de produzir uma Bíblia! Considere o que está
na pg. x da segunda edição do TMaj:
“...deve-se ter em mente que o presente
trabalho... é ao mesmo tempo preliminar e provisório.”
(Pasmem!)
Esse texto não considera as fontes
altamente relevantes que Hodges mesmo aprovara (3º parágrafo acima). As
omissões das seguintes fontes DESQUALIFICAM O (novo) TEXTO MAJORITÁRIO:
1. LECIONÁRIOS (item
[2] acima)
2. CITAÇÕES DOS PAIS DA
IGREJA (item [3] acima)
3. VERSÕES
ANTIGAS (item
[4] acima)
Veja
essse quadro comparativo dos textos do Novo Testamento:
ACF: ALMEIDA
CORRIGIDA E
FIEL (159.837
PALAVRAS PORTUGUESAS)
ARC: ALMEIDA
REVISTA E CORRIGIDA (159.363
PALAVRAS PORTUGUESAS)
ARA: ALMEIDA
REVISTA E ATUALIZADA (157.284 PALAVRAS
PORTUGUESAS)
TR: TEXTO
RECEBIDO (140.521
PALAVRAS GREGAS)
TMaj: TEXTO
MAJORITÁRIO (140.083
PALAVRAS GREGAS)
TC: TEXTO
CRÍTICO (137.635
PALAVRAS GREGAS)
Diferenças em 1.800 palavras (438
palavras a menos do que o T.R.)
São usadas EM
ALGUMAS PARTES na
Almeida Revista e Corrigida (ARC), pelo menos a partir de 1948, algumas das
1.800 palavras diferentes entre o Textus Receptus e o [novo]
Texto Majoritário (ou então algumas das 9.970 palavras modificadas do Texto
Crítico). Verifiquemos apenas 20 versos importantes, onde ela (ARC) seguiu um
caminho errado se afastando do Textus Receptus [logicamente também da ACF] e se
aproximou do corrupto Texto Crítico: Nesse quadro comparativo ACF / ARC / ARA
pode-se ver que a tendência da ARC foi a de seguir o TC nos textos mencionados.
Note que a tendência é sempre de enfraquecer a doutrina. Talvez essa
contaminação tenha entrado pela influência de críticos da Convenção Batista Brasileira, que já estavam comprometidos com o fermento do
Criticismo Textual. Confira no Dicionário do Novo Testamento Grego (JUERP,
1983, Introdução, pág. 5) de William Carey Taylor, Th.D. (1886-1971), como ele
menciona A.T. Robertson e confessa que se baseia no texto de Westcott e Hort, a infame “Dupla Dinâmica”.
Confira como Robert G. Bratcher, Th.D., Missionário da Convenção Batista
Brasileira, é um modernista-liberal da ecumênica Sociedade Bíblica do Brasil e
se baseia em métodos totalmente heréticos de tradução Bíblica. Esse tipo de
fermento resultou nas mudanças que podemos ver a seguir:
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