Bem-aventuranças
As bem-aventuranças
são os ensinamentos que, de acordo com o Evangelho segundo Mateus, Jesus pregou no Sermão da Montanha, e, que de acordo com o Evangelho segundo Lucas, Jesus pregou no Sermão da Planície, para ensinar e revelar aos
homens a verdadeira felicidade. Na verdade trata-se de um gênero literário com
mais de 100 exemplos ao longo da Bíblia tanto no Antigo quanto Novo Testamento,
com antecedentes em textos de outras culturas, em especial, dos egípcios. Se
recorre a este gênero para expressar uma felicitação a pessoas que pelo seu
exemplo de vida estão ligadas de modo especial a Deus.
As
bem-aventuranças[1]
anunciam também a vinda do Reino de Deus através da palavra e ação de
Jesus, que tornam a justiça divina presente no mundo. Elas revelam também o
caráter das pessoas que pertencem ao Reino de Deus, exortando as pessoas a
seguir este carácter exemplar. Segundo os ensinamentos de Cristo, nós atingimos
na plenitude a nossa felicidade quando, depois da nossa morte, vivermos
eternamente ao lado de Deus,
fonte da vida, de toda a verdade e de toda a felicidade.
Cada
bem-aventurança consiste de duas partes: uma condição e um resultado. Em quase
todos casos, as frases são familiares ao Velho Testamento, mas o sermão de
Jesus as eleva à condição de um novo ensinamento. No conjunto, as
bem-aventuranças apresentam um novo conjunto de ideais, com foco no amor e
humildade, ecoando ensinamentos de espiritualidade e compaixão.
Resumindo e
usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), as
bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino de
Deus, a visão de Deus,
a participação na natureza divina, a vida eterna,
a filiação divina, o repouso em Deus (CIC, n. 1726).
Traduções
- Sociedade Bíblica do Brasil (Mateus 5, 3-10)
3Felizes as pessoas que sabem que são
espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.
4Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.
5Felizes as pessoas humildes pois receberão o que
Deus tem prometido.
6Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a
vontade de Deus, pois ELE as deixará completamente satisfeitas.
7Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros,
pois Deus terá misericórdia delas.
8Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois
elas verão a Deus.
9Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois
Deus as tratará como seus filhos.
10Felizes as pessoas que sofrem perseguições por
fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.
- Bíblia Sagrada - Edição Pastoral (Mateus 5, 3-12)
3Felizes os pobres em espírito, porque deles é o
Reino do Céu.
4Felizes os aflitos, porque serão consolados.
5Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
6Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque
serão saciados.
7Felizes os que são misericordiosos, porque
encontrarão misericórdia.
8Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
9Felizes os que promovem a paz, porque serão
chamados filhos de Deus.
10Felizes os que são perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o Reino do Céu.
11Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e
se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de Mim.
12Fiquem alegres e contentes, porque será grande para
vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram
antes de vocês.
- Bíblia Ave Maria (Mateus 5, 3-12):
3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre,
porque deles é o Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão
consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a
terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão
Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão
chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa
da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem,
quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de
mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa
recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de
vós.
·
[Traduzida por João Ferreira de Almeida] (Mateus 5,
3-12):
3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque
deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão
consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a
terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça
porque eles serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles
verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão
chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa
da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de
vós.
Interpretações
A Bíblia de Jerusalém comenta o conjunto dos
ditos de felicitações por meio de notas de
rodapé e indicações de paralelismos relativas a
que observam
que:
1.
o Evangelho de Lucas contém uma relação
resumida de bem-aventuranças em:
e após as
bem-aventuranças apresenta uma relação de maldições
2.
as bem-aventuranças relatadas em
contém um programa de vida com promessa de recompensa celeste, enquanto
que o conjunto formado pelas bem-aventuranças e maldições relatadas
respectivamente em
e em
anunciam a mudança de situações entre essa vida e a futura
(cf. Lucas 16:25);
3.
em Mateus 5:3-12 os
bem-aventurados são referidos na terceira pessoa, enquanto que em
e em
os discurso
é feitos diretamente, respectivamente, aos bem-aventurados e amaldiçoados, que
são referidos na segunda pessoa;
4.
no Antigo
Testamento também é possível encontrar:
4.1 ditos de felicitações, tais como:
4.2 associação entre ditos de felicitações e ditos de maldições, tais
como:
4.3 ditos de maldição, tais como:
5. também foram encontrados ditos de felicitação em trechos dos Manuscritos do Mar Morto;
6. as três primeiras bem-aventuranças
declaram que as pessoas comumente tidas como
infelizes e amaldiçoadas são felizes, pois estão aptas a receber a bênção
do Reino;
7. as bem-aventuranças posteriores
8. há outros ditos de felicitações no Novo
Testamento, tais como:
A Edição Pastoral da Bíblia, comenta Mateus 1:12[2]:
“
|
As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade,
porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas
anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus.
Estas tornam presente no mundo a justiça
do próprio Deus.
Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de
sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.
Os que
buscam a justiça do Reino são os "pobres em espírito". Sufocados no
seu anseio pelos valores que a sociedade injusta
rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm
necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo
assim uma nova sociedade.
|
”
|
E também
comenta Lucas 6:17-26[3]:
“
|
O povo vem de todas as partes ao encontro de
Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova,
libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26
proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa
e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os
pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça.
Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a
opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre
sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem
denunciar o rico para libertá-lo da riqueza.
|
”
|
A Bíblia do Peregrino comenta o conjunto dos
ditos de felicitações por meio de notas de
rodapé a Mateus 5:1-12 e Lucas 6:20-26, que
observam que:
1.
as bem-aventuranças são enunciados de valor, e não mandamentos
como os "Dez Mandamentos", apresentados em um gênero literário denominado "ashrê"
em hebraico, que é frequentemente utilizado no Livro de
Salmos e na poesia
sapiencial;
2.
tais enunciados:
2.1 revelam uma felicidade humana paradoxal,
que vinculam promessas de bens excelentes a exigências extraordinárias;
2.2 como apresentados em Mateus 5:1-12, insistem
mais em atitudes
do que em situações;
2.3 pretendem mais o alcance do que a precisão;
2.4 indicam que a felicidade não está no exercício das bem-aventuranças,
mas nas suas consequências, por outro lado não se exclui que as consequências
positivas já sejam percebidas no exercício das bem-aventuranças;
3. a proclamação programática encontrada em Lucas 6:20-26 distingue-se
daquela encontrada em Mateus 5:1-12, pois no Evangelho de Lucas pode-se encontrar duas estrofes
paralelas e antitéticas[4],
sendo que cada estrofe articula-se em três peças concisas e uma desenvolvida;
3.1 pelo conteúdo, as três peças contidas em cada estrofe, equivalem a
variações ou mostram aspectos da mesma realidade;
4. nas bem-aventuranças descritas em Lucas 6:20-23:
4.1 não há atitudes positivas (como beneficência ou trabalho pela
paz);
4.2 a pobreza
não é qualificada pela interioridade, razão pela qual, pode-se sustentar que a
versão apresentada por Lucas esteja mais próxima das palavras
originalmente proferidas por Jesus;
4.3 emprega-se um gênero literário frequente no Livro de
Salmos e nos demais livros
poéticos e sapienciais do Antigo Testamento conhecido como macarismo ou "shry" em hebraico;
5. em Lucas 6:20-26 pode-se
encontrar uma relevação escatológica que abre caminho pelo paradoxo
(não fruto de uma árvore proibida), trata-se
de um anúncio que confronta e divide a humanidade,
que introduz e difunde o reinado de Deus na história humana;
A Tradução Ecumênica da Bíblia comenta o
conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de
rodapé a Mateus 5:1-3 e a Lucas 6:20, que observam
que:
1. as bem-aventuranças:
1.1 servem de introdução ao Sermão da Montanha;
1.2 na perspectiva apresentada por Mateus:
1.2.1 apresentam grupos de pessoas que se encontram em situação
mais propícia para receber o Reino de Deus;
1.2.3 teriam a função de exortação mais acentuada;
1.3 na perspectiva apresentada por Lucas:
1.3.1 são parte de um discurso dirigido principalmente aos discípulos,
para definir a conduta de um discípulo perfeito;
1.3.2 parecem visar a situações
concretas;
1.3.3 teriam a uma maior caráter social (tema dos pobres);
1.3.5 têm como ideia geral prometer a salvação aos que na época eram
pobres e aflitos, ou seja, o Reino de Deus
é apresentado como uma inversão das situações presentes, tal perspectiva
encontra sintonia com outros trechos do Evangelho de Lucas, tais como:
1.4 visam sempre a uma alegria concebida por Deus e são fórmulas
clássicas da tradição judaica para:
Isaías 32:20 ou
1.4.2 expressar ação de graças por uma alegria
presente, como em:
1.4.3 fazer exortações com a promessa de recompensas, como em:
Salmos 2:12b ou
1.5 podem ser dividas em dois grupos:
1.5.1 em Mateus 5:3-9, as
bem-aventuranças giram em torno da pobreza e do comportamento do homem;
1.5.2 em Mateus 5:10-12, as
bem-aventuranças se referem à perseguição[6];
2. existem outros ditos de felicitação relatados nos Evangelhos Canônicos, tais como:
Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos
Céus
A Bíblia de Jerusalém faz um comentário
específico sobre a felicitação aos pobres por meio de um nota de
rodapé a Mateus 5:3, no qual
observa que:
1.
em Mateus 5:3, diferentemente
do que ocorre em Lucas 6:20 a felicitação é
restrita aos pobres "no espírito", o que evidencia que a palavra
"pobres" é empregada com o matiz moral, de forma semelhante ao modo
como foi empregada em Sofonias 2:3+;
2.
despojados e oprimidos, os "pobres" ou os
"humildes" estão disponíveis para o Reino dos
Céus;
3.
destaca outras passagens no Novo
Testamento onde há referências aos "pobres": Lucas 4:18, Lucas 7:22 = Mateus 11:5, Lucas 14:13 e Tiago 2:5;
4.
a "pobreza" sugere a mesma ideia que:
4.1 a "infância espiritual" seria
necessária para entrar no Reino dos Céus
4.2 o mistério foi revelado aos pequeninos (népioi)
(Lucas 12:32 e
5. o termo "pobres" (ptochói), também
pode corresponder:
5.1 aos humildes
(tapeinói): Lucas 1:48, Lucas 1:52,
5.2 aos últimos que prevalecem sobre os primeiros: Marcos 9:35;
5.3 aos pequenos que prevalecem sobre os grandes:
6. embora a fórmula empregada em Mateus 5:3 enfatize o espírito
de pobreza,
tanto no rico quanto no pobre, Jesus exige a pobreza efetiva dos seus discípulos:
7. o próprio Jesus dá o exemplo:
7.1 de pobreza:
Mateus 8:20; e
7.2 de humildade:
8. Jesus se identifica com os pequeninos e infelizes:
A Bíblia do Peregrino traduz o Versículo 3 do
Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte
expressão: "Felizes os pobres de coração, porque o reinado de
Deus lhes pertence", versículo que é objeto de comentário
específico em uma Nota de Rodapé que diz que:
1.
o tema dos "pobres" é recorrente no Antigo
Testamento e o sentido do termo pode ser melhor compreendido a
partir da leitura de:
Salmos 72:13 em chave messiânica;
2.
é difícil determinar o sentido da cláusula restritiva "toi pnêumati",
que não está presente em Lucas 6:20, mas pode-se
sustentar que a presença de tal cláusula indicaria que Jesus se referiria aos que
reconhecem sua pobreza perante Deus ou aos que aceitariam a pobreza
e renunciariam à cobiça, razão pela qual se deveria aceitar a ambiguidade
da expressão e supor que o reinado de Deus favorece a ambos tipos de
pobres.
Os
Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém,
respectivamente, as expressões: "Felizes os pobres, porque o reinado de
Deus lhes pertence" e "Felizes agora os que agora passais
fome, porque vos saciarei", também são objeto de comentários na Bíblia do Peregrino, por meio de notas de
rodapé que dizem que:
1. a
mensagem se dirige a qualquer classe de necessitados, indigentes, desvalidos,
oprimidos. etc.;
2. no Antigo
Testamento há passagens que mostram preocupação com os pobres, tais
como:
que permitem
concluir que "o reinado de Deus vem para libertá-los e mudar
sua sorte, já na história, embora sem concluir a consumação";
1. o Antigo
Testamento utiliza o termo "ebyôn" para se referir
aos pobres em diversas passagens do Pentateuco,
dos livros proféticos e dos livros
sapienciais, como por exemplo em: Deuteronômio 15:1-11,
Isaías 29:19 e Salmos 74:21;
2. o
famintos a que se refere o Versículo 21 são uma categoria
mais restrita, que são referidos em diversas passagens do Antigo
Testamento, tais como:
A Tradução Ecumênica da Bíblia traduz o
Versículo 3 do Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte
expressão: "Felizes os pobres de coração; deles é o Reino dos
céus", versículo que é objeto de comentário específico em uma Nota de
Rodapé que diz que:
1.
uma tradução literal do grupo de pessoas ao qual se
dirige essa felicitação poderia ser informada pelas expressões: "pobres
pelo espírito"
ou "em espírito", mas não se trata de referência ao Espírito
Santo, nem à inteligência,
mas a uma característica humana que pode ser melhor descrita pelo termo
"coração", termo que é empregado no Versículo 8 ("Felizes os de
coração puro"), e que representa o centro e a totalidade das pessoas[7];
2.
esses pobres pertencem a grande família daqueles
que, diante das provações materiais e espirituais, se acostumaram a contar
somente com o socorro de Deus[8];
3.
juntamente com os milagres,
a evangelização dos pobres é o sinal dado por Jesus para que os
emissários de João Batista pudessem reconhecer o Messias[9].
Os
Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém,
respectivamente, as expressões: "Felizes, vós, os pobres, o Reino de Deus
é vosso" e "Felizes, vós que agora tendes fome: sereis
saciados", também são objeto de comentários na Tradução Ecumênica da Bíblia, por meio de notas de
rodapé que dizem que:
1. a
felicitação é feita aos pobres de bens deste mundo, diferentemente do que
ocorre em Mateus 5:3, onde a
felicitação é feita aos que têm "coração de pobre";
2. Jesus manifestou a
predileção pelos pobres
e assemelhados (pequenos/humildes) em outras passagens descritas dos Evangelhos Canônicos, tais como:
{{citar
bíblia|Lucas|18|14},
e, pelas
próprias condições nas quais nasceu;
3. essa
preferência manifestada em favor dos pobres e pequenos é a marca da
liberalidade soberana
de Deus,
trata-se de um convite para esperar tudo da Graça
de Deus e da compaixão pelos infelizes deste mundo;
4. a
promessa de "saciar os que tem fome" tem precedentes no Antigo
Testamento, tais como: Isaías 49:10,
Felizes os mansos porque herdarão a terra
A Bíblia de Jerusalém que diferentemente da maior
parte das traduções da Bíblia, apresenta essa felicitação no Versículo 4 do
Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus[10]
faz um comentário específico sobre a felicitação dirigida aos mansos por meio
de uma nota de rodapé ao referido Versículo, no qual
observa que:
1.
trata-se de uma felicitação dirigida aos mansos ou
aos humildes;
2.
a felicitação aos mansos pode ser interpretada como
um reforço à felicitação dirigida aos "pobres no espírito", o que
reduziria o número de bem-aventuranças relatadas no Evangelho segundo Mateus a sete.
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
mansos no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da
seguinte expressão: "Felizes os despossuídos, porque herdarão a
terra", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de
uma nota de rodapé, que observa que trata-se de uma
citação presente no Versículo 11 do Salmo
37
(Salmos 37:11),
que é um
Salmo dedicado aos injustamente despossuídos, e que deve ser rezado no contexto
da busca pela partilha ideal da terra e contra a apropriação injusta, razão
pela qual não se deveria fazer uma interpretação espiritualizada.
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos mansos no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da
seguinte expressão: "Felizes os mansos, seu quinhão será a terra", e
indica como passagem correlacionada o Versículo 11 do Salmo
37
e comenta
essa felicitação por meio de notas de
rodapé, que observam que:
1.
a mansidão:
1.1 pode decorrer da dura necessidade da condição social e religiosa;
1.2 é uma das características de Jesus
(Mateus 11:29 e
1.3 é uma característica exaltada em outras passagens do Novo
Testamento, tais como:
Tito 3:2 e
2. o conceito de Terra seria equivalente ao de Reino dos
Céus.
Felizes os aflitos porque serão consolados
A Bíblia de Jerusalém, que diferentemente da
maior parte das traduções da Bíblia, apresenta essa felicitação no Versículo 5
do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus[11],
indica como passagens correlacionadas a essa felicitação:
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
aflitos
no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da
seguinte expressão: "Felizes os afligidos, porque serão consolados",
e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
a referência aos afligidos é frequente no Livro dos Salmos,
mas também está presente em outros livros do Antigo
Testamento, como, por exemplo, em:
2.
são frequentes no Antigo
Testamento as referências feitas aos pobres, afligidos, oprimidos e
marginalizados[13],
razão pela qual, as três primeiras bem-aventuranças poderiam ser compreendidas
em conjunto.
Por outro
lado, a Bíblia do Peregrino traduz a parte final do
Versículo 21 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas por meio da
seguinte expressão: "Felizes os que agora chorais, porque rireis.",
trecho que é objeto de uma nota de
rodapé, que destaca os seguintes precedentes no Antigo
Testamento:
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos aflitos no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da
seguinte expressão: "Felizes os que choram, porque serão consolados",
e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que: a tradução literal da expressão "os
que choram" corresponderia a "os que estão de luto", portanto,
não se trata de referência aos melancólicos,
nem às vítimas da opressão social que, em virtude da lei da compensação, terão
na outra vida uma contrapartida, recebendo o Messias,
e sim de felicitação dirigida aos que ainda esperam a Consolação definitiva,
tal como Simeão, que é citado em Lucas 2:25, ou seja, aos
que esperam a única consolação que libertará os homens de sua aflição,
a que se referiu Isaías em Isaías 61:2. Por outro
lado, a Tradução Ecumênica da Bíblia traduz a
parte final do Versículo 21 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas por meio da
seguinte expressão: "Felizes, vós que agora chorais: haveis de rir.",
trecho que é objeto de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
trata-se de fórmula que combina choros e risos,
portanto mais concretas e provavelmente mais primitiva do que aquela empregada
no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus;
2.
trata-se de felicitação dirigida aos infelizes e
aos felizes deste mundo, pois todo o resto do Evangelho
mostra que não basta ser factualmente infeliz ou feliz para obter a felicidade
ou a infelicidade, mas que importa compreender e acolher sua situação à luz da
salvação.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados
A Bíblia de Jerusalém indica como passagens
correlacionadas a essa felicitação:
A Bíblia do Peregrino faz um comentário
específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
fome e sede são empregados no sentido
metafórico para designar um desejo intenso, inclusive por Deus, como
por exemplo em Salmos 42:2 e Salmos 63:2;
2.
o objeto do desejo desses bem-aventurados é a justiça,
nesse contexto tomada em seu sentido mais amplo,
considerando-se especialmente o dito em
trata-se da
justiça que corresponde ao reinado de Deus;
3.
destaca a correlação com o Versículo 28 do Capítulo
4 do Eclesiástico, que exorta para que: se lute pela
justiça até a morte;
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos que têm fome e sede de justiça por meio da seguinte expressão:
"Felizes os que têm fome e sede de justiça: eles serão saciados", e,
além de destacar a correlação dessa felicitação com Salmos 42:3 faz um
comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que não se trata de referência à justiça do Juízo Final,
nem de referência à justiça social, mas de referência feita à
justiça da prática, ou seja, a justiça a ser vivenciada na vida cristã, que é
fonte de justiça entre os homens, melhor compreendida por meio:
1.
dos comentários feitos a Mateus 5:20, que
esclarecem que esta justiça é a fidelidade
dos discípulos à lei de Deus, a partir da interpretação que Jesus dá a essa Lei
(cf. Mateus 7:29);
2.
da leitura de
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
misericordiosos por meio da seguinte expressão: "Felizes os
misericordiosos, porque os tratarão com misericórdia",
e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
a misericórdia
(= piedade) é um dos atributos máximos de Deus
(cf. Êxodo 34:6-8),
que também é
recomendada ao homem
(cf. Provérbios 14:21);
2.
trata-se de felicitação que tem um precedente em:
3.
a misericórdia agrada à Deus
(cf. Provérbios 14:31 e
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos misericordiosos por meio da seguinte expressão: "Felizes
os misericordiosos, eles alcançarão misericórdia",
e destaca a inter-relação dessa passagem com:
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus
A Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação
dessa felicitação com as seguintes passagens da Bíblia:
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
puros de coração por meio da seguinte expressão: "Felizes os limpos de
coração, porque verão a Deus", e faz um comentário específico sobre essa
felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
trata-se de felicitação dirigida àqueles que são
sinceros com Deus
e com os homens
(cf. Salmos 24:4 e
2.
trata-se de pureza interior, distinta da pureza
somente externa ou ritualista
(cf. Mateus 23:25-28);
3.
há precedentes no Antigo
Testamento que falam da esperança de "Ver a Deus", tais
como:
4.
por outro lado, segundo Êxodo 33:20, Deus negou a Moisés
o pleito para ver seu rosto e disse que ninguém poderia vê-lo e continuar com
vida.
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos puros de coração por meio da seguinte expressão: "Felizes
os corações puros; eles verão a Deus", além de destacar a inter-relação dessa felicitação
com Salmos 51:12, faz um
comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
em tradução literal, trata-se de felicitação
dirigida aos "puros quanto ao coração";
2.
trata-se de pureza do coração que é o cerne da
pessoa;
3.
não se trata de uma perfeição
moral,
mas de uma retidão pessoal a qual os Evangelhos Canônicos também se referem por
meio do termo simplicidade;
4.
essa felicitação inter-relaciona-se especialmente
com
5.
na Bíblia
a palavra "coração" designa a sede de toda a vida íntima do homem:
seu pensamento,
sua memória,
seus sentimentos,
suas decisões
(cf. Lucas 2:19,
sobretudo Lucas 21:14[16].
Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados Filhos de Deus
A Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação
dessa felicitação com:
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
que promovem a paz por meio da seguinte expressão: "Felizes os que
procuram a paz,
porque se chamarão filhos de Deus", e faz um comentário específico sobre essa
felicitação por meio de uma nota de
rodapé, que observa que:
1.
a paz era exaltada no Antigo
Testamento
(cf. Isaías 2:4,
2.
a expressão Filhos de Deus foi empregada no Antigo
Testamento em passagens como:
A Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a
felicitação aos que promovem a paz por meio da seguinte expressão:
"Felizes os que que agem em prol da paz; eles serão chamados filhos de Deus", e destaca a
inter-relação dessa felicitação com
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
Reino dos Céus
Essa última
felicitação, inscrita no Versículo 10 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus deve ser
compreendida em conjunto com os dois versículos seguintes[17],
que são apresentados na Bíblia de Jerusalém por meio da seguinte
tradução:
“
|
11 Felizes sois, quando vos injuriarem
e vos perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós por causa de mim. 12 Alegrai-vos
e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi
assim que perseguiram aos profetas, que vieram antes de vós.
|
”
|
A Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação
dessa felicitação com:
e a comenta
por meio de uma nota de rodapé que observa que os discípulos
de Jesus
são os sucessores dos profetas do Antigo
Testamento
(cf. Mateus 10:41,
A Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos
perseguidos por causa da justiça por meio da seguinte expressão: "Felizes os
perseguidos por causa da justiça, porque o reinado de
Deus lhes pertence", e faz um comentários específicos sobre
essa felicitação por meio de notas de
rodapé[18],
que:
1.
destacam a existência de outras passagens que falam
sobre perseguições contra os discípulos,
os profetas
e/ou aos justos na Bíblia, tais como
2.
observam que nos Versículos 11 e 12[19]
do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus o destinatário do
discurso é "segunda pessoa" (vós);
3.
destacam a importância da cláusula "por minha
causa" que poderia ser melhor compreendia pela leitura de
A Tradução Ecumênica da Bíblia destaca a
inter-relação da mensagem veiculada pelos Versículos 10 a 12 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus com
Tiago 5:10; e comenta a
mensagem por meio de notas de rodapé[20]
que observam que:
1.
os Versículos 11 e 12 complementam a Felicitação
aos perseguidos em geral, veiculada pelo Versículo 10, e, aplicam tal
Felicitação especialmente aos discípulos,
que são os continuadores dos profetas
(cf. Mateus 10:41 e
2.
o judaísmo da época já associava as perseguições
iniciadas por Antíoco IV Epifânio, em 167 AC, às perseguições
sofridas pelos profetas
do Antigo Testamento
(cf. II Macabeus 6:
(ex: Lucas 11:47-51 e
As mal-aventuranças
No Evangelho segundo Lucas, as
bem-aventuranças Lucas 6:20-23, são
seguidas de mal-aventuranças (Lucas 6:24-26).
A Bíblia de Jerusalém destaca o paralelismo
dessas mal-aventuranças com:
A Bíblia do Peregrino sustenta ou observa que:
1.
nessas mal-aventuranças emprega-se um gênero literário fúnebre frequente nos livros proféticos do Antigo
Testamento, caracterizados pelo emprego da expressão "Ai
de!" ("hoy" em hebraico) no início das frases, como se observa
em:
2.
a correlação entre injustiça
e o luxo encontra paralelos em:
3.
o consolo do aguardado Reinado de
Deus que já era anunciado por Isaías
(cf. Isaías 40:1,
é superior
ao consolo humano
(cf. Jó 21:34);
4.
os falsos profetas, a que se refere o Versículo 26,
também são objeto de referências em:
A Tradução Ecumênica da Bíblia comenta esse
conjunto dos ditos de infelicitações, destacando seu paralelismo com: Isaías 65:13-14
e por meio
de nota de rodapé que observa que:
1.
são quatro declarações estritamente paralelas à
bem-aventuranças descritas em
2.
são úteis para, além das promessas, destacar as
exigências;
3.
não são maldições
(no estilo do Antigo Testamento: "Ai de vós!"),
nem condenações irrevogáveis, mas queixumes ("Infelizes sois vós!"),
ou seja, ameaças feitas como apelos à conversão
(cf. Lucas 10:13,
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