terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A Doutrina da Morte – Salmos 39.4-7 ; 90.4-6,10,12

A Doutrina da Morte – Salmos 39.4-7 ; 90.4-6,10,12

INTRODUÇÃO
A morte é um assunto que evitamos falar e comentar. Entretanto, o viver humano encontra em sua jornada a ameaça da morte. Nesta segunda parte estudaremos a questão da morte sob a perspectiva da Bíblia, pois nela, a realidade da morte e o seu impacto na vida humana são tratados com clareza e fé.

I. O DILEMA EXISTENCIAL HUMANO

Toda criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O dilema existencial resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em Eclesiastes, o pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão”, Ec. 3.20.21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista contemporâneo. Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da criação, o único que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas filosóficos os quais discutem esse assunto.

1. Existencialismo. Seu interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis de vida e morte. Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na existência humana. Os seus filósofos vêem a morte como o fim de uma viagem ou como um perpetuo acompanhante do ser humano desde o berço ate a sepultura. Para eles, a morte é um elemento natural da vida.
Ora, essas idéias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte nada tem de natural. É algo inatural, impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser humano para a morte, mas ela foi manifesta como juízo divino contra o pecado (Rm 1.32). Foi introduzida no mundo como castigo positivo de Deus contra o pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; Rm 6.23; 1 Co 15.21; Tg 1.15).

2. Materialismo. Não admite as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é matéria. Entendem que a matéria é incriada e indestrutível substancia da qual todas as coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não sobrenatural, nem ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido espiritual da morte não é aceita pelos materialistas.
O cristão verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a enfrenta com confiança no fato de que Cristo conquistou para Ele a vida após a morte – a vida eterna (Jo 11.25).

3. Estoicismo. Os estóicos seguem a idéia que ensina que a morte é algo natural e devemos admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir do seu destino.

4. Platonismo. O filosofo grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito é que importa. Porem, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a despeito de ser uma casa material, temporária e provisória, é templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17). Somos ensinados a proteger o corpo para a manifestação do Espírito de Deus.

II. DEFINIÇÃO BÍBLICA PARA A MORTE1. O sentido literal e metafórico da palavra morte.
a) Separação. No grego a apalavra morte é Thanatos que quer dizer separação. A morte separa as partes materiais e imateriais do ser humano. A matéria volta ao pó e a parte imaterial separa-se e vai ao mundo dos mortos, o Sheol Hades, onde jaz no estado intermediário entra a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4; Ec 12.7; Gn 2.7).
b) Saída ou partida. A morte física é como a saída de um lugar para outro (Lc 9.31; 2 Pe 1.14-16)
c) Cessação. Cessa a existência da vida animal, física (Mt 2.20).
d) Rompimento. Ela rompe as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as pessoas depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é uma fraude diabólica.
e) Distinção. Ela distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode fugir de seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28)

2. O sentido bíblico e doutrinário da morte.
a) A morte como salário do pecado (Rm 6.23). O pecado, no contexto desse versículo, é representado pela figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como pagamento. O salário requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como pagamento, a morte não aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica é que a morte não é a simples cessação da existência física, mas é uma consequencia dolorosa pela pratica do pecado, seu pagamento, a sua justa retribuição. Quando morre, o pecador está ceifando na forma de corrupção aquilo que plantou na forma de pecado (Gl 2.17; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
b) A morte é sinal e fruto de pecado. O homem vive inevitavelmente dentro da esfera da morte e não pode fugir da condenação. Somente quem tem a Cristo e o aceitou está fora dessa esfera. Só em Cristo o homem consegue salvar se do poder da morte eterna. Tiago mostra nos uma relação entre pecado e a morte, quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg 1.14,15. O pecado, portanto, frutifica e gera a morte.
c) A morte foi vencida por Cristo no calvário. Resposta única, clara, evidente e independente de quaisquer idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de Deus revelada e pronunciada através de Cristo Jesus no calvário (Hb 1.1). Cristo é a ultima palavra e a única solução para o problema do pecado e a crueldade da morte (Rm 5.17).

III. TIPOS DISTINTOS DE MORTE
A Bíblia fala de três tipos distintos de mortes: física, espiritual e eterna.
1. Morte física. O texto que melhor elucida esta morte é 2 Sm 14.14, que diz: “Porque certamente morremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”. O que acontece com o corpo morto quando é sepultado? Depois de alguns dias, terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. É isso que a morte física provoca literalmente.

2. Morte espiritual. Este tipo tem dois sentidos na perspectiva bíblica: negativo e positivo. No sentido negativo, a morte pode ser identificada pela expressão bíblica “morte no pecado”. É um estado de separação da comunhão com Deus. Significa estar debaixo do pecado, sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No presente, refere se a uma condição temporal de quem está separado da vida de Deus (Ef 4.18). No futuro, refere se ao estado de eterna separação de Deus, o que acontecerá no Juízo Final (Mt 25.46).
No sentido positivo é a morte espiritual experimentada pelo crente em relação ao mundo. Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora vive livre do domínio do pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão autentico terá a vida eterna. Ou seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).

3. Morte eterna. É chamada a segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. É a eterna separação da presença de Deus – a impossibilidade de arrependimento e perdão (Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena (Lago de fogo) (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30 ; 23.14,15,33). Restringe se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo de morte tem sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.

CONCLUSÃOA morte é a prova máxima da fé cristã, que produz nos crentes uma consciência de vitória (1 Pe 4.12,13). Os sofrimentos e aflições dessa vida são temporais, e aperfeiçoam nossa esperança para enfrentar a morte física, que se constitui num trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de gloria. Quando um cristão morre, ele descansa, dorme (2 Ts 1.7). Ao invés de derrota, a morte significa vitória, ganho (Fp 1.21). A Bíblia consola o cristão acerca dos mortos em Cristo quando declara que a morte do crente “é agradável aos olhos do Senhor”, Sl 116.15. Diz também, que morrer em Cristo é estar “presente com o Senhor”, 2 Co 5.8.


O Estado Intermediário dos Mortos – Lucas 16.19-31

INTRODUÇÃO
Como existe uma diversidade de interpretações a respeito e , para evitar confusão de idéias acerca do Estado Intermediário, devemos tornar clara esta doutrina.

I. A VIDA DEPOIS DA MORTESão vários os argumentos que reforçam a doutrina bíblica sobre a vida além túmulo.

1. Argumento histórico. Se a questão da vida alem morte estivesse fundamentada apenas em teorias e conjecturas filosóficas, ela já teria desaparecido. Mas as provas da crença na imortalidade estão impressas na experiência da humanidade.

2. Argumento teológico. Procura provar que a vida do ser humano tem uma finalidade alem da própria vida física. Há algo que vai alem da matéria de nossos corpos, é a parte espiritual. Quando Jesus Cristo aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, estava, de fato, desfazendo a morte espiritual e concedendo vida eterna, a imortalidade (2 Tm 1.10). A vida humana tem uma finalidade superior, uma razão de ser, um propósito.

3. Argumento moral. Há um governador moral dentro de cada ser humano chamado consciência que rege as suas ações. Sua existência dentro do espírito humano indica sua função interna, como um sensor moral, aliado à soberania divina.

4. Argumento metafísico. Os elementos imateriais do ser humano denunciam o sentido metafísico que compõe a sua alma e espírito. Esses elementos são indissolúveis; portanto, como evitar a realidade da vida alem morte? É impossível! A palavra imortalidade no grego é athanasia e significa literalmente ausência de morte. No sentido pleno, somente Deus possui vida total, imperecível e imortal (1 Tm 1.17). Ele é a fonte de vida eterna e ninguém jamais pode da lá. No sentido relativo, o crente possui imortalidade conquistada pelos méritos de Jesus no Calvário (2 Tm 1.8-12).

II. O QUE NÃO É ESTADO INTERMEDIÁRIO1. Não é Purgatório. Heresia lançada pelos católicos romanos para identificar o Sheol Hades como lugar de prova, ou de segunda oportunidade, para as almas daquelas pessoas que não conseguiram se purificar o suficiente para alcançarem o céu. Declara a doutrina romana que é uma forma desses mortos serem provados e submetidos a um processo de purificação. Entretanto, essa doutrina não tem base na Bíblia e é feita sobre premissas falsas. Se o Purgatório fosse uma realidade, então a obra de Cristo não teria sido completa. Se alguém quer garantir sua salvação eterna, precisa garanti lá em vida física. Depois da morte, só resta à ressurreição.

2. Não é Limbus Patrum. O vocábulo limbus significa borda, orla. A idéia é paralela ao Purgatório e foi criada pelos católicos romanos para denotar um lugar na orla ou borda do inferno, onde as almas dos antigos santos ficavam ate a ressurreição. Ensina ainda essa igreja que o limbus patrum (pais) era aquela orla do inferno onde Cristo desceu após sua morte na cruz, para libertar os pais (santos do Antigo Testamento) do seu confinamento temporário e leva los em triunfo para o céu. Identificam “o seio de Abraão” como sendo o limbus patrum (Lc 16.23). Mas, o limbus patrum não tem apoio bíblico, e nem existe uma orla para os pais (santos antigos).

3. Não é Limbus Infantus. A palavra infantus refere se à crianças. Na doutrina romana, havia no Sheol Hades um lugar especial de habitação das almas de todas as crianças não batizadas. Segundo essa doutrina, nenhuma criança não batizada pode entrar no céu. Por outro lado, é inaceitável a idéia do limbus infantus como lugar de prova, também para crianças.

4. Não é estado para reencarnações. Não é um lugar de migrações e perambulações espaciais. Os espíritas gostam de usar o texto de Lucas 16.22,23, para afirmarem que os mortos podem ajudar os vivos. Mas Jesus, ao ensinar sobre o assunto, declarou que era impossível que Lazaro ou algum outro que estivesse no Paraíso saísse daquele lugar para entregar mensagem aos familiares do rico, Jesus disse que os vivos tinham “ a Lei e os Profetas”, isto é, eles tinham as Escrituras. Os mortos não podiam sair de seus lugares para se comunicarem como os vivos. Portanto, é uma fraude afirmar essa possibilidade de comunicação com os mortos. Usam equivocadamente João 3.3 para defenderem a idéia de reencarnação. Vários textos bíblicos anulam essa falsa doutrina (Dt 18.9-14; Jó 7.9,10; Ec 9.5,5; Lc 16.31).

III. O QUE É ESTADO INTERMEDIÁRIO1. É uma habitação espiritual fixa e temporal. Biblicamente, o Estado Intermediário é um modo de existir entre a vida e a ressurreição final do corpo sepultado. No Antigo Testamento, esse lugar é identificado como Sheol (no hebraico), e no Novo Testamento comoHades (no grego). Os dois termos dizem respeito ao reino da morte (Sl 18.5; 2 Sm 22.5,6). É um lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos habitam fixamente ate que seus corpos sejam ressuscitados para a vida eterna ou para a perdição eterna. É o estado das almas e espíritos fora de seus corpos, aguardando o tempo em que terão de comparecer perante Deus.

2. É um lugar de consciência ativa e ação racional. Segundo Jesus descreveu esse lugar, o rico e Lazaro participavam de uma conversação no Sheol Hades, estando apenas de lados diferentes (Lc 16.19-31). O apostolo Paulo descreve o, no que diz respeito aos salvos, como um lugar de comunhão com o Senhor (2 Co 5.6-9; Fp 1.23). A Bíblia denomina o como um “lugar de consolação”, “seio de Abraão” ou “Paraíso” 9Lc 16.22,25; 2 Co 12.2-4). Se fosse um lugar neutro para as almas e espíritos dos mortos, não haveria razão para Jesus identifica lo com os nomes que deu. Da mesma forma “o lugar de tormento” não teria razão de ser, se não houvesse consciência naquele lugar. Rejeita se segundo a Bíblia, a teoria de que oSheol Hades é um lugar de repouso inconsciente. A Bíblia fala dos crentes falecidos com “os que dormem no Senhor” (1 Co 15.6; 1 Ts 4.13), e isto não refere se a uma forma de dormir inconsciente, mas de repouso, de descanso. As atividades existentes no Sheol Hades não implicam que os mortos possam sair daquele lugar, mas que estão retidos ate a ressurreição de seus corpos para apresentarem se perante o Senhor (Lc 16.19-31; 23.43; At 7.59).

IV. O SHEOL HADES, ANTES E DEPOIS DO CALVÁRIO1. Antes do Calvário. O Sheol Hades dividia se em três partes distintas. Para entender essa habitação provisória dos mortos, podemos ilustra lo por um circulo dividido em três partes. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”, “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormentos” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas”, “lugar de prisões eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v.6). Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap 9.1-12). Não há qualquer possibilidade de contato com esses espíritos caídos; habitantes do Poço do Abismo.

2. Depois do Calvário. Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o evento do Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do “Paraíso” foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando se completamente das “partes inferiores” onde continuam os ímpios mortos. Somente, os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabara, e viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto.

CONCLUSÃO
Essa doutrina fortalece a nossa fé ao dar nos segurança acerca dos mortos em Cristo, e é a garantia de que a vida humana tem um propósito elevado, alem de renovar a nossa esperança de estar para sempre com o Senhor.



A Ressurreição dos Mortos – 1 Co 15.3,4312-20
INTRODUÇÃO
A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Jesus enfatizou e deu sentido especial a esse ensinamento (Jo 5.28,29), deixando claro que não haverá uma única e simultânea ressurreição para os mortos, e sim, que acontecera em duas fases distintas: a ressurreição dos justos e a dos ímpios.

I. O QUE É RESSURREIÇÃO

1. Sentido original. Duas palavras gregas (anastasis e egeiro) definem o termo ressurreição. Elas claramente indicam “tornar à vida”, “levantar se”, “despertar”, “acordar”.

2. Sentido doutrinário. Ressurreição é a devolução da vida ao que havia se extinguido fisicamente. É o ato do levantamento daquilo que havia estado no sepulcro. Varias vezes nos deparamos com a expressão “ressurreição dos mortos” (1 Co 15.12,13,21,42), de justos e ímpios. Porem, quando se refere aos justos, a expressão original é restritiva e se traduz por “ressurreição de entre os mortos”. A expressão “de entre os mortos” quer dizer os mortos tirados do meio de outros mortos.

II. CARÁTER GERAL DA RESSURREIÇÃO1. No Antigo Testamento. Vários personagens importantes da historia do Antigo Testamento demonstraram sua confiança e crença na ressurreição. Abraão cria na ressurreição (Gn 22.5; Hb 11.17-19), (Jó 19.25-27); um dos filhos de Core, cantor, salmodiava sobre a ressurreição (Sl 49.15); o profeta Isaias cria e profetizava sobre a ressurreição (Is 26.19); Daniel, profeta e estadista, declarou sua crença na ressurreição (Dn 12.2,3); e Oséias, um profeta destacado em Israel, fez o mesmo (Os 13.14).

2. No Novo Testamento. A doutrina da ressurreição foi declarada e ensinada por Jesus em seu ministério terrestre (Jo 5.28,29; 6.39,40 44,54; Lc 14, 13,14; 20.35,36). Ensinada e reafirmada pelos apóstolos e os pais da Igreja primitiva (At 4.2). Em Atenas, na Grécia, Paulo pregou a Jesus Cristo e Sua ressurreição (At 17.18). Repetiu isso, também, para os filipenses (Fp 3.11), aos coríntios (1 Co 15.20), aos tessalonicenses (1 Ts 4.14-16), perante o governador Felix (At 24.15). O apostolo João, não só relatou o ensino de Cristo sobre a ressurreição, mas ele mesmo ensinou sobre o assunto (Ap 20.4-6).

3. Alguns exemplos bíblicos de ressurreição.
a) No Antigo Testamento. A historia dramática da ressurreição do filho da mulher sunamita através da oração do profeta Elizeu (2 Rs 4.32-37). Há um caso posterior mais impressionante. O profeta Elizeu já havia morrido e sido sepultado, e um grupo de moabitas, para fugir de uma perseguição inimiga, lançou o seu morto na cova onde estavam os restos mortais de Elizeu. Ao tocar os ossos do profeta o morto reviveu e se levantou sobre seus pés (2 Rs 13.20,21).

b) No Novo Testamento. Os exemplos são numerosos, começando pelo ministério pessoal de Jesus Cristo: a filha de Jairo (Mt 9.24,25); o filho de uma viúva de Nain (Lc 7.13-15); seu amigo Lazaro, em Betânia, irmão de Maria e Marta (Jo 11.43,44). Ele mesmo venceu a morte depois de três dias no sepulcro (Lc 24.6) e, para confirmar Sua vitória sobre a morte, alguns corpos de santos mortos anteriormente, ressuscitaram e foram vistos em Jerusalém (Mt 27.52,53). Mais tarde, entre os apóstolos, Pedro orou ao Senhor e fez reviver a Dorcas (At 9.37,40, 41).

III. TIPOS DE RESSURREIÇÃO1. Nacional. É, em linguagem metafórica, a ressurreição e renovação do povo de Israel em termos políticos, materiais e espirituais (Dt 4.23-30; 28.62-64; Lv 26.14-25; Ez 11.17; 36.24; 37.21; Jr 24.6; Ez 36.24,28). O cumprimento total da profecia relativa à ressurreição nacional acontecerá na vinda pessoal do Messias, o Senhor Jesus Cristo (Zc 14.1-5).

2. Espiritual. Refere se também metaforicamente a um renascimento espiritual dos que, tendo estado mortos em delitos e pecados (Ef 2.1) foram vivificados espiritualmente (Rm 6.4). Há, no entanto, um sentido literal dessa ressurreição, no que diz respeito à ressurreição corporal. Porem, o aspecto físico da ressurreição diz respeito aos corpos levantados das sepulturas, os quais sofrerão uma metamorfose. Isto é: uma transformação do físico para o espiritual (1 C o 15.52; 1 Ts 4.13-17).

3. Física. Precisamos distinguir esse tipo de ressurreição sob dois ângulos: o temporal e o escatológico. No sentido temporal, temos o exemplo de pessoas que morreram, foram sepultadas, e pelo poder de Deus ressuscitaram; posteriormente, voltaram a morrer (2 Rs 4.32-37); Mt 9.24,25). No sentido escatológico, tanto os justos quanto os ímpios vão ressuscitar fisicamente. Os justos, levantar se ão dos seus sepulcros na vinda do Senhor (1 Co 15.44,52; Jo 5.29). Os ímpios se levantarão não como os santos, mas no fim de todas as coisas, no Juízo Final (Ap 20.11-15).

IV. EXPLICANDO A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS ÍMPIOS
1. A primeira ressurreição
a) O tempo. Dividi se em três fases distintas. A primeira fase refere se à ressurreição de Cristo e de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos mortos” (1 Co 15.20; Mt 27.52,53); Jesus e aqueles santos ressurretos são o primeiro molho de trigo colhido (Lv 23.10-12; 1 Co 15.23). Jesus foi o grão de trigo que caiu na terra, morreu, e produziu muito fruto (Jo 12.24). Isto é: aquele grupo de pessoas de Mt 27.52,53 foi a primícia, o primeiro molho. A segunda fase refere se à ressurreição dos mortos em Cristo na era neotestamentária, a qual se efetuara no chamamento especial por ocasião da volta do Senhor Jesus sobre as nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17). A terceira fase da primeira ressurreição refere se àqueles mortos no período da Grande Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. Refere se ao restolho da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4,5).

b) A natureza dos corpos ressurretos. Não importa como os corpos forma sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos mares e rios, ou queimados. Na realidade, os mesmo corpos mortos serão ressuscitados. No caso dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados (1 Co 15.35-38), iguais ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21).


2. A segunda ressurreiçãoa) O tempo. Já sabemos que Jesus distinguiu duas ressurreições: a dos justos e as dos ímpios (Jo 5.28.29). Alguns interpretes entendem a ressurreição dos mortos como um só evento, num mesmo tempo. Declaram que a única distinção é que “uns ressuscitarão para a vida” e outros “para a perdição”. Entretanto, essa teoria é largamente refutada. Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecera no fim de todas as coisas, após o período do Milênio na terra, quando haverá o Juízo Final diante do Grande Trono Branco (Hb 4.13).

b) A natureza dos corpos ressuscitados dos ímpios. Quanto à ressurreição o processo será o mesmo que o dos justos. Seus corpos terão todas as partículas físicas reunidas e transformadas em corpos espirituais, mas sem qualquer gloria, À semelhança dos justos no Hades, as almas e espíritos se unirão aos seus corpos sepultados para serem julgados por suas obras (Ap 20.12; Dn 12.2). Nenhuma gloria, nenhuma beleza, mas totalmente inglório, para que sejam prestado as contas perante o Supremo Juízo 9Hb 4.13; Rm 2.5,5; Hb 9.27).

c) O estado final dos ímpios. Na verdade, os ímpios ressuscitarão para uma “segunda morte”, Ap 21.8. Essa “segunda morte” não significa aniquilamento, mas banimento da presença de Deus (2 Ts 1.9). Esse banimento implica que todos os ímpios serão lançados no Geena, chamado “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo inapagável – o tormento eterno (Ap 14.10,11)

CONCLUSÃO
A esperança da Igreja está baseada na ressurreição de Cristo. Sua morte e ressurreição são a garantia total de que Ele voltara. Sua vitória sobre a morte foi com gloria, triunfo e poder.


INTRODUÇÃO
A morte é um assunto que evitamos falar e comentar. Entretanto, o viver humano encontra em sua jornada a ameaça da morte. Nesta segunda parte estudaremos a questão da morte sob a perspectiva da Bíblia, pois nela, a realidade da morte e o seu impacto na vida humana são tratados com clareza e fé.

I. O DILEMA EXISTENCIAL HUMANO

Toda criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O dilema existencial resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em Eclesiastes, o pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão”, Ec. 3.20.21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista contemporâneo. Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da criação, o único que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas filosóficos os quais discutem esse assunto.

1. Existencialismo. Seu interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis de vida e morte. Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na existência humana. Os seus filósofos vêem a morte como o fim de uma viagem ou como um perpetuo acompanhante do ser humano desde o berço ate a sepultura. Para eles, a morte é um elemento natural da vida.
Ora, essas idéias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte nada tem de natural. É algo inatural, impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser humano para a morte, mas ela foi manifesta como juízo divino contra o pecado (Rm 1.32). Foi introduzida no mundo como castigo positivo de Deus contra o pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; Rm 6.23; 1 Co 15.21; Tg 1.15).

2. Materialismo. Não admite as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é matéria. Entendem que a matéria é incriada e indestrutível substancia da qual todas as coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não sobrenatural, nem ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido espiritual da morte não é aceita pelos materialistas.
O cristão verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a enfrenta com confiança no fato de que Cristo conquistou para Ele a vida após a morte – a vida eterna (Jo 11.25).

3. Estoicismo. Os estóicos seguem a idéia que ensina que a morte é algo natural e devemos admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir do seu destino.

4. Platonismo. O filosofo grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito é que importa. Porem, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a despeito de ser uma casa material, temporária e provisória, é templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17). Somos ensinados a proteger o corpo para a manifestação do Espírito de Deus.

II. DEFINIÇÃO BÍBLICA PARA A MORTE1. O sentido literal e metafórico da palavra morte.
a) Separação. No grego a apalavra morte é Thanatos que quer dizer separação. A morte separa as partes materiais e imateriais do ser humano. A matéria volta ao pó e a parte imaterial separa-se e vai ao mundo dos mortos, o Sheol Hades, onde jaz no estado intermediário entra a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4; Ec 12.7; Gn 2.7).
b) Saída ou partida. A morte física é como a saída de um lugar para outro (Lc 9.31; 2 Pe 1.14-16)
c) Cessação. Cessa a existência da vida animal, física (Mt 2.20).
d) Rompimento. Ela rompe as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as pessoas depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é uma fraude diabólica.
e) Distinção. Ela distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode fugir de seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28)

2. O sentido bíblico e doutrinário da morte.
a) A morte como salário do pecado (Rm 6.23). O pecado, no contexto desse versículo, é representado pela figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como pagamento. O salário requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como pagamento, a morte não aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica é que a morte não é a simples cessação da existência física, mas é uma consequencia dolorosa pela pratica do pecado, seu pagamento, a sua justa retribuição. Quando morre, o pecador está ceifando na forma de corrupção aquilo que plantou na forma de pecado (Gl 2.17; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
b) A morte é sinal e fruto de pecado. O homem vive inevitavelmente dentro da esfera da morte e não pode fugir da condenação. Somente quem tem a Cristo e o aceitou está fora dessa esfera. Só em Cristo o homem consegue salvar se do poder da morte eterna. Tiago mostra nos uma relação entre pecado e a morte, quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg 1.14,15. O pecado, portanto, frutifica e gera a morte.
c) A morte foi vencida por Cristo no calvário. Resposta única, clara, evidente e independente de quaisquer idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de Deus revelada e pronunciada através de Cristo Jesus no calvário (Hb 1.1). Cristo é a ultima palavra e a única solução para o problema do pecado e a crueldade da morte (Rm 5.17).

III. TIPOS DISTINTOS DE MORTE
A Bíblia fala de três tipos distintos de mortes: física, espiritual e eterna.
1. Morte física. O texto que melhor elucida esta morte é 2 Sm 14.14, que diz: “Porque certamente morremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”. O que acontece com o corpo morto quando é sepultado? Depois de alguns dias, terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. É isso que a morte física provoca literalmente.

2. Morte espiritual. Este tipo tem dois sentidos na perspectiva bíblica: negativo e positivo. No sentido negativo, a morte pode ser identificada pela expressão bíblica “morte no pecado”. É um estado de separação da comunhão com Deus. Significa estar debaixo do pecado, sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No presente, refere se a uma condição temporal de quem está separado da vida de Deus (Ef 4.18). No futuro, refere se ao estado de eterna separação de Deus, o que acontecerá no Juízo Final (Mt 25.46).
No sentido positivo é a morte espiritual experimentada pelo crente em relação ao mundo. Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora vive livre do domínio do pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão autentico terá a vida eterna. Ou seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).

3. Morte eterna. É chamada a segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. É a eterna separação da presença de Deus – a impossibilidade de arrependimento e perdão (Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena (Lago de fogo) (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30 ; 23.14,15,33). Restringe se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo de morte tem sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.

CONCLUSÃOA morte é a prova máxima da fé cristã, que produz nos crentes uma consciência de vitória (1 Pe 4.12,13). Os sofrimentos e aflições dessa vida são temporais, e aperfeiçoam nossa esperança para enfrentar a morte física, que se constitui num trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de gloria. Quando um cristão morre, ele descansa, dorme (2 Ts 1.7). Ao invés de derrota, a morte significa vitória, ganho (Fp 1.21). A Bíblia consola o cristão acerca dos mortos em Cristo quando declara que a morte do crente “é agradável aos olhos do Senhor”, Sl 116.15. Diz também, que morrer em Cristo é estar “presente com o Senhor”, 2 Co 5.8.


O Estado Intermediário dos Mortos – Lucas 16.19-31

INTRODUÇÃO
Como existe uma diversidade de interpretações a respeito e , para evitar confusão de idéias acerca do Estado Intermediário, devemos tornar clara esta doutrina.

I. A VIDA DEPOIS DA MORTESão vários os argumentos que reforçam a doutrina bíblica sobre a vida além túmulo.

1. Argumento histórico. Se a questão da vida alem morte estivesse fundamentada apenas em teorias e conjecturas filosóficas, ela já teria desaparecido. Mas as provas da crença na imortalidade estão impressas na experiência da humanidade.

2. Argumento teológico. Procura provar que a vida do ser humano tem uma finalidade alem da própria vida física. Há algo que vai alem da matéria de nossos corpos, é a parte espiritual. Quando Jesus Cristo aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, estava, de fato, desfazendo a morte espiritual e concedendo vida eterna, a imortalidade (2 Tm 1.10). A vida humana tem uma finalidade superior, uma razão de ser, um propósito.

3. Argumento moral. Há um governador moral dentro de cada ser humano chamado consciência que rege as suas ações. Sua existência dentro do espírito humano indica sua função interna, como um sensor moral, aliado à soberania divina.

4. Argumento metafísico. Os elementos imateriais do ser humano denunciam o sentido metafísico que compõe a sua alma e espírito. Esses elementos são indissolúveis; portanto, como evitar a realidade da vida alem morte? É impossível! A palavra imortalidade no grego é athanasia e significa literalmente ausência de morte. No sentido pleno, somente Deus possui vida total, imperecível e imortal (1 Tm 1.17). Ele é a fonte de vida eterna e ninguém jamais pode da lá. No sentido relativo, o crente possui imortalidade conquistada pelos méritos de Jesus no Calvário (2 Tm 1.8-12).

II. O QUE NÃO É ESTADO INTERMEDIÁRIO1. Não é Purgatório. Heresia lançada pelos católicos romanos para identificar o Sheol Hades como lugar de prova, ou de segunda oportunidade, para as almas daquelas pessoas que não conseguiram se purificar o suficiente para alcançarem o céu. Declara a doutrina romana que é uma forma desses mortos serem provados e submetidos a um processo de purificação. Entretanto, essa doutrina não tem base na Bíblia e é feita sobre premissas falsas. Se o Purgatório fosse uma realidade, então a obra de Cristo não teria sido completa. Se alguém quer garantir sua salvação eterna, precisa garanti lá em vida física. Depois da morte, só resta à ressurreição.

2. Não é Limbus Patrum. O vocábulo limbus significa borda, orla. A idéia é paralela ao Purgatório e foi criada pelos católicos romanos para denotar um lugar na orla ou borda do inferno, onde as almas dos antigos santos ficavam ate a ressurreição. Ensina ainda essa igreja que o limbus patrum (pais) era aquela orla do inferno onde Cristo desceu após sua morte na cruz, para libertar os pais (santos do Antigo Testamento) do seu confinamento temporário e leva los em triunfo para o céu. Identificam “o seio de Abraão” como sendo o limbus patrum (Lc 16.23). Mas, o limbus patrum não tem apoio bíblico, e nem existe uma orla para os pais (santos antigos).

3. Não é Limbus Infantus. A palavra infantus refere se à crianças. Na doutrina romana, havia no Sheol Hades um lugar especial de habitação das almas de todas as crianças não batizadas. Segundo essa doutrina, nenhuma criança não batizada pode entrar no céu. Por outro lado, é inaceitável a idéia do limbus infantus como lugar de prova, também para crianças.

4. Não é estado para reencarnações. Não é um lugar de migrações e perambulações espaciais. Os espíritas gostam de usar o texto de Lucas 16.22,23, para afirmarem que os mortos podem ajudar os vivos. Mas Jesus, ao ensinar sobre o assunto, declarou que era impossível que Lazaro ou algum outro que estivesse no Paraíso saísse daquele lugar para entregar mensagem aos familiares do rico, Jesus disse que os vivos tinham “ a Lei e os Profetas”, isto é, eles tinham as Escrituras. Os mortos não podiam sair de seus lugares para se comunicarem como os vivos. Portanto, é uma fraude afirmar essa possibilidade de comunicação com os mortos. Usam equivocadamente João 3.3 para defenderem a idéia de reencarnação. Vários textos bíblicos anulam essa falsa doutrina (Dt 18.9-14; Jó 7.9,10; Ec 9.5,5; Lc 16.31).

III. O QUE É ESTADO INTERMEDIÁRIO1. É uma habitação espiritual fixa e temporal. Biblicamente, o Estado Intermediário é um modo de existir entre a vida e a ressurreição final do corpo sepultado. No Antigo Testamento, esse lugar é identificado como Sheol (no hebraico), e no Novo Testamento comoHades (no grego). Os dois termos dizem respeito ao reino da morte (Sl 18.5; 2 Sm 22.5,6). É um lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos habitam fixamente ate que seus corpos sejam ressuscitados para a vida eterna ou para a perdição eterna. É o estado das almas e espíritos fora de seus corpos, aguardando o tempo em que terão de comparecer perante Deus.

2. É um lugar de consciência ativa e ação racional. Segundo Jesus descreveu esse lugar, o rico e Lazaro participavam de uma conversação no Sheol Hades, estando apenas de lados diferentes (Lc 16.19-31). O apostolo Paulo descreve o, no que diz respeito aos salvos, como um lugar de comunhão com o Senhor (2 Co 5.6-9; Fp 1.23). A Bíblia denomina o como um “lugar de consolação”, “seio de Abraão” ou “Paraíso” 9Lc 16.22,25; 2 Co 12.2-4). Se fosse um lugar neutro para as almas e espíritos dos mortos, não haveria razão para Jesus identifica lo com os nomes que deu. Da mesma forma “o lugar de tormento” não teria razão de ser, se não houvesse consciência naquele lugar. Rejeita se segundo a Bíblia, a teoria de que oSheol Hades é um lugar de repouso inconsciente. A Bíblia fala dos crentes falecidos com “os que dormem no Senhor” (1 Co 15.6; 1 Ts 4.13), e isto não refere se a uma forma de dormir inconsciente, mas de repouso, de descanso. As atividades existentes no Sheol Hades não implicam que os mortos possam sair daquele lugar, mas que estão retidos ate a ressurreição de seus corpos para apresentarem se perante o Senhor (Lc 16.19-31; 23.43; At 7.59).

IV. O SHEOL HADES, ANTES E DEPOIS DO CALVÁRIO1. Antes do Calvário. O Sheol Hades dividia se em três partes distintas. Para entender essa habitação provisória dos mortos, podemos ilustra lo por um circulo dividido em três partes. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”, “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormentos” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas”, “lugar de prisões eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v.6). Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap 9.1-12). Não há qualquer possibilidade de contato com esses espíritos caídos; habitantes do Poço do Abismo.

2. Depois do Calvário. Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o evento do Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do “Paraíso” foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando se completamente das “partes inferiores” onde continuam os ímpios mortos. Somente, os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabara, e viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto.

CONCLUSÃO
Essa doutrina fortalece a nossa fé ao dar nos segurança acerca dos mortos em Cristo, e é a garantia de que a vida humana tem um propósito elevado, alem de renovar a nossa esperança de estar para sempre com o Senhor.



A Ressurreição dos Mortos – 1 Co 15.3,4312-20
INTRODUÇÃO
A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Jesus enfatizou e deu sentido especial a esse ensinamento (Jo 5.28,29), deixando claro que não haverá uma única e simultânea ressurreição para os mortos, e sim, que acontecera em duas fases distintas: a ressurreição dos justos e a dos ímpios.

I. O QUE É RESSURREIÇÃO

1. Sentido original. Duas palavras gregas (anastasis e egeiro) definem o termo ressurreição. Elas claramente indicam “tornar à vida”, “levantar se”, “despertar”, “acordar”.

2. Sentido doutrinário. Ressurreição é a devolução da vida ao que havia se extinguido fisicamente. É o ato do levantamento daquilo que havia estado no sepulcro. Varias vezes nos deparamos com a expressão “ressurreição dos mortos” (1 Co 15.12,13,21,42), de justos e ímpios. Porem, quando se refere aos justos, a expressão original é restritiva e se traduz por “ressurreição de entre os mortos”. A expressão “de entre os mortos” quer dizer os mortos tirados do meio de outros mortos.

II. CARÁTER GERAL DA RESSURREIÇÃO1. No Antigo Testamento. Vários personagens importantes da historia do Antigo Testamento demonstraram sua confiança e crença na ressurreição. Abraão cria na ressurreição (Gn 22.5; Hb 11.17-19), (Jó 19.25-27); um dos filhos de Core, cantor, salmodiava sobre a ressurreição (Sl 49.15); o profeta Isaias cria e profetizava sobre a ressurreição (Is 26.19); Daniel, profeta e estadista, declarou sua crença na ressurreição (Dn 12.2,3); e Oséias, um profeta destacado em Israel, fez o mesmo (Os 13.14).

2. No Novo Testamento. A doutrina da ressurreição foi declarada e ensinada por Jesus em seu ministério terrestre (Jo 5.28,29; 6.39,40 44,54; Lc 14, 13,14; 20.35,36). Ensinada e reafirmada pelos apóstolos e os pais da Igreja primitiva (At 4.2). Em Atenas, na Grécia, Paulo pregou a Jesus Cristo e Sua ressurreição (At 17.18). Repetiu isso, também, para os filipenses (Fp 3.11), aos coríntios (1 Co 15.20), aos tessalonicenses (1 Ts 4.14-16), perante o governador Felix (At 24.15). O apostolo João, não só relatou o ensino de Cristo sobre a ressurreição, mas ele mesmo ensinou sobre o assunto (Ap 20.4-6).

3. Alguns exemplos bíblicos de ressurreição.
a) No Antigo Testamento. A historia dramática da ressurreição do filho da mulher sunamita através da oração do profeta Elizeu (2 Rs 4.32-37). Há um caso posterior mais impressionante. O profeta Elizeu já havia morrido e sido sepultado, e um grupo de moabitas, para fugir de uma perseguição inimiga, lançou o seu morto na cova onde estavam os restos mortais de Elizeu. Ao tocar os ossos do profeta o morto reviveu e se levantou sobre seus pés (2 Rs 13.20,21).

b) No Novo Testamento. Os exemplos são numerosos, começando pelo ministério pessoal de Jesus Cristo: a filha de Jairo (Mt 9.24,25); o filho de uma viúva de Nain (Lc 7.13-15); seu amigo Lazaro, em Betânia, irmão de Maria e Marta (Jo 11.43,44). Ele mesmo venceu a morte depois de três dias no sepulcro (Lc 24.6) e, para confirmar Sua vitória sobre a morte, alguns corpos de santos mortos anteriormente, ressuscitaram e foram vistos em Jerusalém (Mt 27.52,53). Mais tarde, entre os apóstolos, Pedro orou ao Senhor e fez reviver a Dorcas (At 9.37,40, 41).

III. TIPOS DE RESSURREIÇÃO1. Nacional. É, em linguagem metafórica, a ressurreição e renovação do povo de Israel em termos políticos, materiais e espirituais (Dt 4.23-30; 28.62-64; Lv 26.14-25; Ez 11.17; 36.24; 37.21; Jr 24.6; Ez 36.24,28). O cumprimento total da profecia relativa à ressurreição nacional acontecerá na vinda pessoal do Messias, o Senhor Jesus Cristo (Zc 14.1-5).

2. Espiritual. Refere se também metaforicamente a um renascimento espiritual dos que, tendo estado mortos em delitos e pecados (Ef 2.1) foram vivificados espiritualmente (Rm 6.4). Há, no entanto, um sentido literal dessa ressurreição, no que diz respeito à ressurreição corporal. Porem, o aspecto físico da ressurreição diz respeito aos corpos levantados das sepulturas, os quais sofrerão uma metamorfose. Isto é: uma transformação do físico para o espiritual (1 C o 15.52; 1 Ts 4.13-17).

3. Física. Precisamos distinguir esse tipo de ressurreição sob dois ângulos: o temporal e o escatológico. No sentido temporal, temos o exemplo de pessoas que morreram, foram sepultadas, e pelo poder de Deus ressuscitaram; posteriormente, voltaram a morrer (2 Rs 4.32-37); Mt 9.24,25). No sentido escatológico, tanto os justos quanto os ímpios vão ressuscitar fisicamente. Os justos, levantar se ão dos seus sepulcros na vinda do Senhor (1 Co 15.44,52; Jo 5.29). Os ímpios se levantarão não como os santos, mas no fim de todas as coisas, no Juízo Final (Ap 20.11-15).

IV. EXPLICANDO A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS ÍMPIOS
1. A primeira ressurreição
a) O tempo. Dividi se em três fases distintas. A primeira fase refere se à ressurreição de Cristo e de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos mortos” (1 Co 15.20; Mt 27.52,53); Jesus e aqueles santos ressurretos são o primeiro molho de trigo colhido (Lv 23.10-12; 1 Co 15.23). Jesus foi o grão de trigo que caiu na terra, morreu, e produziu muito fruto (Jo 12.24). Isto é: aquele grupo de pessoas de Mt 27.52,53 foi a primícia, o primeiro molho. A segunda fase refere se à ressurreição dos mortos em Cristo na era neotestamentária, a qual se efetuara no chamamento especial por ocasião da volta do Senhor Jesus sobre as nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17). A terceira fase da primeira ressurreição refere se àqueles mortos no período da Grande Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. Refere se ao restolho da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4,5).

b) A natureza dos corpos ressurretos. Não importa como os corpos forma sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos mares e rios, ou queimados. Na realidade, os mesmo corpos mortos serão ressuscitados. No caso dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados (1 Co 15.35-38), iguais ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21).


2. A segunda ressurreiçãoa) O tempo. Já sabemos que Jesus distinguiu duas ressurreições: a dos justos e as dos ímpios (Jo 5.28.29). Alguns interpretes entendem a ressurreição dos mortos como um só evento, num mesmo tempo. Declaram que a única distinção é que “uns ressuscitarão para a vida” e outros “para a perdição”. Entretanto, essa teoria é largamente refutada. Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecera no fim de todas as coisas, após o período do Milênio na terra, quando haverá o Juízo Final diante do Grande Trono Branco (Hb 4.13).

b) A natureza dos corpos ressuscitados dos ímpios. Quanto à ressurreição o processo será o mesmo que o dos justos. Seus corpos terão todas as partículas físicas reunidas e transformadas em corpos espirituais, mas sem qualquer gloria, À semelhança dos justos no Hades, as almas e espíritos se unirão aos seus corpos sepultados para serem julgados por suas obras (Ap 20.12; Dn 12.2). Nenhuma gloria, nenhuma beleza, mas totalmente inglório, para que sejam prestado as contas perante o Supremo Juízo 9Hb 4.13; Rm 2.5,5; Hb 9.27).

c) O estado final dos ímpios. Na verdade, os ímpios ressuscitarão para uma “segunda morte”, Ap 21.8. Essa “segunda morte” não significa aniquilamento, mas banimento da presença de Deus (2 Ts 1.9). Esse banimento implica que todos os ímpios serão lançados no Geena, chamado “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo inapagável – o tormento eterno (Ap 14.10,11)

CONCLUSÃO
A esperança da Igreja está baseada na ressurreição de Cristo. Sua morte e ressurreição são a garantia total de que Ele voltara. Sua vitória sobre a morte foi com gloria, triunfo e poder.


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