Lição 13
O LEGADO DE MOISÉS
Alberto Araújo
TEXTO ÁUREO
“Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos
nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt 34.7).
VERDADE PRÁTICA
Moisés
foi usado por Deus para tirar Israel do Egito e entregar os Dez Mandamentos
para a humanidade.
.
LEITURA DIÁRIA
Êx 6.20 – A família de Moisés
20 E Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia, e ela
deu-lhe Arão e Moisés: e os anos da vida de Anrão foram cento e trinta e sete
anos.
Dt
33.1-29 – A última bênção de um líder
1 Esta,
porém, é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel
antes da sua morte.
2 Disse pois: O Senhor veio de Sinai, e lhes subiu de Seir;
resplandeceu desde o monte Parã, e veio com dez milhares de santos; à sua
direita havia para eles o fogo da lei.
3 Na verdade ama os povos; todos os seus santos estão na sua
mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas
palavras.
7 E isto é o que disse de Judá: Ouve, ó Senhor, a voz de
Judá, e introduze-o no seu povo; as suas mãos lhe bastem, e tu lhe sejas em
ajuda contra os seus inimigos.
8 E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu
amado, que tu provaste em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá.
9 Aquele que disse a seu pai, e à sua mãe: Nunca os vi; e
não conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos; pois guardaram a tua
palavra e observaram a tua aliança.
10 Ensinaram os teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel;
puseram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar.
11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e aceita a obra das suas
mãos; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o odeiam, para que nunca
mais se levantem.
12 E de Benjamim disse: O amado do Senhor habitará seguro com
ele; todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus ombros.
13 E de José disse: Bendita do Senhor seja a sua terra, com o
mais excelente dos céus, com o orvalho e com o abismo que jaz abaixo.
16 E com o mais excelente da terra, e da sua plenitude, e com
a benevolência daquele que habitava na sarça, venha sobre a cabeça de José, e
sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos.
17 Ele tem a glória do primogênito do seu touro, e os seus
chifres são chifres de boi selvagem; com eles rechaçará todos os povos até às
extremidades da terra; estes pois são os dez milhares de Efraim, e estes são os
milhares de Manassés.
19 Eles chamarão os povos ao monte; ali apresentarão ofertas
de justiça, porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da
areia.
20 E de Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar a Gade;
habita como a leoa, e despedaça o braço e o alto da cabeça.
21 E se proveu da melhor parte, porquanto ali estava
escondida a porção do legislador; por isso veio com os chefes do povo, executou
a justiça do Senhor e os seus juízos para com Israel.
23 E de Naftali disse: Farta-te, ó Naftali, da benevolência,
e enche-te da bênção do Senhor; possui o ocidente e o sul.
24 E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos; agrade
a seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé.
26 Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus, que cavalga
sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua majestade sobre as mais altas
nuvens.
27 O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os
braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o.
28 Israel, pois, habitará só, seguro, na terra da fonte de
Jacó, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho.
29 Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo
pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os
teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.
Lc
24.27,44,45 – Moisés, profeta messiânico
27 E, começando
por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em
todas as Escrituras.
44 E
disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que
convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e
nos profetas e nos Salmos.
At
3.22,23 – Moisés, tipo de Cristo
22 Porque
Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um
profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser.
23 E
acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre
o povo.
Dt
32.1-47 – O último cântico de Moisés
1 Inclinai
os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca.
2 Goteje
a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como
chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.
3 Porque
apregoarei o nome do Senhor; engrandecei a nosso Deus.
4 Ele
é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus
é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
5 Corromperam-se
contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e
distorcida é.
6 Recompensais
assim ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai que te adquiriu, te
fez e te estabeleceu?
7 Lembra-te
dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações: pergunta a teu
pai, e ele te informará; aos teus anciãos, e eles te dirão.
8 Quando
o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão
uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos
de Israel.
9 Porque
a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.
10 Achou-o
numa terra deserta, e num ermo solitário cheio de uivos; cercou-o, instruiu-o,
e guardou-o como a menina do seu olho.
11 Como
a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas
asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas,
12 Assim
só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho.
13 Ele
o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e comer os frutos do campo, e o fez
chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira.
14 Manteiga
de vacas, e leite de ovelhas, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que
pastam em Basã, e dos bodes, com o mais escolhido trigo; e bebeste o sangue das
uvas, o vinho puro.
15 E,
engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura
te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.
16 Com
deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram.
17 Sacrifícios
ofereceram aos demônios, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos
deuses que vieram há pouco, aos quais não temeram vossos pais.
18 Esqueceste-te
da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou;
19 O
que vendo o Senhor, os desprezou, por ter sido provocado à ira contra seus
filhos e suas filhas;
20 E
disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim; porque são
geração perversa, filhos em quem não há lealdade.
21 A
zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me
provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com
nação louca os despertarei à ira.
22 Porque
um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e
consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes.
23 Males
amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles.
24 Consumidos
serão de fome, comidos pela febre ardente e de peste amarga; e contra eles
enviarei dentes de feras, com ardente veneno de serpentes do pó.
25 Por
fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao jovem, juntamente com a
virgem, assim à criança de peito como ao homem encanecido.
26 Eu
disse: Por todos os cantos os espalharei; farei cessar a sua memória dentre os
homens,
27 Se
eu não receasse a ira do inimigo, para que os seus adversários não se iludam, e
para que não digam: A nossa mão está exaltada; o Senhor não fez tudo isto.
28 Porque
são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento.
29 Quem
dera eles fossem sábios! Que isto entendessem, e atentassem para o seu fim!
30 Como poderia ser que um só perseguisse mil, e dois
fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, e o Senhor os não
entregara?
32 Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de
Gomorra; as suas uvas são uvas venenosas, cachos amargos têm.
35 Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o
seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de
suceder, se apressam a chegar.
36 Porque o Senhor fará justiça ao seu povo, e se compadecerá
de seus servos; quando vir que o poder deles se foi, e não há preso nem
desamparado.
38 De cujos sacrifícios comiam a gordura, e de cujas libações
bebiam o vinho? Levantem-se, e vos ajudem, para que haja para vós esconderijo.
39 Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de
mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da
minha mão.
41 Se eu afiar a minha espada reluzente, e se a minha mão
travar o juízo, retribuirei a vingança sobre os meus adversários, e recompensarei
aos que me odeiam.
42 Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada
comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá
vinganças do inimigo.
43 Jubilai, ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue
dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá
misericórdia da sua terra e do seu povo.
44 E veio Moisés, e falou todas as palavras deste cântico aos
ouvidos do povo, ele e Josué, filho de Num.
45 E,
acabando Moisés de falar todas estas palavras a todo o Israel,
46 Disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras
que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que
tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei.
47 Porque esta palavra não vos é vã, antes é a vossa vida; e
por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra a qual, passando o Jordão,
ides a possuir.
Dt
34.1-5 – Moisés vê a Terra Prometida e morre
1 Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao
cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra
desde Gileade até Dã;
2 E
todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés e toda a terra de Judá, até ao
mar ocidental;
3 E
o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar.
4 E
disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo:
À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não
passarás.
5 Assim
morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do
Senhor.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Deuteronômio 34.10-12; Hebreus 11.23-29.
Deuteronômio
34
10 - E
nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor
conhecera face a face;
11 - nem
semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na
terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra;
12 - e
em toda a mão forte e em todo o espanto grande que operou Moisés aos olhos de
todo o Israel.
Hebreus
11
23 - Pela
fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram
que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei.
24 - Pela
fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
25 - escolhendo,
antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o
gozo do pecado;
26 - tendo,
por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque
tinha em vista a recompensa.
27 - Pela
fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o
invisível.
28 - Pela
fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos
primogênitos lhes não tocasse.
29 - Pela
fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios,
se afogaram.
INTERAÇÃO
Se há
alguma coisa de valor transcendente que os líderes podem deixar aos sucessores
é o seu legado. Queremos dizer com legado toda a disposição, tradição, exemplos
e valores morais e espirituais, deixados pelo líder para o bem da igreja local.
Conta-nos
a Bíblia a história de um rei chamado Jeorão (2Cr 21.4-20).
4 E,
subindo Jeorão ao reino de seu pai, e havendo-se fortificado, matou a todos os
seus irmãos à espada, como também a alguns dos príncipes de Israel.
5 Da
idade de trinta e dois anos era Jeorão, quando começou a reinar; e reinou oito
anos em Jerusalém.
6 E
andou no caminho dos reis de Israel, como fazia a casa de Acabe; porque tinha a
filha de Acabe por mulher; e fazia o que era mau aos olhos do Senhor.
7 Porém
o Senhor não quis destruir a casa de Davi, em atenção à aliança que tinha feito
com Davi; e porque também tinha falado que lhe daria por todos os dias uma
lâmpada, a ele e a seus filhos.
8 Nos
seus dias se revoltaram os edomitas contra o mando de Judá, e constituíram para
si um rei.
9 Por
isso Jeorão passou adiante com os seus príncipes, e todos os carros com ele;
levantou-se de noite, e feriu aos edomeus, que o tinham cercado, como também
aos capitães dos carros.
10 Todavia
os edomitas se revoltaram contra o mando de Judá até ao dia de hoje; então no
mesmo tempo Libna se revoltou contra o seu mando; porque deixara ao Senhor Deus
de seus pais.
11 Ele
também fez altos nos montes de Judá; e fez com que se corrompessem os moradores
de Jerusalém, e até a Judá impeliu a isso.
12 Então
lhe veio um escrito da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor
Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Jeosafá, teu pai, e
nos caminhos de Asa, rei de Judá,
13 Mas
andaste no caminho dos reis de Israel, e fizeste prostituir a Judá e aos
moradores de Jerusalém, segundo a prostituição da casa de Acabe, e também
mataste a teus irmãos da casa de teu pai, melhores do que tu;
14 Eis
que o Senhor ferirá com um grande flagelo ao teu povo, aos teus filhos, às tuas
mulheres e a todas as tuas fazendas.
15 Tu
também terás grande enfermidade por causa de uma doença em tuas entranhas, até
que elas saiam, de dia em dia, por causa do mal.
16 Despertou,
pois, o Senhor, contra Jeorão o espírito dos filisteus e dos árabes, que
estavam do lado dos etíopes.
17 Estes
subiram a Judá, e deram sobre ela, e levaram todos os bens que se achou na casa
do rei, como também a seus filhos e a suas mulheres; de modo que não lhe
deixaram filho algum, senão a Jeoacaz, o mais moço de seus filhos.
18 E
depois de tudo isto o Senhor o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade
incurável.
19 E
sucedeu que, depois de muito tempo, ao fim de dois anos, saíram-lhe as
entranhas por causa da doença; e morreu daquela grave enfermidade; e o seu povo
não lhe queimou aroma como queimara a seus pais.
20 Era
da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em
Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; e sepultaram-no na cidade de Davi,
porém não nos sepulcros dos reis.
Este
era um opressor, sem qualquer sensibilidade humana e que andava nos caminhos
dos reis de Israel. Esse rei não deixou qualquer legado edificante para os seus
sucessores, ao ponto de o texto bíblico descrever o sentimento do povo quando
da sua morte, desse modo: “e foi-se sem deixar de si saudades” (v.20). Que este
não seja o legado dos líderes cristãos!
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Conhecer a respeito dos últimos dias da vida de Moisés.
·
Explicar as características de Moisés como homem de Deus e
pastor de Israel.
·
Aprender à luz do legado de Moisés sobre a comunhão, a piedade e
a prudência.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, peça à classe que cite cinco características positivas e cinco
negativas que possam existir numa liderança. À medida que responderem, anote as
respostas na lousa em duas colunas respectivas (características positivas e
negativas). Em seguida, diga aos alunos que um líder não é um super-homem. Ele
é igualzinho a nós, pois se trata de um ser humano. Entretanto, as Escrituras
convocam os líderes a apresentarem uma vida de serviço a Deus e à igreja que
lideram. Conclua a lição dizendo que devemos amar os nossos líderes, pois são
pessoas vocacionadas por Deus para fazer o bem à sua Igreja.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Legado: O
que é transmitido às gerações que se seguem.
Moisés
nasceu quando Israel estava cativo no Egito, durante os terríveis dias em que
Faraó ordenou que todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem
mortos (Êx 1.15,16). Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã,
descendente de Abraão (Gn 25.1,2). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor
e nas Escrituras Sagradas é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi
fiel em toda a sua casa” (Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus
chama Moisés de “meu servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele
é chamado “Moisés, servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de
Cristo.
I. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
1. As
palavras de despedida. O ministério de Moisés chegaria ao fim
em breve. Consciente deste fato, ele se despede ensinando o seu povo a guardar
as leis.
No
capítulo 32 do livro de Deuteronômio, temos o último cântico de Moisés. O servo
do Senhor se despede com adoração e louvor. Moisés de forma bem didática faz um
resumo de toda a história de Israel em forma de cântico. Segundo a Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal, ele “fez o povo lembrar de seus erros, a fim
de que não mais os repetisse e suscitou a nação a confiar apenas em Deus”.
1 Inclinai
os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca.
2 Goteje
a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como
chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.
3 Porque
apregoarei o nome do Senhor; engrandecei a nosso Deus.
4 Ele
é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus
é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
5 Corromperam-se
contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e
distorcida é.
6 Recompensais
assim ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai que te adquiriu, te
fez e te estabeleceu?
7 Lembra-te
dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações: pergunta a teu
pai, e ele te informará; aos teus anciãos, e eles te dirão.
8 Quando
o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão
uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos
de Israel.
9 Porque
a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.
10 Achou-o
numa terra deserta, e num ermo solitário cheio de uivos; cercou-o, instruiu-o,
e guardou-o como a menina do seu olho.
11 Como
a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas
asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas,
12 Assim
só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho.
13 Ele
o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e comer os frutos do campo, e o fez
chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira.
14 Manteiga
de vacas, e leite de ovelhas, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que
pastam em Basã, e dos bodes, com o mais escolhido trigo; e bebeste o sangue das
uvas, o vinho puro.
15 E,
engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura
te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.
16 Com
deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram.
17 Sacrifícios
ofereceram aos demônios, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos
deuses que vieram há pouco, aos quais não temeram vossos pais.
18 Esqueceste-te
da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou;
19 O
que vendo o Senhor, os desprezou, por ter sido provocado à ira contra seus filhos
e suas filhas;
20 E
disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim; porque são
geração perversa, filhos em quem não há lealdade.
21 A
zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me
provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com
nação louca os despertarei à ira.
22 Porque
um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e
consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes.
23 Males
amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles.
24 Consumidos
serão de fome, comidos pela febre ardente e de peste amarga; e contra eles
enviarei dentes de feras, com ardente veneno de serpentes do pó.
25 Por
fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao jovem, juntamente com a
virgem, assim à criança de peito como ao homem encanecido.
26 Eu
disse: Por todos os cantos os espalharei; farei cessar a sua memória dentre os
homens,
27 Se
eu não receasse a ira do inimigo, para que os seus adversários não se iludam, e
para que não digam: A nossa mão está exaltada; o Senhor não fez tudo isto.
28 Porque
são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento.
29 Quem
dera eles fossem sábios! Que isto entendessem, e atentassem para o seu fim!
30 Como
poderia ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua
Rocha os não vendera, e o Senhor os não entregara?
31 Porque
a sua rocha não é como a nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes
disto.
32 Porque
a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas
venenosas, cachos amargos têm.
33 O
seu vinho é ardente veneno de serpentes, e peçonha cruel de víboras.
34 Não
está isto guardado comigo? Selado nos meus tesouros?
35 Minha
é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da
sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a
chegar.
36 Porque
o Senhor fará justiça ao seu povo, e se compadecerá de seus servos; quando vir
que o poder deles se foi, e não há preso nem desamparado.
37 Então
dirá: Onde estão os seus deuses? A rocha em quem confiavam,
38 De
cujos sacrifícios comiam a gordura, e de cujas libações bebiam o vinho?
Levantem-se, e vos ajudem, para que haja para vós esconderijo.
39 Vede
agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço
viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.
40 Porque
levantarei a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para sempre.
41 Se
eu afiar a minha espada reluzente, e se a minha mão travar o juízo, retribuirei
a vingança sobre os meus adversários, e recompensarei aos que me odeiam.
42 Embriagarei
as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos
e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo.
43 Jubilai,
ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os
seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do
seu povo.
44 E
veio Moisés, e falou todas as palavras deste cântico aos ouvidos do povo, ele e
Josué, filho de Num.
45 E,
acabando Moisés de falar todas estas palavras a todo o Israel,
46 Disse-lhes:
Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para
que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as
palavras desta lei.
47 Porque
esta palavra não vos é vã, antes é a vossa vida; e por esta mesma palavra
prolongareis os dias na terra a qual, passando o Jordão, ides a possuir.
49 Sobe ao monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra
de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que darei aos filhos de
Israel por possessão.
50 E morre no monte ao qual subirás; e recolhe-te ao teu
povo, como Arão teu irmão morreu no monte Hor, e se recolheu ao seu povo.
51 Porquanto transgredistes contra mim no meio dos filhos de
Israel, às águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim; pois não me
santificastes no meio dos filhos de Israel.
52 Pelo que verás a terra diante de ti, porém não entrarás
nela, na terra que darei aos filhos de Israel.
2.
Moisés incentiva o povo a meditar na Palavra. Moisés era um homem
que amava os preceitos divinos. Por isso, antes de sua partida ele incentiva e
reforça a ideia de que os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças
de Deus, a fim de que prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e
meditam na lei de Deus são bem-aventurados (Sl 1.1-6).
1 Bem-aventurado
o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos
pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
2 Antes
tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
3 Pois
será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no
seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.
4 Não
são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha.
5 Por
isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos
justos.
6 Porque
o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.
3.
Moisés vê a Terra Prometida e morre. Antes de morrer,
Moisés abençoou cada uma das tribos de Israel (Dt 33.1-29). Ele lutou em favor
do seu povo e o amou até os últimos dias de sua vida. Ele foi fiel a Deus e à
sua nação em tudo. Por ocasião de sua morte, por ordem de Deus, Moisés sobe até
o monte Nebo e dali avista toda a Terra Prometida. Porém, não tem permissão
para entrar nela. Moisés havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20). Ali
no monte, solitário, o grande legislador vai se encontrar com o seu Deus. Ele
foi sepultado pelo Senhor em um vale na terra de Moabe, todavia, o local nunca
foi revelado a ninguém (Dt 34.6). Certamente Deus quis evitar que o local,
assim como o corpo de Moisés, fossem venerados pelos israelitas. Durante trinta
dias os israelitas choraram e lamentaram a morte de Moisés (Dt 34.8).
4.
Moisés nomeia seu sucessor (Dt 31.1-8). É necessário
começar bem um ministério e terminá-lo de igual forma. Moisés preparou Josué
para que este fosse o seu sucessor. O Legislador de Israel tinha consciência de
que seu ministério um dia findaria. É muito importante que o líder do povo de Deus
tenha esta consciência e prepare os seus sucessores ainda em vida, assim como
fez Moisés (Dt 34.7-9).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Em seus
últimos dias de vida, Moisés dispensou palavras de advertências e exortações ao
povo. Em seguida, viu a Terra Prometida e morreu.
II.
MOISÉS, PASTOR DE ISRAEL
1.
Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas Escrituras
de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de Israel sob
a mão de Deus (Sl 77.20: 20 Guiaste
o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.).
Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus usa como Ele quer.
2.
Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em força,
coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na época
muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito ocupado com
seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração intercessória
pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um exemplo disso está
em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças saber o teu
caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me mostres a
tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente, como
alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.
Moisés
intercedeu diante do Senhor pedindo para entrar na tão sonhada Terra Prometida,
mas Deus negou esse pedido (Dt 3.23-25).
Oremos
sempre uns pelos outros, inclusive pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos
os homens” (1Tm 2.1), a fim de que alcancem a eterna Jerusalém.
3.
Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí, a
quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram
campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At 3.16;
6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1Co 12.9); fé para operar
maravilhas.
Moisés
e Arão realizaram muitos milagres perante Faraó e seus oficiais no período que
precedeu a saída de Israel do Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes
tinham por objetivo demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram
diante do Deus verdadeiro e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Moisés como pastor de Israel
era um homem de Deus, de oração e de fé.
III. APRENDENDO COM MOISÉS
1. A
cultivar comunhão com Deus. “Cultivar”, significa incentivar,
preparar para o crescimento. Muito antes de as primeiras flores aparecerem ou
os sinais do fruto serem vistos, muito foi feito para preparar a planta para o
fruto esperado. O lavrador cuida da planta com zelo para que esta seja mais
produtiva. Este processo de carinho e atenção é o cultivo. É em nossa relação
com Deus, mediante a comunhão contínua, que nossa vida é mudada e desenvolvida
em direção à realização plena. Como filho de Deus, você desfruta de plena
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Cultive, como Moisés, esta
comunhão, passando mais tempo com Deus em oração, leitura da Palavra e
adoração. Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão bastante íntima com
Deus.
2. A
ter comunhão com outros crentes. Através da vida de
comunhão com os santos, você é incentivado a viver a vida cristã saudável e
abundante. Os primeiros cristãos tinham comunhão diária entre si (At 2.46). Não
admira que suas vidas fossem testemunhos poderosos do Evangelho e fizessem com
que as pessoas tivessem sede de salvação. Havia uma colheita diária de almas, à
medida que o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos (At 2.46,47).
Moisés prezava pela comunhão em família e com todo o povo de Deus. Sigamos de
perto o seu exemplo e busquemos a comunhão com os nossos irmãos, pois estamos
também todos caminhando rumo à Terra Prometida.
3. A
aceitar o ministério de líderes piedosos. Os líderes são
instrumentos de Deus para alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza
que o propósito dos ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores
e doutores na igreja é edificar o povo de Deus. Quando você aceita e aplica os
ensinos de Deus, que nos são proporcionados por meio dos líderes que Ele
chamou, você é levado a um lugar de maior fertilidade e de crescimento (Ef
4.16). Toda vez que os hebreus deixavam de obedecer a Moisés eles pecavam e
eram grandemente prejudicados. Quando Miriã se rebelou contra a liderança de
Moisés, seu irmão, ela ficou leprosa e o povo todo não pôde partir. Todos
ficaram retidos pela desobediência de uma única pessoa.
4. A
ter cuidado com os inimigos. Ao entrarem na
Terra Prometida, os israelitas tinham de destruir as nações ímpias que ali
viviam. Esse era o plano de Deus, mas Israel não o seguiu. Em consequência
disso, o povo de Israel foi seduzido pelos maus caminhos desses povos (Sl
106.34-36). Essa experiência é um aviso para nós. Cuidado com o Inimigo e as
suas propostas. Vigie para que você e sua família não sejam seduzidos pelas
coisas deste mundo. O mundo e a sua concupiscência é passageiro, mas os valores
de Deus e a sua Palavra são eternos.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A vida de
Moisés nos ensina a cultivar a comunhão com Deus e com o próximo, a piedade e a
prudência.
CONCLUSÃO
Moisés
cumpriu sua carreira com fé em Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou
ser fiel ao Senhor. Sigamos o exemplo deste líder a fim de que possamos viver
com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira de viver.
EXERCÍCIOS
1. Em
que livro da Bíblia encontramos o último cântico de Moisés?
R. Deuteronômio.
2. De
acordo com a lição, o que fez Moisés antes de morrer?
R. Moisés
abençoou cada uma das tribos de Israel (Dt 33.1-29).
3. Por
que Moisés não teve permissão para entrar na Terra Prometida?
R. Moisés
havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20).
4. Descreva
sobre Moisés como homem de oração.
R. Moisés era
um homem muito ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito
tempo em oração pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava.
5. Cite
três coisas que podemos aprender com a vida de Moisés.
R. Cultivar a
comunhão com Deus e com os outros crentes.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio
Bibliológico
“[Deuteronômio]
31.2 [...] Parece injusto que o Senhor negue a Moisés o acesso à Terra
Prometida, por causa de uma explosão e descontrole por parte daquele homem
(1.37; cf. Nm 20.12). Mas Moisés, aquele homem que havia recebido um privilégio
especial, também foi incumbido de uma responsabilidade especial. Deixar de
cumprir a sua responsabilidade de uma forma completa significava passar a ter
uma má reputação, tanto para si mesmo como para o seu Deus. Por este motivo,
ele não pôde entrar na terra, com a nova geração.
31.9 Este
versículo confirma claramente a autoria mosaica, pelo menos do livro de
Deuteronômio, se não todo o Pentateuco. Os que argumentam que editores do final
da época anterior ao exílio, ou até mesmo durante o exílio, inseriram
declarações como esta para indicar uma composição de autoria mosaica tardia, o
fazem apenas com base em uma pressuposição de que Moisés não poderia ter
escrito estes textos. Estas suposições infundadas podem surgir de um desejo de
despir o Pentateuco, e a Bíblia como um todo, de qualquer credibilidade” (Bíblia
de Estudo Defesa da Fé: Questões Reais, Respostas Precisas, Fé
Solidificada. RJ: CPAD, 2010, p.359)
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio
Bibliológico
“Em um
certo sentido, Deuteronômio, e na verdade todo o Pentateuco, termina como uma
história incompleta. Deuteronômio se encerra sem que Moisés ou Israel adentrem
a terra, embora Moisés tenha podido vê-la. O que Deus tinha prometido repetidas
vezes aos patriarcas, desde Gênesis 12.7, não se concretiza até o fim do
Pentateuco. Von Rad resolveu de modo fácil (e artificial) essa questão,
bastando substituir o conceito de Pentateuco pelo de um Hexateuco. Ele traz
Josué para o clímax final de um conjunto de seis livros, em vez de permitir que
Deuteronômio e Moisés desempenhem esse papel em um conjunto de cinco livros.
Todavia,
a forma como o Pentateuco é encerrado pode ser mais uma confirmação teológica
que um problema teológico. Em primeiro lugar, como comenta Sanders, a posição
de Deuteronômio entre Números e Josué, entre peregrinações e o fim das
peregrinações, ‘tomou o lugar de Josué e suas conquistas como o clímax do
perigo canônico de autoridade [...] A verdadeira autoridade é encontrada apenas
no período de Moisés’.
Além
disso, o Pentateuco termina com realismo (‘Vocês ainda não são o que Deus quer
que vocês sejam’) e esperança (‘Logo vocês estarão no lugar que Deus lhes
separou’). É no deserto que você está, mas não é no deserto que ficará. Para
citar Walter Brueggemann: ‘O texto, de mais a mais, serve para todo o tipo de
comunidades de exilados. O Pentateuco é, no final das contas, a promessa de um
lar e de um retorno ao lar. É uma promessa dada pelo Deus de todas as
promessas, que jamais se contentará com o deserto, o exílio ou o degredo’”
(HAMILTON, V. P. Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio. 1 ed., RJ: CPAD, 2006, pp.534-35)
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Legado
de Moisés
Moisés
foi um importante profeta, poeta, legislador e acima de tudo servo do Senhor
valoroso. Um homem de muita fé. A fé de Moisés fez com que ele acreditasse no
impossível. Sem fé não teria conduzido por tantos anos um povo rebelde e
contumaz. Sua vida foi um milagre, pois ainda bebê foi salvo da morte por seus
pais. Embora tenha sido criado no Egito, ele se identificou com o seu povo (Hb
11.5). Moisés viveu no Egito, foi criado pela filha de Faraó, mas nunca
permitiu que o Egito entrasse em seu coração. A Palavra de Deus nos exorta:
“Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12.2), o Egito é um tipo do mundo. Não
podemos nos adequar à maneira de ser mundana. Vivemos neste mundo, mas não
pertencem os a ele, estamos aqui de passagem. Em breve veremos não a Terra
Prometida, mas a Nova Jerusalém.
Moisés
foi escolhido e preparado pelo Senhor para conduzir os hebreus até a Terra
Prometida. O povo peregrinou durante quarenta anos pelo deserto, e certa vez,
Deus desejou exterminar o povo ali mesmo e prometeu a Moisés que faria dele uma
grande nação: “Agora, pois deixa-me , que o meu furor se acenda contra eles, e
os consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Êx 32.10). Todavia Moisés não
buscava somente favores divinos para si. Ele amava seu ministério e suas ovelhas
e intercedeu em favor delas (Êx 32.11-14). Moisés foi testado pelo Senhor. Deus
também testa a fidelidade e o amor daqueles que Ele chama para conduzir seu
povo. Tem você sido fiel?
Moisés
era homem e como tal um dia seu ministério chegaria ao final. Porém, como líder
ele se preocupava com seu povo e desejava instruí-los para que depois de sua
partida continuassem tendo a Deus como o soberano e único Senhor. Antes de
partir e estar para sempre com o Senhor, Moisés se preocupou em deixar toda a
lei escrita, assegurando que o povo jamais a abandonaria.
Depois
de atravessar o mar Vermelho, Moisés cantou um hino de adoração e louvor ao
Senhor pela passagem e livramento milagroso. Perto de passar desta vida para a
eternidade, Moisés canta novamente adorando a Deus. Seu cântico é um resumo de
tudo que Deus fez em favor do seu povo. Moisés era grato a Deus por todos os
Seus feitos. Moisés começou bem sua carreira e terminaria os seus dias também
bem, todavia por desobedecer a Deus ele não entrou na Terra Prometida. Moisés
vê a Terra Prometida e morre. O local da sua sepultura é um mistério que
somente será revelado na eternidade.
O Legado
de Moisés – Lição 13
Moisés foi, sem dúvida alguma, uma das maiores
personalidades e um dos maiores heróis da fé de todos os tempos. O seu legado
para o povo de Israel, para a humanidade como um todo e para a Igreja até os
dias de hoje é enorme. Neste capítulo, dentro do que nossa proposta sintética
permite, queremos apresentar alguns pontos importantíssimos desse legado,
relembrando aspectos especiais e inspiradores da vida e da obra desse homem de
Deus, destacando os efeitos de seu ministério até os nossos dias e a
importância do exemplo de Moisés para os crentes em Cristo de todos os tempos.
Primeiro, falaremos do legado de Moisés para o
povo judeu; em seguida, de sua importância para a humanidade como um todo; e,
por fim, e mais atentamente, analisaremos os exemplos instigantes de sua vida e
ministério para a vida do crente.
O Legado de Moisés
para o Povo Judeu A formação de uma nação
Moisés foi o instrumento que Deus usou para que
Israel se tornasse, enfim, uma nação, conforme Ele havia prometido aos
patriarcas Abraão, Isaque e jacó (Gn 15.5,7; 17.5-8; 26.3,4,24; 28.4,13-15;
35.9-13). Toda nação precisa de uma identidade, de uma cultura própria, de uma
língua, de valores, de leis pelas quais serão regidos, e Moisés foi usado por
Deus para dar tudo isso a Israel.
Por meio de seu ministério, a identidade
religiosa e os valores que deveriam pautar e guiar o povo foram definidos em
detalhes; uma cultura nova foi formada, diferente em muitos aspectos da cultura
das nações vizinhas; a língua hebraica ganhou o seu primeiro grande texto a
Torá (o Pentateuco) — que lhe daria perpetuidade e ser-lhe-ia referência na
história dos povos; e uma legislação revolucionária e um completo sistema de
organização social foram concedidos aos israelitas, que, agora, finalmente,
podiam se perceber e ser reconhecidos como uma nação, um novo povo. Mesmo
quando sofreu o exílio e a diáspora, Israel continuou a ser reconhecido como
uma nação, conquanto seu território tenha passado, durante séculos, sem a sua
presença maciça ou o seu governo. Uma fé e uma religião estruturadas
O Deus de Israel era o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó, porém a fé e o culto hebreus ainda careciam de uma normatização e
organização, até que Deus os estruturou, por intermédio de Moisés, como vimos
detidamente nos capítulos 9, 11 e 12 deste livro. Em Romanos 9.4,5, o apóstolo
Paulo lembra que Deus deu a Israel sete coisas: tornou os israelitas seus
filhos por adoção, repartiu com eles um pouco da sua glória, fez-lhes uma
aliança e deu-lhes os patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), a legislação, o culto
e as promessas; e ainda, por meio deles, o Messias, Jesus (Rm 9.5). Tudo isso é
o que distinguia Israel das outras nações, fazendo dele o povo eleito. Porém,
como sabemos, houve a rejeição de Israel à vontade de Deus e, consequentemente,
a rejeição divina a Israel, que são os temas dos capítulos 9 a 11 de Romanos,
os quais terminam
"Moisés foi o instrumento que Deus usou
para que Israel se tornasse, enfim, uma nação, conforme Ele patriarcas
Jacó”revelando que a rejeição de Israel não é final e que Deus haverá de
restaurar Israel no fim dos tempos (Rm 11.25-28).
As Escrituras Sagradas do Pentateuco, um salmo
e, provavelmente, o Livro de Jó
O grande legado de Moisés está expresso em suas
obras que atravessaram séculos, chegando até os nossos dias e formando parte
significativa e basilar do cânone veterotestamentário. São de Moisés o
Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o Salmo 90 (que
é, portanto, o mais antigo salmo de Israel) e provavelmente também o belíssimo
Livro de Jó. A riqueza e a importância histórica, social, espiritual e
literária dessas obras para o mundo revelam a grandeza do ministério desse
grande homem de Deus para o seu povo e para toda a humanidade.
O Legado de Moisés
para a Humanidade A legislação hebraica
Já nos dedicamos, no capítulo 10, a demonstrar alguns
dos muitos aspectos revolucionários da legislação hebraica para a história do
Direito no mundo. Ela foi revolucionária para a sua época e, tempos depois,
serviria de inspiração para muitos avanços legais saudáveis com os quais já
estamos muito habituados em nossos dias, mas que, na época de Moisés, se
constituíam uma grande inovação. Dentre seus muitos aspectos revolucionários, a
legislação hebraica, por exemplo, “atribuía um grande valor à vida humana,
exigia um grande respeito para com a honra da mulher e conferia mais dignidade
à posição do escravo do que poderíamos encontrar em qualquer um dos códigos
legais das outras nações do Oriente Próximo”.1 Mais detalhes no já referido
capítulo 10.
Os valores judaicos
Não à toa, costuma-se chamar os valores
tradicionais do Ocidente, que foram responsáveis pela sua formação e se
constituem a base de todas as suas conquistas, de valores judaico-cristãos. Os
princípios do Decálogo (Ex 20.1-17), por exemplo, ajudaram a moldar todos os
valores do Ocidente, juntamente com o cristianismo.
O Legado de Moisés
para a Igreja Seu exemplo de fé
Ao elaborar uma “Galeria de Heróis da Fé” do
Antigo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus coloca entre os seus
destaques, como não poderia deixar de ser, Moisés (Hb 11.23-29). Chama a
atenção, na descrição que ele faz do grande líder hebreu, principalmente o que
lemos nos versículos 24 a 27:
Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo
de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores
riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito, porque tinha em
vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque
ficou firme, como vendo o invisível.
Somente um homem que ama e serve a Deus com uma
fé robusta rejeita completamente as riquezas e a glória do mundo, preferindo
sofrer fazendo a obra do Senhor. Moisés não tomava as suas decisões baseado
simplesmente no que a lógica humana e os seus cinco sentidos lhe diziam, mas
tinha em vista a importância histórica e espiritual do que estava fazendo e “a
recompensa” que receberia do seu Senhor pela sua fidelidade ao seu chamado. Ele
via além do que poderia perceber a maioria das pessoas do seu tempo, porque ele
via “o invisível”.
Ademais, somente um homem que ama e serve a Deus
com uma fé robusta não empalidece diante das adversidades mais intensas, não
esmorece diante dos poderosos e das circunstâncias prementes que o pressionam a
abandonar a vontade divina. A Bíblia diz que Moisés desprezou completamente “a
ira do rei”, a oposição dos grandes e poderosos deste mundo, e “ficou firme”,
porque está “vendo o invisível”.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas
que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Seu exemplo de
lide- ' rança
Moisés foi um líder notável, que aguentou o que
pouquíssimos ou ninguém — em sua época aguentaria. Ele guiou brilhantemente
milhões de pessoas pelo deserto, resistiu à oposição com firmeza; soube superar
os momentos de crise, tensão, desânimo e revolta; levou o povo ao
arrependimento várias vezes; organizou aqueles ex - escravos como uma
sociedade; deu a eles uma identidade como nação; soube ouvir os conselhos de
seu sogro, Jetro, (Ex 18.13-27) e preparou muito bem o seu sucessor — Josué.
Seu exemplo de
paciência
Números 12.3 nos lembra que “era o varão Moisés
mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. E era preciso
ser muito temperante mesmo para suportar todas as adversidades e pressões que
ele enfrentou. Aliás, isso mostra quão poderosa foi a transformação que Deus
fez em Moisés, que antes fora precipitado e assassino (Êx 2.11-13).
O termo hebraico traduzido por “manso” em
Números 12.3 é anãw(עָנָו), que significa “humilde”, “pobre”, “simples”. No sentido em que
ele é usado aqui, descreve, segundo o Dicionário Vine, “a condição objetiva e
também a postura subjetiva de Moisés” como um homem “completamente dependente
de Deus” e que “via o que era”.2 O fato de Moisés, mesmo tendo tanto
autocontrole que Deus lhe dava, não ter entrado na Terra Prometida com o povo
justamente porque pecou ao perder o controle, fazendo algo diferente do que
Deus lhe determinara (Nm 20.7-12), só evidencia o quanto somos dependentes da
graça de Deus.
Mesmo um homem impetuoso e assassino como o
jovem Moisés pode se tornar, quarenta anos depois, um homem extremamente manso
e humilde, em virtude da graça transformadora de Deus; e mesmo o homem mais
humilde e manso da Terra pela graça de Deus pode ter momentos de fraqueza e
perder seu autocontrole se não tiver cuidado, como aconteceu com Moisés. Súmula
da história: somos dependentes da graça divina, do poder do Espírito Santo,
tanto para desenvolvermos a temperança quanto para mantemo-nos no centro da vontade de Deus, humildes e temperantes, sejam
quais forem as circunstâncias.
Não por acaso, a temperança é apresentada na
Bíblia como um dos gomos do fruto do Espírito, que se chama fruto do Espírito
exatamente porque é produzido em nós pela ação do Espírito Santo de Deus, isto
é, quando nos entregamos à ação dEle em nossa vida (G1 5.22,23).
Que Deus nos dê graça para seguirmos o bom
exemplo desse homem de Deus, que, tirando o episódio das águas de Meribá (Nm
20.7-13), durante seus quarenta anos de ministério, nada fez “por contenda ou
por vanglória, mas por humildade” (Fp 1.3) e zelo ardente pela obra de Deus.
Seu exemplo como intercessor
Moisés foi grande sacerdote do povo juntamente
com Arão, e primeiro que ele (SI 99.6). Ele intercedeu decisivamente pelo povo
de Israel em momentos de enorme crise (Êx 15.25; 33.1-17; Nm 14.13-25).
Seu exemplo de integridade
Moisés teve muitas oportunidades de corromper a
sua integridade, mas escolheu manter-se íntegro. Ele, por exemplo, preferiu
sofrer com o povo de Israel a gozar a glória e os prazeres do Egito, sendo fiel
ao seu chamado (Hb 11.24-26).
Seu exemplo de persistência
Apesar de tantos momentos difíceis que Moisés
vivenciou em sua trajetória espiritual, ele permaneceu firme, porque estava “vendo
o invisível” (Hb 11.27). Sua persistência era derivada diretamente de sua fé em
Deus. Como sublinha a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “é fácil ser enganado
pelos benefícios temporários da riqueza, da popularidade, da posição social e
da conquista, e ficar cego em relação aos benefícios de longo prazo do Reino de
Deus. A fé nos ajuda a olhar além do sistema de valores do mundo, para que
possamos enxergar os valores eternos do Reino de Deus”.3
Seu exemplo de comunhão com Deus
A Bíblia nos mostra que Moisés cultivava uma
vida de oração, mantendo um relacionamento muito íntimo com Deus: “Falava o
Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Ex 33.11).
Como frisa Matthew Henry, “isto sugere que Deus se revelou a Moisés, não só com
clareza e evidências maiores da luz divina do que a qualquer outro dos
profetas, mas também com expressões particulares e ainda maiores de bondade e
graça. Ele fala não como um príncipe a um súdito, mas como qualquer fala com o
seu amigo, a quem ama”.4
Deus também quer ter hoje um relacionamento
íntimo conosco! Como destaca a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Moisés
desfrutou tal favor de Deus não porque era perfeito, genial ou poderoso, mas
porque Deus o escolheu. Por sua vez, Moisés confiou inteiramente na sabedoria e
direção de Deus. A amizade com Deus era um verdadeiro privilégio para Moisés, e
estava [nesse nível] fora do alcance dos hebreus. Mas, hoje, ela não é
inalcançável para nós. Jesus chamou seus discípulos e, por extensão, todos os
seus seguidores — de amigos (Jo 15.15). Ele o chamou para ser seu amigo. Você
confiaria nEle como fez Moisés?”.5
O Cântico de Moisés
A Bíblia afirma que quando o povo estava para
entrar em Canaã, Deus deu ordem a Moisés para que compusesse um cântico
contendo um resumo de sua exortação ao povo e o ensinasse aos filhos de Israel
(Dt 31.19). Deus sabia que os cânticos podem ser aprendidos e transmitidos com
facilidade, por isso os viu como um meio perfeito para que a sua exortação
fosse gravada na mente do seu povo. Deus sabia que a sua exortação seria mais
eficientemente ensinada e lembrada dessa forma, pois, sendo cantada, estaria
“na boca do povo” (“ensinai-o [...] ponde-o na sua boca”). Esse cântico está
registrado em Deuteronômio 32.1-43.
Depois de apresentá-lo a Israel, Moisés disse:
“Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para
que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as
palavras desta lei. Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida (Dt
32.46,47, grifo meu).
“É a vossa vida!” Verdades vitais condensadas em
um hino; a vida condensada em um hino.
Ainda hoje, hinos, quando inspirados por Deus,
são, por assim dizer, pequenas cápsulas de vida condensada, tendo o poder de
renovar corações mortificados, aquecer corações arrefecidos e liquefazer almas
empedernidas. Assim como, quando uma canção é eivada de conteúdo maligno, é uma
cápsula de veneno e morte condensados.
As Profecias de
Moisés Profecia sobre Jesus
Em Deuteronômio 18.15, Moisés profetizou sobre
Jesus, referindo-se a Ele como “um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como
eu; a ele ouvireis”. O texto de Deuteronômio 18.15-22 fala implicitamente de
mais de um profeta — ou seja, o termo “profeta” ali aparece, em alguns
momentos, em alusão a uma sucessão de profetas que Deus levantaria para tratar
com Israel. Porém, o versículo 15 parece se referir a um profeta especial, de
maneira que, durante séculos, os judeus estiveram a procurar esse “O Profeta”
pós-Moisés, como destacam textos como João 1.21 e 7.40, quando os judeus se
perguntavam se João Batista ou Jesus seriam esse “O Profeta”. O apóstolo Pedro,
em sua pregação no Dia de Pentecostes, e o diácono Estêvão, primeiro mártir da
Igreja, em seu discurso diante de seus algozes em Jerusalém, mencionaram essa
profecia como tendo o seu cumprimento em Jesus (At 7.37).
Profecias sobre o destino de cada uma das doze
tribos de Israel
Como Isaque e Jacó abençoaram seus respectivos
filhos antes de morrer, Moisés, sob a orientação do Espírito Santo, abençoou os
filhos de Israel antes de falecer (Dt 33.1-29). O detalhe é que, ao invocar as
bênçãos conforme as tribos de Israel, Moisés omite Simeão, que seria absorvida
pela tribo de Judá (Js 19.2-9), mas o número 12 é preservado contando-se José
como sendo dois — Efraim e Manassés, seus dois filhos (Dt 33.17). As primeiras
tribos a serem abençoadas são as correspondentes aos filhos de Jacó com suas
esposas Leia e Raquel; em seguida, é a vez das tribos correspondentes aos
filhos de Israel com suas servas Bila e Zilpa.
Como ressalta a Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal, o que chama mais a atenção nessas bênçãos de Moisés sobre as doze
tribos é “a diferença entre as bênçãos que Deus deu a cada tribo: para uma, Ele
deu a melhor terra; e para outra, força ou segurança”. Isso nos faz lembrar que
muita gente, com frequência, ao ver alguém com uma bênção específica, pensa que
“Deus deve amar aquela pessoa mais do que outra”, mas a verdade é que “Deus
distribui talentos únicos às pessoas. Todos esses talentos são necessários para
que seu plano seja realizado”. Portanto, “não tenha inveja dos dons ou
presentes que as pessoas recebem de Deus. Olhe para o que Deus tem dado a você
e cumpra as tarefas que Ele o qualificou de maneira única para realizar”. Outro
detalhe é que a tribo de Gade recebeu a melhor parte da terra (Dt 33.20,21),
mas isso tem uma razão de ser: Gade “obedeceu a Deus punindo os malignos
inimigos de Israel”.6
A Morte de Moisés
A Bíblia diz que quando Moisés faleceu, ele
estava com 120 anos, que era uma idade já bem longeva para os padrões da época,
conforme depoimento do próprio Moisés (SI 90.10). Não obstante, “os seus olhos
nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt 34.7).
O último capítulo de Deuteronômio, que é o único
capítulo do Pentateuco que não foi escrito por Moisés, registra que, após a
morte do legislador de Israel, o reconhecimento e o amor do povo era tão grande
por ele que “os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas
de Moabe” (Dt 34.8).
O relato que Flávio Josefo, historiador judeu do
primeiro século d.C., faz das reações do povo de Israel e do próprio Moisés por
ocasião de sua despedida, conforme a tradição que havia sido passada aos judeus
até os dias do célebre historiador, é extremamente tocante. Claro que,
eventualmente, pode haver um ou outro exagero aqui e acolá nesse relato, mas
não se pode duvidar que muito dessa narrativa, que reproduzimos a seguir e que
atravessou gerações, é carregado de verdade. Vale a pena lê-la:
Depois que Moisés assim lhes falou, predisse a
cada uma das tribos o que lhes deveria acontecer e desejou-lhes mil bênçãos.
Toda essa enorme multidão não pôde por mais tempo reter as lágrimas; homens e
mulheres, grandes e pequenos, demonstraram igualmente sua pena por perder um
chefe tão ilustre; não houve nem mesmo criança que não derramasse lágrimas; sua
eminente virtude não podia ser ignorada nem mesmo pelos dessa idade. As pessoas
sensatas, umas deploravam a gravidade de sua perda para o futuro e outras
queixavam-se de não terem compreendido bastante que felicidade era para ele ter
um tal chefe e guia e serem privados dele quando o começavam a conhecer.
Nada, porém, demonstrou até que ponto chegava
sua aflição como o que aconteceu a esse grande legislador. Pois ainda que ele
estivesse persuadido de que não era necessário chorar à hora da morte, pois ela
vem por vontade de Deus e por uma lei indispensável da natureza, ele, no
entanto, ficou tão comovido pelas lágrimas de todo o povo que ele mesmo não
pôde deixar de chorar. Caminhou depois para onde deveria terminar a vida e
todos seguiram-no gemendo. Ele fez sinal com a mão aos que estavam mais
afastados para que parassem e rogou aos que estavam mais próximos que não o
afligissem mais ainda seguindo-o com tantas demonstrações de afeto. Assim, para
obedecer, eles pararam e todos, juntamente, lamentavam sua infelicidade por tão
grande perda.
Os senadores [anciãos], Eleazar, o
grão-sacrificador [sumo sacerdote], e Josué, o comandante do exército, foram os
únicos que o acompanharam. Quando ele chegou ao monte Nebo, que está em frente
a Jericó, tão alto que de lá se vê todo o país de Canaã, despediu-se dos
senadores [anciãos], abraçou a Eleazar e Josué, e deu-lhes seu último adeus.
Ainda ele falava quando uma nuvem o rodeou e ele foi levado a um vale. Os
livros santos que ele nos deixou dizem que morreu porque temia que não se
acreditasse que ele ainda estaria vivo, arrebatado ao céu, por causa da sua
eminente santidade. Faltava somente um mês para que, dos cento e vinte anos que
viveu, ele passasse quarenta no governo de todo esse grande povo, cuja direção
Deus lhe havia confiado. Ele morreu no primeiro dia do último mês do ano, que
os macedônios chamam Dystros e os hebreus, Adar.
Jamais homem algum igualou em sabedoria a este
ilustre legislador, jamais alguém soube, como ele, tomar sempre as melhores
resoluções e tão bem pô-las em prática; jamais algum outro se lhe pôde comparar
na maneira de tratar com um povo, governá-lo e persuadido, pela força de suas
palavras. Sempre foi tão senhor de suas paixões que parecia até que delas havia
sido isento e que as conhecia apenas pelos efeitos que via nos outros. Sua
ciência na guerra pôde dar-lhe um lugar entre os maiores generais e nenhum
outro teve o dom de profecia em tão alto grau; suas palavras eram outros tantos
oráculos, e parecia que o próprio Deus falava por sua boca. O povo chorou-o
durante trinta dias e nenhuma outra perda lhe foi jamais tão sensível. Mas ele
não foi chorado somente por aqueles que tiveram a felicidade de o conhecer, mas
também por aqueles que conheceram as leis admiráveis que ele nos deixou, porque
a santidade que nelas se nota não pode permitir dúvidas sobre a eminente
virtude do legislador.7
Não sabemos onde a sepultura de Moisés se
encontra aliás, ninguém sabe, desde aquela época (Dt 34.6b) até hoje. A única
informação é que Deus mesmo o sepultou “num vale, na terra de Moabe, defronte
de Bete-Peor” (Dt 34.6a). Deus fez com que sua sepultura nunca fosse encontrada
para que, provavelmente, não se criasse uma idolatria e romaria em torno do
túmulo de seu servo. O apóstolo Judas nos fala da altercação do arcanjo Miguel
com Satanás sobre o corpo de Moisés (Jd 9). Não sabemos o porquê do interesse
de Satanás pelo corpo de Moisés, mas a tradição judaica afirma que tal
altercação se deu porque Satanás sustentava que Moisés não era digno de um
sepultamento decente, ainda mais feito pelo próprio Deus, por ter sido um
homicida em sua juventude (Ex 2.11,12). Miguel, que guardava o corpo de Moisés,
apenas lhe respondeu: “O Senhor te repreenda”.
O exemplo de Moisés como líder e homem de Deus
nunca será esquecido. Sobretudo pelos últimos quarenta anos de sua vida, ele
sempre será lembrado como um exemplo de fé, vida de santidade, seriedade,
liderança, sabedoria, paciência, fidelidade ao chamado divino e vida dedicada
totalmente ao Senhor.
Como escreveu o autor da Epístola aos Hebreus,
referindo-se à nossa responsabilidade hoje diante do que fizeram os grandes
heróis da fé do Antigo Testamento, dentre eles Moisés (Hb 11.23-29), “nós
também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas [os
heróis da fé do Antigo Testamento], deixemos todo embaraço e o pecado que tão
de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está
proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Hb 12.1,2). Amém!
Silas
Daniel
Bibliografia
1 HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento —
Um Contexto Social, Político e Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 149.
2 VINE, W. E.; UNGER,
Merril F.; WHITE JR, William. Dicionário
Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 234.
3 Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p. 1745.
4 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Antigo
Testamento — Gênesis a Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 339.
5 Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p. 128.
6 Bíblia de Estudo A plicação Pessoal. Rio de
Janeiro: C P A D , 2 0 0 3 , p. 272.
7 JOSEFO, Flávio.
História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 126, 127. Ou: JOSEFO,
Flávio. Antiguidades Judaicas, volume I, livro IV, capítulo 8, § 179.
Lição 13
O LEGADO DE MOISÉS
Texto Áureo Dt. 34.7 – Leitura Bíblica Dt.
34.10-12; Hb. 11.23-29
Prof. Ev. ALBERTO ARAÚJO
Twitter: @albertoaraujo
INTRODUÇÃO
Moisés, o menino que foi retirado da água,
morreu muito tempo depois, e deixou-nos um legado considerável. Esse será o
assunto estudado nesta última lição do trimestre. A princípio, apontaremos como
se deu seus últimos dias, antes de morrer. Em seguida, destacaremos sua fé, que
deve servir de exemplo para todos os cristãos. E ao final, mostraremos sua
dedicação ao Senhor e generosidade, virtudes necessárias a todos aqueles que
seguem os passos do Senhor Jesus Cristo.
1. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
O Salmo 90 é da autoria de Moisés, no
versículo 12 ele ora ao Senhor: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos coração sábio”. No final do livro de Deuteronômio nos deparamos com
os últimos dias de Moisés na terra, um homem que realmente alcançou um coração
sábio. Mas antes, em um primoroso cântico, ele declama sua benção sobre Israel.
Nesse texto o homem de Deus declara a glória de Deus, recebida através da
revelação (Dt. 33.1-5). Como Moisés, devemos também glorificar o nome do
Senhor, com hinos e cânticos (Ef. 5.19; Cl. 3.16). A graça maravilhosa de Deus,
em Cristo, é motivo suficiente para tributarmos a Ele louvor, glória e adoração
(II Co. 5.21). O Deus de Israel é o nosso Deus, nenhum outro pode ser igualado
a Ele (Ex. 33.29). Em seguida Moisés se volta para as tribos de Israel, a
fim de direcionar a elas as bênçãos do Senhor (Dt. 33.6-25). Após declarar as
bênçãos ao povo de Israel, Moisés aponta para o verdadeiro Deus, que deveria
ser reconhecido por aquela nação (Dt. 33.26-29). Em seguida, o servo de Deus
toma consciência da sua morte, tema que é repetido nesses capítulos de
encerramento (Dt. 31.1-16; 32.48-52; 33.1; 34.1-12). Como Moisés, todos nós, a
menos que sejamos arrebatados (I Ts. 4.13-17), passaremos pela morte física
(Hb. 9.27). Mas devemos manter a fé no Senhor, mesmo quando esta se aproximar. Não
precisamos nos desesperar como aqueles que não conhecem a Cristo, e não têm
esperança (I Ts. 4.13-17). Muito pelo contrário, temos a convicção que quando
esse tabernáculo se desfizer, partiremos para estar com Cristo, o que é
consideravelmente melhor (II Co. 5.1; Fp. 1.23). Moisés foi deixado fora da
terra prometida, por não ter cumprido as orientações estabelecidas pelo Senhor
(Dt. 1.37-40; Nm. 20.12,13). Mesmo tendo orado a esse respeito, o Senhor ,
soberanamente, não o atendeu (Dt. 3.23-26). Moisés apenas viu a terra no Monte
Nebo, que fica cerca de dez quilômetros da Terra Prometida. Após ter visto a
terra, Moisés faleceu, e o Senhor e o arcanjo Miguel (Jd. 9) o sepultaram no
monte Nebo, em local que ninguém jamais identificou. Mas na transfiguração de
Cristo, registrada em Mt. 17.1-3 e Lc. 9.28-31, temos conhecimento de
Moisés no alto do monte, na Terra Prometida.
2. MOISÉS, SUA FÉ E EXEMPLO PARA OS FIÉIS
Moisés faleceu em cumprimento à Palavra do
Senhor (DT. 34.5), isso mostra que Deus é Aquele que tem a vida e a morte em
Suas mãos (Sl. 139.16). Não temos motivos para ficar apavorados diante da
morte, pois essa, mesmo nas condições mais adversas, é preciosa aos olhos do
Senhor (Sl. 116.15). Nossa maior expectativa não deve ser a de viver muitos anos,
mais importante ainda é viver para o Senhor, e deixar um legado espiritual para
aqueles que nos veem. Moisés foi um exemplo de fidelidade, pois foi comparado a
Cristo, um homem que se manteve firme na palavra do Senhor (Hb. 3.1-6). Ele
também foi um homem que buscou ter intimidade com Deus, não se conformou com a
mediocridade espiritual (Ex. 33.11; Nm. 12.7,8). Moisés não dependeu da sua
formação acadêmica, ainda que essa tenha sido útil ao seu ministério, o segredo
do seu êxito repousava na orientação de Deus (At. 7.22). Os cristãos deste
tempo precisam reaprender a passar mais tempo na presença de Deus. Os momentos
devocionais através da oração e meditação na palavra precisam ser resgatados,
principalmente por aqueles que exercem posição de liderança. Moisés era um
homem dedicado à oração e ao ministério da palavra (At. 6.4). Por isso se
destacou, tornando-se “poderoso em palavras e obras”, isto é, demonstrando
equilíbrio entre o que dizia e fazia. Como Moisés, e o Senhor Jesus, devemos
agir coerentemente com as nossas palavras. Como disse certo pensador, devemos
pregar, utilizando as palavras se necessário. Em suma, como Moisés, devemos
recusar tudo àquilo que nada tem a ver com Deus, abrir mãos do engano do mundo,
preferindo e considerando a posição para a qual o Senhor nos escolheu (Hb.
11.24-26); se necessário for, devemos deixar a zona de conforto, “abandonar o
Egito”, perder o medo, a fim de alcançar a recompensa invisível (Hb. 11.27); e
confiar nas orientações de Deus, mesmo que essa pareçam não fazer sentido (Hb.
11.28).
3. MOISÉS, SUA DEDICAÇÃO E GENEROSIDADE
Moisés mostrou-se dedicado ao povo de Israel,
sobretudo generoso, intercedendo, sempre que necessário pela salvação daquela
nação (Ex. 32.9-14; Nm. 14.10-25). Tenhamos cuidado com os falsos obreiros,
muitos que dizem ser pastores na atualidade não passam de mercenários. O maior
exemplo de pastor é o Senhor Jesus Cristo, ao entregar Sua própria vida pelas
ovelhas (Jo. 10.12-14). Moisés, em sua identificação com o povo, passou por
muitos sofrimentos (Hb. 11.24-27). Muitos obreiros modernos não querem mais
sofrer, relacionam o ministério ao status, não podem dizer com Paulo, que não
tinha sua vida por preciosa, e se gastava pelo rebanho (At. 20.24; II Co.
12.15). Moisés abriu mão de tudo que tinha, seus status social, seu
conhecimento acadêmico, até mesmo das suas posses (Hb. 11.24). O desapego às
coisas materiais deve ser uma das marcas registradas do obreiro cristão (I Tm.
6.10). Jesus abriu mãos dos tesouros terrenos, e se tornou pobre a fim de nos
enriquecer espiritualmente (II Co. 8.9). Essas características de Moisés
estavam atreladas a sua mansidão, ele foi reconhecido como um dos homens mais
mansos da terra (Nm. 12.3). Jesus também foi um homem manso, e que por isso
atraiu para Si os que carregavam o fardo do pecado (Mt. 11.28-30; I Pe. 2.21).
Diante da morte iminente, Moisés deixou-nos o legado da escolha do seu
sucessor. Ele não era um cratomaníaco, isto é, um líder aficionado pelo poder,
receoso de perder seu cargo para outros. Moisés preparou Josué para assumir o
restante da jornada, delegando a este a condução do povo para entrar na Terra
Prometida. Os líderes do nosso tempo precisam investir na formação de
sucessores. É triste quando a obra de Deus sofre porque aqueles que estão diante
dela não querem soltar o cajado. Pior ainda é quando o cajado é passado para as
mãos erradas, por critérios definidos pela politicagem eclesiástica. Seguido a
orientação de Paulo a Timóteo, precisamos identificar homens fiéis, que se
enquadrem no perfil cristão, para conduzirem o rebanho de Deus (II Tm. 2.1,2).
CONCLUSÃO
Ao autor da Epístola aos Hebreus dedicou seis
versículos, em sua galeria de homens que serviram de exemplo de fé, a Moisés.
Isso porque a vida desse homem continua servindo de modelo para todos aqueles
que querem seguir piedosamente a Cristo. Ele não se deixou conduzir pelos seus
sentimentos, antes dependeu da sua fé no Deus de Israel. Quando foi criticado,
fundamentou suas decisões na âncora da fé. Diante das adversidades, devemos
lembrar que a fé o firme fundamento das coisas que se esperam, mas que se não
veem (Hb. 11.1).
BIBLIOGRAFIA
SWINDOW, C. R. Moisés: um homem
dedicado e generoso. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
WEIRSBE, W. W. Exodus:
be delivered. Colorado Springs: David Cook, 2010.
Aula 13 – O LEGADO
DE MOISÉS
Texto Básico:
Deuteronômio 34:10-12; Hebreus 11:23-29
"Era Moisés
da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se
escureceram, nem perdeu ele o seu vigor" (Dt 34:7).
Durante este trimestre
vivenciamos o caráter e as virtudes do grande homem de Deus e líder do povo de
Israel, Moisés. Inúmeros adjetivos poderão ser atribuídos a ele, pois o seu
legado nos dá um elenco superlativo de qualidades que esse grande homem de Deus
nos deixa de exemplo a ser imitado e seguido. Não há dúvida de que o seu maior
legado foi a fidelidade e sua obediência a Deus, e, principalmente, a sua
santidade; é a própria Bíblia que diz: “E nunca mais se levantou em
Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor
conhecera face a face” (Dt 34:10).
Ele teve uma comunhão especial com o Senhor. No último livro do Antigo Testamento,
Deus chama-o de "meu servo" (Ml 4:4), e no último livro do Novo
Testamento ele é chamado "Moisés, servo de Deus" (Ap 15:3).
O QUE É LEGADO
O Legado constitui-se
de uma história de vida de uma pessoa que fala de Deus e vive o que ele ensina
na vida pessoal, em casa, entre amigos, no mundo onde se vive e trabalha. O
legado é uma herança. Claro que no contexto que estamos estudando não tem a ver
com dinheiro ou posses que alguém deixa para os seus entequeridos. Estamos
falando em modelo de vida, exemplos de valores morais e espirituais, deixados
pelo líder para o bem do povo de Deus. Moisés serviu a Deus com
integridade e deixou uma herança para as gerações posteriores, e seu
legado foi visto na pessoa de Josué, em atitudes, milagres e santidade. O
teólogo norte-americano A.W.Tozer disse certa vez que “nada morre de Deus
quando um homem de Deus morre!”.
A fé, as
nossas atitudes, o nosso relacionamento com Deus e o compromisso com a sua
Palavra são o maior patrimônio que podemos passar às gerações
seguintes. O apóstolo Paulo, ao final da carreira, fez menção de sua fé como
algo zelosamente guardado no coração. Era a sua preciosa herança para os que
viriam depois (2Tm 4:7).
Que contribuição
estaremos deixando nessa área vital de nossas relações com Deus?Que perspectivas
nossos filhos e netos terão da fé ao olharem a nossa história? Eles nos verão
como pessoas que sempre souberam confiar em Deus e viverem inteiramente para
Ele? O maior legado que você pode deixar para seus filhos não vem de títulos ou
funções que ocupou, mas da pessoa que você foi. Filhos e jovens anseiam por
modelos, por pessoas que imitam Cristo em sua forma de viver. Imitar Cristo tem
a ver com o caráter de Cristo, de ter atitudes, palavras, ações e compromisso
que refletem a pessoa de Cristo.
A maioria dos
líderes de Israel morreram sem deixar nenhuma saudade. Um deles foi o rei
Jeorão (2Cr 21:4-20). Ele foi um opressor que não tinha qualquer
sensibilidade humana. Foi um déspota impiedoso. Ele não deixou qualquer legado
edificante para os seus sucessores, ao ponto de o texto bíblico descrever o
sentimento do povo quando da sua morte, desse modo: "e foi-se sem
deixar de si saudades" (2Cr 21:20). Que este não seja o legado
dos líderes do povo de Deus da Nova Aliança!.
I. - OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
(capítulos 31-34)
1. As palavras de
despedida. Nos capítulos 29 e 30, Moisés apela pessoalmente àquela geração
a fim de que reassumam o pacto firmado com Deus e jurem lealdade a Ele. Prediz
a apostasia de Israel e seu castigo; experimentarão a bênção e a maldição;
finalmente, a graça de Deus abriria a porta para o arrependimento e para o
perdão. Deus circuncidará o coração de seu povo a fim de que obedeçam a Ele. A
circuncisão de coração refere-se à transformação da vontade, de modo que sirvam
ao Senhor com sinceridade.
O povo de Israel
não devia pensar que a lei seria demasiado difícil de cumprir. Ela não estaria
no céu nem além do mar, não seria inatingível, "está mui perto de ti,
na tua boca, e no teu coração, para a fazeres" (Dt 30:11-14). Se o
coração está em harmonia com Deus é fácil obedecer ao Senhor. Paulo parafraseou
esta passagem substituindo a palavra “escrita” pela Palavra “encarnada” (Rm
10:6-8).
Moisés apresenta a
Israel duas alternativas: servir ao Senhor ou servir aos falsos deuses (ler Dt
30:15-20). Ao deixar o Senhor, Israel seria então sempre presa dos invasores.
Unicamente o braço invisível de Deus podia protegê-lo se o povo apoiar-se nEle.
Também sucede assim na vida de todo cristão: Deus é a única defesa contra as
paixões, contra os vícios e contra os maus costumes.
2. Moisés
incentiva o povo a meditar na Palavra. “Guardai, pois, as palavras
deste concerto e cumpri-as para que prospereis em tudo quanto fizerdes” (Dt
29:9). Moisés deu instruções aos levitas para que congregassem o povo nos anos
sabáticos, na Festa dos Tabernáculos, a fim de ler-lhes a lei (Dt 31:10). Desse
modo os levitas receberam o cargo docente em Israel. Ele reforça a ideia de que
os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que
prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de
Deus são bem-aventurados (Sl 1:1-6).
No capítulo 32 do
livro de Deuteronômio, temos o último cântico de Moisés. O servo do Senhor se
despede com adoração e louvor. O cântico de Moisés tinha muita importância,
pois os cânticos nacionais se gravam profundamente na memória, e exercem
poderosa influência para comover os sentimentos de um povo.
Na verdade, Moisés
deixava claro a Josué (futuro líder de Israel) que a nação abandonaria Deus e
anularia o concerto (Dt 31:16) divino. Junto com Moisés, Josué foi encarregado
de escrever um cântico do testemunho do concerto e ensiná-lo aos filhos de
Israel (Dt 31:19). Esta canção desempenharia a função de testemunha do
concerto. Quando Israel traiu o concerto, o cântico, por sua existência e por
seu teor, testificaria que a nação conscientemente estava quebrando sua palavra
(Dt 31:20,21).
3. Moisés nomeia
seu sucessor (Dt 31.7-8). Antes de falecer, Moisés
impusera suas mãos sobre Josué, que foi cheio do espírito de sabedoria (Dt
34:9). Observamos, nesse ato, a importância de os líderes abençoarem aqueles
que participam de seu ministério e prepararem uma nova geração para estar à
frente do povo de Deus.
Como
auxiliar(servo) de Moisés, Josué demonstrava intensa devoção e amor a Deus, e
muitas vezes permaneceu na presença do Senhor por um longo período de tempo(Ex
33:11). Era um homem que se deleitava na santa presença de Deus. Por certo
aprendeu muito com Moisés, seu conselheiro e guia de confiança, a respeito dos
caminhos de Deus e das dificuldades na condução do povo. Em Cades-Barnéia,
Josué serviu a Moisés como um dos doze espias que observaram a terra de Canaã.
Ele, juntamente com Calebe, rejeitou energicamente o relatório da maioria, que
retratava a incredulidade do povo(Num 14). Muitos anos antes de substituir
Moisés como líder de Israel, Josué demonstrou ser um homem de fé, visão,
coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e dedicação a Deus e à sua
Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés, já era um homem “em que
há o Espírito”(Num 27:18; Dt 34:9).
Todo líder, de qualquer
seguimento, um dia terá que deixar o cargo. Isso é um processo natural.
Acontece que muitos pensam que são insubstituíveis, ou não querem
"largar" a liderança para não perder status, vantagens, benefícios,
privilégios etc. É aí que surgem os problemas. Alguns líderes evangélicos na
atualidade tratam igrejas e convenções como propriedade particular, empresa ou
negócio de família. Esquecem que a igreja tem um dono e o seu nome é Jesus.
4. Moisés vê a
Terra Prometida e morre (Dt 34). Moisés conduziu Israel desde a
saída do Egito até as proximidades da Terra Prometida, mas não pôde entrar
nela, pois desobedecera à ordem expressa do Altíssimo, diante de todo o povo
(Nm 20:12). O ocorrido foi o seguinte: em Meribá, a água e os alimentos estavam
escassos. Nessa ocasião, mas uma vez, o povo lamentou ter saído do Egito e
murmurou (Nm 20:1-5). A fim de lhes prover o socorro, Moisés e Arão oraram, e o
Senhor disse a Moisés que falasse à rocha e ela verteria água
e saciaria a sede dos hebreus. Contudo, Moisés tomou sua vara e,
em vez de fazer como o Senhor lhe ordenara, feriu a rocha por duas
vezes (Nm 20:11).
No Antigo
Testamento, em diversos momentos, a rocha simboliza o Senhor (Dt 32:15; Sl
18:31), enquanto no Novo Testamento a rocha é Cristo (Mt 7:24,25; Mt 16:18).
Por isso, Moisés pecou contra Deus, mas, como parte da recompensa por sua
fidelidade, Deus permite a Moisés contemplar a Terra Prometida do topo do monte
Nebo. Isso demonstra que embora Moisés seja libertador, não é o libertador por
excelência, pois não pôde alcançar para seu povo a vitória final. Não obstante,
não houve profeta antes nem depois em Israel como ele. Só Jesus seria
semelhante a Moisés (Dt 18:15).
Pouco antes de
subir ao monte Nebo para contemplar a terra prometida e morrer, Moisés abençoou
as tribos de Israel (Dt 33:1-29). Convocou-as, exceto a de Simeão, e profetizou
poeticamente as bênçãos que elas receberiam ao estabelecer-se em Canaã.
Pergunta-se: Moisés nunca
entrou na terra prometida? Sim, vemo-lo na Palestina falando com Cristo no
monte da Transfiguração. Quão apropriado era conceder-lhe esta honra! Moisés
havia tido uma grande parte na preparação da vinda e obra daquele cujo
ministério foi prefigurado pelo grande líder de Israel.
II. LEGADO DE MOISÉS (1)
Segundo o pr.
Silas Daniel, Moisés foi:
1. Um exemplo de
fé. Ao elaborar uma "Galeria de Heróis da Fé" do
Antigo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus coloca entre os seus
destaques, como não poderia deixar de ser, Moisés (Hb 11:23-29). Chama a
atenção, na descrição que ele faz do grande líder hebreu, principalmente o que
lemos nos versículos 24 a 27:
“Pela fé, Moisés,
sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo,
antes, ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o
gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os
tesouros do Egito, porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito,
não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”.
Somente um homem
que ama e serve a Deus com uma fé robusta rejeita completamente as riquezas e a
glória do mundo, preferindo sofrer fazendo a obra do Senhor. Moisés não tomava
as suas decisões baseado simplesmente no que a lógica humana e os seus cinco
sentidos lhe diziam, mas tinha em vista a importância histórica e espiritual do
que estava fazendo e "a recompensa" que receberia do seu Senhor peia
sua fidelidade ao seu chamado. Ele via além do que poderia perceber a maioria
das pessoas do seu tempo, porque ele via "o invisível".
Ademais, somente
um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta não empalidece diante das
adversidades mais intensas, não esmorece diante dos poderosos e das
circunstâncias prementes que o pressionam a abandonar a vontade divina. A
Bíblia diz que Moisés desprezou completamente "a ira do rei", a
oposição dos grandes e poderosos deste mundo, e "ficou firme", porque
estava "vendo o invisível". "Ora, a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem" (Hb
11:1).
2. Um exemplo de
liderança. Moisés foi um líder notável, que aguentou o que pouquíssimos -
ou ninguém - em sua época aguentaria. Ele guiou brilhantemente milhões de
pessoas peio deserto; resistiu à oposição com firmeza; soube superar os
momentos de crise, tensão, desânimo e revolta; levou o povo ao arrependimento
várias vezes; organizou aqueles ex-escravos corno uma sociedade; deu a eles uma
identidade como nação; soube ouvir os conselhos de seu sogro, Jetro (Êx
18:13-27), e preparou muito bem o seu sucessor, Josué.
3. Um exemplo de
paciência. Números 12:3 nos lembra que "era o varão Moisés
mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra". E era
preciso ser muito temperante mesmo para suportar todas as adversidades e
pressões que ele enfrentou. Aliás, isso mostra quão poderosa foi a
transformação que Deus fez em Moisés, que antes fora precipitado e assassino
(Êx 2:11-13).
Mesmo um homem
impetuoso e assassino como o jovem Moisés pode se tornar, quarenta anos depois,
um homem extremamente manso e humilde, em virtude da graça transformadora de
Deus; e mesmo o homem mais humilde e manso da Terra pela graça de Deus pode ter
momentos de fraqueza e perder seu autocontrole se não tiver cuidado, como
aconteceu com Moisés. Resumo da história: somos dependentes da graça divina, do
poder do Espírito Santo, tanto para desenvolvermos a temperança quanto para
mantermo-nos no centro da vontade de Deus, humildes e temperantes, sejam quais
forem as circunstâncias.
Não por acaso, a
temperança é apresentada na Bíblia como uma das virtudes do fruto do Espírito;
chama-se fruto do Espírito exatamente porque é produzido em nós pela ação do
Espírito Santo de Deus, isto é, quando nos entregamos à ação dEle em nossa vida
(Gl 5:22,23).
Que Deus nos dê
graça para seguirmos o bom exemplo desse homem de Deus, que, tirando o episódio
das águas de Meribá (Nm 20:7-13), durante seus quarenta anos de ministério,
nada fez "por contenda ou por vanglória, mas por humildade" (Fp 1:3)
e zelo ardente pela obra de Deus.
4. Um exemplo de
intercessor. Moisés foi um grande sacerdote do povo de Deus (Sl 99:6). Ele
intercedeu decisivamente pelo povo de Israel em momentos de enorme crise (Êx
15:25; 33:1-17; Nm 14:13-25).
5. Seu exemplo de
integridade. Moisés teve muitas oportunidades de corromper a sua integridade,
mas escolheu manter-se íntegro. Ele, por exemplo, preferiu sofrer com o povo de
Israel a gozar a glória e os prazeres do Egito, sendo fiel ao seu chamado (Hb
11:24-26).
6. Seu exemplo de
comunhão com Deus. A Bíblia nos mostra que Moisés cultivava uma vida de
oração, mantendo um relacionamento muito íntimo com Deus: "Falava o
Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo" (Êx
33.11). Como frisa Matthew Henry, "isto sugere que
Deus se revelou a Moisés, não só com clareza e evidências maiores da luz divina
do que a qualquer outro dos profetas, mas também com expressões particulares e
ainda maiores de bondade e graça. Ele fala não como um príncipe a um súdito,
mas como qualquer fala com o seu amigo, a quem ama".
Deus também quer
ter hoje um relacionamento íntimo conosco! Como destaca a Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal, "Moisés desfrutou tal favor de Deus não porque era
perfeito, genial ou poderoso, mas porque Deus o escolheu. Por sua vez, Moisés
confiou inteiramente na sabedoria e direção de Deus. A amizade com Deus era um
verdadeiro privilégio para Moisés, e estava [nesse nível] fora do alcance dos
hebreus. Mas, hoje, ela não é inalcançável para nós. Jesus chamou seus
discípulos - e, por extensão, todos os seus seguidores - de amigos (João
15:15). Ele o chamou para ser seu amigo. Você confiaria nEle como fez
Moisés?".
III. APRENDENDO COM MOISÉS
1. Se comunicar
bem com o povo. É indispensável que haja uma sintonia entre o líder
e os liderados. Sem comunicação, não pode haver comunhão e sem comunhão, não há
como se construir uma união onde o Senhor possa se manifestar e realizar a sua
obra.
Moisés no início
sentiu grande dificuldade em se comunicar com o povo de Israel. Fazia quarenta
anos que estava no deserto, já não sabia se expressar corretamente seja na
língua egípcia, seja na língua hebraica. Era este o sentido da expressão de que
não era eloquente, “pesado de boca” e “pesado de língua” ou, na tradução da
Bíblia Hebraica, “fala lenta” e “língua trêmula”.
Se o papel do
líder é, principalmente, o de falar a Palavra de Deus, como divulgá-la e
ensiná-la sem que se tenha uma mesma língua que os liderados? Como realizar o
ministério da Palavra sem uma comunicação eficaz? Muitos têm fracassado ou,
pelo menos, prejudicado seu ministério porque não se importam em ser
compreendidos pelos liderados, porque não têm qualquer preocupação em
estabelecer um canal de comunicação.
Deus, diante desta
nova dificuldade apresentada por Moisés mostrou que Ele é suficiente. Disse que
Ele fez a boca do homem, como também o mudo e o surdo. A obra é de Deus e o
Senhor não precisa de técnicas humanas para poder fazer valer a sua vontade e o
seu senhorio. Deus havia resolvido livrar o seu povo do Egito e isto seria
realizado. Esta observação do Senhor para Moisés é muito atual: quantos não têm
tentado substituir o Espírito Santo na obra de Deus por “planos”, “visões”,
“estratégias” e “técnicas”? Entretanto, nada disso pode substituir o próprio
Deus, pois Ele, e somente Ele é o Senhor!
2. Não ter
comunhão com o pecado e com o mal. O líder genuíno da parte de
Deus não tem qualquer comunhão com o pecado e com o mal. Quando nos sujeitamos
a Deus, passamos a lutar contra o mal. Muitos, porém, na atualidade, não querem
enfrentar o adversário, permitem que o pecado e a impureza dominem entre os
seus liderados e nesta “trégua” com o inimigo, acham que levam alguma vantagem.
Infelizmente, não é isto que nos ensina a Bíblia e o que se verá é que estes
“pacificadores” estarão sendo envolvidos pela iniquidade e farão eterna
companhia ao adversário no lago de fogo e enxofre.
3. Demonstrar amor
aos seus liderados. “por que fizeste mal a este povo?” (Ex 5:22).
Um verdadeiro líder é aquele que sente amor pelos seus liderados, ou seja, é
capaz de sentir aquilo que eles estão sentindo, não demonstrando qualquer
interesse próprio ou pensamento em si, mas o bem-estar daqueles que estão sob
sua responsabilidade. Moisés, nos quarenta anos do “curso do deserto”, havia
aprendido a buscar o bem-estar das ovelhas, a viver em função delas e a sentir
o que elas sentiam. Já no início de seu ministério, Moisés mostra que o líder
deve amar os seus liderados, não buscar o seu próprio proveito e, se necessário
for, anular-se em prol do grupo.
Moisés, ante a
aflição vivida pelo povo e a rejeição de que foi vítima, foi aos pés do Senhor.
No momento da angústia, da dor, da solidão, da oposição, quando as coisas
parecem estar todas indo numa direção oposta ao que foi prometido por Deus, o
servo do Senhor deve correr aos pés do Senhor - “Então tornou Moisés ao
Senhor” (Ex 5:22). Que bom quando, nestes momentos difíceis,
recorremos a Deus e lhe pedimos a devida orientação. De onde nos virá o
socorro? O socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra (Sl 121:1,2).
4. Não confiar em
nossas habilidades, mas confiar na direção de Deus. Quando
Israel saiu do Egito, Moisés, embora tivesse sua liderança confirmada pelos
fatos, não deixou de reconhecer que o senhorio era de Deus. Saindo do Egito,
não tomou o caminho que lhe pareceria mais fácil, mas seguiu a direção de Deus.
Moisés estava à frente do povo, mas a orientação, a direção era de Deus (Ex
13:17). Que exemplo a ser seguido!
Quarenta anos
antes, certamente não tinha sido este o caminho escolhido por Moisés para fugir
de Faraó. Mas, agora, o Moisés que estava à frente do povo de Israel não era,
em absoluto, aquele Moisés que escapara das mãos de Faraó. Estava-se diante de
um servo de Deus, que sabia que quem deveria dirigir o povo era o Senhor.
5. Ser receptivo
aos conselhos – ser humilde. Moisés também demonstra que é
humilde, pois aceitou receber um conselho da parte de seu sogro. Ao ver que
Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava todos os dias
para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés
que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as
causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para
resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel.
Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro(Ex 18:24), demonstrando ser uma
pessoa humilde e receptiva a criticas.
6. Não se impor
com autoritarismo ou com soberba. Moisés mostrou, também, toda a
sua humildade de espírito. Sempre clamava a Deus para que tivesse a solução dos
problemas, jamais se impondo com autoritarismo ou com soberba. Mesmo nos
momentos mais difíceis de seu ministério, Moisés nunca quis se sobrepor sobre o
povo, demonstrando autoridade consoante a ordem de Deus que, mais de uma vez,
interveio diretamente para mostrar que Moisés era o homem chamado por Ele para
liderar o povo, como no episódio da sedição de Miriã e Arão (Nm 12:1-10).
Quando precisou usar de sua autoridade, fê-lo debaixo da chamada e do senhorio
divinos na sua vida, como no episódio da rebelião de Datã, Abirão e Coré (Nm
16).
CONCLUSÃO
Moisés deixou um
precioso legado ao seu sucessor Josué. Este não apenas herdou a primazia do
poder do Espírito que operava em Moisés, mas foi herdeiro também do seu
caráter, de sua integridade e de sua fidelidade ao Senhor. O que os líderes
atuais estão deixando para as novas gerações de líderes, para os seus
sucessores? O que eles estão fazendo por eles? Ainda são referenciais como
Moisés foi para Josué? Qual o nosso legado? Sigamos o exemplo de Moisés a fim
de que possamos viver com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira
de viver.
Agradeço
sobremaneira a todos que me acompanharam durante este trimestre letivo. Creio
que mais firmes estamos em nossa jornada de fé rumo à Terra Prometida. Afirmo
novamente, o deserto não é somente momentos difíceis que passamos durante a
nossa jornada, não! O deserto é a nossa trajetória, por isso que a nossa jornada
não é fácil; é imprescindível a presença de Deus, do contrário
pereceremos; e creio piamente que Sua gloriosa proteção e provisão não se
afastarão de nós, se permanecermos firmes nEle. Amém?
“O SENHOR te
abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha
misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz” (Nm
6:24-26).
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